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CAPÍTULO III – A PROPOSTA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A

3.1. O Código Municipal de Meio Ambiente de Rio das Ostras

Com referência às reflexões já expostas, acerca do desenvolvimento do espaço urbano em Rio das Ostras, nos conduz não somente a refletir sobre as modificações no cenário ambiental, decorrentes ao longo desse processo, mas também sobre as estratégias adotadas para conter os possíveis danos. Nessa conjuntura de expansão do espaço urbano no município e aumento paralelo da degradação ambiental, a Prefeitura Municipal, em conjunto com a Câmara Municipal e participação publica, resolveu criar medidas que amenizassem os prejuízos ambientais, conquistando a permissão de conceder licença ambiental com mais autonomia. O efeito disso foi a instituição do Código Municipal de Meio Ambiente de Rio das Ostras49, em novembro de 2008, com vistas a estabelecer normas gerais da gestão da qualidade ambiental em seu território, cabendo à administração municipal atender aos princípios gerais que regem a Política Municipal do Meio Ambiente. Membro representante dos órgãos locais e componente da estrutura básica do SISNAMA, os órgãos municipais se tornam responsáveis pelo controle e fiscalização de atividades degradantes do meio ambiente, atendendo as normas da Política Nacional de Meio Ambiente. (Lei 6.938/81)

Aliando essas informações, a Política Municipal de Meio Ambiente além de ter por finalidade a promoção do equilíbrio ecológico do meio ambiente sintonizada com a melhora da qualidade de vida, exige do Poder Público e da

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Código Municipal de Meio Ambiente, Lei Complementar nº 005/2008. Disponível no site: <http://www.riodasostras.rj.gov.br/leis-e-codigos.html> Acessado em 19 de maio de 2012.

coletividade o dever de preservar o meio ambiente para futuras gerações. Torna-se relevante identificar, que dentre os enumerados princípios do Código em questão, defende-se a busca pela promoção da educação ambiental, como podemos ver:

Art. 2º A Política Municipal do Meio Ambiente, respeitadas as competências da União e do Estado, realizar-se-á com a observância dos seguintes Princípios: I – gestão e atuação do Município na promoção, manutenção e controle do meio ambiente ecologicamente equilibrado, entendido como bem de uso comum da coletividade; II – gerenciamento da utilização adequada dos recursos naturais, baseada na ação conjunta do Poder Público e da coletividade, visando proteger, conservar e recuperar a qualidade ambiental adequada à vida, garantindo o desenvolvimento sustentado; III – prevenção dos danos e degradações ambientais, por meio da adoção de medidas preventivas que neutralizem ou minimizem para níveis tecnicamente seguros os efeitos indesejáveis; IV – organização e utilização adequada do solo urbano e rural, objetivando compatibilizar sua ocupação com as condições exigidas para a conservação, recuperação e melhoria da qualidade ambiental; V – proteção dos ecossistemas, das unidades de conservação, da fauna e da flora; VI – realização de planejamento e zoneamento ambientais, bem como o controle e fiscalização das atividades potenciais ou efetivamente degradadoras; VII – promoção de estímulos e incentivos às ações que visem à proteção, manutenção e recuperação do meio ambiente; VIII – articulação, coordenação e integração da ação pública entre os órgãos e entidades do Município com os dos demais níveis de governo, bem como a realização de parcerias com o setor privado e organizações da sociedade civil, visando a recuperação, preservação e melhoria da qualidade do meio ambiente; IX – promoção da educação ambiental. X – acompanhamento do estado da qualidade ambiental; XI – ao condicionamento do uso da propriedade à sua função social e ambiental. (Lei Complementar nº 005/2008 do Código Municipal de Meio Ambiente de Rio das Ostras)

Assim, em obediência às determinações do código municipal de meio ambiente, a Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca (SEMAP) de Rio das Ostras, órgão integrante do Sistema Municipal de Meio Ambiente50 (SIMA), fica com a responsabilidade da gestão das Unidades51 de Conservação Ambiental do município, bem como pela informação e mobilização popular sobre as questões ambientais. Na tentativa de atender a política ambiental, a

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A Secretaria de Meio Ambiente de Rio das Ostras, os Núcleos de Educação Ambiental e o Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA) compõem o Sistema Municipal de Meio Ambiente(SIMA). A existência dos CMMA, é prevista pela Lei Orgânica Municipal (LOM)50 seguindo as disposições da PNMA e a (Lei nº. 6.938, 1981).

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Monumento Natural dos Costões Rochosos, Apa da Lagoa do Iriry, Parque Natural Municipal dos Pássaros e Parque Municipal.

SEMAP (Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca) concentra sua atuação em torno das propostas de Educação Ambiental e gestão de resíduos, apesar de lhe serem atribuídas também outras responsabilidades52.

É válido lembrar que, o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Rio das Ostras, instituído através da Lei Municipal nº335/1998, teve sua primeira composição eleita em abril de 1998, na Primeira ConferênciaMunicipal de Meio Ambiente, atendendo as determinações da Constituição Federal, bem como da própria Lei Orgânica Municipal (LOM), com a finalidade de ampliar a aproximação da sociedade civil com as questões políticas do município, no tocante às questões ambientais. Referente aos Conselhos Municipais, Farias destaca em sua pesquisa que:

Estes órgãos se configuraram, com maior ou menor importância, nos espaços mais democráticos do município para que houvesse uma aproximação da sociedade com as questões ambientais locais, devendo ser preenchidos por representantes das camadas da sociedade, do executivo e do setor privado que pudessem estar implicados na resolução de problemas das esferas educacional e ambiental. Porém, essa participação é questionada nos estudos de Souza (2008) et al, pois a constituição dos CMMAs não refletiria evolução das práticas democráticas, com a representação popular podendo interferir na promoção da justiça ambiental.(FARIAS, 2010: 117-139).

Acrescentando também que:

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[...] os conselhos seriam organizações de fachadas e legitimadoras das práticas capitalistas depredadoras e degradadoras[sic] do meio ambiente.[...] Souza (2008) lembra que os Conselhos de Meio Ambiente se disseminaram pelo país em meio a processos de descentralização e de desconcentração da gestão ambiental,num contexto não apenas marcado em função do apelo da Constituição Federal em torno da importância dos mecanismos de participação popular, mas, especialmente como um dos desdobramentos da Conferência das nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, conhecida como “Rio 92”.[...]Contudo, não podemos deixar esquecer que na criação destes conselhos a participação social não foi requerida, não surgindo de uma manifestação pública por maior participação democrática na formulação das políticas setoriais, sendo formados verticalmente por iniciativa do Governo Federal simplesmente em observância as leis e não às necessidades de democratização da gestão pública. Este aspecto nos remete ao fato de que: seria possível uma organização social como o CMMA, que é estruturado e organiza-se a partir de uma formalização do poder público, contrapor a sociedade política e contrariar interesses capitalistas, considerando práticas preservacionistas e conceitos referentes ao desenvolvimento sustentável? (FARIAS, 2010: 117-139).

No entanto, a pesquisa aqui apresentada constatou que na dimensão da prática, a própria Secretaria Municipal de Meio Ambiente, concentra “suas” iniciativas em ações que inibam (parcialmente) o aumento de resíduos na cidade, elaborando ações de gerenciamento de resíduos no espaço urbano de Rio das Ostras.

3.2. AS CONTRADIÇÕES DO CONTEXTO AMBIENTAL NO ESPAÇO