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O Centro Educacional e o Núcleo Paulo Freire de informática

CAPÍTULO IV A FUNDAÇÃO DOM JOSÉ MARIA PIRES: Que concepções e

4.6 O Centro Educacional e o Núcleo Paulo Freire de informática

O Centro Educacional Paulo Freire de Educação Infantil foi criado para atender crianças da zona rural e urbana de Serra Redonda. Ele foi uma experiência escolar inovadora baseada nos pressupostos freireanos e contou com a participação de profissionais capacitados para isso, a exemplo da pedagoga Aglay de Araújo que atuou como coordenadora do Centro durante dois anos. Para a sua concretização, a FDJMP articulou uma parceria com o poder público local, através da Secretaria de Educação do Município.

Inicialmente, o foco era a Educação Infantil, mas conforme a concretização e o êxito das primeiras parcerias, o projeto previa a possibilidade de que a iniciativa se estendesse para a alfabetização de jovens e adultos. Âmbito em que os protagonistas da FDJMP teriam mais facilidade para trabalhar por sua história de formação voltada a este público.

No primeiro ano de funcionamento, em 2001, foram atendidas diretamente 21 crianças de 20 famílias da comunidade, em sua maioria da zona rural. No segundo ano, o projeto contou com 34 crianças de 29 famílias com o mesmo perfil, atendendo um alunado do

realizada para esta dissertação, não se almejava uma grande quantidade de alunos

[...] para que se pudesse desenvolver um trabalho bem feito que envolvesse toda a comunidade escolar. Além disso, era uma experiência nova lidar com alunos vinculados à escola regular de ensino. Por estas razões, era preciso uma maior atenção para conciliar os pressupostos da Educação Popular freireana com os critérios e a burocracia do ensino regular municipal (RAIMUNDO NONATO DE QUEIROZ, 2014).

Mesmo com o projeto demonstrando êxito no que se propôs, a Secretaria de Educação, já no segundo ano do seu funcionamento, não cumpriu totalmente com sua parte na parceria, disponibilizando apenas as professoras para aulas, deixando os alunos sem material didático e alimentação para a merenda escolar. Essa falta de compromisso, por parte do poder público local, ao acordo firmado com a FDJMP e a comunidade escolar foi decisiva para o encerramento das atividades do projeto no ano de 2003, por não conseguir manter o alunado sem os recursos humanos e financeiros necessários.

Mesmo diante desta limitação no campo da educação infantil, a FDJMP tendo em vista a inclusão de um novo público que se apresentava e na perspectiva de manter seu compromisso com o meio popular, percebeu a necessidade de oferecer cursos de capacitação profissional para os jovens e adultos de Serra Redonda. Para isso, construiu um currículo contemplando as dimensões relativas à formação humana e tecnológica, rompendo as barreiras históricas que separaram a formação oferecida, desde o antigo CFM, com a preparação para o mundo do trabalho urbano. Essa iniciativa contribuiu ainda mais para o acesso aos direitos básicos da cidadania daqueles sujeitos envolvidos

O Núcleo Paulo Freire de Informática era um laboratório modesto, composto por poucos computadores, em sua maioria, doados por colaboradores da instituição. Mesmo assim, cumpriu com seu propósito de ser uma opção na capacitação e profissionalização dos jovens de Serra Redonda e de regiões circunvizinhas.

Naquela época, 2001, não havia qualquer tipo de formação neste sentido naquela cidade, tampouco perspectivas para isso. Havia apenas a possibilidade de fazê-la nos grandes centros urbanos como Campina Grande ou João Pessoa, através de escolas especializadas. No entanto, à distância e a falta de condições financeiras daqueles jovens carentes impossibilitavam esse acesso.

O curso tinha como objetivo, capacitar jovens para o mercado de trabalho através dos

conhecimentos básicos de informática, embora as vagas para esta área, naquela região, fossem poucas. O responsável pelas primeiras aulas foi o professor Kiril Muniz de Sá. Posteriormente, outros formadores colaborararam com esta experiência, a saber: os professores José Washington Junior Machado66 e Marcos Moraes.

Com o passar dos anos o projeto se consolidou, tornando-se uma referência de formação na cidade. No entanto, a sua continuidade esbarrou nas primeiras ressonâncias do conflito vivido entre a Arquidiocese e a FDJMP67. A falta de recursos financeiros para a manutenção e compra de novos computadores foram determinantes para o encerramento deste curso em 2011.

Até aqui abordamos os cursos oferecidos pela FDJMP, buscando compreendê-los dentro da sua proposta político-pedagógica. A seguir, iremos expor alguns dados do Quinquênio (2000-2005), para termos uma noção quantitativa da participação dos jovens nas modalidades de formação oferecidas pela Instituição.

QUADRO II- Participação de jovens nas modalidades de formação da FDJMP: 2000/2005

Fonte: FDJMP-Participação de Jovens nas modalidades formativas da Instituição (2000/2005)

66 José Washington Junior Machado, além de ser um dos responsáveis pelo Curso de informática, contribuiu para

o fomento de novos cursos na FDJMP dentre eles: o curso de “Cultura de Paz” e o curso de “Economia Solidária”, que envolveu jovens de diversas cidades do Regional Nordeste II.

67 Este assunto será tratado posteriormente neste trabalho.

Ano Curso de Educadores

Populares

Curso de

Psicologia Realidade Curso de Social Curso de Bíblia Curso de Dinâmica da Vida em Grupo Núcleo Paulo Freire de Informática Total de Aluno(a)s 2000 12 18 12 10 ***** ***** 52 2001 12 22 13 14 ***** 46 107 2002 17 ***** 13 ***** 13 37 80 2003 23 14 12 ***** 10 24 83 2004 22 19 17 ***** 21 40 119 2005 20 19 15 ***** 12 08 74

Total de educandos -quinquênio: 2000/20005 515 educandos

cursistas anualmente, o que pode ser explicado pela valorização dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos. Configurando mais um pressuposto de uma educação popular que nega o positivismo onde os números devem sempre se sobressair. Importa lembrar que, não encontramos em nossa pesquisa documental, nos arquivos da FDJMP, quadros referentes aos anos seguintes, reafirmando a compreensão, já mencionada, de que a falta de recursos humanos nesta fase institucional, pesou desfavoravelmente contra ela, inclusive sobre sua memória escrita.