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Em 1997, Richard Wurman apresentou para esta área três definições, que iniciaram o debate em torno da questão da Arquitetura de Informação. Segundo o autor, a Arquitetura de Informação poderia referir-se a três âmbitos:

1. à pessoa responsável pela organização da informação, simplificando a sua compreensão; 2. ao criador de uma estrutura de informação que potencie a terceiros alcançar o

conhecimento através desta;

3. à profissão considerada emergente para a atual centúria, que tem como primordial objetivo a resposta às grandes necessidades da sua Era – o conhecimento humano e a organização de informação enquanto ciência.

Na sequência do discurso de Wurman, verificou-se uma proliferação do debate, tendo o conceito de Arquitetura de Informação conhecido diversas adaptações, quer fosse trabalhado do ponto de vista dos Sistemas de Informação (SI), quer do ponto de vista das Tecnologias de Informação (TI).

Carter (1999) vê nesta nova área uma abordagem holística, que em muito se aproxima da perspetiva da ciência da informação quanto à organização de informação: “(...) an holistic way of planning which meets the organization’s information needs and avoids duplication, dispersion, and consolidation issues (...).” (Carter, 1999).

Já Roger e Elaine Evernden (2003) entendem a Arquitetura de Informação como uma área, que agrega elementos base – componente teórica, princípios, normativas -, e que privilegia a gestão da informação enquanto recurso.

No trabalho de Morville e Rosenfeld (2007), ainda que primeiramente direcionado para o impacto da Arquitetura da Informação na Internet – particularmente no que concerne à conceção de páginas web –, há um alinhamento dos autores com a definição inicial de Wurman. Consideramos especialmente importante referir os quatro pontos apresentados nesta obra quanto à definição da Arquitetura de Informação, sobretudo pela sua associação com a nossa proposta.

1. The structural design of shared information environments;

2. The combination of organization, labeling, search, and navigation systems within web sites and intranets;

3. The art and science of shaping information products and experiences to support usability and findability;

4. An emerging discipline and community of practice focused on bringing principles of design and architecture to the digital landscape. (Morville & Rosenfeld, 2007, 4)

Ainda que para os autores, a definição de Arquitetura de Informação se encontre orientada para a vertente digital, parece-nos plausível a sua transposição para a proposta de organização de informação, que aqui pretendemos apresentar. O presente trabalho, pela natureza do seu objetivo final, terá em consideração os aspetos constantes dos três primeiros pontos assinalados por Morville e Rosenfeld.

A nossa proposta visa, então, a criação de uma estrutura de organização de informação num contexto de partilha (a cloud Drive). Por outro lado, apresentará diretrizes no que

concerne à classificação e à indexação para potenciar a pesquisa e o acesso, o que, por fim, se traduz num suporte à utilização e recuperação dos conteúdos armazenados.

Neste contexto, a relação estreita entre três elementos determinantes, no que respeita à gestão da informação a estruturar – o contexto, o conteúdo e os utilizadores –, resulta no que os autores denominaram de ‘os três círculos da Arquitetura de Informação’.

Figura 4 – Os três círculos da Arquitetura de Informação

Fonte: adaptado de Morville & Rosenfeld, 2007, p. 25.

A proposta, que pretendemos apresentar com este trabalho, está, invariavelmente, condicionada pelo desafio identificado pelos dois autores, denominado enquanto ‘diferenças de perspetiva’ (Morville & Rosenfeld, 2007, 57). Queremos, com isto, chamar a atenção para o facto de as escolhas quanto à classificação e à indexação da informação se encontrarem intimamente relacionadas com o ponto de vista do criador da estrutura, bem como das suas expectativas quanto ao resultado final.

Adicionalmente, parece-nos relevante apresentar sucintamente a distinção entre o que são considerados esquemas exatos e esquemas ambíguos.

De acordo com os autores supracitados, os esquemas de organização exatos são considerados objetivos, uma vez que compartimentam a informação em categorias definidas, excluindo qualquer tipo de subjetividade. Deste modo, a informação pode ser organizada e recuperada de acordo com tipologias de categorização estáticas, sendo três as mais comummente utilizadas: alfabética, cronológica e geográfica.

Por outro lado, os esquemas de organização ambíguos são caracterizados pela sua subjetividade, o que apresenta um desafio maior, quer para o criador do esquema, quer

conteúdo

contexto

para o utilizador. Não obstante, é por norma um melhor reflexo das necessidades de quem o consulta, uma vez que organiza os conteúdos em grupos de informação que partilham de um mesmo sentido (Morville & Rosenfeld, 2007).

A estrutura, que nos propomos conceber, apresenta características tanto de um esquema de organização exato, como de um esquema ambíguo, simultaneamente.

Considerando a natureza distinta dos conteúdos, que se pretendem organizar, e tendo por objetivo primordial a rápida e eficaz recuperação da informação, não se demonstra satisfatório a opção por apenas uma das duas tipologias.

Assim, os níveis macro de armazenamento serão caracterizados por uma organização ambígua, que privilegiará uma agregação de conteúdos por tópicos/temas. Esta opção de organização prende-se, sobretudo, pelo facto de estes representarem em um primeiro nível os três ramos que constituem a área de knowledge management e, num segundo nível, as tipologias de serviço associadas a cada um desses ramos.

Contudo, sempre que seja considerado pertinente, recorreremos a uma organização exata, sobretudo cronológica e, em alguns casos, alfabética. Esta situação verificar-se-á, particularmente, em casos em que o tipo de conteúdo apresenta uma periodicidade na sua produção e/ou atualização.

Exemplificamos abaixo um dos casos em que propomos uma esquematização simultaneamente ambígua e exata.

Figura 5 – Esquematização da proposta de estrutura híbrida para a classe de informação 100.

Fonte: Elaborada pela autora.

100. Department & Team Management

100.10. Workload FY20

FY21

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