• Nenhum resultado encontrado

O atual Museu Municipal de Tavira

Capitulo I – O Museu Municipal de Tavira: dos antecedentes à atualidade

3. A Nova Museologia

3.1. O atual Museu Municipal de Tavira

Hoje em dia, o Museu Municipal de Tavira já não é o “depósito de obras” que caraterizou os primórdios da iniciativa museológica. O atual museu criado em fins da década de 1990, dependente da Câmara Municipal de Tavira, de carácter territorial, está inserido nesta nova tendência museológica relacionada com o alargamento do conceito de património museológico, a descentralização de unidades museológicas e a introdução de novas práticas de Museologia. Tem um papel social e científico e participa no desenvolvimento local através do estudo, da interpretação, da salvaguarda, da divulgação e da valorização do património cultural e natural entendido como uma herança coletiva, na sensibilização dos poderes político e económico para os particularismos regionais e na contribuição para a reabilitação de saberes tradicionais. Os objetos são explorados no seu contexto geográfico, social, cultural e económico sendo importante a aproximação e participação da comunidade no estudo e na valorização do património cultural.72

As suas funções essenciais como instituição museológica são: recolha, inventário e registo, conservação e restauro, investigação, divulgação, ação cultural e educativa. A sua constituição teve, como qualquer museu, a existência de uma coleção de objetos independentemente da sua existência. Esses objetos, para além do seu valor intrínseco, transmitem informações ligadas à história, ao ambiente social, à economia, ao progresso tecnológico, etc, em relação à sua época e que são informações importantes para o conhecimento da cultura material. O museu tem assim como fim, além de conservar esses objetos, estudá-los e apresenta-los no contexto espaço temporal.

O Museu Municipal de Tavira incide o seu interesse tanto em exposições contemporâneas como em exposições que mostram a sua história e cultura local e dai a importância da arqueologia e etnografia. Sendo um museu polinucleado, ou antes uma entidade museológica descentralizada constituída por vários núcleos temáticos dependentes de uma sede, procura cumprir a quase totalidade das funções museológicas e o garante da sustentabilidade de todo o sistema. Formado nos finais de 1990 e baseado no modelo ecomuseu ou museu de território, a criação de núcleos museológicos deveu-se à iniciativa autárquica com o fim da valorização e descentralização cultural. Sendo um museu

72 CARTAXO, Joana; LOPES, Marco - O Museu Municipal de Tavira: retrato de um território. Tavira: Vila Adentro, Cidade Renovada. Tavira: Câmara Municipal de Tavira, 2005, p. 101-102

polinucleado, os núcleos museológicos estão estabelecidos em locais fisicamente autónomos da sede com coleções próprias e atividades diversas, mas com uma ligação institucional e orgânica dependente daquele. Cada núcleo museológico comporta os principais serviços técnicos que permitem o cumprimento adequado das funções museológicas indispensáveis. Este museu polinucleado tem como fim a valorização dos patrimónios locais, próximo das populações. Os distintos núcleos desenvolvem distintas temáticas promovendo a valorização do acervo museológico arqueológico, etnográfico, religioso, industrial e contemporâneo. Alguns núcleos museológicos, relacionados com o património arqueológico, estão ligados a evidências preservadas “in situ” e interpretadas museograficamente. Também o património religioso, pertencente ao Município, forma núcleos de arte sacra destinados a valorizar espaços abandonados pelo culto.73

O edifício sede é o Palácio da Galeria, que está implantado na encosta nascente do castelo em sítio proeminente da cidade de Tavira. É um elemento importantíssimo na paisagem urbana. Este imóvel de arquitetura civil oferece testemunhos medievais que traduzem sobretudo nas cantarias de arcos quebrados dos séculos XIV-XV e que sofreu alterações sucessivas ao longo dos temos com vestígios arquitetónicos dos diferentes períodos. Recebeu uma grande campanha de obras a partir de 1753, a qual denuncia a sua fachada principal.74 As suas primeiras referências históricas remontam ao século XVI sendo um edifício habitacional. Em 1863 foi adquirido pela Câmara Municipal de Tavira e foi instalado o Tribunal Judicial. Este edifício sofreu obras de reparação indispensáveis nos finais da década de 1930.75 No início da década de 1950 sofreu obras de adaptação para instalar a Repartição das Finanças e a Tesouraria da Fazenda Pública.76Também funcionou a Escola Primária Masculina que permaneceu até 1948. O Tribunal e as Finanças funcionaram até 1960. Em 1960 o edifício sofre obras de adaptação pra instalar a Escola

73 Ver o Site do Museu Municipal de Tavira. Disponível na Internet <URL: http://www.cm-

tavira.pt/site/.../museu-de-território-palácio-da-galeria-e-núcleos

74 SANTANA, Daniel Santana -Arquitetura Histórica de Tavira – uma síntese. Tavira: Vila Adentro, Cidade Renovada. Tavira: Câmara Municipal de Tavira, 2005, p. 29, 41

75 Arquivo Histórico Municipal de Tavira, Pasta A64, N.º 1769, Orçamento Ordinário da Receita e Despesa

da Câmara Municipal do Concelho de Tavira para o ano económico de 1939, p. 31

76 Arquivo Histórico Municipal de Tavira, Pasta A67, N.º 8398b, Plano de Atividades para o ano de 1950 da

Técnica de Tavira77 que permaneceu até 1980.78Após a transferência do ensino secundário para novas instalações, foi proposto dar uma nova utilidade ao imóvel e colocou-se a hipótese de instalar salas de conferência e o Museu Municipal (o antigo museu já teria sido extinto nesta altura), alertando para as necessárias obras de conservação do edifício.79 O Palácio da Galeria ficou sem nenhuma utilidade e ao abandono até às obras de reabilitação em 1999.

Antes da reabilitação o edifício encontrava-se em estado de degradação avançada. As obras da primeira fase decorreram entre 2000 e 2001. A sua inauguração foi a 5 de Outubro de 2001. A par das obras de reabilitação decorriam as escavações arqueológicas na entrada principal de uns poços votivos fenícios com cerca de 3,50 metros de profundidade. Devido a estes achados arqueológicos houve alterações ao projeto inicial.80A reabilitação deste imóvel conferiu a salvaguarda do património como valorização histórica. Criou-se assim uma área museológica que fomenta a animação de atividades culturais. A intervenção evidenciou também a valorização dos testemunhos arqueológicos postos a descoberto durante as obras e que foram reintegrados e contextualizados no edifício.81 O Palácio da Galeria foi classificado como monumento de interesse público devido ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística e memória coletiva.82

O Palácio da Galeria está dividido em duas áreas expositivas, Edifício Central e Pavilhão Medieval, que têm vindo a apresentar importantes exposições temporárias com integração de acervo municipal como “Espírito e Poder. Tavira nos tempos da modernidade”, em 2006, “Tavira, Patrimónios do Mar”, em 2008, “Cidade, Mundos

77 Arquivo Histórico Municipal de Tavira, Pasta A71, N.º 6301b, Relatório de Gerência da Câmara Municipal

do Concelho de Tavira, fl. 1

78 ANICA, Arnaldo Casimiro - Tavira e o seu Termo – Memorando Histórico. Vol. II. Tavira: Câmara

Municipal de Tavira, 2001, p.212-213

79 Arquivo Municipal de Tavira, Livro N.º 76, Actas de 2 de Setembro de 1980 a 30 de Dezembro de 1980,

Sessão de 9 de Dezembro de 1980, fls. 287-287v.º

80 Concurso Público para a Empreitada de Restauro e Adaptação do Palácio da Galeria. DOME. Câmara

Municipal de Tavira, 1999

81 Concurso Público para a Empreitada de Restauro e Adaptação do Palácio da Galeria, cit 31ira, 1999 82 PORTARIA n.º 888/2013 de Dezembro de 2013. Diário da República. II-Série. 240 (11-12-2013) 35477

Rurais. Tavira e as Sociedades Agrárias”, “A 1.ª República em Tavira. Transformações e Continuidades” em 2010, e “Fotografar. A família Andrade, olhares sobre Tavira ” em 2011, além de importantes exposições de arte contemporânea com artistas de referência como Bartolomeu Cid dos Santos, Günter Grass, Pedro Cabrita Reis, Júlio Pomar, Vieira da Silva, Luis Gordillo, Paula Rêgo, entre outros, exposições coletivas com a Fundação da Caixa Geral de Depósitos e exposições temáticas como a Fundação Calouste Gulbenkian ou a Portugal Telecom. Atualmente, no Pavilhão Medieval encontra-se a exposição temporária “Dieta Mediterrânea” e o Edifício Central a exposição “Memória e Futuro” dedicada ao trabalho realizado pelo Museu Municipal de Tavira desde a sua criação.

Os outros núcleos expositivos são a Ermida de Santa Ana, a Ermida de São Sebastião, Igreja de São Gonçalves Telmo, o Núcleo Expositivo da Pousada de Tavira, o Núcleo Museológico de Cachopo, o Núcleo Islâmico e o Centro Interpretativo de Abastecimento de Água a Tavira. Todos estes núcleos sofreram obras de reabilitação, exceto o Núcleo Expositivo da Pousada de Tavira que se encontra num edifício construído de raiz.

Fruto da cooperação entre a Câmara Municipal de Tavira e o Centro Paroquial de Cachopo foi inaugurado o Núcleo Museológico de Cachopo, na antiga Casa dos Cantoneiros, em 30 de Julho de 2000, com a exposição intitulada “A Vida da Serra”. Trata- se de um percurso expositivo que divide-se em três vertentes de interpretação da vida serrana: “O Cachopo no Tempo”, que aborda a problemática do povoamento da serra, suas continuidades e flutuações; “A Serra e a Vida”, que refere a problemática da serra como lugar de coexistência entre o homem e a natureza; e “Os Trabalhos e os Dias”, que apresenta uma prestativa geral do quotidiano das gentes da serra, dando enfase aos trabalhos domésticos e aos fabricos artesanais. Este núcleo remete para o seu exterior através de uma caraterização do território desta freguesia nos seus múltiplos aspetos geográficos, económicos, sociais, históricos, artísticos e tecnológicos convidando o visitante a explorar o território e a interagir com a população local.

Tanto a Ermida de Santa Ana como a Ermida de São Sebastião são espaços bivalentes, funcionando como núcleos museológicos de arte sacra e locais de realização de eventos de natureza cultural. Ambas são construções de pequenas dimensões.

A Ermida de Santa Ana situa-se numa elevação que a coloca diante da antiga cintura amuralhada da cidade, dentro do perímetro do Centro Histórico, virada para oeste tendo por perto o rio Gilão. Fruto das obras de requalificação urbana que tiveram lugar no alto de Santa Ana, a Ermida não só veio a observar a restrição da circulação automóvel na zona, como também passou a dispor na sua envolvente de uma ampla área de circulação pedonal. Este templo de origem medieval serviu de capela primitiva do Governador do Algarve a partir do século XVIII. O edifício, entre 2003 e 2006, sofreu obras de recuperação e adaptação a equipamento cultural, sendo que as intervenções se desenvolveram ao nível da estrutura do edifício.

A Ermida de São Sebastião situa-se fora das muralhas da cidade precisamente na Atalaia, afastado do rio Gilão. Sofreu obras de requalificação com uma ampla área de circulação pedonal à sua volta. Este templo foi construído em honra ao santo mártir São

Sebastião a que se atribui o poder de conter epidemias e contágios. A origem desta

construção será provavelmente medieval. A sua reconstrução ocorreu em 1745 a partir das ruínas pré-existentes e a obra foi atribuída ao arquiteto Diogo Tavares de Ataíde. A exuberante obra de pintura do interior da ermida foi realizada por Diogo de Mangino.

A Igreja de São Pedro Gonçalves Telmo é um templo de origem quinhentista inicialmente com formulário do Renascimento. A nave está separada da capela-mor por um arco triunfal renascentista. Foi restaurado em 1756, após ter sido afetada pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755, por Diogo de Tavares Ataíde, com atualização da decoração nos moldes barrocos. O teto da nave, da capela-mor e sanca está revestido com uma pintura ilusionista sobre madeira produzida em 1765 por Luís António Pereira, sendo um dos melhores exemplares do Algarve. Esta igreja foi construída em honra São pedro Gonçalves Telmo, padroeiro dos marinheiros e pescadores. Desde 1992 que esta igreja pertence ao Centro Regional de Segurança Social do Algarve. Foi efetuado um contrato entre a Segurança Social e o Município de Tavira em que o último ficou com o direito de usufruir do imóvel por um prazo de 20 anos. A Igreja foi classificada como Imóvel de Interesse Público.83 De reabilitação recente, terminada em meados de 2014, ainda não foi dada

83 PORTARIA n.º 740-EN/2012 de Dezembro de 2012. Diários da República. 2.º Suplemento, II-Série. 252

qualquer função a este templo, no entanto pressupõem-se será mais um polo museológico de arte sacra com eventos culturais.

Na Pousada de Tavira (antigo Convento da Graça) foi criado um espaço museológico, que abrange a musealização do bairro Islâmico Almóada datado de fins do Século XII e princípios do Século XIII com a incorporação de objetos arqueológicos, em cerâmica e osso trabalhado, encontrados nessas mesmas ruínas e relacionados com a vida doméstica. O Núcleo Expositivo situa-se num dos dois edifícios novos construídos em betão à volta do antigo Convento da Graça. Este edifício está virado para Noroeste e a sua localização corresponde à antiga Cerca Conventual, situada entre o Convento e a antiga muralha medieval. O bairro islâmico era constituído por treze casas com habitações organizadas em torno de um pátio central, pavimentos em pedra, em ladrilhos de cerâmica, em terra batida, em argamassa e cal, paredes revestidas com diversas qualidades de argamassas, muros em alvenaria, telhas derrubadas, áreas de circulação pública e presença de canalizações. Apenas cerca de um quarto do bairro islâmico descoberto foi musealizado. A colocação de estrados com gradeamentos metálicos alternados com e corrimão em madeira com suporte em metal pintado permite a circulação do público sem tocar nas ruínas e ter acesso às vitrinas.

O edifício onde funcionou o antigo Banco Nacional Ultramarino foi convertido no Núcleo Islâmico e em 2012 foi inaugurado este importante espaço interpretativo e expositivo com a musealização de uma parte da muralha islâmica e com espólios recolhidas de intervenções no Centro Histórico das duas últimas décadas relacionado com a ocupação Islâmica em Tavira. A muralha em taipa ciclópica do século XII atravessa interior do edifício e foi construída em cal, areia e pedras revestida com paneis de pedras aparelhadas. O Núcleo Islâmico tem duas áreas expositivas dispostas em dois pisos. O acervo arqueológico exposto no primeiro piso consiste numa exposição permanente de bens provenientes das escavações realizadas no Centro Histórico de Tavira e datam entre os séculos X e XIII. O famoso Vaso de Tavira encontra-se destacado numa vitrina isolada. No segundo piso têm sido realizadas exposições temporárias.

A Estação Elevatória da Fontinha situada na Rua dos Pelames, em Tavira, foi convertida em Centro Interpretativo do Abastecimento de Água a Tavira. Este edifício trata-se de um projeto de Alves Costa e foi construído entre 1929 e 1932. A estação

Elevatório funcionava conjuntamente com o depósito de água. A recuperação foi feita com materiais e técnicas tradicionais idênticos aos originais do edifício e caraterísticos da região.84 No interior do edifício encontra-se a bomba de água que é uma estrutura constituída essencialmente por várias partes em ferro fundido (Figura: 1.3 na página 145). Esta estrutura de património industrial foi recuperada em junho de 2009. Este pequeno núcleo criado a partir do aproveitamento de uma antiga estrutura constitui um testemunho importante do papel desempenhado por esta atividade em Tavira. Além de ter contribuído para fomentar o desenvolvimento cultural, social e turístico da cidade, esta infraestrutura representa uma atividade humana passada sendo um fator de identidade da comunidade preservada na memória das populações, que se sente reconhecida e recordada neste legado que nos deixou os antecessores.85

Além dos núcleos museológicos, o Museu Municipal detém os seguintes serviços: centro de documentação, gabinetes de investigação em arqueologia, história de arte e antropologia, serviço educativo e laboratório de conservação e restauro. Os serviços do museu funcionam no Palácio da Galeria, exceto o laboratório de conservação e restauro e o gabinete de arqueologia, que estão localizados noutro edifício, perto da sede. O pessoal afeto ao Museu Municipal de Tavira tem formação em áreas disciplinares distintas e está enquadrado no organigrama municipal na Divisão de Cultura, Património e Turismo, e compõe-se da seguinte forma: uma arquiteta, uma antropóloga, uma historiadora; um historiador de arte, uma artista plástica ligada ao serviço educativo, dois técnicos profissionais de arqueologia, três arqueólogos e uma técnica superior de conservação e restauro. A organização funcional envolve todos os objetivos da atividade do museu repartida pelo trabalho de investigação, incorporação, conservação, documentação, interpretação e divulgação. O inventário encontra-se informatizado no InPatrimonium. O museu já tem a sua Website disponível.

Várias personalidades tavirenses deixaram-nos escritas as suas memórias sobre a cidade assim como vários investigadores que se debruçam sobre o estudo do território,

84 E06/08/CP- Reabilitação da Rua dos Pelames e Rua Gonçalo Velho, Câmara Municipal de Tavira

85 MENDES, José Amado - Uma Nova Prespectiva sobre o Património Cultural: Preservação e Qualificação

de Instalações Industriais. Gestão e Desenvolvimento, N.º 9 (2000) p. 205. Disponível na Internet <URL:

sendo um precioso contributo para a preservação da nossa identidade para as gerações vindouras. São mencionados alguns nomes. Entre as várias personalidades tavirenses contribuíram Maria do Rosário Brás Cavaco Afonso, Arnaldo Casimiro Anica, Maria José Campos, Damião de Vasconcelos, Adérito Fernandes Vaz, Ofir Chagas, Oliveira d' Ataíde, António Miguel Galvão e Rui Salvé Rainha. Como arqueólogos Jaquelina Covaneiro, Sandra Cavaco, Manuel Maia, Maria Maia e Catarina Viegas. Como historiadores de arte Daniel Santana, Rita Manteigas, Francisco Lameira, Vítor Serrão, Catarina Marado e Isabel Macieira. Como sociólogo Jorge Queiroz. Como antropólogas Joana Cartaxo e Luísa Ricardo. Como historiadores Carlos Campaniço, Óscar Pinto e Marco Lopes. Como geógrafo Alberto Corvo.

É importante no futuro continuar o estudo do território nas várias vertentes, a continuação da recolha de objetos que sejam de interesse marcadamente museológico, de história local e a sua valorização de forma a reforçar a identidade local. É importante a realização de fotografias, entrevistas e filmagens de forma a criar registos de memórias que poderão ter interesse para usos futuros.

A valorização do património de Tavira tem vindo a ganhar relevo social e admissão nas políticas da autarquia. A candidatura “Dieta Mediterrânea” foi apresentada no dia 4 de Dezembro de 2013, no Azerbaijão, na 8.ª sessão do Comité Intergovernamental para a salvaguarda do Património Imaterial da UNESCO, onde está representada a Câmara Municipal de Tavira como sua representante e que assegurou o processo técnico. O património cultural imaterial é um contributo para o reforço de uma estratégia de desenvolvimento do Museu Municipal de Tavira.

O Museu Municipal de Tavira pertence à Rede Portuguesa de Museus (RPM) e à Rede de Museus do Algarve (RMA). A RPM teve como fim criar um sistema de mediação e de articulação entre entidades de índole museal com o objetivo de promover a comunicação e a partilha para a qualificação da realidade museológica portuguesa. O Museu Municipal de Tavira aderiu à RPM em 2001 e recebeu apoio financeiro a partir do “Programa de Apoio à Qualificação de Museus” na área do programa museológico, de estudos da coleção de numismática e de material arqueológico, de aquisição de equipamentos e de materiais para acondicionamento de bens em reserva. As ações desenvolvidas pela Rede Portuguesa no Museu Municipal de Tavira foram “Embalagem e

Transporte de Bens Museológicos” e “Inventário do Património Móvel”.86 Em relação à Rede de Museus do Algarve tem como fim descentralizar a política cultural, reaproveitando os recursos de cada museu da RPM, desenvolver as competências e a qualidade das instituições, promover a colaboração mútua e reciproca para a proteção do património regional e criar uma rede de informação a nível regional.87 Da RMA fazem parte cinco grupos que desenvolvem projetos de interesse regional: NET, Património Cultural Imaterial, Conservação e Restauro, Arqueologia e Educação.

A existência do museu começou com as suas coleções. Apenas uma parcela dos objetos guardados são de alcance público. Os que não são visíveis ao público estão recolhidos em espaços denominados por reservas. As reservas serão o tema de desenvolvimento principal deste estudo e irão ser abordadas nos próximos capítulos.

A constituição das coleções do Museu Municipal de Tavira data de finais da década

Documentos relacionados