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No desenvolvimento do sistema (CAPÍTULO III) foram identificadas necessidades de desenvolvimento de novos indicadores de risco. Esses indicadores deram a habilidade de o sistema poder monitorar além dos acidentes, podendo passar a tratar situações de enchentes e desabamentos.

No caso das enchentes foi necessário analisar quais pontos da malha viária cruzam com a rede hidrográfica. Quanto houve a ocorrência de um desses pontos, uma marcação em um arquivo shapefile foi feita. Todos os pontos contidos nesse determinado arquivo, foram então relacionados com a base de dados da ANA. Lá existem informações de índice pluviométrico máximo de vazão de cada elemento da rede hidrográfica para cada cidade por onde a rede passa. Desse modo, fez-se o relacionamento entre os pontos de cruzamento entre rede hidrográfica e rodovias, criando-se uma associação entre cada um desses pontos e a sua respectiva cidade e elemento.

Logo após, a definição do cálculo do indicador foi efetuada. Nesse ponto, houve a ajuda de um especialista em epidemiologia e outro de geografia, além do gestor de riscos. Após reuniões, chegou-se ao consenso de que a maneira adequada de se calcular esse indicador é a razão entre o índice pluviométrico atual e o índice pluviométrico máximo.

Com o indicador em mãos, partiu-se então para a fase de definição das coortes. Verificou-se que essas informações são de domínio do gestor de riscos. Sendo assim, bastou instrumentar as regras por ele passadas, que são:

 Quando o índice pluviométrico atual corresponder a 50% do valor máximo permitido significa que, há um risco moderado e, portanto deve-se gerar um alerta no mapa do sistema em cor amarela;

 Quando o índice pluviométrico atual corresponder a 80% do valor máximo permitido há a existência de um risco grave, e então o sistema deve gerar um alerta de cor vermelha no mapa, em tamanho maior que os demais.

No caso dos desabamentos foi utilizada uma lista pré-existente de pontos de controle de desabamentos do relevo catarinense, esses dados já se encontravam no sistema, mas não podiam ser utilizados, pois não havia dados de índices pluviométricos e hidrológicos para essas áreas.

Logo após realizou-se uma analise de quais desses pontos, previamente mencionados, ficam a margem das rodovias da malha viária em questão. A tolerância de distância utilizada foi de até cem metros de distância das margens da pista. Fez-se então uma análise para se encontrar os pontos da malha viária que se encontra com os pontos de desabamento monitorados. Quanto houve a ocorrência de um desses pontos de cruzamento, uma marcação em um arquivo shapefile foi feita. Todos os pontos contidos nesse determinado arquivo, foram então relacionados com a base de dados da ANA, a fim de se obter o mesmo relacionamento de informações já elucidado no desenvolvimento do indicador de enchente.

Em sequência, passou-se a definição do cálculo do indicador. Nesse ponto, houve também a ajuda de um especialista em epidemiologia e outro em geografia, além do gestor de riscos. Definiu-se que a maneira adequada de se calcular esse indicador é a razão entre o índice pluviométrico atual na rodovia e o índice máximo de absorção pluviométrica do ponto de desabamento.

De posse do indicador, partiu-se então para a fase de definição das coortes. Verificou-se que essas informações já são de domínio do gestor de riscos. Sendo assim, bastou instrumentar as regras, por ele passadas, que são:

 Quando o índice pluviométrico atual corresponder a 30% do valor máximo permitido significa que, há um risco pequeno e,

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portanto deve-se gerar um alerta no mapa do sistema em cor verde;

 Quando o índice pluviométrico atual corresponder a 50% do valor máximo permitido há a existência de um risco moderado, e então o sistema deve gerar um alerta de cor amarela no mapa;  Quando o índice pluviométrico atual corresponder a 80% do

máximo permitido o risco é grave, e então se deve gerar um alerta de cor vermelha no mapa, em tamanho maior que os demais.

Ao se colocar em prática os indicadores acima, observou-se que não há como se fazer um comparativo de acurácia com o SIGRAV-2009, visto que esse não possui tais indicadores. Para efeitos de teste, foi solicitado ao gestor de riscos uma lista com trechos importantes da rodovia que contem situações de enchentes e desabamentos. Os dados nela contidos, compreendem os anos de 2002, 2003, 2006, 2008, 2009 e 2010. Essa lista foi confrontada com os resultados obtidos pelo SIGRAV+GC, conforme mostrado no Quadro 4.

Quadro 4 - Teste de acurácia dos novos indicadores de risco de enchentes e desabamentos. Risco Nr. de pontos em risco da lista Nr. de pontos de risco SIGRAV+GC Acurácia Enchente 2002 19 18 94,74% Desabamento 2002 11 12 109,09% Enchentes 2003 22 20 90,91% Desabamento 2003 12 12 100,00% Enchentes 2006 30 30 100,00% Desabamento 2006 15 14 93,33% Enchentes 2008 51 51 100,00% Desabamento 2008 97 103 106,19% Enchentes 2009 26 23 88,46% Desabamento 2009 10 10 100,00% Enchentes 2010 08 09 112,50% Desabamento 2010 05 04 80,00%

Na coluna acurácia, observa-se que existem valores acima de 100%. Na ocorrência desse fato o entendimento é que o sistema encontrou mais pontos de risco que o gestor de riscos. Vale a pena lembrar que para essa tabela só estão sendo considerados os resultados que foram validados como corretos pelo gestor de riscos, ou seja, todos os casos que desprezados ou acrescentados como situações de risco, são de fato necessários. As situações identificadas como falso-positivos ou negativos foram desprezadas da contagem apresentada na Tabela 4.

A acurácia média dos novos indicadores (obtida através do somatório dos percentuais de acurácia dividido pelo número total de iterações feitas) foi de 97,93%.

As alterações dos indicadores já existentes surgiram de uma necessidade do gestor de riscos por maior acurácia dos valores apresentados no sistema. Durante o período de desenvolvimento do SIGRAV, não havia um valor exato de fluxo de veículos em nenhuma das rodovias da malha catarinense. Sendo assim, o cálculo dos indicadores era realizado com base no fluxo médio percebido tacitamente pela polícia rodoviária.

Portanto para a efetiva melhoria dos indicadores de risco absoluto e relativo, bastou efetuar a mudança dos dados que compõe o indicador, passando-se dessa maneira a utilizar os novos dados de fluxo fornecidos pela OHL do Brasil. Não houve alteração na fórmula de cálculo dos indicadores.

As situações mostradas nas figuras nas páginas 53, 54 e 55 somente podem ser monitoras, devido às alterações propostas após a análise de gestão do conhecimento feita no SIGRAV.

Monitoramento de situações de riscos de enchentes. O trecho mostrado na Figura 12 compreende a BR 101 passando pelo município de Araranguá. Pode-se observar que há dois pontos de alagamento com risco moderado para esse trecho. Ao passar o cursor do mouse sobre um ponto de risco, o sistema mostra a descrição do risco e logo abaixo as ações de curto e longo prazo sugeridas pelo RBC. Nota-se também a presença de três círculos numerados, isso significa que para essa análise em específico, existem três possíveis soluções de longo prazo (o sistema mostra sempre a solução que é a mais adequada, segundo o conhecimento capturado do gestor de riscos).

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Figura 12 - Análise de riscos de enchentes.

A Figura 13 mostra o sistema analisando os riscos de desabamento na rodovia que liga os municípios de Massaranduba e Blumenau. Nota- se que nessa análise há a presença de um risco grave para a situação de deslizamento.

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Figura 13 - Análise de riscos de desabamentos.

Já na Figura 14 é apresentada a imagem do sistema analisando riscos de acidentes de trânsito do tipo atropelamento para BR 101 na região de Itapema. Pode-se observar que mesmo para análises que utilizam indicadores de risco cujos quais não foram alterados em sua forma de cálculo ou fonte de dados pela introdução da gestão do conhecimento, o sistema oferece a facilidade da integração de visualização dos dados, mostrando, assim como no caso anterior as possíveis soluções de curto e longo prazo sugeridas pelo RBC.

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Figura 14 - Análise de riscos de atropelamento.

De posse dos novos indicadores implantados no sistema, passou-se a fase de testes, onde os principais objetivos foram à validação das novas ações de correção propostas e a constatação (ou não) de que houve redução no tempo entre a percepção do risco e a possibilidade da tomada de decisão.

A fim de facilitar o entendimento dos resultados expostos a seguir, os sistemas passarão a ter a seguinte denominação a partir desse ponto:

 SIGRAV-2009: sistema proposto por Diesel (2009);

 SIGRAV+GC: sistema proposto por Diesel (2009), mais a aplicação da análise de gestão do conhecimento.

A parte de validação das ações de prevenção se deu da seguinte maneira: primeiro foi disponibilizada uma versão de testes para o gestor do conhecimento. Ao invés da base de dados do sistema conter dados atuais, essa base apenas continha dados do ano de 2000. Dessa forma, foi solicitado ao gestor de riscos escolher as situações de risco (ocorridas no ano de 2000) e as respectivas soluções aplicadas (na época de suas ocorrências) para que então se pudesse fazer a aferição do sistema.

Essas aferições geraram por vezes a necessidade de correções e / ou inserção de novos dados na base de ações de prevenção do sistema SIGRAV+GC. Essa dinâmica de testes foi repetida para cada ano da série histórica, ou seja, para os anos de 2000 a 2010.

Passou-se então a parte dos testes de comprovação da redução do tempo entre a percepção de riscos e a tomada de decisão. Para esse teste, foram envolvidos, além do gestor de riscos (testador 1), dois policiais rodoviários federais (testadores 2 e 3), uma geógrafa (testadora 4) e um epidemiologista (testador 5).

O teste se deu da seguinte maneira: após a análise total da malha viária feita em ambos os sistemas, coube aos testadores identificar cinco pontos de risco absoluto crítico e as suas possíveis soluções. Essa rotina de testes foi executada cinco vezes por cada testador em cada um dos sistemas. Para a primeira rodada de testes, utilizaram-se dados de 2000; para a segunda, dados de 2002; para a terceira, dados de 2004; para a quarta, dados de 2006; por fim para a quinta, dados de 2008. Os tempos apresentados são valores absolutos, ou seja, sempre tem relação com o tempo de início do teste. Desse modo se as identificações do risco e da solução obtiverem o mesmo valor de tempo, significa dizer que foram obtidas no mesmo instante. Os resultados dos testes formam às tabelas que seguem:

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Quadro 5 - Dados dos tempos de identificação de riscos e possíveis soluções para o SIGRAV-2009.

Quadro 6 - Dados dos tempos de identificação de riscos e possíveis soluções para o SIGRAV+GC.

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Pode-se observar que de fato a inserção de gestão do conhecimento no sistema, proporcionou um ganho significativo de tempo. A identificação do risco e de sua possível solução, agora se dá de maneira quase que instantânea.

Com essas novas habilidades, o SIGRAV passa a apresentar sugestões de soluções para os seguintes cenários de gestão de riscos: acidentes relacionados a precipitações pluviais e acidentes relacionados a fluxo de veículos em rodovias.

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