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4 O PROGRAMA MAIS CULTURA: contextualização e caracterização

4.1 O contexto maranhense: a expressão da “maranhensidade”

A política cultural ainda que se conforme com o envolvimento privado e da sociedade civil, no Brasil, ela tem o Estado como principal responsável por sua promoção. (BEZERRA; GUERRA, 2012; RUBIM, 2011). Além disso, o período (2007-2011) para a escrita da história da política cultural maranhense corresponde à postura e à atitude de uma gestão ministerial, como já se mencionou, que não desejava fazer cultura para os brasileiros, ainda que entendesse que fazer política cultural seja fazê-la (PROGRAMA..., 2006). Desta forma, trazer à tona a atuação dos governos do executivo estadual no Maranhão, situando os aspectos socioeconômicos e políticos, porém com ênfase para os aspectos culturais, pode nos conduzir a desvelar qual a cultura, ou melhor, considerando o Programa Mais Cultura, qual a dimensão cultural foi privilegiada pelos governos maranhenses de 2003 a 2011, uma vez que esse programa foi tratado, pelo menos discursivamente, como política cultural? O que de diferente a proposta do Programa Mais Cultura possibilitou a esses governos na elaboração de políticas culturais para o Maranhão? Esses questionamentos se tornam necessários, uma vez que se sabe que o governo José Reinaldo Tavares correspondeu ao período em que se articulou na esfera

federal a criação dos instrumentos para a institucionalização da cultura, a exemplo do Sistema Nacional de Cultura que se consolidaria a partir da criação de seu congênere no âmbito estadual e municipal.

O governo Jackson Lago (2007-2009) que compreendeu o período da criação oficial do Programa Mais Cultura, selando a sua relação com ele através do Acordo de Cooperação para a Implementação Descentralizada de suas Ações (ACORDO..., 2007). E, o governo Roseana Sarney assumiu, por ordem judicial, em abril de 2009, ficando até 2010, renovando o seu mandato para mais 4 (quatro) anos, permanecendo de 2011 a 2014. Sendo que ela já havia governado o estado de 1995 a 2002 e cuja administração tem sido responsabilizada, de acordo com oposicionistas e estudiosos, por muitas das mazelas que ainda atingem o estado e que de certa forma influenciaram e ainda influenciam os desafios que se apresentaram e ainda são vigentes no setor cultural maranhense.

A vitória de Lula para a presidência do Brasil reacendia no povo brasileiro a esperança de dias melhores. Seu discurso pós-vitória a “esperança venceu o medo” reafirmava isso. No caso maranhense, tal perspectiva não se mostraria tão evidente, visto que o governo só mudaria de nome, mas o endereço e a política que se iria praticar era velha e muito bem conhecida do povo maranhense. Quatro décadas eram mais que suficientes para comprovar esse fato, pois governaria o estado maranhense, em 2003, início do primeiro mandato do presidente Lula, José Reinaldo Tavares, “trigésimo quarto candidato do grupo Sarney eleito no Estado” (BORGES, [2004]). Todavia o que parecia comprometer o desenvolvimento do Maranhão se mostrou foi mais promissor, ainda, para o projeto de desenvolvimento do Maranhão24, pois esse “[...] governador rompeu com a oligarquia Sarney em 2004

e auxiliou a oposição nas eleições de 2006, o que contribuiu para a eleição de Jackson Lago.” (SOUSA, 2011, p. 206). O que concorreria para o enfraquecimento dessa oligarquia na política maranhense, que se pretendia inabalada, pois:

O grupo Sarney apresenta-se com trunfos acumulados em décadas de experiência político-administrativa e ocupação de posições importantes, que

24 Compreende-se que o governo Jackson Lago, no executivo estadual, apesar de sua vigência muito curta (2007-2009), empreendeu significativos avanços, nas dimensões econômicas, sociais, políticas, culturais e educacionais, para o desenvolvimento do Estado do Maranhão, os quais alguns destes são assinalados na pesquisa: Alguns desafios ao planejamento e desenvolvimento do Maranhão, Brasil: contexto histórico, obstáculos e estratégias de superação de autoria do pesquisador Jhonatan Uelson Pereira Sousa.

se desdobram em notáveis recursos de poder, tais como: dinheiro, suportes midiáticos de grande alcance, popularidade/visibilidade e, sobretudo, inserções na esfera governamental (estadual e federal) que lhes favorece o acesso a recursos e instâncias decisórias, ampliando seu papel redistributivo, ou seja, sua capacidade de distribuir benefícios coletivos e seletivos. (BORGES, [2009], p. 2).

Tais fatores mostram que o embate do governador José Reinaldo Tavares com a família Sarney lançaria entraves para a sua proposta governamental no Maranhão. Querendo ou não, no estado maranhense, a política sarneyista está enraizada há décadas e ainda é fortalecida por ser a representação da cultura política que prepondera em todos os âmbitos da cultura brasileira. Além disso, apesar de seu rompimento com a oligarquia Sarney, seu programa de governo25

tinha a finalidade de dar continuidade às realizações do governo Roseana Sarney (1995-2002) que estampadas nas propagandas publicitárias dos veículos de comunicação do estado maranhense26, mostravam um “Novo Tempo” para os

maranhenses, divergindo do atraso que assolava o Estado e que era atestado pelas pesquisas encomendadas pelos órgãos federais, onde, em muitas esferas, o Maranhão despontava nas piores posições, o que o fazia apresentar um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os Estados da federação.

Sendo assim a melhoria do IDH se constituiria para o então governo de José Reinaldo o ponto de partida e de chegada, o que lhe obrigaria a olhar o social a partir do econômico, do cultural, principalmente deste, pois esse governo estava inserido em um contexto muito mais amplo no qual o projeto nacional de desenvolvimento tinha a cultura como estratégia para movimentá-lo, pelo menos, como já é sabido, era o que o discurso do presidente enunciava. Isso sujeitaria, entre outras medidas, ao governador refazer o seu planejamento para o Estado, pois em seu “discurso de posse27”, apesar do termo cultura compreender ações e

relações cultivadas pelo homem em tudo o que ele faz, não foram referenciadas, pelo governador, ações contundentes para a cultura, principalmente para a dimensão cultural adotada pela gestão ministerial.

25 Em seu discurso de agradecimento, ao tomar posse, a então Senadora Roseana Sarney, José Reinaldo disse “Este mandato que recebo tem muito do seu esforço e se materializa na continuidade dos seus programas e trabalho em favor da população.” Disponível em: <http://imirante.com/maranhao/noticias/2003/01/01/jose-reinaldo-agradece-apoio-durante-sua-

posse.shtml>. Acesso em: 20 dez. 2017.

26 Neste caso sobressaem os meios de comunicação do Maranhão comandados pelo grupo Sarney. 27 O citado discurso encontra-se na publicação impressa do dia 01/01/2003 do Jornal o Estado do Maranhão.

Sua mobilização para elevar o IDH, pode até ter sido planejada em 2003, seu primeiro ano de governo, mas não foi executada neste ano, visto que segundo BORGES ([2009]) suas ações foram marcadas pela continuidade do governo anterior. No entanto, certamente foi se efetivando com o seu rompimento com o Grupo Sarney, pois em discurso proferido na Assembleia Legislativa, José Reinaldo assim se pronunciou:

Como governante, tenho sido vítima da maior campanha difamatória e caluniosa já sofrida por um chefe de Executivo neste Estado, nas últimas décadas, mas tive a coragem de romper as amarras que me prendiam a um grupo que nada fez pelos milhares de infelizes que se encontram abaixo da linha de pobreza. Agora que empunho a bandeira da liberdade dos meus atos na perspectiva de poder realizar um trabalho voltado para o bem-estar e o progresso da nossa terra, quero tê-los, nobres parlamentares, como meus aliados nessa histórica mudança de página. Para tanto, tenho certeza agora de que poderei contar com o apoio de parlamentares, senhor presidente, comprometidos, exclusivamente, com a possibilidade de transformação social deste Estado. (TAVARES, 2005, não paginado).

O compromisso do então governador José Reinaldo Tavares com a transformação social e bem-estar da população maranhense consistia em se diferenciar também do governo passado, neste caso do governo Roseana Sarney e seu também já que foi seu vice-governador naquela gestão. Sendo assim, o PPA de sua gestão para o período 2004-2007, regulamentado pela Lei nº 8.051 de 19 de dezembro de 2003, colocava como ação desse governo a elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, utilizando-se, conforme artigo 3º da lei acima citada, das seguintes definições de estratégias de desenvolvimento:

I - inserção dinâmica da economia maranhense nos sistemas econômicos do Nordeste, do Brasil e do exterior; II - competitividade sistêmica da economia local; III - transformação econômica do Estado, promovendo a mudança quantitativa e qualitativa do sistema produtivo maranhense; IV - transformação social, visando fazer de cada maranhense um cidadão; V - economia baseada no conhecimento; e VI - adoção da sustentabilidade como valor de planejamento e ação governamentais. (MARANHÃO, 2003, não paginado).

Nota-se que, principalmente, no inciso VI as estratégias de desenvolvimento do Maranhão deveriam incluir a cultura, porém em 2004, a inclusão dos indicadores culturais, como medida de avaliação do IDH das nações, sentenciou que o governo de Tavares deveria se ajustar a essa nova sistemática de colocar a cultura como estratégia do desenvolvimento maranhense se quisesse alcançar o próprio desenvolvimento do Estado. Isso requereria a sua gestão um planejamento

com a cultura como meio e fim de todas as outras esferas, não apenas como coadjuvante do planejamento turístico do Estado onde suas ações se concentravam em intervenção no patrimônio edificado e eventos para o turismo cultural, mas a colocava como protagonista, para o próprio setor cultural e para as demais esferas, de ações com a amplificação sociológica e antropológica de seu conceito.

Em 2005, o governador José Reinaldo assinou o protocolo de intenção de adesão do Maranhão ao SNC, ato que também contou com a assinatura dos municípios de Barreirinhas, Bom Jesus das Selvas, Amapá do Maranhão, Pedreiras, Cururupu e Santa Rita do Maranhão (MARANHÃO..., 2005). Aquele documento colocava as ações da cultura no estado maranhense na rota da política cultural prevista com o projeto nacional de desenvolvimento do País que se espelhava em projetos já desenvolvidos, mas que buscava se diferenciar deles, principalmente, por privilegiar a mobilização e participação da sociedade a partir de instrumentos que propiciassem isso, a exemplo da realização da I Conferência Estadual de Cultura (CEC) ocorrida nesse governo, de 1 a 3 de dezembro de 2005 e da I Conferência Municipal de Cultura (CMC).

A I CMC aconteceu na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) (MARANHÃO..., 2005), de 19 a 22 de outubro de 2005, contou com a participação, nas mesas-redondas, conferências e grupos de trabalho, com professores dessa Instituição e de outras Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil, de produtores culturais, principalmente maranhenses e de personalidades da política envolvidas com a causa da Cultura no Legislativo Municipal de São Luís. Durante a CMC, o Prefeito de São Luís, Tadeu Palácio, assinou o protocolo de intenção de adesão ao SNC, conforme consta na programação da I CMC de São Luís (ANEXO B). Tanto a CEC quanto a CMC tiveram como eixos estruturantes os previstos na Conferência Nacional de Cultura (CNC).

O documento síntese com as propostas da I CEC a serem enviadas para compor o relatório da CNC traz um total de 107 propostas. Para fundamentar as análises da pesquisa, apresentam-se, a seguir, algumas das propostas que assinalam ações para o fortalecimento do segmento LLLB nos 5 (cinco) eixos estruturantes: 1) Gestão pública da cultura que tinha entre outras propostas a implantação do SNC; 2) Economia da Cultura que previa o encaminhamento para a Assembleia Legislativa do Maranhão do Projeto de Criação do Sistema Estadual de Cultura; 3) Patrimônio Cultural, esse eixo que apresentava como proposta:

recomendar a elaboração de Lei de proteção e salvaguarda do patrimônio cultural em cada município; 4) Cultura é Cidadania e Democracia (Cultura é Direito e Cidadania), constava entre as propostas, para esse eixo, a criação com inclusão

digital de bibliotecas públicas municipais e a modernização das existentes, principalmente com a revitalização dos seus acervos bibliográficos; 5) Comunicação

é Cultura, as propostas desse eixo tratavam do caráter comunicativo que abrangia a

cultura, principalmente com o advento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Para as bibliotecas públicas, as propostas se pautaram na criação de sistemas informatizados interligados à internet para pesquisas (DIRETRIZES..., 2005).

A adesão e a realização de conferências consistiam nos passos iniciais para que o Estado do Maranhão também institucionalizasse a sua Cultura, pois conforme já relatado, para criação do SNC era necessário que os sistemas estaduais e municipais também fossem criados. Além disso, o SNC é composto por outras estruturas: Órgãos Gestores da Cultura, Conselhos de Política Cultural, Conferências de Cultura, Planos de Cultura, Sistemas de Financiamento à Cultura, Sistemas Setoriais de Cultura (quando pertinente), Comissões Intergestores Tripartite e Bipartites, Sistemas de Informações e Indicadores Culturais, Programa de Formação na Área da Cultura (BRASIL, 2012).

Essa estrutura também deveria se fazer constar nos SEC e nos SMC. No entanto, os sistemas setoriais de cultura só se constituiriam se fosse pertinente, pois é de conhecimento de todos que muitos municípios, a exemplo dos maranhenses, podem não contar com uma biblioteca, seja ela pública ou escolar, quanto mais com um número suficiente para a constituição de um Sistema. Além disso, os sistemas setoriais abrangem outros equipamentos e instituições culturais, os museus, que também deveriam se articular de forma sistêmica, mas o Sistema Brasileiro de Museus (SBM) “[...] criado pelo decreto n° 5.264, de 5 de novembro de 2004, e revogado pelo decreto nº 8.124, de 17 de outubro de 2013 [...].” (SISTEMA..., 2018, não paginado), certamente também tem dificuldades de conseguir essa integração nos municípios.

A empreitada do governo José Reinaldo para colocar a cultura na rota do desenvolvimento do Maranhão foi decisiva, empreendendo estratégias pontuais para o principal desafio que atormentava esse Estado – o IDH que indicava parte da população maranhense abaixo da linha de pobreza. Sendo também fundamental o

seu rompimento com o grupo Sarney, iniciando o movimento político contra a oligarquia sarneyista intitulado Frente de Libertação que foi decisivo para a eleição do candidato a governador Jackson Lago para o pleito 2007-2009 (CABRAL apud FERREIRA, F., 2009).

Quando assumiu em 2007 o governo do Estado, Jackson Lago não negligenciou o processo, já em curso no estado, para a cultura. Esse governo deu prosseguimento a ele. O seu Programa de Governo se redimensionou e passou a ser o Plano Estadual da Cultura (PEC) 2007-2010 que encabeçaria a sua ação governamental, tendo a cultura como estratégia do desenvolvimento do Maranhão. (MARANHÃO, 2007).

Para a gestão da cultura no Estado, ele nomeou como secretário estadual de cultura João Batista Ribeiro Filho, político e artista com experiência já atestada pelo governador Jackson Lago desde 1998 quando este, no seu governo no executivo municipal de São Luís, o designou para o cargo de gestor da Fundação Municipal de Cultura (FUNC). Essa indicação do secretário também se mostrava conectada com a política cultural e cultura política que se apresentava no governo federal, o que poderia concorrer para ampliar as possibilidades de avanços na política cultural do Maranhão. Sobre sua gestão a frente da cultura, tanto no estado do Maranhão, quanto no Município de São Luís, Ribeiro afirma que nas duas gestões se fez política cultural. Na sua gestão da cultura no âmbito estadual, fato que interessa para esta pesquisa, o que caracteriza a política cultural é os 3 (três) Dês significando Democracia, Diversidade e Descentralização das ações (DDD) (REIS, 2009).

O então secretário não evidencia essas características por acaso, pois elas se apresentavam na essência, justificativa e finalidade da política cultural que se efetivou, no âmbito federal com o MinC, principalmente através do Programa Mais Cultura.

A verdade é que na sua gestão na Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão, justamente a descentralização das ações foi decisiva para o empreendimento de fazer cultura a partir da política cultural, fato que se consolidou em 13 de dezembro de 2007, quando o governo do Estado, através do governo Jackson Lago e a União, por meio do MinC, assinaram o Acordo de Cooperação para a implementação descentralizada das ações do Programa Mais Cultura. (ACORDO..., 2007). A partir daí essas três palavras dariam a conformação para a

política cultural do Estado no que diz respeito às estratégias para a sua a ação nos 12 focos seguintes:

1. A cultura na agenda estadual de desenvolvimento; 2. Cultura e educação;

3. Cultura e comunicação; 4. Economia da Cultura; 5. Maranhensidade;

6. Financiamento, fomento e investimento;

7. Implantação pactuada com os Municípios do Sistema Estadual de Cultura;

8. A participação popular organizada: Seminários, fóruns, conselhos e conferências;

9. Direito à memória, à identidade e à diversidade cultural; 10. Censo cultural do estado do Maranhão;

11. Livro, linguagem e leitura;

12. Intercâmbio cultural. (MARANHÃO, 2007, não paginado).

Constatando também no foco relativo ao livro e a leitura quando o então gestor da cultura assim se pronuncia sobre o desenvolvimento da política para o segmento LLL no Maranhão nos dois anos que correspondem a sua gestão.

[...] a política do Livro, Leitura e Literatura praticada nos dois últimos anos no estado do Maranhão deu saltos significativos no que diz respeito à descentralização das ações, à democratização do acesso aos serviços e bens culturais e ao respeito à diversidade cultural do nosso estado. (RIBEIRO, 2009, p. 3).

Com relação a esse segmento, esse fato deve-se à BPBL, sendo reconhecido pelo secretário, pois através do SEBP, ela prestava supervisão para as bibliotecas públicas criadas ou modernizadas pelos programas e projetos pertencentes ao SNBP/FBN. Além disso, essas ações da BPBL possibilitavam ao governo Jackson Lago cumprir as cláusulas do Acordo de Cooperação, pelo menos no que diz respeito às políticas para o Livro e Leitura do Programa Mais Cultura. Aliás, para esse segmento o governo do Maranhão contou ainda mais com a FBN quando as ações sob a sua coordenação são incorporadas a lógica do Programa Mais Cultura com a Portaria Ministerial.

Considerando a já comprovada experiência da FBN na implantação e modernização de bibliotecas públicas, na formação de mediadores culturais, no programa de incentivo à leitura, articulado com Comitês regionais e municipais, na editoração de livros, na difusão da informação, tem sido natural, simples e conveniente a sua função coordenadora de algumas das ações do Programa Mais Cultura. Para que ficasse bem caracterizada essa nova cooperação, a amplitude e setores desse apoio, foi de todo oportuna a Portaria Ministerial que disciplina a matéria, atribuindo à FBN as suas outras e novas competências. (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, 2009a, p. 10).

As ações da BPBL eram necessárias para o governo do Maranhão implementar o Mais Cultura. No entanto, essas mesmas ações teriam sua efetividade comprometida, no Estado, se os mecanismos para a institucionalização da cultura não fossem constituídos. Desta forma, muitos instrumentos foram instituídos, a exemplo da Lei estadual nº 8.912 de 23 de dezembro de 2008 que altera e consolida o Sistema de Gestão e de Incentivo à Cultura (SEGIC) do Estado do Maranhão e que foi uma das ações criadas, no governo do então Jackson Lago, com esse intuito e para manter a congruência com a política cultural do Brasil que se caracteriza pelo uso das leis de incentivo a cultura. Aquela como se pode constatar pela sua natureza, substitui a Lei nº 8.319 de 12 de dezembro de 2005, alterando o seu objetivo único de“[...] consolidar as políticas e ações do Governo do Estado, na área da cultura, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado da Cultura” (MARANHÃO, 2005, p. 1) para os muitos objetivos apresentados, a saber:

I - apoiar as manifestações culturais, com base na pluralidade e na diversidade de expressão;

II - facilitar o acesso da população aos bens, espaços, atividades e serviços culturais incentivados pelo SEGIC;

III - estimular o desenvolvimento cultural do Estado em todas as suas regiões, de maneira equilibrada, valorizando o planejamento e a qualidade das ações culturais;

IV - apoiar ações de manutenção, conservação, ampliação, produção e recuperação do Patrimônio Cultural Material e Imaterial do Estado; V - proporcionar a capacitação e o aperfeiçoamento profissional de artistas

e técnicos das diversas áreas de expressão da cultura;

VI - promover o intercâmbio cultural com outros estados brasileiros e outros países, neles fomentando a difusão de bens culturais maranhenses, enfatizando a atuação dos produtores, artistas e técnicos de nosso Estado;

VII - propiciar a infra-estrutura necessária à produção de bens e serviços nas diversas áreas culturais abrangidas por esta Lei;

VIII - possibilitar a formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões, através do estímulo ao estudo e à pesquisa nas diversas áreas culturais;

IX - difundir na rede estadual de ensino fundamental e médio um conceito amplo de cultura, entendido como o conjunto de saberes e fazeres das sociedades, valorizando a diversidade cultural maranhense;

X - trabalhar a cultura como questão estratégica para a construção de políticas públicas de desenvolvimento sustentável para o Maranhão, visando à geração de emprego e renda, através do estímulo às indústrias criativas e aos arranjos produtivos locais. (MARANHÃO, 2008, p. 1).

Percebe-se que a alteração da lei no que tange ao seu objetivo consistiu em através do quantitativo abranger a essência do qualitativo que a cultura possibilita ao desenvolvimento. O que imputa ao Estado ir além de pensar a política

cultural como um agregado de ações para a cultura sem significado para quem

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