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2.3 Fatores que afetam a biomassa da planta e o rendimento do óleo essencial

2.3.2 Nutrição e adubação potássica do manjericão

Pesquisas sobre aspectos agronômicos do manjericão no Brasil são muito escassas, em especial o estudo de exigência nutricional e adubação mineral e/ou orgânica no incremento de biomassa e na produção de metabólitos secundários (RAMOS et al., 2004), apesar de contribuírem na utilização de procedimentos similares aos das culturas hortícolas folhosas, tais como chicória, almeirão e couve pelo agricultores, uma vez que também visam à comercialização de matéria fresca de manjericão (JANUZZI, 2013).

No Brasil é recomendado que as plantas medicinais recebam somente adubação orgânica. Há um consenso que o uso de adubo mineral pode alterar a composição do óleo essencial da planta, perdendo seu valor medicinal, podendo até provocar efeitos colaterais ou tóxicos (BRASIL, 2006). Recomenda-se o uso de adubo orgânico como esterco de aves (2 a 3 kg m-²) ou curral curtidos (4 a 5 kg m-²) e composto orgânico (5 kg m-²)

(MARTINS; FIGUEIREDO, 2009). Blank et al. (2004) utilizaram com fonte de nutriente o esterco de galinha na proporção de 27,5 m3 ha-1 no cultivo de 55 genótipos de manjericão.

Luz et al. (2009) observaram que com a relação às doses de adubo orgânico de cama de frango (2, 4, 6, 8 e 10 kg m-²), o manjericão não apresentou diferenças significativas na produção de folhas, teor e rendimento de óleo essencial. De acordo com Chaves (2001) não há na literatura um consenso em relação à resposta do rendimento de óleo essencial frente ao uso de diferentes tipos de adubos e muito menos de doses. Resultados diferentes foram obtidos por Blank et al. (2005) em Ocimum basilicum L. cv. Genovese. Foi realizado um estudo de cinco tipos de adubação (adubo formulado Hortosafra®, esterco de galinha, esterco de galinha + Hortosafra®, esterco bovino, esterco bovino + Hortosafra®) e observou-se que a biomassa

das plantas foi significativamente maior quando foram adubadas com Hortosafra® e esterco de

galinha, em relação ao esterco bovino. Esse fato pode ser atribuído ao esterco bovino possuir menores teores de fósforo, potássio, enxofre e zinco.

Dentre as necessidades primárias de estudo tem-se a adubação mineral que pode contribuir para a maior produção de biomassa e de metabólitos secundários (RAMOS et al., 2004). De maneira geral, os adubos químicos em poucos casos são prejudiciais aos teores de princípios ativos das plantas, quando usados dentro dos limites técnicos. O aumento de biomassa pode compensar uma redução do teor de fitofármacos, mas depende da análise econômica (OLIVEIRA JÚNIOR et al., 2006).

O aumento de biossíntese de óleo essencial está correlacionado com a otimização da nutrição mineral (MAIRAPETYAN, 1999). No entanto, as técnicas de cultivo das espécies de plantas medicinais como o manjericão, são ainda pouco conhecidas principalmente quanto às exigências nutricionais e às respostas aos corretivos e fertilizantes aplicados ao solo, principalmente no Brasil.

A concentração de óleos essenciais e matéria verde do manjericão dependem de vários fatores, entre os quais se distingue a nutrição das plantas. Os nutrientes que afetam a quantidade e a qualidade do óleo essencial são obtidos de micro e macronutrientes. Estudo com carbonato de cálcio em diferentes concentrações (6 e 12 g dm-3) em plantas de

manjericão apresentaram valores significativamente mais elevados de teor de óleo essencial, bem como aos menores rendimentos de matéria verde (DZIDA, 2010). Zheljazkov et al. (2008) encontraram doses de 80 kg ha-1 de enxofre para máxima

produtividade de óleo essencial. Outros nutrientes disponíveis no meio nutritivo das plantas também são capazes de alterar a produção e composição de óleo essencial. Da mesma forma,

biofertilizantes e adubação mineral equilibrada de plantas aromáticas é um importante fator de cultivo para determinar a quantidade e qualidade do óleo essencial.

Segundo MINAMI et al. (2007), no manjericão as adubações fosfatadas e potássicas são as mais importantes. No entanto, não há muitos trabalhos na literatura com potássico em relação à resposta do rendimento de óleo essencial frente ao uso de tipos de adubos e muitos menos de doses.

O potássio (K) presente nas plantas desempenha importante papel na regulação do potencial osmótico das células vegetais. Pode-se dizer ainda que o K é o segundo macronutriente, em teor, contido nas plantas. Ele desempenha várias funções na planta, como controle da turgidez dos tecidos, a ativação de enzimas envolvidas na respiração e fotossíntese, a abertura e o fechamento de estômatos, o transporte de carboidratos e a resistência à geada, à seca e à salinidade. O potássio exerce nas plantas uma série de funções relacionadas com o armazenamento de energia. Entre as várias funções, citam-se o melhoramento da eficiência do uso da água, devido ao controle da abertura e fechamento dos estômatos; a maior translocação de carboidratos produzidos nas folhas para o restante da planta; a maior eficiência enzimática; além da melhoria da qualidade comercial da planta (MALAVOLTA et al. 1989; MENGEL; KIRKBY, 1987; TAIZ; ZEIGER, 2009).

Segundo Wilkinson (1994), apud Valmorbida et al. (2006), a variação do nutriente potássio pode afetar todo o metabolismo da planta, inclusive a produção de óleos essenciais.

Também é verificado que o potássio aumenta a resistência natural da parte aérea das hortaliças às doenças fúngicas, pois tornam os tecidos mais fibrosos e resistentes, inclusive ao acamamento e, principalmente, contrabalanceando o efeito contrário causado pelo excesso de N. Entretanto, o excesso de K desequilibra a nutrição das hortaliças, dificultando a absorção de Ca e Mg (FILGUEIRA, 2008). No cultivo de algumas plantas aromáticas, uma maior quantidade de potássio contribui para um aumento no teor de óleo essencial e na porcentagem de 1,8-cineol, linalol, e eugenol no óleo. Outros nutrientes disponíveis no meio nutritivo das plantas também são capazes de alterar a produção e composição do óleo essencial

(NURZYNSKA-WIERDAK et al., 2013).

Para o plantio do manjericão, Prakasa Rao et al. (2007), verificaram que elevadas doses de N (doses maiores que 100 kg ha-1) e K (doses com mais de 80 kg ha-1) resultaram em

maior produção de óleo essencial. Além disso, o rendimento de óleo essencial de manjericão é significativamente dependente da taxa de nitrogênio, taxa de potássio e da interação entre N e K (PRAKASA-RAO et al., 2007). As relações acima são significativamente traduzidas em alterações quantitativas e qualitativas de substâncias voláteis em plantas de óleo essencial.

No cultivo de estufa, dependendo do meio cultivado e das espécies de plantas, é ótimo que o teor de potássio esteja no intervalo de 0,3 a 0,8 g dm-3 de K na solução do solo. A quantidade de uma dose única de potássio é de grande importância, devido ao efeito antagônico deste nutriente na absorção de outros cátions como sódio, cálcio, e magnésio em particular pelas plantas (EZZ EL-DIN et al., 2010).

No manjericão, o teor de óleo essencial é significativamente maior em plantas adubadas com mais dose (0,8 g dm-3 de K) em comparação com a menor dose (0,4 g dm-3 de K). Além disso, a maior quantidade de potássio contribui para um aumento na porcentagem de 1,8-cineol, linalol, o eugenol, e y-cadineno na composição do óleo de manjericão (NURZYNSKA-WIERDAK; BOROWSKI, 2011). Diferente do estudo de Prakasa-Rao et al. (2007), a produção de óleo de manjericão não foi significativamente alterada pela taxa de potássio.

Em relação à concentração de sais (CE) na solução do solo, há proporções adequadas entre nutrientes específicos que são extremamente importantes para a absorção adequada de água e nutrientes dissolvidos pela planta (SINGH et al., 2004; NURZYNSKA-WIERDAK et al., 2011). O valor da CE é afetado por todos os cátions e ânions, mas em maior medida por nitratos, potássio e magnésio (NURZYNSKI, 2003). A concentração de sais no meio nutritivo das plantas de óleo essencial modifica o seu crescimento e desenvolvimento. O aumento da salinidade do solo também contribui para maior teor e rendimento do óleo de manjericão (SAID-AL AHL; MAHMOUD, 2010), bem como um aumento no teor de linalol, cavicol metilo, geraniol e mirceno; e uma diminuição no teor de eugenol e metil eugenol (SAID-AL AHL et al., 2010). Os resultados acima mostram que um aumento no teor de óleo essencial pode ser obtido sem mudanças adversas na composição do óleo essencial, através de concentração adequada de sal no meio nutritivo (NURZYNSKA-WIERDAK, 2013).

3 MATERIAL E MÉTODOS