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O apoio da equipe gestora às professoras iniciantes

No documento Anelise Delgado Godeguez.pdf (páginas 81-84)

Capítulo 3. Análise dos dados

3.3. O início na docência

3.3.1. O apoio da equipe gestora às professoras iniciantes

Embora as professoras iniciantes entrevistadas tenham participado das formações do Programa Mesa Educadora para a Primeira Infância como apoio para o aprimoramento de suas práticas, ficou revelado que sentem também a necessidade de serem assistidas pela direção e coordenação da escola.

A importância do compartilhamento de práticas entre professoras mais experientes e as mais novas é evidenciada por Brito, Garcés, Gonzalés e Tapia (2005) e Rocha (2006) ao destacar que, desta maneira, percebe-se o empenho para a qualidade do ensino às crianças, além da preocupação com o professor no início de carreira para que essa fase se torne menos sofrida.

As professoras entrevistadas destacaram sentirem-se solitárias no início da carreira:

Aí fiquei uns 6 meses lidando com essas dificuldades e pesquisando para poder me inteirar, mas demorei uns 3 meses para me adaptar, porque fui sozinha e eu não tinha experiência com essa faixa etária porque eu tinha anteriormente com o berçário e Fundamental I e II. (Érica)

Eu conheci a turma e fui me apropriando aos poucos. Não tive uma coordenadora muito boa e tive que aprender na prática e sozinha, tive que chegar em casa e pesquisar muito além do que foi visto na faculdade. Nos três primeiros meses foi bem difícil e depois fui me adaptando à turma, fui vendo as necessidades que eles tinham e eles foram me dando muito retorno do que fazer, do que era necessário e em seguida foi mais fácil. (Tatiana)

Fui recebida pela diretora e pela professora auxiliar de diretora, que me receberam muito bem e me direcionaram até a sala de aula. Não tive orientações específicas no início sobre minhas atividades. (Paula)

Paula, Érica e Tatiana relataram que há uma realidade complexa que as professoras iniciantes enfrentam. Fica realçado que a prática do dia a dia torna essa adaptação mais amena, ao criar rotinas e adquirir experiências.

Fica revelado que o papel da coordenadora nesse processo de iniciação na docência é imprescindível. Placco e Souza (2012) relatam que a ação conjunta dos professores com coordenadores, diretores e supervisores “é vital nas escolas”. As autoras evidenciam que o trabalho da equipe gestora em parceria com os docentes mobiliza o grupo de professores para o comprometimento com a melhoria do trabalho pedagógico na escola.

As professoras Tatiana e Érica trazem claramente a concepção que têm da importância do apoio dos profissionais mais experientes, seja da coordenadora, seja da diretora, ou até mesmo de uma outra professora:

[...] quando você tem um direcionamento, você se sente mais segura e você tem a oportunidade de trazer seus aprendizados. E além disso, foi uma oportunidade de trocar ideias com as pessoas mais experientes, que tinham uma outra visão. (Tatiana)

Não tive orientações específicas para me auxiliar e quem me recebeu foi uma professora que estava no lugar da diretora e ela foi muito simpática, apresentou a escola, o espaço, as pessoas, mas nem ela e nem a coordenadora pedagógica, que seria a “proaudi” (professora auxiliar de direção) não me forneceram os documentos que a rede já tinha para desenvolver um bom trabalho. (Érica)

A professora Fernanda revela o quanto uma formação mais qualificada torna facilitado o início da carreira docente, ao expressar que recebeu apoio da equipe gestora:

Então, eu fui acolhidapela minha coordenadora, que me deu muitas atividades. [...] São profissionais bem qualificados da escola em que eu fui recebida, eles me acolheram muito bem, me deram suporte. Na época em que eu fui para a prefeitura, tinha um grupo de estudos de alfabetização, em que todas as terças-feiras eu ia para formação em português, em língua, e na outra terça-feira era Matemática. Então, eu fiz durante o ano inteiro formação em português e Matemática. Então, eu tive um bom suporte da Rede. (Fernanda)

Cabe ao(à) coordenador(a) pedagógico(a) fazer mediações nas relações interpessoais do grupo de professores. Placco e Souza (2012) expõem que o(a) coordenador(a) precisam trabalhar algumas dimensões com os professores:

 Competências pessoais – autoconhecimento, valores, capacidade de tomar decisões e de resolver problemas, definição de metas;  Competências sociais – crença em seus valores e metas, firmeza,

resistência à pressão dos grupos de pares;

 Conhecimentos – do conteúdo da matéria a ser ensinada, dos aspectos do desenvolvimento e da aprendizagem, das questões que envolvem os valores, a ética, a cidadania, os aspectos afetivos, etc. (Placco e Souza, 2012, p. 32)

Pode-se constatar que quando as professoras iniciantes são bem acolhidas e orientadas, sentem-se mais seguras para desempenhar suas atividades profissionais. Segundo Almeida (2012), necessitamos ser cuidados e cuidar. As professoras entrevistadas destacaram que quando não recebem instruções e não há trocas de experiências entre professora e gestão, ficam ressaltadas mais dificuldades e sentimentos de apreensão e busca pelo conhecimento de forma isolada.

Pensando nas dificuldades enfrentadas, a falta de apoio ao professor iniciante pode determinar práticas transmissivas, o isolamento, que comprometem seu trabalho, ou pode causar até mesmo o abandono da carreira.

Em vista disso, posta a relevância do trabalho coletivo, Placco e Souza (2012) afirmam que

É neste contexto que se insere nossa crença e nosso pressuposto de que a maior e mais relevante tarefa de base dos gestores escolares é a formação e o desenvolvimento profissional dos professores, não apenas enquanto processos individuais, mas também enquanto formação mútua (interformação) e autoformação. (p. 27)

Percebe-se, então, que as professoras experientes e as profissionais que desempenham papeis na gestão escolar têm muito a contribuir com as professoras ingressantes na docência. Segundo Tancredi (2009), as trocas entre os pares vêm sendo vistas como a forma mais efetiva de aprendizagem da docência, considerando a influência dos conhecimentos prévios de cada profissional, as experiências, os valores e as culturas diversas. O(A) coordenador(a) pedagógico(a) fica, portanto, com a tarefa de mediar as ações formativas no ambiente escolar.

No documento Anelise Delgado Godeguez.pdf (páginas 81-84)