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O ensino da música e a diferenciação pedagógica

contrabaixo) Concerto de Karl

6. Análise Crítica da Atividade Docente

2.3 O ensino da música e a diferenciação pedagógica

Os métodos pedagógicos tais como Montessori, Waldorf, Escola da Ponte, etc. são cada vez mais referidas como alternativas aos métodos tradicionais de ensino académico, no entanto, estas metodologias alternativas estão claramente mais implementadas no ensino pré-escolar e básico e maioritariamente no ensino de grupo, sendo a abordagem individual ainda muito inconsistente. Isto reflete a necessidade mais urgente da democratização do ensino e uma maior conscientização da heterogeneidade dos grupos escolares, apesar de se considerar a necessidade de diferenciar e de novas metodologias, assume-se que essa diversificação não é heterogénea e que depende sempre da disponibilidade dos docentes e de quem administra as escolas.

As dificuldades encontradas na utilização de métodos de diferenciação pedagógica estão muitas vezes associadas ao nível da execução em turmas demasiado grandes, currículos demasiados extensos e rígidos e inúmeros objetivos que o docente tem de cumprir. A sua implementação requer um docente experiente que saiba gerir tarefas, planificar, atribuir tempo a essas mesmas tarefas e dirigi-las a cada aluno ou grupo de alunos, integradas nas várias matérias a lecionar. Requer também que o docente tenha a capacidade de

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diagnosticar os seus alunos, perceber as suas limitações para se permitir desenvolver um plano que possa colmatar as necessidades individuais desenvolvendo estratégias de ensino e utilizá-las da forma mais adequada e produtiva sem comprometer as aprendizagens do grupo em detrimento de um só aluno.

A diferenciação pedagógica no ensino da música tem ainda uma abordagem muito inconsistente mas pode ser facilmente implementada pois além das aulas de conjunto, as aulas individuais permitem ao docente de uma forma mais contextualizada aplicar modelos de diferenciação pedagógica.

Salienta-se que as aulas de grupo têm uma vertente educativa muito importante, sendo a cooperação crucial como processo educativo, os alunos compreendem que para atingir o seu objetivo é fundamental que os outros elementos do grupo o façam também, acabando por perceber que cooperando adquirem mais competências. Aqui a diferenciação pedagógica pode ser usada pelo professor para diferenciar várias formas de organização do trabalho e ensinar recorrendo tanto ao trabalho autónomo como ao trabalho partilhado entre pares, respeitando a diversidade do grupo e orientando o mesmo para o trabalho em equipa, criando uma estrutura de cooperação em que o grupo só consiga atingir os objetivos curriculares quando cada um dos alunos os atingir individualmente.

Por exemplo, um aluno que tem uma inteligência acima da média, podendo-se mesmo considerar sobredotado, consegue mais facilmente ler partituras complexas com uma capacidade grande comparado com os seus pares, diferenciar tempos, desenvolver métodos de estudo. No entanto poderá apresentar uma fraca coordenação motora e ter alguma dificuldade em executar o instrumento com a postura correta, não controlando bem a pulsação e o ritmo, sendo a execução do instrumento imperfeita pois não controla bem os movimentos dos dedos, tem também muita dificuldade em lidar com frustração ou a fazer apresentações públicas com determinação e auto-confiança. Estando este aluno inserido numa orquestra, pode o docente promover estratégias de grupo que visem trabalhar ritmos através de jogos com todos os elementos, solicitar a presença dos pais ou encarregados de educação em algumas aulas para que os alunos façam pequenas apresentações com público debelando assim questões de auto-estima ou confiança nas apresentações públicas, pedir que cada um solucione questões ligadas às suas próprias frustrações para que no grupo sejam encontradas respostas que vão ao encontro das dificuldades individuais desse aluno.

Segundo Ainscow (1997) ” é útil que os professores sejam estimulados a utilizar de forma mais eficiente os recursos naturais que podem apoiar a aprendizagem dos alunos”

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socorrendo-se para tal dos próprios alunos. A planificação por parte do docente deve ser feita previamente e de forma muito pensada, tendo em conta as características únicas de cada aluno mas tem de ter em conta que um aluno com uma individualidade fora da norma pode implicar uma alteração de estratégia em cima do momento e por isso o docente também tem de estar provido de alguma capacidade de improvisação para poder dinamizar uma aula consoante o decorrer da mesma.

A estrutura de cooperação anteriormente referida, pode num caso como o descrito funcionar como metodologia pedagógica tanto para o aluno em questão, como para o restante grupo, que bem conduzido pelo docente será capacitado de uma empatia social que por vezes falha numa sociedade que nem sempre está preparada para aceitar o diferente, especialmente quando essa diferença não é muito visível.

Para Tomlinson (2008) o ensino diferenciado pode abarcar vários aspetos, entre eles, refere o ensino diferenciado não é apenas individualizado e que apesar de haver a necessidade de instituir tarefas individualizadas, a abordagem cooperativa e de socialização acaba por ser mais produtiva. O ensino diferenciado não é estático, muito pelo contrário, é dinâmico pois há uma aprendizagem conjunta entre professor e alunos, os docentes devem reorganizar as suas estratégias consoante as necessidades de parte a parte “Embora os professores possam saber mais acerca da matéria em questão, estão

continuamente a aprender sobre o modo como os seus alunos adquirem conhecimentos”

(Tomlinson, 2008).

No caso deste aluno, que faz aquisição de competências, ou seja, pode ter períodos em que parece não evoluir mas repentinamente adquire-as de forma inesperada, a adaptação a novas estratégias é fundamental para que possa haver progressão e dinâmica entre os dois.

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