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As respostas estratégicas de Oliver (1991) permitem explicar não só o comportamento das organizações, mas também das suas subunidades organizacionais. Por estar submetida a pressões institucionais, a administração central de uma organização pode buscar a conformidade com essas pressões. Segundo Boschman (2006), as pressões institucionais para que organizações multinacionais adotem condutas coerentes com políticas internacionais e locais de direitos humanos as levam a responderem buscando a conformidade através da formalização de códigos de conduta próprios, que a princípio precisam ser respeitados por suas unidades descentralizadas. Osmundsen (2005) enfatiza que, por estar exposta a regras, normas e crenças provenientes do seu próprio ambiente institucional, a administração central de uma organização pode difundi-las para suas subunidades organizacionais. Boschman (2006) conclui que as subunidades dessas organizações respondem com aquiescência, através de táticas de conformidade ou imitação das práticas adotadas por outras organizações do mesmo ambiente institucional. Além disso, uma parte dessas organizações responde às pressões que sofrem imitando o comportamento das outras organizações, o que também configura uma estratégia de aquiescência. Outro comportamento comum observado pela autora é a esquiva através da tática de ocultação, que se apresenta por

meio de uma aparente conformidade demonstrada em códigos de conduta formalizados, mas que não são operacionalizados.

Além das respostas estratégicas propostas por Oliver (1991), Boschman (2006) identificou também a cooperação, que fora apresentada por Tsai e Child (1997) e que envolve a definição de objetivos comuns e a resolução conjunta de problemas. A partir das perspectivas institucional, da dependência de recursos e da escolha estratégica, Tsai e Child (1997) propuseram uma adaptação ao modelo de Oliver (1991) para estudar como organizações multinacionais mudam seu comportamento diante das pressões ambientais para que adotem práticas de gestão ambiental. A cooperação, segundo os autores, é um meio para garantir que organizações diferentes alcancem seus objetivos ao longo prazo ao invés de tentar alcançá-los individualmente em curto prazo. Assim, a cooperação entre as organizações e as fontes de pressão institucional pode levá-las a atender de forma mais eficaz às expectativas institucionais, especialmente quando estão dispostas a contribuir com seus conhecimentos tecnológicos em prol do alcance dos objetivos comuns.

As pressões institucionais incidem também sobre as unidades descentralizadas das organizações. Osmundsen (2005) argumenta que as unidades de negócio de organizações com estrutura descentralizada sofrem múltiplas influências institucionais e que, devido a isso, são confrontadas com pressões conflitantes. A autora utilizou a tipologia de respostas estratégicas para analisar as dificuldades de integração entre unidades de negócio diferentes em um processo de internacionalização de operações de uma organização. As subsidiárias de uma organização com estrutura descentralizada podem estar localizadas em regiões diferentes, podem ter interesses distintos e precisam buscar legitimidade entre constituintes dos diferentes ambientes institucionais, além de sofrerem pressões que têm origem não só na sua administração central (ambiente institucional pai), mas também de seus respectivos e diferentes ambientes institucionais (ambientes institucionais locais) e do ambiente institucional global, que incide sobre a organização como um todo. As estruturas e processos organizacionais das subsidiárias, consequentemente, são desenhados por diferentes pressões desses múltiplos ambientes institucionais e podem responder a essas pressões de diferentes formas. Os resultados obtidos pela autora confirmam os de Kostova e Zaheer (1999), que identificaram que as subunidades organizacionais precisam ter legitimidade interna enquanto parte de uma organização maior, o que se soma à necessidade de ter legitimidade no seu próprio ambiente institucional.

Tempel et al. (2006) notaram que, ao responderem às pressões tanto da sua matriz quanto do seu ambiente, as subsidiárias utilizaram toda a gama de respostas estratégicas apresentadas por Oliver (1991) para adotar práticas de recursos humanos, incluindo o desafio aos requisitos da sua administração central e a manipulação. Para os autores, a resposta variou a depender das diferenças entre os domínios institucionais locais e os das respectivas matrizes, e também conforme aumenta ou diminui a dependência que as subsidiárias têm do ambiente institucional e da administração central.

Pache e Santos (2010) criticam os modelos de respostas estratégicas demonstrando que esses tratam as organizações como entidades unitárias que respondem estrategicamente às pressões externas, ignorando o papel da dinâmica intraorganizacional. A partir do modelo de Oliver (1991), os autores propõem que a natureza das demandas e a representação interna dentro das organizações afetam a mobilização das diferentes estratégias quando as organizações são confrontadas por demandas institucionais conflitantes. Segundo os autores, a natureza das demandas institucionais é determinada pela sua relação com os meios ou os fins: quando as pressões incidem sobre práticas e processos, sua natureza é de nível funcional; quando incidem sobre objetivos e metas organizacionais, são de nível ideológico.

Na visão de Pache e Santos (2010), a natureza dos conflitos institucionais interage com suas representações internas para influenciar as estratégias organizacionais. Dessa forma, os autores reforçam o entendimento de que as respostas organizacionais às pressões institucionais dependem do comportamento das suas subunidades. O modelo de Pache e Santos (2010) é comparado à tipologia de Oliver (1991) por Gutiérrez-Rincón (2014), que conclui que o primeiro complementa o segundo, tornando-o mais operacional. Entretanto, nota-se que Pache e Santos (2010) não incluem a aquiescência como resposta em seu modelo, pois esta não é possível em situações de pressões conflitantes, como argumentam.

Segundo Osmundsen (2005), os estudos que abordam o relacionamento entre sede e subunidades organizacionais tendem a destacar a influência da primeira sobre as outras, mas a autora argumenta que há razão para esperar que também haja influência das subunidades sobre sua administração central. Embora não tenham utilizado a tipologia de Oliver (1991), outros trabalhos reforçam o entendimento de que as pressões externas incidem sobre subunidades organizacionais e que essas respondem de maneiras distintas.

Delmas e Toffel (2008), por exemplo, consideram que as respostas organizacionais às pressões institucionais para adoção de práticas de gestão refletem não somente diferentes pressões, mas também diferentes influências internas oriundas das suas subunidades organizacionais. Segundo estes autores, as pressões de diferentes constituintes do ambiente institucional podem penetrar nas organizações não só por suas matrizes, mas também através de seus departamentos. Considerando que as subunidades organizacionais têm interesses específicos, as diferentes pressões institucionais incidem sobre elas de maneiras distintas, e suas respostas podem ser também distintas, esclarecem os autores.

Hernes e Erdvik (2014) salientam que a autonomia das subunidades organizacionais pode levá-las a julgarem determinadas políticas adotadas por instâncias decisórias superiores como mais ou menos eficientes, como barreiras ao cumprimento de suas metas ou mesmo como políticas puramente simbólicas, e consequentemente pode levá-las a adotarem comportamentos distintos daqueles esperados por quem formalizou as políticas.

Segundo Netland e Aspelund (2014), ainda que a sede da organização busque e defenda a adoção de políticas gerenciais tidas como necessárias por suas subunidades, isso não significa que essas políticas serão eficientes em todas elas, o que pode levá-las a responderem às pressões que sofrem da sede de maneiras distintas.

Esses estudos mostram que as subunidades organizacionais estão sujeitas a pressões do ambiente institucional e das suas respectivas matrizes para adotarem práticas administrativas. Considerando sua autonomia, ainda que limitada, essa situação enseja investigar como as subunidades respondem a essas pressões. A aplicação da tipologia de respostas estratégicas à adoção de TI e de práticas de gestão de Sistemas de Informação será abordada a seguir.

2.8 RESPOSTAS ESTRATÉGICAS ÀS PRESSÕES PARA ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS