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5 MEDIAÇÃO DOCENTE E DISCENTE

5.2 O bom professor

O professor tem o papel fundamental no desenvolvimento da aprendizagem do aluno, na medida em que souber planejar, refletir, decidir e escolher situações desafiadoras para o seu grupo de estudantes e a cada um em particular. Ao mesmo tempo em que aprende com cada estudante, deve prever (ou imaginar) soluções (ou estratégias) que eles poderão desenvolver, procurando criar outras possibilidades de conflito e de solução. (BORGES NETO, 2016, p.8).

A afirmação nos conduz a perceber não apenas características, mas, também, uma vivência docente de um professor que se preocupa com o aprendizado dos alunos. Não se deve aprender Matemática com os alunos, daí o bom professor é o detentor do saber, mas evita se comportar assim, mas como um pesquisador mais experiente a respeito do assunto a ser

ensinado. Ele sempre tem que usar uma metodologia com planos sobressalentes A, B e C. Um exemplo é que só um jaleco não o torna médico, mas a atitude do professor perante o aluno. É o aforismo popular “as pessoas só andam quando levam uma topada”, ou seja, quando são instigadas a usar seu máximo potencial.

O bom professor transforma o aluno em matemático, físico, engenheiro, biólogo ou outro profissional no momento em que o torna investigador em sala de aula, estimulando a prática de gerar conhecimento intrínseco à Matemática. Ele traz sentido às aplicações se relacionando-se com o senso comum do aluno.

O bom professor exprime situações em que o aluno errará ou até mesmo situações erradas com o intuito de desestabilizá-lo por meio do erro, mas nunca estimulando ao bel- prazer, valorizando o pensamento proceptual. O conhecimento apreendido assume significado e não memorizado, podendo ser utilizado em situações derivadas onde a sua aplicação não é tão evidente, ou em que a questão não é tão diretamente relacionada com um procedimento- padrão, ou seja, há o uso da gambiarra.

Por meio da valorização do erro, o bom professor torna-o um elemento essencial ao aprendizado.

O bom professor é inquisidor e faz o papel do “advogado do diabo”, pois por meio das perguntas estimula a abordagem processual e conceitual. E, além disso, os alunos saem com maiores dúvidas do que antes. Este trabalho investigativo propiciado pelo bom professor põe o aluno numa introjeção individual de seu aprendizado por meio do método axiomático, respeitando o estilo de aprendizagem de cada um.

Ele reproduz em sala de aula o trabalho investigativo e de descoberta.

O bom professor realiza a biopsia, enquanto o professor bom a autópsia, ou seja, intervém ainda antes que seja tarde e consegue resultados significativos por parte dos alunos. Ele sabe que a escolha do mais e menos importante requer um forte conhecimento matemático, ou seja, fala do que entende.

O docente trabalha o essencial para depois se aprender uma matemática mais arrojada e tem em mente a ideia de quem tem de aprender é o aluno.

A Sequência Fedathi é um meio para que o bom professor desenvolva bons alunos que saibam, executam e criem. Estimula, na etapa da maturação, o terceiro mundo do

pensamento matemático avançado criando processos para compreender um conceito, ou seja, combina proceitos elementares com a finalidade de compor novos proceitos. Isso pode ocorrer pelas perguntas, “Pedagogia mão no bolso” e a mediação. Caminha sobre os três mundos da Matemática quando necessário. E assim o matemático edifica o conhecimento.

Domingos e Santos (2014) assinalam que a raiz da qualidade das aprendizagens em Matemática é fundamental para entender como os alunos lidam com esta ambiguidade. Um proceito elementar é amálgama de três componentes: um processo que produz um objeto matemático e um símbolo utilizado para representar um processo ou um objeto.

Sob a perspectiva da mediação, o bom professor é muito menos um professor e muito mais guia, treinador, facilitador, motivador, desafiador e companheiro.

Conclui-se que este docente se preocupa com a mudança de sua posição, em refletir sobre o pensamento matemático, com a criação de modelos matemáticos, em criar um ambiente investigativo em sua prática, destacar e conseguir gerir o erro.

A figura 15 mostra o ciclo seguido pelo bom professor para a condução teórica de uma aula sob a perspectiva da Teoria do Pensamento Matemático avançado.

Figura 16 – Ciclo Completo da atividade do Pensamento Matemático Avançado

Fonte: Elaboração própria (2018).

Neste caso, o ato criativo decorre da vivência da maturação que gerará reflexões com o intuito de construir significados a serem apresentados na vivência da solução até o momento final da vivência da prova em que haverá o refinamento de todas as resoluções. Eis, então, as preocupações do bom professor.

Figura 17 – Atitudes do bom professor na Vivência da Prova

Fonte: Elaboração própria (2018).

De acordo com a figura 16, percebemos as ações executadas pelo bom professor no momento da prova, que não é o momento final de uma sessão didática, mas um complexo ciclo que tem sua interseção de fim e início sustentados pela análise da aula, reflexão crítica dos argumentos formalizados, pesquisas que podem ser ensejadas pelo que foi sistematizado e momentos de reestruturação das próximas sessões didáticas e, até mesmo, da que foi realizada. Iniciamos, assim, uma reflexão: como existe alguém na função de professor de uma área sem o domínio integral do conteúdo? Talvez possa dar boas aulas, esclarecer as dúvidas dos alunos, expor bem o conteúdo a ser trabalhado, mas não destina o estudante a uma situação cognitiva desconfortável. Assim o aluno não sairá de sua “zona de conforto”. Este comportamento do professor bom atrapalharia muito mais do que ajudaria?

Perguntas retóricas podem ser respondidas ao serem retomadas as elaborações do conhecimento matemático, em que o matemático, com sua existência, mais erra do que acerta em seu trabalho de demonstração e criação; ou seja, elabora mais hipóteses falsas do que verdadeiras e por meio desse trabalho, vai erguendo o saber e o conhecimento matemático. Existiriam outras maneiras de criar o conhecimento matemático?

Uma das pessoas que realmente sabe como se aprende Matemática é o matemático profissional, pois é aquele que constrói a Matemática, embora não tenha o “sentimento” dessa apropriação que poderia ser replicado em sua sala de aula, já que é o profissional que descobre Matemática, demonstrando teoremas diariamente e, em consequência, está aprendendo frequentemente. Este profissional conhece as dificuldades e o como aprender, pois está criando e inventando, fazendo sempre em seus trabalhos e, por conseguinte, possui uma representação

do que seja criar e aprender. Então, eles sabem como pode ser construído o aprendizado matemático? Se houvesse tal entendimento, certamente, já teriam utilizado em sua sala de aula. Na conjectura do ensino atual de Matemática, as dinâmicas se sobrepõem ao saber matemático e à descoberta. O que existe são didáticas pedagógicas e jogos lúdicos que não apontam nenhum caminho, a não ser pelo simples fato de só fazer atividades lúdicas na aula de matemática esquecendo a própria teoria. Defendemos, então o “uso controlado” de atividades lúdicas mas com a exploração do conhecimento matemático existente por trás da ludicidade, uma vez que o jogo pelo jogo não agrega conhecimento matemático nenhum.