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4 ESTUDO DE CASO: A INDÚSTRIA AERONÁUTICA BRASILEIRA-

4.5 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

4.5.1 O Drawback e a Balança Comercial

Em 2007, as exportações e as importações brasileiras atingiram, respectivamente, US$ 160,7 bilhões e US$ 120,6 bilhões, com um saldo positivo de US$ 40,0 bilhões na balança comercial. No que diz respeito ao dinamismo das exportações, no ano de 2007 houve um crescimento de 16,6% em relação a 2006, quando as exportações alcançaram US$ 137,8 bilhões. Isso corresponde a um incremento superior ao obtido em 2006 na comparação com 2005, mas inferior aos aumentos alcançados nos anos de 2003 a 2005 (Figura 3, IEDI, 2008).

Assim como nos anos anteriores, o dinamismo das vendas externas veio acompanhado de um aumento significativo das importações. Desde 1999 as exportações apresentaram desempenho melhor que as importações. No entanto, em 2006 e, ao contrário dos anos anteriores, as importações cresceram consideravelmente mais que as exportações, uma vez que a expansão das compras externas atingiu 32% e a das vendas externas 16% em 2007 (R$ 91,3 bilhões em 2006 contra R$ 120,6 bilhões em 2007, Figura 3).

Considerando o volume de comércio (exportações + importações), nota-se que ele atingiu uma vez mais seu maior nível histórico (US$ 281,3 bilhões) no ano de 2007, superior em 22,7% ao valor correspondente de 2006. Já os US$ 40,0 bilhões obtidos como saldo comercial significaram uma redução (13,8%) em relação ao mesmo período de 2006, quando tal saldo atingiu US$ 46,5 bilhões (R$ 44,9 bilhões em 2005). Em 2007, diferentemente dos

anteriores, o crescimento do volume de comércio não foi acompanhado de aumento do saldo da balança comercial (IEDI, 2008).

Figura 3 – Evolução das Importações, Exportações, Balança Comercial e Volume Comercial no Brasil de 1997 a 2007

Esses números demonstram os inegáveis avanços do comércio exterior brasileiro, como mostram os gráficos da Figura 3, tendo em vista que, desde 2002, os sucessivos recordes alcançados nos saldos da balança comercial ocorreram em um cenário de expansão das importações, o que pode indicar um retorno do crescimento, através de um significativo desempenho dos setores exportadores. É importante destacar que a valorização do real, ocorrida desde 2004, pode ter contribuído com uma parcela significativa no aumento das importações.

Com base nessas expressivas taxas de crescimento do comércio exterior brasileiro, nesta dissertação, buscou-se investigar a contribuição do Drawback para as exportações brasileiras e mais especificamente para a IAB, no período de 1997 a 2007.

Os primeiros levantamentos efetuados demonstram que, para o governo, esse estímulo é bastante significativo, uma vez que, beneficiou, em 2007, mais de US$ 10 bilhões em importações, alavancou US$ 50,7 bilhões nas exportações e resultou em saldos positivos e crescentes da balança comercial, no período de 2002 a 2007 (Figura 4).

Com base nesses dados, a Figura 4 (A) mostra que as exportações vinculadas ao

Drawback não apresentaram uma tendência uniforme ao longo do tempo. Verifica-se que

depois de o volume das exportações alcançar uma expressiva variação anual positiva de 43,9% em 2004, ele tende a diminuir fortemente; enquanto que o volume das importações parece ter acompanhado a variação cambial. Vale a pena ressaltar que a partir de 2006 as variações percentuais de crescimento das importações vinculadas ao regime de Drawback ultrapassaram os percentuais de variações das exportações seguindo a mesma tendência de crescimento das importações totais verificada a partir de 2005 (Figuras 3 e 4).

Conforme se verifica nas figuras 4 (C) e 4 (D), o crescimento do volume de comércio acompanhou os aumentos dos saldos da balança comercial, em todo o período analisado, o que significa que as operações de Drawback além de gerarem divisas impulsionaram as transações de comércio exterior.

Figura 4 - Evolução das Importações Drawback, Exportações Drawback, Balança Comercial Drawback e Volume Comercial Drawback no Brasil de 1997 a 2007

Ademais, observa-se na Figura 5(A) que a participação das exportações amparadas pelo Drawback sobre as exportações totais brasileiras situa-se na faixa de 26,01% e 34,36, com um percentual médio de 30,87%, em todo o período analisado. Além disso, para cada dólar importado via Drawback é gerada uma média de 4,39 dólares em exportações

Drawback24, o que significa um bom resultado, conforme demonstrado na Figura 5(B).

Figura 5 – (A) Fatia do Drawback nas Exportações e Importações Brasileiras de 1997 a 2007 (B) Evolução das Razões “Exportação/Importação” e “Exportação Drawback/Importação Drawback” Brasileiras de 1997 a 2007

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do Siscomex-RFB-MF (2008)

Esses dados revelam que a balança comercial brasileira é significativamente beneficiada pelo Drawback, tendo em vista que as exportações amparadas por esse regime aduaneiro, além de manterem uma grande correlação com as exportações totais contribuem decisivamente para que haja o crescimento do volume de comércio (Figura 3(C)).

Várias foram as causas que contribuíram para o crescimento das exportações brasileiras, no período analisado (1997 a 2007), tais como: a implementação de uma política cambial que reflete as regras do mercado e, por conseguinte, contribui para aumentar a confiança dos agentes econômicos; a tendência de crescimento do comércio mundial; o

aumento dos preços internacionais de algumas das principais commoditties brasileiras nos anos de 2006 e 2007; e o crescimento da China e da Índia (IEDI, 2008). Neste contexto, o regime aduaneiro especial de Drawback é considerado um importante incentivo de estímulo à exportação, e, conforme o exposto, no caso brasileiro, parece ter compensado, ainda que em parte, os efeitos adversos causados às exportações, principalmente, pela apreciação cambial ao longo dos últimos anos e por isto a sua utilização necessita ser cada vez mais aperfeiçoada.

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