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O conflito e a missão militar

No documento Alves Dissertação (páginas 63-65)

4. Caso de Estudo: O AMC no Líbano

4.1.2. O conflito e a missão militar

O Líbano situa-se, geograficamente, na região do Crescente Fértil, onde surgiram as primeiras grandes civilizações da História. Este país é a pátria histórica dos fenícios, negociantes semitas da Antiguidade, cuja cultura marítima floresceu na região durante mais de 2 000 anos, também fundadores da cidade de Cartago, a maior rival de Roma na antiguidade.

No século I a.C., o Líbano passou a fazer parte do Império Romano e, em seguida do Império Bizantino, sendo introduzido o cristianismo na região. A conquista árabe do século VII introduziu a atual língua do país, o árabe, bem como a religião islâmica. Durante a Idade Média, o território que hoje é o Líbano esteve envolvido nas cruzadas, quando então, foi disputado pelo ocidente cristão e pelos árabes muçulmanos.

Com o fim do Império Otomano, após a Primeira Guerra Mundial, o Líbano foi colocado sob o mandato francês, confirmado pela Sociedade das Nações, em 1922, sendo fundada a República Libanesa, em 1926.

Após a Segunda Guerra Mundial, o país era considerado, sob o ponto de vista financeiro, a “Suíça do Oriente”, uma vez que foram concretizadas inúmeras e grandes negociações de petróleo. Sob o ponto de vista turístico, era comparado ao “Mónaco do Oriente”, já que possuía uma grande rede de casinos e hotéis de luxo.

Entretanto, todo esse progresso entrou em declínio devido aos conflitos entre os diversos grupos étnicos e religiosos do país. Em 1970, a tensão ao longo da fronteira Israelo-Libanesa aumentou, principalmente depois da deslocação dos elementos armados Palestinianos, da Jordânia para o Líbano. A partir desta data intensificaram-se as operações palestinianas contra Israel e os respetivos contra-ataques israelitas contra as bases palestinianas no Líbano (ver Anexo XI).

A hostilidade entre os grupos cristãos e muçulmanos desencadeou uma guerra civil e a intervenção armada da Síria, em 1976. Em 1978, as atividades da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) deram origem à invasão e ocupação israelita da parte sul do Líbano.

A 19 de março de 1978, o conselho de segurança aprovou as resoluções 425 e 426, onde era exigido a Israel a cessação imediata de todas operações militares e a retirada de todas as suas forças de território libanês. Ficou também decidida a criação e o estabelecimento imediato da UNIFIL, com

três objetivos: confirmar a retirada israelita, restabelecer a paz e segurança, e apoiar o governo libanês no restabelecimento da sua autoridade no sul do país.

A United Nations Interim Force in Lebanon (UNIFIL) é uma das operações de manutenção de paz mais antigas das NU. O seu mandato original tem por objeto a manutenção do cessar-fogo ao longo dos 121 km de separação entre Israel e o Líbano. As primeiras tropas da UNIFIL chegaram ao Líbano em 1978.

Em 1982, apesar da permanência da força da UNIFIL, o país sediava os fragmentos de uma força de resistência palestina, a OLP, liderada por Yasser Arafat. Entretanto o país foi invadido por Israel que, desta forma, expulsou essa organização do Líbano e criou o Exército do Sul do Líbano, continuando a ocupar o sul do país até ao ano 2000. Apesar das ações de guerra em curso, os militares da UNIFIL continuaram com as missões de observação, de ajuda humanitária e de apoio médico e sanitário às populações locais.

Até julho de 2006, apesar de numerosas pequenas violações da chamada “Blue Line”26 (linha de retirada de 2000) a situação permanecia relativamente calma e controlada.

A 12 de julho de 2006, o Hezbollah lança vários rockets do sul do Líbano contra Israel, nomeadamente para a cidade de Zarit. Ao mesmo tempo, através de uma incursão em Israel o Hezbollah ataca uma patrulha israelita, capturando dois soldados, matando três e ferindo outros dois. Em retaliação, as IDF (Israel Defence Forces) atacaram o Líbano por terra, ar e mar, em particular, as infraestruturas do Hezbollah e as suas posições na Área de operações da UNIFIL e fora dela.

Em 11 de agosto de 2006, foi aprovada pelo conselho de segurança das NU e ratificada pelos governos de Israel e do Líbano, a resolução 1701, que exigia a imediata cessação das operações de guerra. Esta resolução prevê o aumento do efetivo da UNIFIL de 2000 para 15000 militares, assim como a inclusão de uma força marítima.

A UNIFIL tem a missão de assistir o Governo Libanês no exercício da soberania no seu território, através do apoio às Forças Armadas Libanesas na estabilização da paz e segurança na área de operações, assegurando que esta não é utilizada para atividades hostis de qualquer tipo. Além disso, deve, sempre que solicitado, apoiar o Governo Libanês a manter a segurança das suas fronteiras e pontos de entrada, de forma a prevenir a recorrência das hostilidades e criar as condições para uma paz duradoura.

Portugal iniciou a sua participação na UNIFIL a 24 de novembro de 2006 e terminou a 27 de junho de 2012, totalizando 11 contingentes de engenharia empenhados nesta missão militar. (ver Anexo XII).

26 É uma demarcação de fronteiras entre o Líbano e Israel , publicado a 7 de Junho de 2000, pela Organização

das Nações Unidasem cooperação com as autoridades libanesas e israelenses com a finalidade de confirmar a

retirada das Forças de Defesa de Israel (IDF) tropas do território libanês. A sua marcação foi executada através da implantação de marcos fixos designados blue barrel. Estes marcos foram dispostos em linha de vista contínua e foram materializados através de uma estrutura de base cilíndrica em betão armado na qual são instalados de barris metálicos em forma de halteres pintados de azul e com as inscrições das Nações Unidas (UNIFIL, 2015).

No documento Alves Dissertação (páginas 63-65)