CAPÍTULO 2 – SUSTENTABILIDADE NAS ORGANIZAÇÕES
2.7. O Balanço GRI
A Global Reporting Initiative, ‘GRI’, promove a elaboração de relatórios de sustentabilidade que pode ser adotada por todas as organizações. A GRI produz a mais abrangente estrutura para Relatórios de Sustentabilidade do mundo proporcionando maior transparência organizacional. Esta estrutura, incluindo as Diretrizes para a Elaboração de Relatórios, estabelece os princípios e indicadores que as organizações podem usar para medir e comunicar seu desempenho econômico, ambiental e social. A GRI está comprometida a melhorar e aumentar continuamente o uso de suas Diretrizes, que estão disponíveis gratuitamente para o público.
A Global Reporting Initiative (GRI), rede global multistakeholder criada em 1997 e sediada em Amsterdã, desenvolveu as Diretrizes GRI para elaboração desses relatórios. A GRI está afinada com iniciativas como Indicadores Ethos e Índice de Sustentabilidade Empresarial Bovespa (ISE-Bovespa).
A GRI sugere a implantação em cinco etapas: preparar-se para o processo; conectar-se com os stakeholders; definir temas, metas e procedimentos; monitorar e verificar, que inclui desenvolver o conteúdo; e relatar, quando finalmente o relatório é redigido e publicado e o próximo ciclo é preparado.
Os relatórios visam ser padrão de referência do desempenho em sustentabilidade, demonstrar a influência que a organização exerce ou sofre em relação às expectativas nesse
sentido e permitir a comparação de seu desempenho ao longo do tempo e também em relação às demais. A estrutura de relatórios é formada pelas Diretrizes G3, Suplementos Setoriais, Protocolos Técnicos e de Indicadores, disponíveis gratuitamente. A “alma” da metodologia são os princípios para a definição do conteúdo do relatório e a garantia da qualidade das informações. A Materialidade, a inclusão de stakeholders, o contexto de sustentabilidade e a abrangência visam orientar sobre o que será incluído. Já o equilíbrio, a comparabilidade, a exatidão, a periodicidade, a clareza e a confiabilidade objetivam assegurar a qualidade das informações. A materialidade fixa o “limiar a partir do qual um tema se torna expressivo para ser incluído no relatório”, ou seja, identifica o que é mais importante para o negócio e para os stakeholders.
Os indicadores retratam como a organização trata da sustentabilidade em sua estratégia e na gestão. Porém, mais do que trazer dados, um bom relato deve permitir ao stakeholder entender as implicações dessas informações nas suas decisões.
Figura 09 – Stakeholders
Segundo o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), o balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pelas empresas reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa.
No balanço social a empresa mostra o que faz por seus profissionais, dependentes, colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Ou seja, sua função principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, sociedade e o meio ambiente.
Na visão de Neto e Froes (1999), o Balanço Social Brasileiro surgiu no início da década de 80 e teve o sociólogo Betinho como seu grande defensor, foi o grande impulsionador da responsabilidade social empresarial no Brasil. Como ele era muito respeitado nos meios empresariais, acadêmicos e políticos, e em virtude da campanha nacionalmente conhecida de combate à Miséria e à Fome, obteve apoio de muitas empresas e entidades de classe e, “como resultado do seu esforço pela ‘causa do balanço social’. Já no início da década de 1990 começaram a surgir os primeiros investimentos sociais de peso no meio empresarial” (NETO & FROES, 1999, p. 123).
Como podemos analisar dos cenários descritos, o mundo todo está se mobilizando em torno da responsabilidade social e o Brasil encontra-se na vanguarda da defesa da ética e da cidadania, através da padronização e da proliferação da utilização do balanço social como ferramenta de crescimento e conquistas sociais.
Dispomos de modelos simples como o do IBASE que pode ser aplicado a qualquer tipo de atividade empresarial e de qualquer porte econômico, ao modelo mais amplo e completo como o do Instituto Ethos (GRI). Ambos são eficientes no que se propõem: levar à opinião pública e à sociedade, de forma responsável, ética e transparente, as informações de natureza social que permitam a construção de um povo, uma nação e um país sólido e que proporcionem um padrão de vida digno aos seus membros.
O relatório social é um documento que se destina a publicação do desempenho de uma organização considerando os aspectos econômico, ambiental e social. Relatórios dessa natureza são também frequentemente chamados de Relatório Socioambiental e Balanço Social, entre outras denominações. Para Oliveira (2005), o balanço social visa não apenas informar aos stakeholders o que tem sido realizado pelas empresas, mas também a forma que este balanço é feito.
O grande desafio é produzir RS com visão holística da estratégia e da gestão socioambiental, adequando as informações ao contexto de atuação e sem produzir relatórios longos ou confusos.
A KPMG, consultoria especializada em estratégias organizacionais, resume assim a questão: fornecer a correta informação para o stakeholder correto, no tempo certo e na forma adequada. Como tendências, vislumbram-se:
Regulação já adotada em vários países; Aumento da verificação por terceira parte;
Maior demanda de informações socioambientais por stakeholders econômicos; Integração entre estratégia e sustentabilidade;
Perda de importância do RS como documento, redução do tamanho e incorporação aos canais de comunicação corporativos;
Estreitamento da correlação entre governança e responsabilidade corporativa; Maior conexão entre responsabilidade corporativa e gestão da cadeia de valor; Foco em: clima, direitos humanos, alimento/água;
Maior participação dos stakeholders;
Auxilio da tecnologia no manejo de dados, conexão com stakeholders e gestão de cenários/riscos.
Após essa apresentação geral do tema sustentabilidade nas organizações e do GRI em particular, no próximo capítulo apresenta-se o estudo de casos de 06 empresas que são modelos de sustentabilidade para avaliar a importância da Qualidade de Vida no Trabalho nessas organizações.