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2. A IMPLEMENTAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO E A MUDANÇA

2.4. O cumprimento da pena privativa de liberdade em Marabá após o

Conforme exposto no capítulo anterior, o caos no sistema carcerário ganha força, dentre outros motivos, pelos problemas oriundos do processo de execução penal, seja pelo atraso na autuação da Guia de Recolhimento (ou Carta Guia) e, consequentemente, atraso na autuação do processo, seja pela demora na análise dos benefícios (e a isso se enquadra o atraso na confecção do atestado de pena a cumprir, documento indispensável para análise dos benefícios, pois é através do mesmo que se realizam as projeções das datas dos benefícios a serem concedidos aos apenados privados de liberdade).

Com o sistema SEEU, esta realidade sofre algumas mudanças, pois com o recebimento da Guia de Recolhimento (ou Carta Guia) e demais peças (quais sejam: Sentença condenatória, Denúncia e Certidão de Trânsito em Julgado), pela via digital, ou seja, em arquivo no formato PDF, tal documentação já pode ser anexada diretamente no SEEU, sem necessidade de prévia digitalização, então a etapa de autuação se torna mais simples e rápida, passando-se logo a etapa seguinte: a de cadastramento dos dados do apenado no SEEU.

Com o devido cadastro no Sistema SEEU, as informações pessoais (do apenado) passam a compor o banco de dados, o qual será compartilhado nacionalmente, possibilitando que essas informações sejam vinculadas a eventuais processos de conhecimento em nome do apenado em qualquer Comarca nacional.

Posteriormente, se passará ao cadastro das informações sobre o processo criminal, especificando-se, por exemplo, data do fato, data da sentença, etc., conforme se constata na imagem abaixo, extraída do Sistema SEEU:

Imagem extraída do Sistema SEEU.

Outro cadastro básico necessário que deve ser realizado no âmbito do SEEU é o da movimentação carcerária, ou seja, deve-se realizar o cadastramento das datas de “entradas e saídas” e “prisões e solturas”, consideradas como cumprimento de pena, e que no sistema SEEU denominam-se “eventos”, conforme imagem abaixo:

Basicamente, realizados esses cadastros, o Sistema Eletrônico elabora automaticamente o Atestado de Pena a Cumprir, como já mencionado anteriormente,

que é o documento primordial na execução penal, onde se projetam as datas dos benefícios de livramento condicional e progressões de regime, sendo que este documento poderá ser baixado em formato PDF e impresso para ser entregue ao apenado. Vale ressaltar que o Atestado de Pena a Cumprir poderá ser baixado por quaisquer dos órgãos da execução penal, anteriormente mencionados, e poderá ser impresso.

Mas a grande novidade do sistema está no fato de ele alertar às partes de que determinado apenado está prestes a obter o requisito objetivo, ou seja, alcançar os lapsos temporais para determinados benefícios, pelo menos 30 dias antes. Isso pode ser filtrado por um período ainda mais longo. Portanto, os alertas gerados que informam quais benefícios estão vencidos ou próximos a vencer são acessados por todos os órgãos da execução penal, que poderão, de ofício, peticionar em favor do apenado. A seguir colaciona-se a imagem de como se dá o alerta no SEEU:

Portanto, não obstante a celeridade no andamento processual, ou seja, nos trâmites como, por exemplo, a ausência de autuação, carimbos, numeração de paginas, etc., o impacto no cumprimento de pena se dá, sobretudo, pelos controles que o sistema SEEU proporciona, pois, como visto acima, possibilita ao magistrado, promotor de justiça, defensor público, advogado, estabelecimento prisional, etc., fiscalizar as datas de benefícios72.

72Oportuno registrar que o “Prêmio Innovare”, do ano de 2017, foi concedido ao juiz das execuções

Na Comarca de Marabá, como já comentado anteriormente, a virtualização dos processos se encontra em fase de transição, mas os efeitos podem ser considerados positivos, conforme resultado das entrevistas realizadas neste estudo, que serão apresentadas no próximo capítulo. Isso porque os apenados sabem o dia em que alcançam o requisito objetivo para progredir de regime, o que, conforme se abordará mais detidamente adiante, pode ser considerado o principal impacto positivo causado na execução penal.

Desta feita, conforme exposto ao longo deste subitem, pode-se constatar que, comparativamente ao processamento da execução penal antes do processsamento eletrônico (exposto no capítulo anterior), a instituição do SEEU trouxe grande progresso, pois conseguiu agregar mecanismos de celeridade no andamento processual, como remessa às partes, juntada de documentos e recebimento de petições, bem como a comunicação dos atos judicias. De igual maneira o SEEU possibilita vários alertas de controle e relatórios, como por exemplo, as datas em que os apenados irão atingir para certos benefícios, como progressão de regime, livramento condicional, indulto, etc. Isso tudo permite que com um número reduzido de serventuários consiga atuar em um número maior de processos eletrônicos, em comparação aos processos físicos.

progressão de regime e livramento condicional exatamente na data aprazada, com a prática intitulada: “Sistema de Apreciação Antecipada de Benefícios (SSAB)”, onde com o auxílio do SEEU a análise do benefício começa a ser apreciada com antecedência de 60 dias, de maneira que, quando chegar a data do benefício, o mesmo seja concedido ao apenado. Já o “prêmio Innovare” de 2016 também teve como vencedor prática que se vale da aplicação do SEEU, foi agraciado à Vara de Execução Penal de Curitiba intitulado: “Otimização Eletrônica de Benefícios na Execução Penal”, e assim como a prática anterior, se propõe a evitar que presos fiquem encarcerados por mais tempo do que o definido pela justiça.

3. OS IMPACTOS DA INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL NA

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