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CAPÍTULO 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 O CAMPO DE ANÁLISE

Como princípio de delineamento da pesquisa (BAUER et al, 2003), optou-se por três estudos de caso distintos que investigou a prática pedagógica e as percepções de um determinado grupo de professores inseridos em três escolas com contextos específicos, que trabalham com projetos de Educação Ambiental. Lucke e André (1995, p. 20) afirmam que os

estudos de caso ―buscam retratar a realidade de forma complexa e profunda, usam uma variedade de fonte de informações, procuram representar os diferentes e, às vezes, conflitantes pontos de vista presentes em uma situação social ou de aprendizado‖. Para as autoras, os estudos de casos devem ter seus contornos bem definidos e bem delimitados.

Esta pesquisa utilizou, como uma de suas formas de investigação, o estudo de caso múltiplo. Para selecionar as escolas onde seria realizado o trabalho de campo, a pesquisadora procurou a Diretoria Regional de Ensino - DREs, a fim de realizar a investigação preliminar, no período entre março e outubro de 2009. Essa procura se deu porque desde o ano de 2008 várias Instituições de Ensino da rede pública estavam desenvolvendo projetos ambientais, como parte integrante da formação realizada peal Escola da Natureza11. Estes projetos deveriam estar incluídos na Proposta Pedagógica da instituição educacional e seriam acompanhados pelas DREs12. Coube, então, à Regional de Ensino da Região administrativa fazer a intermediação entre a pesquisadora e as escolas que desenvolviam projetos de EA.

Em novembro de 2009, houve a definição de duas escolas como lócus da pesquisa: a Escola 1 e a Escola 313 - a primeira na área urbana e a segunda, na área rural. A escolha de uma escola urbana e outra rural deveu-se ao fato destas apresentarem realidades com exigências diferenciadas tanto em relação à localidade, quanto em relação ao nível de ensino por elas atendido – a escola rural atende a alunos das séries iniciais (turmas multisseriadas14) enquanto a escola urbana atende a alunos de 5ª e 6ª séries. Em abril de 2010, uma terceira escola - Escola 2 - foi incorporada à pesquisa. A inserção da escola, localizada na área urbana com turmas de 1º ao 5º ano, justificou-se por apresentar um projeto de EA diferenciado, criado e desenvolvido por uma docente que participa frequentemente de cursos de formação continuada promovidos pela SEDF.

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É o centro de Referência em Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, vinculada à Diretoria Regional de Ensino do Plano Piloto/Cruzeiro. Promove cursos de formação na área de EA..

12 Em 2010, de acordo com relatos dos próprios responsáveis na Regional de Ensino, o empenho da Escola da

Natureza, em relação aos projetos, não se manteve, levando ao desaparecimento prematuro de muitos deles.

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A escolha da numeração das escolas obedeceu ao critério de localização: as Escolas 1 e 2 são urbanas e a Escola 3 é rural.

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3.1.1 - Relato de 2 escolas descartadas na pesquisa exploratória:

As experiências de duas escolas descartadas serão relatadas brevemente por apresentaram uma realidade bem comum na rede pública de ensino: a Escola 4 e a Escola 5.

Em 2009, o projeto de EA da Escola 4 era desenvolvido por dois professores de 5ª e 6ª séries, que dividiam a carga horária do projeto interdisciplinar - PI - , sendo um de Matemática e outro de Língua Portuguesa. O PI é, geralmente, desenvolvido por professores mais novos, que ficam com a carga que o professor mais antigo não quer assumir. Muitos aceitam a carga horária para não serem devolvidos à Regional de Ensino. Na pesquisa exploratória, tentou-se conversar com os professores em dois momentos, porém, a rotina escolar – reuniões com a direção, Conselhos de Classe, fechamento de nota bimestral - impossibilitou a aproximação. Em abril de 2010, retornou-se à escola e a mesma supervisora informou que o projeto não existia mais, fora substituído por outro.

Sobre a prática de destinar ao professor mais novo turmas que naturalmente são recusadas pelos mais velhos, Nóvoa (2001) argumenta que uma das etapas decisivas na formação de um educador é a etapa inicial de ingresso na profissão. Para ele, é nesse momento que se define, positiva ou negativamente, o futuro de cada professor e sua integração harmoniosa na profissão. Portanto, Nóvoa considera inaceitável que um professor recém-chegado na carreira ou na escola, receba as piores turmas – ou cargas – sem nenhum preparo ou acompanhamento pedagógico.

Na Escola 5, o problema foi a mudança na equipe gestora. Em 2009, a escola trabalhou o ano inteiro com a temática ambiental, realizando inúmeras atividades: produção de textos, confecção de cartazes, escolha de ―Agentes Mirins‖ 15

que atuam na hora do recreio fiscalizando o uso da água, lixos jogados no chão, cuidados com o jardim e comportamento dos alunos, visitas ao zoológico e ao Parque Ecológico. Como atividade na comunidade, realizou-se uma excursão nas proximidades da escola observando todo o espaço ao seu redor. Num outro momento, os professores e alunos promoveram um debate sobre ações que poderiam ser feitas pela escola para a melhoria do meio ambiente. A partir da observação, os alunos produziram cartazes, bilhetes para as autoridades responsáveis, murais, músicas e danças. Em 2010, com a mudança da equipe gestora, todos os projetos foram extintos. A professora que coordenou o projeto em 2010 afirmou que a grande dificuldade em trabalhar

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Trata-se do mesmo projeto desenvolvido pela Escola 2 em parceria com Eletrobras- Furnas: a ―Patrulha da Energia‖.

com projetos na Secretaria é que, na maioria das vezes, eles ficam atrelados à filosofia de quem está na direção da escola. ―Mudou a direção, mudam os projetos‖, resumiu E3P1.

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