Índice de Abreviaturas
6. Medicamentos Sujeitos a Circuitos Especiais de Distribuição
7.3. Nutrição Parentérica
Para o bom funcionamento do organismo de qualquer pessoa é fundamental que exista um equilíbrio nutricional e metabólico. No entanto, em certas situações esse equilíbrio é alterado sendo necessário instituir um programa de apoio nutricional através de perfusão intravenosa, adaptado a cada doente para suprir as suas carências [7].
A NP é uma terapêutica complexa que deve ser abordada através de uma equipa multidisciplinar onde o farmacêutico exerce as suas funções em diálogo, interligação e cooperação com os outros profissionais de saúde [24].
As principais funções do farmacêutico responsável pela NP são: Elaboração da ficha de produção;
Acompanhamento dos doentes submetidos a NP; Elaboração de rótulos para cada preparação;
Estabelecimento de protocolos de acordo com a prescrição médica; Verificação e controlo das misturas preparadas;
Organização do ficheiro de doentes [20].
A avaliação das necessidades específicas de cada doente envolve vários fatores: idade, condição clínica, patologia dominante, estado nutricional e objetivo terapêutico. Relativamente à avaliação do estado nutricional é necessário conhecer as necessidades energéticas, as necessidades proteicas, o estado de hidratação e o
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ionograma. Após avaliação nutricional do doente é instituída a terapêutica que resulta numa prescrição que é enviada ao SF [24].
As prescrições das misturas nutritivas preparadas são feitas em requisições específicas. A composição destas é individualizada segundo as necessidades nutricionais do doente [24].
No CHAA, especificamente, as NP só são preparadas para bebés prematuros, geralmente internados na UCIN, uma vez que as bolsas atualmente comercializadas não suprem as suas necessidades especiais. Por isso, o preparo das NP não é frequente, estando condicionado ao nascimento destes bebés.
7.3.1. Instalações e Estrutura Física
A Unidade de Preparação de Misturas para Nutrição Parentérica localiza-se estrategicamente nos SF do CHAA, com fácil acesso ao armazém, simplificando o fluxo de pessoas e de materiais. As instalações são constituídas por duas áreas, separadas fisicamente, a antecâmara e a sala asséptica [24].
Antecâmara: possui uma zona de vestiário onde o operador pode deixar a roupa que traz do exterior e equipar-se com o vestuário adequado. Nesta zona encontra-se todo o EPI estéril, como batas, máscaras e luvas. É neste local que o operador realiza a lavagem das mãos;
Sala asséptica: sala na qual são manipuladas as misturas nutritivas, em condições de assepsia e com um mínimo risco de contaminação. Esta sala dispõe de câmara de fluxo de ar laminar horizontal classe 100 e de um carro, onde são colocados o material e os componentes a usar. É neste carro que todo o material é descontaminado com álcool a 70º [24].
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7.3.2. Procedimento de Preparo
A preparação da NP é realizada de acordo com a prescrição médica, que contém: o nome e número do processo do doente, a idade, o peso, a identificação do médico prescritor, a data, os fármacos e as doses. O farmacêutico procede à validação da prescrição e realiza o débito dos produtos no processo do utente (através do GHAF). No processo de validação também deve ser calculado volume da sobrecarga a ser adicionado (nos SF está disponível um ficheiro em Excel que permite realizar estes cálculos), devido às perdas no sistema de perfusão. De seguida imprime os rótulos da preparação e separa todo o material a ser utilizado (como a bolsa, seringas, agulhas, soluções de eletrólitos, de vitaminas, entre outros) e realiza o registo dos lotes e prazos de validade das matérias-primas [24].
Cada prescrição é constituída por duas soluções:
Solução hidrossolúvel constituída em parte ou totalmente por aminoácidos, oligoelementos pediátricos, sais minerais, glucose, vitaminas hidrossolúveis e ainda heparina. Solução preparada numa bolsa;
Solução lipossolúvel constituída por vitaminas lipossolúveis e lípidos. Esta solução é preparada em seringas opacas [24].
Todo o preparo da NP ocorre em ambiente estéril, que é conseguido graças a uma câmara de fluxo laminar horizontal (CFLH). A sala, onde se localiza a câmara, encontra-se a uma pressão positiva em relação a área negra [24].
A manipulação da bolsa de NP ocorre da seguinte maneira:
A câmara é ligada cerca de 30 minutos antes do início da manipulação, desinfetar com álcool a 70º
Desinfetar todo o material (frascos, ampolas, seringas, agulhas e a bolsa) a ser utilizado com álcool a 70º e colocar num tabuleiro no transfer;
O operador deve lavar as mãos e antebraços com antissético e vestir o EPI – bata, luvas, touca, máscara e proteção para os pés;
Prender na parede lateral da câmara a folha de composição e técnica de preparação da mistura nutritiva para NP;
Começar por ordenar os componentes que entram na composição da mistura nutritiva;
O processo é iniciado pelo enchimento da bolsa com solução hidrossolúvel, adicionando cada componente pela ordem estabelecida, seguindo técnica asséptica:
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- Iniciar pelos maiores volumes (Solução de aminoácidos, Glucose a 5%, 10%, 30%);
- Adicionar os oligoelementos pediátricos, se prescritos (de modo a evitar que estes atuem como cofatores na degradação das vitaminas);
- Adicionar os eletrólitos monovalentes, iniciando-se pelo fosfato;
- Adicionar os eletrólitos bivalentes, sendo o cálcio o último a ser adicionado; - Análise da solução para deteção de possível formação de precipitado; - As vitaminas hidrossolúveis deverão ser as últimas a ser adicionadas;
- Agitar levemente a mistura entre cada adição, verificando sempre se ocorrem fenómenos de precipitação ou floculação.
Misturar o conteúdo por dupla inversão da bolsa;
Retirar com o auxílio de uma seringa uma amostra de 5mL da mistura e introduzir no meio de cultura para controlo microbiológico;
Suspender a bolsa em suporte próprio existente dentro da câmara e encher todo o sistema de perfusão com a solução nutritiva, a fim de retirar todo o ar existente e evitar a presença de bolhas.
Preparação da solução lipídica em seringa opaca;
Acoplar a seringa com a emulsão lipídica ao sistema para administração parentérica;
Rotular a bolsa e a seringa;
Proteger a bolsa da luz papel de alumínio;
Colocar um rótulo indicando o nome do doente, o serviço e a incubadora atribuída;
Acondicionar individualmente cada bolsa parentérica [24].
A bolsa pronta é colocada na mala de transporte, juntamente com o documento de transporte, e levada por um AO até a UCIN, onde o Enfermeiro receciona e confere a preparação assinando e datando a sua receção. O documento de transporte fica arquivado nos SF [24].
A câmara é periodicamente submetida a um controlo microbiológico, que consiste na colocação de 5 placas de gelose sangue em pontos predefinidos sobre a superfície de trabalho, por um período de 30 minutos, antes e durante a fase de trabalho. Estas placas são enviadas ao laboratório de microbiologia onde são incubadas a 37ºC durante 48h [24].
Durante o período do estágio nasceu no CHAA um bebé prematuro que necessitou fazer a NP, por isso foi possível acompanhar todo o processo de validação da prescrição, manipulação da mistura, registo e envio da bolsa pronta a UCIN.
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