• Nenhum resultado encontrado

1.1 O corpo e suas possibilidades

1.3. O corpo e o adolescente

A adolescência tem sido nos últimos anos tema de várias de nossas pesquisas. Em geral referir-se à adolescência significava apresentá-la como uma fase de transição entre a infância e a idade adulta, podendo esta idéia de transitoriedade imprimir-lhe erroneamente uma importância menor. Atualmente, ela é compreendida como um período extremamente relevante dentro do processo de crescimento e desenvolvimento humano, período cujas transformações físico-biológicas da puberdade associam-se aquelas de âmbito psicossociocultural, delas resultando a realização do jovem e posteriormente do adulto.

Este momento da vida é um período de experimentação com comportamento de risco acrescido. Modelos de desenvolvimento do cérebro sugerem que este fenômeno é em parte resultado do aumento da procura de sensações diversas desacompanhadas de maturação por capacidade de avaliar riscos(8).

Nesta perspectiva, o corpo físico assume dimensão significativa na vida do adolescente, comenta(9). Uma vez iniciadas as transformações

corporais, o jovem passa a viver todo esse processo passivamente, sem poder interferir, o que determina intensa ansiedade e cria inúmeras fantasias, ocasionando situações ou momentos de afastamento ou isolamento social.

Reforçam(10) que não se pode falar de adolescência sem falar do corpo; e do corpo sem falar da mente. Assim, as intensas transformações físicas desta idade influenciam todo o processo psicossocial de formação da identidade do adolescente. A construção de uma identidade pessoal neste período inclui, necessariamente, a relação com o próprio corpo. Um assunto, portanto, comum entre adolescentes é o corpo que, ao longo da vida, cresce e se transforma, parecendo algumas vezes um novelo embaraçado sem ponta para puxar.

Neste contexto eles afirmam que a imagem corporal já está estabelecida muito antes da adolescência. No entanto, o período da adolescência exige sucessivas reconstruções e reformulações da imagem do próprio corpo. A imagem corporal é uma representação condensada das experiências passadas e presentes, reais ou fantasiadas, conscientes ou inconscientes; ela é a idéia que o indivíduo tem seu próprio corpo.

Existe uma grande dificuldade do adolescente em integrar todas as alterações que vêm ocorrendo em seu corpo. Às vezes este lhe dá a sensação de não lhe pertencer, pois são frequentes os sentimentos de estranheza do próprio eu. Porém, não é somente a imagem do físico, mas toda a representação de si mesmo que passa a se constituir na adolescência em um tema fundamental. Então imagem corporal e identidade estão fortemente associadas. A imagem corporal pode ser a percepção dinâmica de como o corpo se olha, se sente e se move. Ela é formada por percepções, emoções, sensações físicas, que podem mudar em relação ao humor, experiência física e meio ambiente.

Afirmam(11) que os adolescentes experimentam mudanças físicas significativas nos seus corpos durante a puberdade. A imagem corporal, mais do que a externa avaliação por outros, é fortemente influenciada pela autoestima e autoavaliação. Ela pode, no entanto, ser fortemente influenciada e afetada por mensagens culturais e padrões sociais de aparência e atratividade. Dada a predominância de esbeltas e magras imagens femininas, fortes e

elegantes imagens masculinas comuns a todas as sociedades ocidentais, a imagem corporal tornou-se grande uma preocupação comum entre os adolescentes.

A identidade se organiza através de identificações, inicialmente com os pais, professores e ídolos, mas depois com seus pares, que se constituem em um importante modelo de identificação, pois é na turma que o adolescente compartilha e troca experiências. Por falarem e fazerem coisas comuns, se reconhecem pelas roupas, atos e linguagem utilizada. Na turma, os adolescentes são uniformemente originais.

O corpo nesse momento assume um importante papel na aceitação ou rejeição por parte da turma. O adolescente começa a perceber se seu corpo corresponde ou não ao corpo idealizado para si e também para seus pares. Via de regra, é através da identificação e comparação com outros adolescentes que ele começa a ter uma idéia concreta de seu esquema corporal.

Os aspectos relacionados ao crescimento e desenvolvimento corporal mais frequentemente comparados entre os adolescentes masculinos são a baixa estatura, tamanho do pênis, quantidade de pelos e força muscular. Neste momento tão importante, reforça(12) traz a enorme preocupação de pediatras, psicólogos, psiquiatras, juristas e educadores sobre a realidade atual de nossas crianças e adolescentes das favelas, periferias e de classe média, alertando sobre a questão latente que ele chama de criança “terceirizada”, criada sem muito carinho, sem atenção adequada e até amor. Estas crianças são entregues a tratadores, criadas longe dos olhos dos pais que precisam trabalhar. Que adolescentes, serão? Que adolescente estão sendo? Tristes, desnorteados, violentos, sem vínculos e sem “modelos” de comportamento a serem seguidos.

A imagem corporal, neste contexto, vai sendo construída de forma multifacetada em consonância com as percepções, pensamentos e sentimentos que o indivíduo possui a respeito de seu corpo, com os

componentes da imagem corporal relacionados à percepção do corpo, a partir da avaliação do tamanho e forma corporais, bem como com o conceito do corpo, representado pela autoestima.

[...] a imagem corporal envolve um complexo emaranhado de fatores psicológicos, sociais, culturais e biológicos que determinam subjetivamente como os indivíduos se veem, acham que são vistos e veem os outros. Atualmente as relações com o corpo são amplamente influenciadas por diversos fatores socioculturais. Estes fatores conduzem homens e mulheres a apresentarem um conjunto de preocupações e insatisfações com a imagem corporal, influenciando diretamente a busca pela melhor aparência física(13).

A determinação da imagem corporal é influenciada por componentes biofísicos, psicológicos, ambientais e comportamentais bastante complexos. Os fatores sociais, as influências culturais, a pressão da mídia e a busca por um padrão de corpo ideal parecem ser condições determinantes para o desenvolvimento de distorções da imagem corporal, em especial em adolescentes.

A adolescência pode ser definida como uma fase de transição entre a infância e a idade adulta, compreendendo a faixa cronológica entre dez e 20 anos. É caracterizada por profundas transformações biológicas e psicossociais que envolvem intenso crescimento e desenvolvimento. Em meio às transformações hormonais, funcionais, afetivas e sociais, as alterações de porte físico e a aparência corporal adquirem importância fundamental, particularmente durante o período de mudanças físicas, com o início do desenvolvimento de características sexuais secundárias próprias da adolescência. A cultura da magreza determina valores e normas que, por sua vez, condicionam atitudes e comportamentos relacionados ao tamanho do corpo, à aparência e à supervalorização do tamanho corporal, gerando descontentamento.

[...] o corpo e os traços físicos do adolescente apresentam importante relação com a imagem que ele tem de si mesmo e com a ideia que faz de como é, aos olhos dos outros...ainda não se estudou sistematicamente o modo pelo qual o desenvolvimento da personalidade é influenciado pelo fato do indivíduo ser ou não ser tido (por si ou pelos outros) como atraente corporalmente, contudo, há razão para crer que as atitudes de alguém a respeito de seu mérito como pessoa lhe influenciarão a atitude a respeito da sua aparência física, bem como serão influenciados por ela(14).

A insatisfação corporal se associa a situações de sobrepeso e obesidade, a mudanças no peso corporal durante o crescimento, ao gênero – especialmente o sexo feminino – e à percepção materna sobre o estado nutricional dos filhos, no período da infância e no início da adolescência. A insatisfação com a aparência corporal pode conduzir o indivíduo a obter comportamentos benéficos, com a incorporação de hábitos saudáveis, como a alimentação adequada e a prática de atividade física, modificando o âmbito biofísico e melhorando a percepção corporal.

No entanto, adolescentes insatisfeitos frequentemente adotam comportamentos alimentares anormais e práticas inadequadas de controle de peso, como uso de diuréticos, laxantes, autoindução de vômitos e realização de atividade física extenuante. Prejuízos no desenvolvimento físico e cognitivo podem ser evidenciados em jovens que praticam comportamentos inadequados provenientes de sua insatisfação corporal, ocasionando danos ao estado nutricional, baixa autoestima, limitações no desempenho psicossocial, quadros depressivos e maior risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares, quando comparados aos adolescentes satisfeitos com sua imagem.

O adolescente tem como característica comportamentos de contestação que o tornam vulnerável, volúvel, seguidor de líderes, grupos e modas, desenvolvendo preocupações ligadas ao corpo e à aparência. Há uma forte tendência social e cultural em considerar a magreza como uma situação ideal de aceitação e êxito. Ao lembrarmos-nos da evolução histórica da figura feminina, vemos que a obesidade era valorizada e representada nas artes, ao contrário do que se preconiza hoje. É cada vez maior a exigência de aparência magra e formas de emagrecimento em detrimento, muitas vezes, da saúde do indivíduo.

Todo adolescente tem em sua mente um corpo idealizado, e quanto mais este corpo se distanciar do real, maior será a possibilidade de conflito,

comprometendo sua autoestima. Os adolescentes masculinos desejam ganhar peso num porte atlético.

Atualmente, a sociedade tem sido caracterizada por uma cultura que elege o corpo como uma fonte de identidade. Por meio da mídia, que veicula propagandas com imagens de corpos ideais, atingindo principalmente os adolescentes, começa a existir uma busca por uma figura “perfeita”, o que leva as pessoas a se afastarem cada vez mais do seu corpo real. Sob essa perspectiva, o jovem passa a acreditar que, para ser aceito pelos outros, é preciso que a sua imagem corporal esteja de acordo com os padrões estabelecidos, o que tende a gerar uma insatisfação com o corpo, além de acarretar alterações na percepção da imagem corporal. Dessa forma, torna-se presente a preocupação com o peso e a aparência. É provável que na adolescência ainda não exista a completa aceitação da aparência física, o que pode resultar em baixa autoestima e comprometimento do autoconceito.

Afirma(15) que o ser humano é, com efeito, uma realidade dotada de peculiar plasticidade, caracterizada por sua condição aberta, incompleta, aquilo que o pensamento mítico já captou através da imagem do barro, da argila primordial com que o ser humano é moldado e que podemos entender mais rigorosamente a partir de nossa situação atual, através de nossas características biológicas. Assim é a ecumenicidade, a capacidade de viver nas ecologias mais variadas a ainda mais radical e profunda liberação corporal, não só da mão, mas do conjunto de nossa realidade física, assim como a abertura pulsional para a aprendizagem e o amadurecimento desde a pré-maturidade. Sendo assim, observamos uma tendência natural da adequação constante aos símbolos sociais e a sua absorção imediata para atender os apelos culturais no qual o indivíduo está inserido.

Um dos aspectos psicológicos associados aos problemas de aceitação do corpo é a imagem corporal, ou seja, a representação mental do próprio corpo e do modo como ele é percebido pelo indivíduo, de modo que a imagem envolve os sentidos, as idéias e sentimentos referentes ao corpo, que

possui memória e também uma identidade. Desse modo, pondera-se que a imagem corporal é um aspecto muito importante da identidade pessoal, uma vez que as questões relacionadas a esta imagem real e ideal do adolescente contribuem para a investigação sobre a visão que este possui de si mesmo. O sentido dessa identidade é estabelecido a partir da integração de experiências perceptivas que englobam condições ambientais, aspectos culturais e relações afetivas. Ao lado disso, reflete a maneira como o indivíduo se relaciona com o mundo, pois é a partir da relação estabelecida com o ambiente que ele irá se conhecer melhor e desenvolver a identidade pessoal.

[...] é que toda nossa cultura está marcada pela corporalidade, não só cerebral, mas também pela anatomia e pela sensorialidade que integram nosso mundo...observamos ainda que o espetáculo referido não engendra só emoções: revela-se articulando sua variedade e sua unidade como “panorama” , quer dizer, como totalidade visual. A idéia do ser, tendo em vista o termo introduzido em nossa cultura linguística para designar a dita totalidade... muito diafanamente a de phisys(15).

Em síntese, estamos diante de um conceito multidimensional que compreende os processos fisiológicos, cognitivos, psicológicos, emocionais e sociais em constante troca mútua. Esses processos podem ser influenciados pelo sexo, pela idade, pelos meios de comunicação e pela relação existente entre os processos cognitivos e o corpo, tais como crenças, valores e comportamentos pertencentes à cultura. Não obstante, a expressão “imagem corporal” engloba um desenho criado pela mente no qual se evidenciam o tamanho, o conceito e a forma do corpo, todos eles subsidiados pelos sentimentos.

Para os homens, o corpo perfeito seria aquele que é forte e musculoso, representando o ideal corporal masculino, pois o corpo musculoso tem sido desejado cada vez mais, embora existam homens que visem a um corpo esguio, o que pode caracterizar, mais tarde, um quadro de dismorfia muscular ou anorexia nervosa.

A pressão da mídia e a influência social provavelmente são os grandes fatores motivadores da insatisfação corporal dos adolescentes. Meninos com sobrepeso e obesidade almejam emagrecer, pois concebem o excesso de peso como elemento que desfavorece a atração do sexo oposto. Já

os adolescentes com baixo peso buscam aumentar a massa muscular para terem maior satisfação com a sua imagem corporal.

A inquietude do poder destrutivo da tecnologia em nossa civilização não se expressa somente no risco assinalado e chamativo de uma destruição física da vida, mas, mais sutilmente, nas ameaças de desumanização que o poderio tecnológico implica. Ainda segundo(15), o âmbito de nossa

corporalidade aberta ao mundo se completa com os objetos através da publicidade, constituindo-se numa relação de posse a partir da erotização gratuita, o que transforma a sociedade em consumista compulsiva e alienada e na qual a imagem do corpo belo se faz presente.

A grande importância atribuída à imagem e à aparência nas sociedades contemporâneas ocidentais é fato e muitos são os recursos existentes que constroem e fortalecem diariamente o universo da beleza e da estética. O corpo é também objeto deste cenário; corpos esculpidos, modelados em academias ou produzidos em salas cirúrgicas. As concepções e as representações do corpo, bem como da beleza, sofreram transformações ao longo da história em cada sociedade, associadas às mudanças socioeconômicas e culturais. Assim, conhecer como determinado grupo pensa e concebe o corpo pode contribuir para compreender a hegemonia de uma estética corporal, como também esclarece a amplitude dos significados relativos ao próprio corpo.

No olhar sobre o corpo podemos identificar aspectos biológicos e filosóficos: um objetivo, biológico, e outro, subjetivo, ou seja, vivenciado e sentido sob a reflexão da filosofia. Na primeira perspectiva, valorizam-se aspectos que podem ser medidos e verificados com exatidão e quantificados. Já do ponto de vista filosófico, o corpo é entendido ao se levar em consideração sua interação com o mundo e as implicações dessa relação. Os conceitos sobre a experiência do corpo e sua relação com o mundo começaram a extrapolar sua suposta dimensão exclusivamente natural, sendo

que esse processo tem desencadeado discussões sobre a ação, a vontade e o desejo humanos.

Defende(6) que é importante denunciar o aspecto elitista das

propostas de superação do corpo pelas novas biotecnologias, pois excluem quatro quintos da humanidade que não possuem acesso às tecnologias e que não podem se dar o luxo de ignorar a sua materialidade e declarar obsoleto o seu corpo na luta cotidiana pela sobrevivência.

[...] nesse sentido, sua advertência de que: “deveríamos lembrar que, no futuro previsível, devemos ‘ficar aqui’, nestes corpos, neste planeta, e que nossas responsabilidades estão localizadas precisamente aqui e não em algum universo digital paralelo”. Corpos reais, vidas reais, responsabilidades reais. Precisamente, ao declarar a obsolescência do corpo e ao negar a sua materialidade, os teóricos do ciberespaço e do pós-humanismo contradizem as condições que nos fazem humanos, dadas pelo nosso enraizamento corporal no mundo(6).

.

A materialidade do corpo, que, para alguns gurus da realidade virtual, constitui a ‘escravidão do corpo’, designa nossa finitude e localização inescapável no tempo e no espaço, na história e na cultura. É por isso que a propagada dissolução do corpo acontece na forma de uma resistência diante do fato de que estamos sempre em algum lugar – nosso ‘aqui’ e ‘agora’ –, que define nossa condição humana histórica. A prometida libertação da facticidade da vida real e da emancipação do espaço-tempo e da ordem simbólica na realidade virtual e nas biotecnologias revelou-se uma ilusão. Por um lado, como vários autores constataram, os espaços virtuais reproduzem frequentemente as normas dominantes da vida real, incluindo os mesmos modelos racistas e sexistas de beleza e comportamento. Pode se imaginar um cenário ainda pior no qual a liberdade torna-se a liberdade de abusar e atormente a libertação dos constrangimentos de nosso corpo uma incitação para a tortura virtual, assim como uma distração de nossas obrigações e responsabilidades reais num mundo real. Por outro lado, o corpo modificado por cirurgias plásticas, implantes e próteses de todo tipo (orgânicas ou inorgânicas), não desaparece nem permite superar a corporeidade como origem da ação: o ponto zero das coordenadas e centro nevrálgico, como nos lembra a fenomenologia.

Na sociedade contemporânea, a superexposição de modelos corporais nos meios de comunicação contribui fundamentalmente para a divulgação de uma ótica corpórea estereotipada e determinada pelas relações do mercado capitalista de consumo. A esse respeito, nos referimos ao mundo contemporâneo no qual a mídia que exerce papel importante na construção e desconstrução de procedimentos e padrões de estética, os quais estão submetidos a interesses de empresas produtoras de mercadorias, indústrias de aparelhos e equipamentos e setores financeiros.

A preocupação com a beleza vem ganhando força na contemporaneidade em função do estereótipo do corpo forte, belo, jovem, veloz, preciso e perfeito. As classes populares têm se esforçado para obterem imagem semelhante à que a classe dita superior tem do corpo. As revistas lidas por mulheres da classe média ou da faixa superior das classes populares são veículos que propõem as normas e modelos de vida das classes ditas superiores e contribuem para suscitar nas leitoras vergonha de si mesmas e, mais precisamente, vergonha de seus corpos. Ressalte-se que, dessa forma, a vergonha de si mesma pode estar relacionada à vergonha de sua classe, pois se considera que o corpo é efetivamente do mesmo jeito que todos os outros objetos técnicos, visto que a posse do mesmo marca o lugar do indivíduo na hierarquia de classes.

A estética corporal de adolescentes de classes populares vem sendo investigada a partir das representações do corpo entre esses, o que tem permitido conhecer seus valores, opiniões e crenças. Importante destacar que a adolescência é frequentemente associada a um período do desenvolvimento humano marcado por transformações biológicas e psíquicas geradoras de inquietudes e sofrimento, sendo a emergência da sexualidade e a dificuldade em estabelecer a própria identidade alguns dos elementos associados a essa fase.

[...] o corpo é o lugar onde primordialmente, o jovem imprime sua contestação. Seja no corte de cabelo, no uso de adornos pouco convencionais, nas vestimentas, na fala, nos gestos e, finalmente, no próprio corpo. As marcas impressas no corpo vão desde uma simples tatuagem –

antes reservada a homens – até modificações do corpo, com o aparecimento das mais variadas técnicas(1).

Nesse contexto, o critério biológico comparece e tem associação com o fenômeno da puberdade, o qual, através de transformações físicas importantes, prepara o organismo para a reprodução. Esse fenômeno caracteriza-se pela universalidade na espécie e delimita as fronteiras da adolescência, pois o processo de surgimento dos caracteres sexuais e da finalização do crescimento morfológico se confunde com o período cronológico mais comumente associado à adolescência, isto é, em média, dos dez aos dezesseis anos nas meninas e dos doze aos vinte anos nos meninos, podendo variar entre grupos populacionais.

Do ponto de vista cronológico, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a pré-adolescência como a fase que vai de dez a catorze anos e a adolescência propriamente dita como sendo a fase de quinze a dezenove anos. Já na esfera legal brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal 8.069, de 1990) considera a pessoa entre doze e dezoito anos de idade como adolescente. Buscando superar diferentes visões acerca da adolescência, estudos têm sido realizados considerando a mesma como uma criação histórica do homem enquanto representação, fato social e psicológico. Para os meninos, a força muscular já teve o significado de maior possibilidade para o trabalho, maior capacidade de guerrear e caçar. Hoje é considerada como fonte de beleza, sensualidade e masculinidade. Assim, é relevante destacar que, ao falarmos de adolescência, o fazemos por meio da inserção histórico-estrutural e simbólica, e não meramente por uma delimitação de faixa etária.

Uma representação complexa e multifacetária que envolve, no

Documentos relacionados