• Nenhum resultado encontrado

Directiva 95/46/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 24 de Outubro de 1995 relativa à protecção das pessoas singulares no que diz

3. Direitos dos titulares dos dados

3.8. O direito de oposição

Trata-se da faculdade concedida ao titular dos dados de se opor ao tratamento dos seus dados pessoais, com base em razões preponderantes e legitimas relacionadas

com a sua situação particular156. Está previsto no artigo 14º da Directiva e artigo 12 º

da Lei 67/98.

Refere ainda o artigo 14º da Directiva que este direito poderá ser exercido pelo menos nos casos referidos nas alíneas e) e f) do artigo 7º. Isto é o titular dos dados poderá opor-se ao tratamento, por razões ponderosas e legitimas, quando o tratamento for necessário para a execução de uma missão de interesse público, ou o exercício da autoridade pública de que é investido o responsável pelo tratamento, ou um terceiro a quem os dados sejam comunicados (al. e)), ou o tratamento for necessário para prosseguir interesses legítimos do responsável pelo tratamento ou do terceiro ou terceiros a quem os dados sejam comunicados. Neste caso devem prevalecer os direitos e liberdades fundamentais das pessoas singulares, nomeadamente o direito à vida privada, no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais.

O que são “razões preponderantes e legitimas relacionadas com a sua situação particular” terão de ser encontradas no caso concreto, ponderando-se o direito fundamental à reserva da intimidade da vida privada do titular dos dados e o interesse

155 P. De Hert and S. Gutwirth nota 33 Data Protection in the Case Law of Strasbourg and Lxembourg, Reinventing Data

Protection?, pág 9.

156

Este direito manifesta-se por exemplo na possibilidade do titular dos dados se recusar a responder a um inquérito ou uma sondagem.

104

público nos casos da al. e) e os interesses do titular dos dados com o interesse do responsável pelo tratamento de dados no caso da al. f). Esta questão só se coloca

quando o tratamento é leal e lícito157, isto porque se o tratamento é ilícito e desleal,

violaria os princípios gerais da protecção de dados e sempre seria proibido.

O titular dos dados pode exercer este direito a qualquer momento desde que apresenta as razões ponderosas e legítimas.

Em ambos os casos a Directiva 95/46 salvaguarda de que as legislações nacionais possam dispor de outra coisa.

Este direito de oposição interfere com o princípio da qualidade dos dados, dando origem a dados incompletos. Nesse caso deve fazer-se referência a informação incompleta para não comprometer a qualidade dos dados.

Este direito só pode ser exercido se os titulares dos dados tiverem conhecimento da existência do tratamento o que se torna extremamente difícil no caso da recolha dos dados for feita através da Internet.

O artigo 14º, al. b) da Directiva dispõe acerca do direito de oposição no âmbito da

mala directa (marketing directo)158. Neste caso o titular dos dados pode-se opor sem

apresentar quaisquer razões, gratuitamente e em qualquer momento.

O responsável pelo tratamento deve no momento da recolha dos dados informar o titular dos dados das finalidades da recolha das informações e do direito de oposição que lhe assiste.

O direito de oposição do titular de dados pode ser exercido logo no momento, normalmente num quadrado do formulário da recolha de dados. O direito de oposição

também pode ser exercido através das chamadas “listas Robinson”159 que são geridas

pela Associação Portuguesa de Marketing Directo, e que contêm o nome de todos os que pretendam ser excluídos das operações de marketing directo. Para isso basta solicitar directamente à APMD para fazer parte da lista, ficando salvaguardado da inclusão em ficheiros para efeitos de marketing.

157

Ver Considerando (45) da Directiva.

158

Sobre a questão do spam pode ver-se supra capítulo I.

105 As entidades que promovam a publicidade para o domicílio deverão fazer as suas próprias listas que deverão consultar antes da realização do mailing para verificarem a quem não deverão enviar publicidade, nos termos do artigo 4º da Lei 6/99 de 27 de Janeiro.

No caso concreto do correio electrónico o direito de oposição ao envio de mensagens comerciais não solicitadas está regulado pelos nºs 6 e 7 do artigo 22º da Lei 7/2004. Este artigo estabelece que as entidades que promovam o envio destas comunicações cabe manter uma lista actualizada das pessoas que manifestaram o desejo de não as receber.

Assim em conclusão, o cidadão europeu:

Tem o direito de se opor, nalguns casos previstos na lei, a que os seus dados não sejam objecto de tratamento, por razões ponderosas e legítimas relacionadas com a sua situação particular.

Tem o direito de se opor, a seu pedido e gratuitamente, ao tratamento dos seus dados pessoais para efeitos de marketing directo ou de qualquer outra forma de prospecção. Tem o direito de se opor a que os seus dados de cliente sejam utilizados para efeitos de marketing da empresa.

Tem o direito de se opor a que os seus dados pessoais sejam comunicados a terceiros, salvo disposição legal em contrário.

O direito de oposição do interessado é um meio preventivo e cautelar.

No dizer de Domingo Bello Janeiro160, a regulação do direito de oposição não está

isenta de críticas: este direito seria realmente de grande importância se tivesse sido contemplado no sentido lato da palavra. Na verdade limita-se a efectividade deste direito a uns quantos pressupostos muito concretos, com a intenção de mitigar a ampla margem concedida ao princípio do consentimento do artigo 7º onde se utilizam expressões muito vagas de amplo conteúdo.

160 Director da Escola Galega de Administração Pública in “La Proteccion de Datos de Carácter Personal en el Derecho Comunitario

em Estudos de Direito da Comunicação, Instituto Jurídico da Comunicação, Coimbra 2002, pag 37 “ La regulation del derecho de

oposición no está en absoluto exenta de criticas: este derecho seria realmente de grand importância si se contemplara en el sentido lato de la palabra. En verdade se limita la efectividad de este derecho a unos quantos supuestos muy concretos, tal vez com el ánimo de mitigar el amplio margen concedido al principio del consentimiento del articulo 7 donde se utilizan expressiones muy vagas de amplio contenido”.

106

Quando a directiva fala de “prospecção” e “efeitos de mala directa” está fazendo referência aos ficheiros mantidos com fins de publicidade e de marketing directo.