SUAVE como veludo a estrela noturna brilhava Ao longo do caminho inexplorado,
Através das gigantes clareiras de teixo
Quando o seu raio de luz caiu como orvalho Iluminando o véu cintilante
Donzela pura e etereamente delicada Que as aranhas teceram para ocultar a Vergonha da noiva silvestre
Terra, que tremia de prazer Na carícia masculina da Noite.
Suave como veludo o mago caminhou Para o Sabá do seu Deus.
Com os pés nus ele fez
Flores estreladas na clareira,
Suavemente, suavemente, como ele foi Para o sombrio sacramento,
Furtivamente pisando ao encontro Em seu vestido de ametista.
Ainda no início sua alma chegou Ao Morro do Martírio,
Onde a estaca carbonizada e tortuosa Como uma negra serpente venenosa Posta pelas mãos do carrasco
O EQUINÓCIO
Através da poeira úmida e nebulosa, Nunca negro e nunca seco
O sangue do coração de um suicida. Ele tinha arrancado a haste de aveleira Do deus rude e caprino,
Mesmo como o raio da curvada e minguante lua Roubado do Rei do dia.
Ele tinha aprendido o sinal élfico; Dado o Sinal dos Nove:
Uma vez ao delírio, e uma vez à orgia Uma vez para se curvar diante do diabo, Uma vez para balançar o turíbulo,
Uma vez para beijar o bode do inferno, Uma vez para dançar a primavera trêmula, Uma vez para coaxar, uma vez para cantar, Uma vez para untar as saborosas coxas Da bruxa com os olhos verde-mar Com o unguentos mágicos.
Ó, o mel e o fel
Daqueles lábios negros do encantador Enquanto ele cantarola para o eclipse Misturando o feitiço mais poderoso Dos deuses gigantes do inferno Com os quatro ingredientes Dos elementos do mal,
Âmbar cinzento da longarina dourada, Almíscar de boi de uma jarra Mongol, Civeta de uma caixa de jade,
Misturado com a gordura de muitas donzelas Assassinadas pelos frios encantamentos
O CAMINHO DO MAGO
Das bruxas selvagens e antigas. Ele tinha crucificado um sapo Na casa do basilisco,Murmurando as Runas ao avesso
Insano com muitas maldições zombeteiras. Ele havia traçado o sigilo da serpente
Em sua medonha vigília virgem. Sursum cor! o monte élfico, Quando o vento sopra frio mortal Do mundo que geme sob a
Garganta preta da morte e os dentes sem lábios. Lá ele tinha estado – seu peito nu –
Rastreando Vida sobre o Ar
Com o trapaceiro e com o mangual Amarração para frente sobre o vendaval, Até sua lâmina que duvida
Como o cintilar da Morte
Afundou antes de sua cerca sutil Para o mar do sentido sem estrelas. Agora, finalmente, o homem veio Por acaso ao seu santuário.
Deveras como ondula sua vara Em um círculo sobre a grama Cria a esmeralda casta e pura Desde o verde pálido e fosco. Certamente no circulo, milhões De pavilhões imaculados
Brilhavam sobre o tremular da relva Como as estrelas do mar nas ondas –
O EQUINÓCIO
Milhões de tendas encrustadas de joias Para os sacramentos do guerreiro. Mais vasto, vasto, vasto, vasto, Cresce a estatura do comandante;
Todo o acampamento circular competia Com as galáxias infinitas.
No meio, uma pedra cúbica
Com o conjunto demoníaco nela;
Ha uma garganta de um cordeiro virginal; Ha o corpo de um furão;
Porventura as nádegas de um bode; Ha a sanguinária face e haste
De uma deusa e um deus!
De encantamento a encantamento, de passo a passo! Luzes místicas oscilam e deixam rastros
Suave como o veludo os sigilos traçou Pelo adepto estrelado de prata.
Para trás e para frente, e de lá para cá, Alma e o mover do corpo e o fluxo Em carícias vertiginosas
Para pausas imponderáveis, Até que enfim a magia é feita, E o véu do país das fadas é aberto Isso foi Ordem, Espaço e Ênfase Da consciência da alma doente. “Dá o teu corpo às feras!
Dá o teu espírito para os sacerdotes! Quebra em duas a vara de avelã No lábios virgens de Deus!Rompe a Rosa Cruz separadamente!
O CAMINHO DO MAGO
Despedace a flecha negra do trovão! Como o escuro beijo ensanguentado Do decidido abismo!”
O mago notou a fascinante teia Esta palavra intolerável.
Feriu a tempestuosa vara de avelã Nos lábios escarlates de Deus;
Pisoteou o âmago da Rosa Cruz; Parou a ferramenta trovão de Thor; Manso e santo assistente
Dos infernais sacerdote do ódio, Um puto lustroso e sem vergonha Das feras que rondam a noite!
Como uma estrela que brilha do céu
E fendas de luz que atravessam o ar virginal, De uma área elevada ele atirou e matou Um admirável milagre.
Esculpida perfeita e minunciosamente, uma chave Do mais puro lápis-lazúli
Mais azul que o cegante e doloroso céu
(Envolta com as estrelas, torturando serpentes), Para beijar o deus morto que nunca acorda; Permeada com douradas manchas de fogo Como uma virgem com desejo.
Olha, as alavancas! frondosas e frágeis samambaias De fantásticos diamantes,
Brilhando com o celeste etéreo Em cada requintada guarita. Nas flechas as cartas atadas,Como se dríades da lua casta
O EQUINÓCIO
Com os sátiros foram abraçadas, Pronunciado o segredo da chave: Sic pervenias. E ele
Foi trilhando seu caminho do mago Sonhos de coisas além do acreditável. Quando ele vai, o mundo cansado Dos sentidos proximamente envolvidos
Como uma serpente em volta de seu coração Meche a si mesmo e vai para longe.
Então, as chamas sangrentas do coração, crescendo, Vigorosas, vivazes, e elevadas;
E a chave abre a porta
Quando seu amor vive para sempre. Ela é do sangue das fadas;
Todos os fluxos esmeralda estão fluindo. Brilhando no céu âmbar
Para um valioso e bonito cristal enfeitiçado. Ela tem olhos como flocos brilhantes
Como um gélido e cinzento ninho de cobras. Ela tem seios despidos de âmbar
Jorrando vinho em seu leito,
Do qual qualquer um que inclinasse e bebesse Resolveria o enigma da Esfinge.
Ela tem pernas despidas de âmbar Pelas quais suas crianças escalam.
Ela tem cinco centros róseo-avermelhados Desde as cinco chagas de Deus, que sangraram; Cada ferida que ela cuidava ainda sangrava, E no seu sangue bebês eram alimentados.
O CAMINHO DO MAGO
Nossa! como um pelicano rosa-alado
Ela tem engendrado abençoados bebês de Pan! Nossa! como um rouxinol dourado
Ela tem despedaçado seu seio em espinhos para assim A estéril roseira renovar
Sua vida com esse infeliz orvalho,
Construindo a rosa do mundo em chamas Com a música fluindo do pálido luar! Ó! Ela é como o rio de sangue
Que arrebentou dos lábios do deus bastardo, Quando ele viu o sorriso da mãe sagrada Sobre o íbis que voou até a espuma do Nilo
Trazendo os membros não consagrados, não nascidos, Que a besta que espreita do Nilo tinha rasgado!
Então (por que o mundo está cansado) eu Estas terríveis almas de consciência leiga. Eu sacrifico estes sapatos impuros
Para os frio raios da lua minguante. Eu tomo o báculo de aveleira bifurcado , E a rosa que não foi cultivada na terra, E a lâmpada sem azeite
Com o sangue do coração que sozinho pode ferver. Com o peito nu e pés descalços
Eu sigo o caminho do mago para Deus.
Onde quer que ele me leve meus pés devem ir; Acima dos cumes, dentro do abismo,
Até as cavernas de puro e gélido ar,
Desceu para as profundezas da sórdida e violenta morte, Cruzou os mares, atravessou as chamas,
O EQUINÓCIO
Onde ele quiser, se ele quiser ou não,
Se eu for, eu não me importo para onde eu for. Pois em mim estar a mácula do sangue feerico Rápido, rápido, está sangrando esmeralda Pulos em mim, muito fortes e brutais
Como a bem-aventurança de um fauno bestial. Em mim o sangue feérico corre fortemente:
Meus antepassados foram druidas, um demônio, um bardo, Uma besta, um mago, uma serpente e um sátiro;
Para – a minha mãe disse – o que isso importa? Ela era uma fada, pura das fadas;
Filha da rainha Morgana com um demônio Etéreo que certa vez veio a Orkney
Para pagar ao Besouro suas preces.
Então, este sou eu que contorcido com um puxão Do sangue de fadas, e a coceira enfeitiçada
Que se tornou um incômodo que não pode ser descrito Ao invés de diminuir no ruído nojento
Dos britânicos mastigando seu pão com manteiga; Meninos doentes e meninas grosseiras
Transformados em mulheres desleixadas caipiras selva- gens.
Então, eu estou fora disso com o cajado na mão Para a luz infinita da terra sem nome.
Trevas espalham seus sombrios córregos, Apagando os sonhos mágicos.
Eu poderia porventura temer, Se não fosse a Serva-pena
O CAMINHO DO MAGO
Sussurrar-me a compreender.
Agora (quando pelo mundo de choro a Luz das estrelas finalmente arrasta-se, Rouba a minha visão de recém-nascido, Luz – Ó luz que não é luz!)
Em minha boca os lábios dela Como uma pedra no meu sepulcro Selo meu discurso com êxtase, Até que um bebê nasce de mim Que é mais silencioso do que eu; Por seu choro inarticulado
Cala a boca como que pressionado Pela pérola, em seu suave peito;
Embora a sua respiração sussurre divinamente. As pétalas-rosas de seus mamilos,
E o leite jorrado derrama Dos seios macios e deliciosos, Doces como fontes de mel No cálice das flores,
Mais inebriante que
Todas as uvas purpuras de Pan. Ah! meus próprios lábios se calam. Porém, todo o mundo está preenchido Com a Ecoar, que mergulha cada vez mais Como o néctar do trevo.
Paixão, arrependimento e dor
Procure novamente o ventre de sua mãe, E assim nasce o tesouro triplo,
Paz, pureza e prazer.
O EQUINÓCIO
Onde as estrelas são macias como veludo!