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O 28 de maio de 1926

No documento TIA Asp Cav Fernandes (páginas 33-38)

CAPÍTULO 3 – CONTEXTUALIZAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL:

3.6. O 28 de maio de 1926

3.6.1. Alguns parâmetros estatísticos dos Oficiais (Exército)

Aniceto Afonso e Manuel Braz da Costa procuraram saber “Quem eram os

«capitães do Movimento»” de 25 de abril de 1974 (1985, p. 100). Nesta investigação,

procura-se igualmente saber “Quem eram os oficiais que participaram no Movimento de 28 maio de 1926?”. De acordo com a “Lista de Antiguidade dos Oficiais do Exército – Quadro7

Permanente”, referida a 31 de dezembro de 1925, existiam 2.789 oficiais. Deste

conjunto, foram contabilizados 10817 (8.0%). Este universo tem como base os oficiais que estiveram empenhados no pronunciamento iniciado a 28 de maio18.

3.6.2. Caraterização geral dos oficiais do Exército empenhados no pronunciamento Do universo atrás identificado, verifica-se uma maciça participação das armas (Infantaria – 34.26%, Artilharia – 37.04%, Cavalaria – 24.07 %), conforme se encontra demonstrado no Quadro n.º 1. Ou seja, representavam uma totalidade de, 95.37% - 103 oficiais, empenhados neste pronunciamento. Em contrapartida, os Serviços denotam significativa reduzida participação. Contam no total com 4.71% - 5 elementos ligados a este pronunciamento.

Quadro n.º 1 - Distribuição por armas e serviços dos oficiais participantes no pronunciamento de 1926

Armas N.º % Infantaria 37 34.26 Cavalaria 26 24.07 Artilharia 40 37.04 Medicina 3 2.77 Veterinária 2 1.94 Total 108 100.00

Fonte: Elaboração própria, com base em: AGE/SDG/OS/3123; AGE/SDG/OS/3329; AGE/SDG/OS/3508; AGE/SDG/OS/3537; AGE/SDG/OS/3600; AGE/SDG/OS/4354; AGE/SDG/OS/6359; AGE/SDG/OS/7674; AGE/SDG/OS/7696; AGE/SDG/OS/7704; AGE/SDG/OS/9999; AGE/SDG/OS/10168; AGE/SDG/OS/10282.

17 Afonso e Costa (1985) chamam universo à sua contagem. Igual consideração é utilizada neste trabalho de investigação.

18AGE/SDG/OS/3123; AGE/SDG/OS/3329; AGE/SDG/OS/3508; AGE/SDG/OS/3537; AGE/SDG/OS/3600; AGE/SDG/OS/4354; AGE/SDG/OS/6359; AGE/SDG/OS/7674; AGE/SDG/OS/7696; AGE/SDG/OS/7704; AGE/SDG/OS/9999; AGE/SDG/OS/10168; AGE/SDG/OS/10282. Foram analisados os nomes enunciados nestas Ordens de Serviço (OS). Devido à inexistência documental, em arquivo, de inúmeras OS, não foi possível obter o total de indivíduos que participaram no pronunciamento de 28 de maio de 1926.

Quanto à distribuição por postos dos participantes – Quadro n.º 2 – saliente-se o facto de os Tenentes representarem mais de metade do universo em estudo, com 65 (60.19%). Estiveram igualmente presentes Capitães, com 20 (18.52%) e Alferes (11.11% - 12). A menor participação é nos postos de oficiais superiores e oficiais generais. Nesta última classe, número de envolvidos, representa 4.63% - 5 elementos participantes. Na classe de oficiais superiores, conta-se com a participação de 2 Majores (1.85%) e 9 coronéis (3.88%).

Quadro n.º 2 – Distribuição por postos dos oficiais participantes no pronunciamento de 1926

Postos N.º % General 5 4.63 Coronel 4 3.88 Tenente – coronel 0 0.0 Major 2 1.85 Capitão 20 18.52 Tenente 65 60.19 Alferes 12 11.11 Total 108 100.00

Fonte: Elaboração própria, com base em: AGE/SDG/OS/3123; AGE/SDG/OS/3329; AGE/SDG/OS/3508; AGE/SDG/OS/3537; AGE/SDG/OS/3600; AGE/SDG/OS/4354; AGE/SDG/OS/6359; AGE/SDG/OS/7674; AGE/SDG/OS/7696; AGE/SDG/OS/7704; AGE/SDG/OS/9999; AGE/SDG/OS/10168; AGE/SDG/OS/10282.

Segundo Maria Carrilho (1985), os oficiais que iniciaram a carreira militar no período republicano provinham maioritariamente do meio urbano19

- Quadro n.º 3. Neste âmbito, verifica-se que, no período compreendido, entre 1910-1919, mais de metade dos cadetes provinham das cidades. Os distritos de Portalegre, Évora, Braga e Faro são a exceção. Já no período compreendido entre 1920-1929, registou-se uma mudança da proveniência destes oficiais. Com efeito, apenas nos distritos de Lisboa/Setúbal e Porto é possível verificar que a maioria dos cadetes provinham do meio urbano. Todos os restantes distritos, neste período, apresentam uma maioria de oficiais provindos do meio rural20.

19 Maria Carrilho (1985) conta como meio urbano apenas a população residente nas sedes de distrito. Esta diferenciação é também adotada neste trabalho.

20 Deve-se entender que este quadro, por apenas mencionar a naturalidade dos oficiais que ingressaram na instituição militar desde 1910, não demonstra a realidade de todos aqueles que realizaram as tentativas de deposição e o derrube efetivo. Desta forma, o quadro apresenta, somente, a realidade geral, dos subalternos (e, também de uma parcela dos capitães) que tiveram participação no pronunciamento. Contudo, como visto

Quadro n.º 3 – Oficiais do Exército nascidos em cidades, sedes de distrito

Distrito/Zona de Nascimento

Década de entrada na Escola do Exército (EE), Escola de Guerra (EG) e Escola Militar (EM)21

1910-1919 1920-1929

Sobre o total oficiais nascidos no distrito Sobre o total dos oficiais nascidos no distrito Lisboa/Setúbal 84.7 88.9 Porto 74.2 61.7 Zona A22 51.9 35.0 Zona B23 44.5 31.0 Zona C24 53.3 25.4 Zona D25 25.7 26.3 Zona E26 22.7 24.2 Ilhas 18.7 15.3 Ultramar 18.1 0.0

Fonte: Adaptado de Maria Carrilho (1985)

Dos dados presentes nos Quadros n.º 4 e 5, ressaltam, desde logo, as respetivas

percentagens dos grupos “Forças Armadas” e “Funcionários Públicos”. A carreira das

armas, nestes períodos, parece provir de famílias de servidores do Estado, civis ou militares, com predomínio dos primeiros. É de notar a inexistência do número de militares provenientes de camadas sociais menos favorecidas, abrangendo o conjunto

“Empregado”, “Empregado Qualificado” e “Agricultor não proprietário”. A partir do

cruzamento de dados, entre os antecedentes familiares e os distritos de origem, verifica- se que esta camada de jovens além de ser do meio urbano, tem na sua maioria, familiares que exercem funções nos dois grupos descritos anteriormente.

anteriormente, a hierarquia de oficiais com maior representatividade é efetivamente a dos tenentes, ou seja, os que ingressaram na EE, na EG e EM, depois de 1910.

21 Após a implantação da República, a EE é remodelada, passa a designar-se de EG. Terminada a I GM, foi decretada, em 10 de maio de 1919, uma nova reorganização da Escola passando a denominar-se EM, até 1938 (Carvalho, 1993).

22 Zona A: Distritos de Viana do Castelo, Braga, Aveiro e Coimbra; 23 Zona B: Distritos de Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda; 24 Zona C: Distritos de Castelo Branco, Leiria e Santarém; 25 Zona D: Distritos de Portalegre, Évora e Braga;

Quadro n.º 4 – Oficiais do Exército: antecedentes familiares relacionados com a origem geográfica (em percentagem)

Grupo de Profissões/

Distritos

Década de entrada na EE, EG e EM: 1910-1919 Lisboa Porto Zona A Zona

B Zona C Zona D Zona E Ilhas Ultramar Forças Armadas 66.0 29.5 36.0 23.0 45.5 33.4 50.0 21.5 85.8 Funcionário Público 9.1 17.7 24.0 23.0 0.0 20.0 25.0 28.6 14.2 Profissões Liberais 2.2 23.6 12.0 3.2 0.0 0.0 0.0 7.1 0.0 Proprietário 2.2 11.7 0.0 26.3 18.2 26.7 0.0 21.5 0.0 Comerciante 2.3 11.7 4.0 9.9 18.2 13.3 12.5 14.2 0.0 Empregado 6.9 5.8 8.0 4.9 9.0 0.0 0.0 0.0 0.0 Empregado qualificado 2.2 0.0 0.0 1.6 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 Agricultor não proprietário 0.0 0.0 4.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 Operário/Artesão 9.1 0.0 12.0 8.1 9.1 6.6 12.5 7.1 0.0

Fonte: Adaptado de Maria Carrilho (1985)

Quadro n.º 5 – Oficiais do Exército: antecedentes familiares relacionados com origem geográfica (em percentagem)

Grupo de Profissões/

Distritos

Década de entrada na EM: 1920-1929 Lisboa Porto Zona

A Zona B Zona C Zona D Zona E Ilhas Ultramar Forças Armadas 64.1 42.9 48.6 43.1 44.8 54.1 62.9 33.4 92.4 Funcionário Público 10.2 23.9 8.6 17.0 2.6 5.4 18.6 6.6 0.0 Profissões Liberais 5.4 4.7 17.2 10.8 2.6 5.4 3.7 13.4 0.0 Proprietário 2.3 4.7 11.5 17.0 13.2 13.5 3.7 13.4 0.0 Comerciante 2.3 0.0 2.8 4.6 18.5 5.4 7.4 13.3 0.0 Empregado 7.1 14.3 2.8 0.0 2.6 5.4 3.7 13.3 7.6 Empregado qualificado 2.3 0.0 5.7 3.0 2.6 0.0 0.0 0.0 0.0 Agricultor não proprietário 0.0 0.0 0.0 1.5 2.6 2.7 0.0 6.6 0.0 Operário/Artesão 6.3 9.5 2.8 3.0 10.5 8.1 0.0 0.0 0.0

CAPÍTULO 4 - CONTEXTUALIZAÇÃO NACIONAL E

No documento TIA Asp Cav Fernandes (páginas 33-38)

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