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O Cooperativismo no Brasil – Desenvolvimento Histórico

No documento 1.8.1 A Experiência Brasileira - View/Open (páginas 64-68)

15 Despesas Anuais do DAC – Cooperativa D

1.3 A História do Cooperativismo

1.3.1 O Cooperativismo no Brasil – Desenvolvimento Histórico

Conforme Pinho (1982), no período anterior a 1888, não havia condições para implantação do sistema cooperativista no Brasil, principalmente porque a maioria da mão-de-obra era escrava. Porém, já existiam manifestações de interesse

pelo movimento cooperativista. A maior prova disso foi a publicação de um artigo na Revista Financeira, em maio de 1888, onde foi apontado o crescimento das sociedades cooperativas nos outros países. Além disso, o artigo fazia alusão à abolição da escravatura, ocorrida naquele mesmo período e sugeria a organização do Brasil em sociedades cooperativas como forma de fortalecer o desenvolvimento da riqueza e suavizar as dificuldades sociais.

Nota-se que a abolição da escravatura, de certa forma, reforçou as condições sócio-econômicas brasileiras para adoção do modelo cooperativista. Houve, também, a imigração e em decorrência, os poucos trabalhadores europeus que começaram a se instalar no Rio de Janeiro e São Paulo passaram a se organizar em associações mutualistas.

David (1996) comenta que, além disso, a partir de 1891, outros fatores influenciaram no aparecimento das primeiras cooperativas brasileiras, tais como: a Constituição de 1891, que assegurava a liberdade de associação; a crise estrutural do fim do Império e começo da República, que tornaram o ambiente mais favorável às associações.

Como ocorreu na Europa, a difusão das idéias cooperativistas, aqui no Brasil, foi através dos dois principais centros de irradiação do pensamento cooperativista, a França e a Inglaterra.

De acordo com Pereira (1993), a própria evolução do cooperativismo brasileiro refletiu as principais tendências que marcaram o pensamento cooperativista europeu:

- a adoção do conteúdo doutrinário rochdaleano por um período de aproximadamente 80 anos;

- na fase atual, o desafio ao idealismo e a busca do cooperativismo em se firmar como economia de mercado.

Ainda conforme tal autor, as primeiras cooperativas surgiram no final do século XIX, no setor de consumo e de crédito dos centros urbanos.

A primeira foi fundada na cidade de Limeira, no estado de São Paulo, em 1891, seu nome era Associação Cooperativa dos Empregados da Companhia Telefônica.

Em 1894, foi fundada a Cooperativa Militar de Consumo no Rio de Janeiro, na época, Distrito Federal. Em 1895, Carlos Alberto Menezes organizou a Cooperativa do Proletariado Industrial de Camaragibe, em Pernambuco. Esta última tinha como objetivo atender os empregados da fábrica do então organizador.

O ano de 1902 marcou o início de um movimento natural, tipo Raiffeisen3. O grande colaborador deste movimento foi o padre suíço Theodoro Amstadt, que trabalhava entre os colonos alemães. Neste período, foram criadas as Caixas Rurais, também chamadas cooperativas de crédito, no estado do Rio Grande do Sul. Várias outras foram fundadas a partir deste período. Cooperativas de crédito para atender, principalmente, o setor rural e bancos populares, as de consumo, na maioria, atendiam funcionários de empresas e servidores públicos.

Conforme Pereira (1993), após este período, outras cooperativas foram criadas, tais como: Cooperativa Internacional da Lapa, fundada em 1908, na cidade de São Paulo; Cooperativa dos Empregados da Companhia Paulista, criada em 1911; no Rio Grande do Sul e a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Viação Férrea, fundada em 1913.

3 De acordo com Rambo (2000), o movimento Raiffeisen surgiu na Alemanha e tinha como lema “um

O ano de 1929 foi um marco de grandes crises econômicas e o cooperativismo, de certa forma, ofereceu condições de defesas para o setor agrícola. A partir desta época, houve um grande crescimento das cooperativas agrícolas.

De acordo com Menegário (2000), foi a partir do ano de 1932 que ocorreu o aparecimento de um maior número de cooperativas, como conseqüência de campanhas divulgadas por órgãos públicos e de assistência ao cooperativismo.

Numa análise da evolução do cooperativismo brasileiro, percebe-se a existência de duas correntes distintas: a primeira, do cooperativismo urbano, formada pelas cooperativas que satisfaziam às necessidades da população urbana, a segunda, composta pelas cooperativas de produção. Além disso, até 1960, as cooperativas urbanas eram bem mais numerosas, apesar da população da época ser essencialmente agrícola, Pereira (1993).

Após este período, a situação se inverteu, as cooperativas urbanas ficaram praticamente estagnadas e as rurais se desenvolveram.

Mesmo ocorrendo esta inversão, nota-se que as cooperativas de trabalho se desenvolveram a partir de 1960.

Conforme mencionado na introdução deste trabalho, o final da década de 50 marcou a produção agrícola brasileira. A partir deste período, ocorreram mudanças, tanto no contexto produtivo quanto na comercialização. Na produção, passou-se a utilizar a mecanização e insumos modernos. Na comercialização a busca pelas operações em escala.

Na opinião de Bastos (2001), a Lei 5.764 de 16/12/1971 possui orientação notadamente empresarial, isto impulsionou a redução do número de cooperativas no período de 1970 e 1980. Outro fator que também contribuiu para estas mudanças

foram as exigências impostas pelo mercado internacional e mesmo o mercado interno. Sendo assim, as pequenas cooperativas ficaram impossibilitadas de sobreviver, frente ao acirramento da concorrência.

Ainda de acordo com Bastos (2001), no desejo de sobreviver à acirrada competição, as cooperativas passaram a utilizar os mesmos instrumentos, métodos organizacionais e operacionais empregados nas empresas capitalistas, o que de determinada forma levam a inviabilizar o princípio da participação efetiva e do controle democrático, fazendo com o que a cooperativa se descaracterizasse de seus objetivos principais.

Diante do exposto, nota-se que o cooperativismo no Brasil não é um movimento recente, apresenta alguns problemas, porém mostra números expressivos no contexto econômico do país, conforme se trata a seguir.

No documento 1.8.1 A Experiência Brasileira - View/Open (páginas 64-68)

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