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Desde o início com o surgimento das primeiras civilizações, houve a preocupação e também a necessidade de refletir sobre a forma e organização da relação dos grupos humanos. Com isso tiveram que criar estratégias para meios de sobrevivência no qual sua principal ferramenta era o conhecimento do espaço na relação sociedade-natureza; para assim poder atingir os fins desejados. Logo de início o conhecimento geográfico era considerado prático, empírico, do qual o exército precisava para atingir seu alvo estrategicamente com muita segurança.

De acordo com a visão de Selbach (2014, p. 32):

A geografia, portanto, é uma ciência que tem como objeto de estudo o espaço. Também é concebida como o estudo da superfície terrestre, da distribuição espacial e das relações recíprocas dos fenômenos físicos, biológicos e sociais que nela se manifestam [...]

Sendo assim, é nesses termos que a geografia hoje se coloca. É no entender que seu ensino adquire dimensão fundamental no currículo, um ensino que busque inserir nos alunos uma postura crítica diante da realidade, comprometida com o homem e a sociedade, contribuindo para a sua transformação.

É fundamental, portanto que o professor crie e planeje situações nas quais os alunos possam conhecer e utilizar esses procedimentos. A observação, descrição, experimentação, analogia e síntese devem ser ensinadas para que os alunos possam aprender a explicar, compreender os processos de construção do espaço e dos diferentes tipos de paisagens e territórios.

Segundo Foucher (1989, p. 20):

É preciso se entender a respeito da noção de localização. De fato, é importante entender que, hoje, as práticas espaciais, isto é, os gestos, os atos, as trocas de nossa vida social, para serem executadas, desenrolam-se em lugares específicos e não se limitam ao que é imediatamente visível.

Nesse contexto, concebemos a noção de espaço como forma de adquirir o conhecimento geográfico, no qual está ligada a observação de uma determinada área, tendo

como base a perspectiva analítica acerca dos fenômenos, de qualquer ordem, apresentados num determinado lugar.

Para Cavalcanti (1998, p. 16):

Á geografia defronta-se, assim, com a tarefa de entender o espaço geográfico num contexto bastante complexo. O avanço das técnicas, a maior e mais acelerada circulação de mercadorias, homens e idéias distanciam os homens do tempo da natureza e provocam um certo ‘’encolhimento’’ do espaço de relação entre eles.[...] Nesse sentido, compreendemos que a geografia é uma disciplina que busca desde muito tempo, a compreensão do mundo em que vivemos de maneira geral, e também todas as transformações que o ser humano produz na relação espaço/natureza. Assim, a geografia assume papel importante na questão sobre a relação em que o homem estabelece com o meio em que vive e também as transformações que provoca no espaço, tornando-se o principal transformador do próprio lugar, assumindo a tarefa de esclarecer sobre as diferentes configurações do espaço produzido.

De acordo com Costella (2014, p.181):

Olhar um espaço com a habilidade de interpretá-lo é poder enxergá-lo numa totalidade. Essa totalidade não é composta pela soma dos componentes de um espaço, a totalidade compreende a interação, a superposição, que, por sua vez, possibilita a representação de um espaço textualizado por meio de texturas com infinitas relações.

Desse modo, entendemos que essa concepção está voltada mais para aprendizagem do aluno, isto é, o professor tem que ser flexível, estar preparado naquele espaço dado a fazer mudanças significativas, se adaptar com os imprevistos mesmo em muitas das vezes não tendo credibilidade, ou seja, ver a realidade como ela é.

Na concepção de Foucher (1989, p.20): [...]’’ Os alunos, futuros cidadãos, encontram- se desprovidos de instrumentos de raciocínio sobre o espaço’’, isto é, sobre os lugares de vida: os seus, os nossos, os dos outros. Isso nos remete a ideia de que todos serão sujeitos e responsáveis naquele espaço social. Pois é interessante que o aluno tenha a percepção como sujeito ativo do espaço e assim participar do desenvolvimento da cidadania.

Segundo Cavalcanti (2012, p. 44-45):

No ensino de geografia, os objetos de conhecimentos são os saberes escolares referentes ao espaço geográfico. São resultados da cultura geográfica elaborada cientificamente pela humanidade e considerada relevante para a formação do aluno. Propostas mais recentes desse ensino são pautadas na necessidade de trabalhar com

os conteúdos escolares sistematizados de forma crítica, criativa, questionadora, buscando favorecer sua interação e seu confronto com outros saberes.

No entanto, a geografia é o elemento fundamental para uma melhor compreensão da complexidade do espaço geográfico, pois é através das atividades cotidianas não somente em sala de aula, mas em todo o meio conflituoso em que vivemos que é possível a construção do conhecimento geográfico, ou seja, conhecimento da prática social cotidiana.

Sob o mesmo ponto de vista, compreendemos que todo espaço ocupado pelo homem, é considerado espaço de aprendizagem, há sempre o que conhecer e aprender. É, então, papel do educador utilizar-se de uma prática de ensino de forma que possa mediar todo o processo da construção de conhecimentos dos educandos, levando em consideração os elementos que permeiam o espaço que ocupam e a realidade em que vivem.

De acordo com Milton Santos (2012, p.63): “[...] O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá [...]” o espaço é hoje um sistema de objetos cada vez mais artificiais, povoado por sistemas de ações igualmente imbuídos de artificialidade, e cada vez mais tendentes a fins estranhos ao lugar e a seus habitantes.

Nesse contexto, podemos ressaltar que o espaço constitui como uma matriz, no qual as novas ações, substituem as ações passadas, ou seja, a construção do hoje será a base do amanhã. Pois o objeto de estudo da geografia não está isoladamente, isto é, o mundo é uma totalidade.

Sabemos no entanto, que o espaço é complexo e dinâmico por conseguir abranger muitos elementos: naturais, culturais, como também os elementos econômicos. Pois é nesse viés, que podemos afirmar que, há a necessidade de uma ótica mais profunda e crítica, no qual os próprios alunos se envolvam e consigam nessa dimensão, a compreensão e conhecimento dos lugares que existem, e os que estão inseridos.

Como afirma Cavalcanti (2012, p.48):

Um espaço assim produzido, mas aparentemente desorganizado, é de difícil compreensão para o cidadão. O conhecimento mais integrado do espaço de vivencia requer, hoje, cada vez com mais intensidade, instrumentos conceituais que tornem possível apreender o máximo dessa espacialidade, daí a preocupação com a organização dos conteúdos, buscando a formação de conceitos geográficos.

Entendemos nesse contexto, a importância da questão sobre os conteúdos, e da prática em sala de aula, pois é necessário um planejamento, isto é, um bom plano de aula, para assim o professor poder propor os objetivos, em consonância com a metodologia.

Na geografia, em particular, percebe-se a tamanha dificuldade que se tem na construção do conhecimento geográfico, que muitas das vezes é mediado apenas pelo livro didático, pois é significante o discente ter um conhecimento não só teórico, mas também, um compromisso com o desenvolvimento humano. Assim, exercer no agora, de forma bastante reflexiva, no qual os ofereça o entendimento das diversidades e relações entre homem/natureza que ao longo do tempo tem sofrido muitas modificações, justamente pelas ações naturais e humanas.

Entretanto, de acordo com Santos (2012, p.64):

[...] Considerar o espaço como esse conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações de sistemas de objetos e sistemas de ações, assim como estamos propondo, permite, a um só tempo, trabalhar o resultado conjunto dessa interação, como processo e como resultado, mas a partir de categorias suscetíveis de um tratamento analítico que, através de suas características próprias, dê conta da multiplicidade e da diversidade de situações e de processos.

Portanto, entendemos nesse contexto, que o espaço é a categoria chave da geografia, comportando a dimensão da totalidade. Onde na tentativa de enxergar o espaço, a partir de um olhar geográfico, adjetivamos para melhor compreendê-lo, para poder assim lidar como o espaço geográfico, portanto, real e não com um espaço abstrato. Ou seja, os diversos olhares sobre a realidade considerando a categoria de espaço, congregam essa dimensão de totalidade, visando dar conta das materializações da produção da vida nos contextos das sociedades.

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