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O CENÁRIO ATUAL DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Diante do que foi exposto até o presente momento, fica indiscutível o papel de excelência da biblioteca escolar como um instrumento colaborativo no processo educativo e na formação de um leitor. Entretanto, podemos afirmar que em âmbito nacional estes espaços são negligenciados a tal ponto que as colocam em estado de calamidade. Esta subseção irá evidenciar algumas dificuldades enfrentadas pelas bibliotecas na sociedade atual brasileira e que impedem sua consolidação e louvor nas escolas.

Quando nos referirmos a esse tipo de biblioteca em contexto nacional, nos deparamos com uma realidade de miséria, descaso e abandono. De acordo com Soares (2004, p. 21) “[...] Este é um país de raras e precárias bibliotecas: raras e precárias bibliotecas públicas, raras e precárias bibliotecas escolares”. Esta é a real

situação, nem todas as escolas possuem bibliotecas, principalmente na rede pública de ensino do país. A primeira fonte de informação e de acesso à produção científica e cultural, não é contemplada como deveria, ela é esquecida.

Essas bibliotecas, quando existem, se constituem em verdadeiros “depósitos de livros”. Além disso, são consideradas simples enfeite da escola, na qual na maioria das vezes o pensamento que os livros e os professores são as fontes de informação acaba atrapalhando e ocultando o trabalho crítico, criativo e reflexivo dentro e fora do ambiente escolar (MAROTO, 2012).

Muitas vezes estão localizadas em espaços inadequados, de difícil acesso, em antigas salas de aula. Além disso, quase sempre constituídas por acervos incompletos, num ponto pouco visível da escola, e à margem do processo de ensino- aprendizagem, limitam assim sua contribuição na formação educativa dos alunos.

De acordo com Nóbrega (1995) o cenário das bibliotecas escolares brasileiras pode ser descrito da seguinte forma:

Bibliotecas em eterna penumbra, em constante silêncio (o real e o figurado), livros encadernados de marrom austero, presos às estantes arranha-céu, completamente inalcançáveis. Lombadas milimetricamente etiquetadas, num virar de costas para o leitor, escondendo as entranhas do acervo, seu verdadeiro tesouro. Um lugar sem conflito. Um espaço de ausências. Uma arca fechada.

Seguindo este raciocínio, este espaço descuidado, cheio de imposições e desinteressante passa a ser visto como um apêndice da escola, muitas vezes um “incômodo”, que ocupa “um espaço que poderia ser destinado a salas de aula”. Ao desconhecerem a importância dos recursos bibliográficos existentes numa biblioteca, muitas escolas acabam desativando estes espaços por necessidade de utilização destes como sala de aula ou para desenvolver outras atividades consideradas mais importantes.

Estas condutas acabam esbarrando no acesso a democratização da leitura, já que a conquista deste espaço de exercício de cidadania é direito de todos os brasileiros, especialmente das classes populares menos favorecidas.

Uma questão desanimadora neste cenário e que vem se prolongando há décadas é o uso da biblioteca escolar como espaço de castigo e punição aos alunos indisciplinados. Além disso, a utilização deste espaço na rotina de transcrição de verbetes, entendidas por professores como prática de pesquisa também inibe o propósito real da biblioteca, uma vez que as cópias de uma única fonte de

informação anulam as oportunidades para questionamentos e produções de novas idéias sobre um assunto (GARCIA, 1988).

Evidentemente, esses hábitos fazem com que ocorra um distanciamento dos alunos do local, pois a biblioteca perde sua identidade como espaço dinâmico, prazeroso, democrático, atraente, transformador e de livre acesso a informação e ao conhecimento, e torna-se um lugar opressor, chato, traumático. Outro aspecto negativo do cenário atual das bibliotecas escolares é o fato bastante comum do cargo de gerenciamento deste ambiente ser exercido por outros profissionais, formados em outras áreas sem nenhum tipo de preparo ou qualificação.

De acordo com Queiroz (1985), na maioria das vezes os professores e/ou funcionários readaptados ou afastados desempenham a função de bibliotecário, reprimindo desta forma as potencialidades do espaço na contribuição da formação dos alunos. Uma circunstância bem contraditória, visto que, o exercício da profissão do bibliotecário está fundamentado nas leis 4.5084/62 e na 9.674/1998. Apesar disto, frequentemente os profissionais de outras áreas continuam assumindo o cargo que não é deles por direito.

As pesquisas do censo escolar realizadas pelo Ministério de Educação – MEC – (2005) entre 1985 a 2005 revelam que durante 20 anos houve somente um acréscimo de somente 15,39% na criação de espaços de acesso à leitura. Em 1985, das 195.452 escolas, havia um total de 14.334 (8%) que possuíam bibliotecas. Em 2005, dentre as 207.234 unidades escolares no Brasil somente, 48.479 (23,39%) contavam com um espaço. Dentre este total, 33% pertenciam à rede de ensino particular, e os outros 67% da rede púbica de ensino.

Um avanço insignificante, levando em consideração que quando existem são denominadas de diversas coisas, tais como, sala de leituras, cantinho da leitura, biblioteca expandida, ambiente de leitura, menos de biblioteca escolar.

Em 2013, o movimento Todos Pela Educação – TPE – publicou em meio eletrônico2 um documento mostrando os resultados de um levantamento sobre déficit de bibliotecas em escolas no Brasil, baseado no censo escolar de 2011.

Segundo esta pesquisa, as regiões mais carentes de bibliotecas são o Norte e Nordeste, em especial o estado de Maranhão, onde somente 6% das escolas contam com Bibliotecas. Tradicionalmente as escolas dessas regiões já apresentam

2 Documento disponível em :http://www.todospelaeducacao.org.br/biblioteca/1473/levantamento-sobre-deficit- de-bibliotecas-em-escolas-no-brasil---dados-por-municipio/

uma infraestrutura precária, com espaços que chegam a funcionar sem energia elétrica e saneamento básico. Sendo assim, é compreensível que a construção de bibliotecas se torne inviável, visto que nem investimento básico as escolas possuem.

O Rio Grande do Sul, segundo o levantamento, é o estado em melhor situação em relação à existência de bibliotecas em sua rede de ensino, dado que 74% das escolas de nível fundamental e 95% das de nível médio contam com bibliotecas.

Entretanto, a surpresa da pesquisa foi em relação à cidade de São Paulo. No estado mais rico do Brasil, 85% das escolas não possuem bibliotecas. Na rede estadual a situação é mais grave, de acordo com o estudo, somente 9% das escolas oferecerem bibliotecas aos seus estudantes.

Das 193.053 escolas públicas e privadas em âmbito nacional em 2011, 128.020 não possuíam biblioteca (ANEXO A). Estima-se assim, que cerca de 15 milhões de alunos brasileiros estudam em escolas sem bibliotecas, um equipamento básico e essencial na formação educacional de um cidadão e na formação pelo hábito de leitura.

É fato que a leitura deixou de ser o objetivo final da alfabetização para se tornar o meio permanente de participação social. Entretanto, é latente a falta de vontade política e investimentos na área da promoção de leitura no cenário brasileiro. [...] Não é difícil comprovar que, na sociedade brasileira, não há democracia cultural no que se refere à distribuição equitativa das condições de leitura e do direito à leitura.” (SOARES, 2004, p. 20).

Em escala nacional, poucos são os programas específicos, de auxílio aos estados e municípios na ampliação de bibliotecas escolares e de Incentivo à leitura. Dentre eles, destacam-se o Programa de Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER) e o Programa Nacional Biblioteca nas escolas (PNBE). Todavia, apesar de se apresentarem como contribuições positivas, ainda se percebe que estamos distantes de sermos um país no qual a leitura atinja a população de maneira igualitária.

Mais que realizar esses projetos tornar-se vital que as pessoas envolvidas, ou seja, diretores, professores, bibliotecários, pais, alunos e sociedade em geral reconheçam a importância deste ambiente e estejam capacitados a utilizar o livro e bibliotecas como fontes transformadoras da realidade sociocultural e educativa do nosso país.

Não basta o estado estimular a criação de bibliotecas e distribuir livros para as escolas, [...] é preciso formar pessoas que saibam trabalhar com a biblioteca no contexto do ensino e, especialmente, difundir a idéia de “se pensar a biblioteca como espaço de exercício de cidadania, um espaço político mesmo, de descoberta e discussão dos problemas.” (SOUZA, 1987, p. 8).

Nesta perspectiva, uma proposta importante e urgente se encontra numa maior discussão e incorporação de disciplinas sobre o tema biblioteca escolar nas propostas curriculares dos cursos de Biblioteconomia das universidades brasileiras.

Segundo Silva (2003) a maioria dos cursos de Biblioteconomia continua voltada para a parte tecnicista. Para o autor, disciplinas que possibilitem as discussões e reflexões sobre papel da biblioteca escolar no sistema escolar brasileiro se constituem em requisitos fundamentais para o avanço na área.

O modelo de ensino escolar brasileiro está visivelmente falido. Conforme Maroto (2012, p. 58) “Os altos índices de analfabetismo, as taxas de evasão e repetência, e os baixos níveis de desempenho de leitura e escrita” reforçam esse fracasso. Os investimentos realizados no campo da educação já são mínimos, a bibliotecas escolares são só o reflexo do descaso num país que não valoriza a educação nem os instrumentos de apoio ao sistema.

Faltam politicas públicas que estimulem a valorização dos livros da leitura; principalmente investimentos na construção de bibliotecas e na formação dos acervos. Falta interesse por parte dos governantes e dos próprios envolvidos no sistema escolar em reconhecer o valor da biblioteca e sua participação nos resultados e índices de qualidade, na educação do Brasil.

Sem dúvida, a biblioteca escolar brasileira encontra-se sob o mais profundo silêncio; silenciam as autoridades, ignoram-na os pesquisadores, calam-se os professores, omitem-se os bibliotecários. É realmente um silêncio quase sepulcral, que até faz sentido, pois a biblioteca escolar no Brasil está praticamente morta, faltando apenas enterrá-la (SILVA, 2003, p. 13).

. A conquista do acesso à informação apresenta uma grande ameaça aos governantes. Um grupo, uma sociedade, uma nação que tem a informação em poder, se torna poderosa, imbatível. Negar o acesso à informação para a sociedade é só uma forma de continuar mascarando os interesses políticos e perpetuar a dominação que as autoridades exercem sobre a maioria da população, especialmente nas camadas mais populares. Um povo mais consciente de seus direitos, bem educado e informado torna-se um gigante a ser temido pelos

dirigentes.

Na prática, o conteúdo distribuído pelas escolas molda os interesses políticos do governo, alienando cada vez mais o povo brasileiro. Não é de se esperar outra posição, o silêncio e a indiferença por parte dos governantes frente a esses espaços.

As bibliotecas e outros aparelhos culturais são espaços que dão acesso à memória e ao conhecimento produzido pela humanidade e estimulam a reflexão e o questionamento, formando cidadãos mais críticos e pensantes. Neste sentido, desvalorizar esses espaços, inviabilizar políticas púbicas e omitir sua função social, só reforça a marginalização cultural do povo, a ascensão e os privilégios de classe dominante e a perpetuação da injustiça social.

Todavia, a lei 12.244/10, na qual se faz obrigatória a criação de bibliotecas escolares com a presença de profissionais habilitados, em escolas das redes particulares e públicas, em âmbito nacional até 2020, vem como uma esperança de mudança para o cenário de miséria que se encontram as bibliotecas escolares do Brasil.

Na próxima seção será realizada a análise detalhada desta lei, expondo assim suas perspectivas, limitações e impactos (se realmente cumprida) na sociedade brasileira.

4 A ANÁLISE DA LEI 12.244/10

Nesta seção será realizada uma análise da Lei 12.244/10, assim como as viabilidades e entraves encontradas em seu conteúdo. Ressalta-se que por se tratar de um assunto recente e de pouca discussão na literatura, limita-se a bibliografia sobre a referida lei. Entretanto, mediante a uma exaustiva pesquisa foram selecionadas fontes relevantes e que possibilitaram uma boa reflexão sobre este tema.

A Lei 12.244/10, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País até 2020, atende uma antiga reivindicação dos bibliotecários, movimentos sociais e sindicais, que preocupados com o atual estado lastimável das bibliotecas escolares brasileiras cobraram das autoridades alguma posição mediante o caos.

Baseada no projeto de Lei 324/09 (Brasil, 2009) do Deputado Lobbe Neto (PSDB-SP) e tendo como relator o Senador Cristovam Buarque (PDT-Brasília), foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT- São Paulo) no dia 24 de maio de 2010, com a vigência a partir de sua publicação, no Diário Oficial da União, em 25 de maio de 2010.

Em suma, a lei se estabelece em quatro artigos:

Art. 1o As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei.

Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura.

Parágrafo único. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares.

Art. 3o Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez anos, respeitada a profissão de Bibliotecário, disciplinada pelas Leis nos 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de 1998.

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (BRASIL, 2010).

Seu conteúdo pode ser considerado pequeno por conter somente quatro artigos, porém a análise destes demanda uma série de discussões.

Conforme Carvalho Silva (2011) no primeiro parágrafo da lei onde se determina que “as instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de

ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos da lei” torna-se evidente que o governo está ciente da falta e da necessidade de construção de bibliotecas escolares no Brasil.

Uma pesquisa realizada em 2013, pelo instituto Todos pela Educação (Ver anexo), revela que apenas 33,7% das escolas brasileiras possuem bibliotecas. Isto demostra a negligência do Estado e redes privadas na criação deste tipo de biblioteca

Estima-se, segundo esta pesquisa, a implantação de cerca de 130 mil bibliotecas até 2020 para atender aos propósitos da Lei, ou seja, seria necessária a construção de 14.224 bibliotecas por ano, 1.285.4 por mês e 39 por dia. Pode parecer utópico, porém não é impossível.

A realidade entre o público e privado também deve ser evidenciada neste sentido. Enquanto a particular investe na contratação de bibliotecários, em sistemas de automação e organização de espaços, a desqualificação do serviço público em bibliotecas escolares oferece à sociedade uma visão limitada sobre este tipo de biblioteca, o que acaba colocando o setor privado em destaque.

Todavia, de acordo com Carvalho Silva (2011), isto não quer dizer que as bibliotecas escolares da rede particular são consideradas melhores. A carência destas bibliotecas é um fato que atinge todas as esferas, entretanto, nota-se um maior abandono na rede pública que na privada.

Sendo assim, numa nação que abarca cerca de 300 mil escolas públicas e privadas, espera-se que qualquer iniciativa de construção de bibliotecas escolares como esta venha contribuir para o fortalecimento deste instrumento de apoio tão essencial no sistema educacional de qualquer sociedade.

No que se refere ao segundo artigo da lei 12.244/10, este conceitua a biblioteca como “[...] A coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinado a consulta, pesquisa, estudo ou leitura”. Por esse ângulo, pode-se afirmar que esta definição muito se assemelha no que se apresentado na literatura por estudiosos e em documentos institucionais, por exemplo, o Manifesto da IFLA/UNESCO para bibliotecas escolares quanto a importância da variedade de suportes documentais para a formação do acervo.

Entretanto, Carvalho Silva (2010) atenta para o fato que além desses suportes, outros atributos devem ser marcas da biblioteca escolar como meio para qualificar os serviços de acesso à informação, tais como: política de

desenvolvimento de coleções (acervo) e os processos organizacionais da coleção, como forma de torná-la acessível aos usuários.

Diante disto, o autor propõe que a lei poderia ser mais abrangente quanto ao carácter semântico da biblioteca, e de suas características técnicas, organizacionais e educativas.

Além disso, poderia expor também sua intencionalidade política, seu valor social, e pedagógico, a fim de esclarecer a toda sociedade a real importância deste espaço e suas contribuições na formação educativa e no incentivo do hábito de leitura dos alunos.

Conceituar uma biblioteca apresentando somente alguns dos atributos físicos é silenciar suas potencialidades, é restringir seu espaço apenas a estantes e materiais expostos nelas.

A biblioteca é mais que isso, ela é um local essencial na escola, “são espaços de aprendizagem que propiciam e estimulam conexões entre saberes; que são laboratórios − não de equipamentos e apetrechos − mas de idéias” (CAMPELO, 2011, p. 7).

Quanto ao parágrafo único, do artigo que determina “um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação do acervo conforme sua realidade” pode-se afirmar que a questão do acervo não fica definida.

O que se percebe neste item, é que há uma supervalorização do livro como o único meio de suporte documental. Além disso, não há uma especificação sobre os livros que irão compor este acervo.

O desenvolvimento de coleções se constitui numa etapa de extrema importância na formação e na utilização do acervo de uma biblioteca. De acordo com Maciel e Mendonça (2000, p.16) esta etapa é definida como:

Uma atividade de planejamento, onde o reconhecimento da comunidade a ser servida e suas características culturais e informacionais oferecerão a base necessária e coerente para o estabelecimento de políticas de seleção [...], bem como de todas as demais atividades inerentes ao processo: análise da comunidade, aquisição, desbastamento e avaliação de coleções.

A lei neste sentido poderia buscar na literatura algumas contribuições sobre o tema a fim de elucidar ainda mais este parágrafo.

Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos termos previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez anos, respeitada a profissão de Bibliotecário, disciplinada pelas Leis nos 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de 1998 (BRASIL, 2010).

Esta cláusula nos traz diversas reflexões, especialmente em dois aspectos: quanto ao prazo para o cumprimento da lei e a necessidade de bibliotecários nas escolas respeitando assim a lei que lhes assegura o cargo por direito.

Tendo em consideração o período de dez anos para a concretização da Lei e todas as escolas contarem com a presença de uma biblioteca, torna-se necessária uma diretriz, um plano de estratégias para a construção destas, o que a lei não contempla.

Deste modo, prevendo as dificuldades em se estabelecer critérios para a construção destas bibliotecas, Campello et al. (2011) criaram os parâmetros para bibliotecas escolares, disponível no site do Conselho Federal de Biblioteconomia. Este documento pode ser considerado uma ferramenta de apoio às escolas no processo de implementação da Lei nº 12.244/10, já que serve como ponto de partida, uma carta de orientação para as escolas que desejam criar suas bibliotecas ou reformular estes espaços.

Para além disso, Carvalho Silva (2011) sugere que seja realizada um conjunto de estratégias integradas entre órgãos educacionais públicos, tais como: Ministério, Secretarias estaduais e municipais.

É necessário que estes órgãos dialoguem a fim de orientar a comunidade em como proceder na construção destes espaços. Ou seja, necessitam discutir e ver meios que viabilizem a implantação destas bibliotecas, criando padrões, destinando verbas e concursos públicos.

Em relação à contratação de profissionais bibliotecários, de acordo com Soares (2011) esta lei propiciará a contratação de 175 mil bibliotecários até 2020, aumentando assim a demanda destes em todo país. Entretanto, a mesma afirma que o número de bibliotecários no Brasil não é suficiente para ocupar tantas vagas.

Em todo território brasileiro, estima-se aproximadamente que só existam 21,6 mil formados. Neste sentido, é necessário que haja uma maior união e discussões entre Conselho Federal de Biblioteconomia com os conselhos regionais, associações e sindicatos dos bibliotecários e os cursos de Biblioteconomia existentes no Brasil em prol de ações que incentivem a procura dos cidadãos pelo

curso e aumento do número de vagas e instituições no Brasil.

Sueli Nemen Rocha, diretora da Biblioteca Monteiro Lobato, em São Paulo em entrevista a Revista Educar para Crescer (2013) sugere que “Como o número de bibliotecários é insuficiente para dar conta do nosso território, a alternativa para fazer essa lei vingar é criar um sistema de supervisão regionalizada, com a ajuda local de

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