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5.2 O CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

5.2.4 O aterro sanitário/central de triagem do CRESU

O CRESU foi fundado em 1999, uma área de aproximadamente três hectares foi adquirida em 2000, mas o aterro sanitário com central de triagem de RSU do consórcio começou a operar somente em março de 2013, devido às inúmeras dificuldades enfrentadas, como a elaboração do projeto, a burocrática obtenção das licenças ambientais e a liberação dos recursos obtidos junto à Funasa. A Licença de Operação foi emitida pela Fepam apenas em 16 de outubro de 2012, válida até 16 de outubro de 2016.

Em 1º de novembro de 2013, o jornal A Notícia informou que “os Municípios pertencentes ao Consórcio Intermunicipal de Resíduos Urbanos produzem, em média, 240 toneladas de lixo/mês e têm como objetivo implantar a Coleta Seletiva” (2013, sp). A mesma notícia, veiculada no site do jornal, comunica que “desde maio deste ano, quando o lixo começou a ser separado e classificado, já foram comercializadas cerca de 40 toneladas de lixo reciclável, cujo preço depende do tipo de qualidade do material” (A NOTÍCIA, 2013). A triagem era feita pela empresa terceirizada Adair Sobrieski dos Santos ME, que fora licitada para prestar esse serviço ao consórcio, o que na época gerava oito empregos diretos. Em 2013, o CRESU empregava oito pessoas, entre vigias e técnicos.

Mesmo não possuindo uma balança para informar com precisão a quantidade de RSU recolhido e destinado ao aterro sanitário, na época foram repassados ao jornal A Notícia dados sobre esse procedimento, indicando uma média de 240 toneladas de lixo/mês, como mostra a Tabela 2.

Tabela 2 – Quantidade de RSU destinada ao aterro sanitário do CRESU.

Município Média/toneladas/mês Dias de recolhimento

São Nicolau 60 3 (Segunda/Quarta/Sexta)

Pirapó 30 3 (Segunda/Quarta/Sexta)

Dezesseis de Novembro 30 3 (Segunda/Quarta/Sexta)

Porto Xavier 120 4 (Terça/Quinta/Sexta/Sábado)

Fonte: Jornal A Notícia (2013). Elaborada pelo Autor.

A Licença de Operação (LO) nº 6353/2012-DL autorizou o CRESU a operar uma célula de deposição de resíduos sólidos urbanos e um galpão de triagem

coberto, além de duas lagoas de lixiviado44. A área do terreno é de 29.900 metros quadrados, sendo que a área do aterro é de três mil metros quadrados. A população atendida pelo empreendimento é de 21.980 habitantes, sendo 2.757 (Pirapó), 2.866 (Dezesseis de Novembro), 5.727 (São Nicolau) e 10.558 (Porto Xavier). Conforme a Licença de Operação, a capacidade do aterro sanitário é para receber 22 toneladas/dia.

Na LO foram fixadas diversas condições e restrições, como a necessidade de haver o controle de acesso à área do empreendimento, que deve ser mantido cercado e devidamente identificado; manutenção de profissional habilitado, bem como dispor de maquinário e operadores capacitados; necessidade de que qualquer alteração/ampliação no empreendimento seja objeto de novo licenciamento; e que para a instalação de novas células para deposição de RSU deverá ser requerida Licença de Instalação de Ampliação (FEPAM, 2012).

Em relação ao manejo dos resíduos, a LO é bem clara ao definir que o aterro somente está apto a receber resíduos sólidos urbanos, não sendo permitido o recebimento de resíduos de saúde, nem de resíduos industriais. Os resíduos Classe I45, bem como industriais Classe II46 e os oriundos de construção civil, eventualmente recebidos, deverão ser segregados e encaminhados para locais devidamente licenciados a recebê-los. Eventual recebimento de resíduos Classe I, através do sistema de coleta seletiva ou domiciliar, deverá ser acompanhado de armazenamento temporário em área coberta, até que seja encaminhado para destinação final, a fim de que não haja alteração na quantidade/qualidade do resíduo, além de serem mantidos registros e controle da entrada eventual desses resíduos na central de triagem.

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O lixiviado, popularmente chamado de chorume ou de líquido percolado, é formado pela dissolução de componentes do lixo na água, principalmente da chuva. Essa água, após certo tempo em contato com o lixo e, pela ação natural da gravidade, flui por meio da porosidade existente até encontrar uma camada impermeável do solo, geralmente formada por rochas, ou, no caso dos aterros sanitários, por superfícies previamente preparadas para receber o lixo, escoando para um tanque ou lagoa a céu aberto (SISINNO; OLIVEIRA, 2000).

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Classe I: São resíduos que em função de suas propriedades físico-químicas e infectocontagiosas podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente. Esses resíduos podem ser condicionados, armazenados temporariamente, incinerados, tratados ou dispostos em aterros sanitários próprios para receber resíduos perigosos.

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Classe II: São aqueles que não se enquadram na classificação de resíduos Classe I. Podem apresentar uma das propriedades: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

É preciso destacar que o controle “do recebimento dos resíduos no empreendimento é de responsabilidade do empreendedor, devendo ser observados os critérios de compatibilidade para o qual foi projetado” (FEPAM, 2012).

Quanto à preservação e conservação ambiental, deverão ser mantidos procedimentos periódicos de inspeção e manutenção das estruturas implantadas, de modo a prevenir/corrigir eventuais ocorrências de danos ou falhas operacionais. Em qualquer caso de derramamento, vazamento, deposição acidental de resíduos ou outro tipo de acidente, a Fepam deve ser comunicada imediatamente (FEPAM, 2012).

Em relação a eventuais emergências ambientais, o aterro deve ser operado de forma a minimizar a possibilidade de fogo, explosão ou derramamento/vazamento de resíduos que possam ameaçar a saúde humana ou o meio ambiente. Deverá ser mantida a cortina vegetal, na forma de cortina arbórea no perímetro do empreendimento, de modo a amenizar visualmente o local e criar condições para sua proteção e isolamento (FEPAM, 2012).

Por fim, quanto ao monitoramento, devem ser enviados à Fepam, com periodicidade trimestral, planilha de recebimento de resíduos, planilha de destinação de resíduos; cronograma de inspeções periódicas, laudos de análise do lixiviado e laudos de análise das águas subterrâneas, entre outros procedimentos rotineiros.

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