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3.4. Caracterização Ambiental do Atlântico Norte

5.3.2. O novo paradigma do Cluster Português

“Não obstante a economia do mar, pela sua visão de conjunto e pela dimensão significativa do valor económico agregado de todas as atividades que dependem do mar, constituir o objeto da análise deste trabalho, a nossa investigação foi repartida em torno de seis grandes blocos ou setores económicos: • Os portos e os transportes marítimos; • As indústrias navais; • A alimentação de origem marinha (seafood); • O lazer e o turismo marítimo; • A energia offshore; • Os novos usos e recursos do mar. Tais blocos - com exceção dos “novos usos e recursos do mar”, que apontam para um conjunto de atividades de futuro, que não estão necessariamente interligadas - correspondem às principais cadeias de valor que ramificam a economia do mar portuguesa.

Aceitando e reconhecendo a importância de clusters para a competitividade da economia e na lógica dos grandes blocos setoriais da economia do mar, referidos, concluimos, pelas análises aqui efetuadas, que as empresas das diversas atividades que integram esses grandes setores – muitas das quais foram aqui também analisadas - deverão idealmente vir a organizar-se em amplos clusters setoriais nacionais, mais ou menos correspondentes àqueles blocos, os quais, pelos ganhos que poderão gerar,

incluindo aumentar consideravelmente o produto nacional incorporado aos seus output, acabarão por constituir a força motriz da economia do mar. Estes clusters setoriais nacionais, hoje inexistentes, dada a ausência na economia do mar de uma cultura empresarial amiga da cooperação intra e intersectorial, constituiriam um progresso assinalável na evolução da capacidade produtiva, competitiva e seguramente na capacidade criativa e de gerar inovação da nossa economia do mar.” (Blue Growth for Portugal, 2012).

“Portugal possui uma área terrestre de 91.763 km2, o que corresponde ao 110º lugar na ordenação dos países em termos de dimensão. No entanto, se considerarmos a sua área marítima, Portugal passa para 11º a nível mundial. No âmbito da UE, se excetuarmos as zonas marítimas dos territórios ultramarinos da França e do Reino Unido, é o país com maior vastidão de águas jurisdicionais. Todavia Portugal é um dos poucos Estados Membros sem um cluster marítimo oficialmente organizado. O primeiro grande desafio que se coloca à formação de clusters, seja a nível nacional ou regional, é a criação de uma imagem nítida do que é a atividade marítima nacional e o proveito que ela gera para a economia Portuguesa.” (SALVADOR e SIMÕES, 2011). A forma como se utiliza o espaço marítimo tem por vezes situações que podem ser cumulativas ou em outras ocasiões conflituosas, que implicam que se criem novas estratégias no planeamento, ordenamento e gestão. No caso dos clusters foram criadas duas associações para ajudar no seu desenvolvimento. Foi criado o Fórum Empresarial da Economia do Mar, com os seguintes objectivos (segundo SALVADOR e SIMÕES):

• Contribuir para assumir a economia do mar como um desígnio nacional;

• Contribuir para o desenvolvimento sustentável do mar e valorizar a sua importância como um dos principais recursos económicos;

• Promover uma estratégia comum e integrada das atividades relacionadas com a economia do mar, bem como criar as condições e fomentar as boas práticas empresariais de excelência e cooperação entre os atores estratégicos nacionais.

E foi criado também o Oceano XXI, Associação para o conhecimento e economia do mar que tem como intento dinamizar o cluster do conhecimento e da economia do mar. Esta associação orienta-se de acordo com quatro linhas prioritárias como se pode verificar na figura 20. Segundo FERREIRA, “Os sócios fundadores da Oceano XXI são a Associação Fórum Mar Centro e o Instituto para o Desenvolvimento do Conhecimento e da Economia do Mar, sendo vários os parceiros deste Cluster, como a Associação de Indústrias Marítimas, a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe, outras associações, cooperativas de produtores, empresas (de pesca, aquicultura, transformação de pescado, energias renováveis, tecnologias…), estaleiros navais, autarquias, instituições de investigação e de ensino superior, museus, entre outros.” O que demonstra uma grande capacidade de organização e mobilização desta associação reconhecida formalmente como Cluster do Conhecimento e Economia do Mar apenas em 2009. A figura 20 apresenta os quatro pilares em que se baseia a associação, no entanto, este cluster engloba também um conjunto vasto de actividades como:

• Conservação e Transformação do Pescado; • Indústrias Navais; • Náutica e Turismo náutico; • Obras Marítimas; • Pesca e Aquacultura; • Portos, Transporte e Logística; • Cultura Marítima; • Defesa e Segurança marítima; • Serviços; • Bio Recursos e Biotecnologias Marinhos; • Conhecimento, Investigação e Desenvolvimento tecnológicos; • Energias Marinhas. O cluster marítimo português pode assim (em comparação com o cluster marítimo norueguês) tornar-se o motor que potencie os recursos marítimos e os sectores de produção portugueses. Apesar de lhe faltar alguma densidade nas relações entre as actividades económicas, algo que o cluster marítimo norueguês consegui controlar entre os seus stakeholders, mostra que com um bom planeamento do espaço marítimo se possa evitar estes antagonismos e aumentar a competitividade. O cenário mais provável para Portugal é que possa crescer à escala de criar um cluster marítimo ibérico. A iniciativa governamental necessita de políticas pró-activas de dinamização de clusters para que se possa divulgar o conhecimento e inovar em termos de novas técnicas, métodos de gestão e métodos de processamento.

Segundo o estudo apresentado por FERREIRA (figura 21 presente em anexo), existem muitos cenários de evolução positivos que trarão perspectivas de evolução do cluster do mar através da promoção de dinâmicas sectoriais, do desenvolvimento

regional e nacional, da promoção de conhecimento e formação e da afirmação de Portugal como uma potencia marítima.

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