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O ESPAÇO POLÍTICO E SOCIAL

" Isso começou mais ou menos em 80, esse negócio de LER começou mais ou menos em 89 por problemas políticos, nem foi por problemas de doença. Em 89, aqui no Rio de Janeiro - isso eu posso falar porque eu trabalho com acidente de trabalho, desde 81 - aqui no Rio de Janeiro começou haver...ser começada a informatização, mais ou menos por essa época, até então quase tudo não se usava computador, e mais ou menos nessa época começou a ser usado o computador para tudo. E os computadores que começaram a usar aqui no Brasil, para variar era tudo obsoleto, refugo de computadores modernos que já tinham no exterior e é... tinha o digitador... que era a pessoa que botava a programação e carregava o computador de informações e programa o computador também, fazia isso. E essa pessoa ficava muito tempo sentada para digitar os troços. O número de digitadores começou a aumentar assustadoramente, só que eles não eram vinculados a nenhuma entidade de classe. Eles trabalhavam no banco e eram vinculados ao sindicatos dos bancários, trabalhavam numa empresa metalúrgica vinculados ao sindicato dos metalúrgicos e começou a se fazer pressão política para se criar o sindicato dos digitadores e esse sindicato dos digitadores começou a ter de alguma forma, politicamente alguma força lá em Brasília e uma das maneiras de divulgar esse sindicato foi através de benesses, favorecendo os digitadores. Foi quando houve a pressão, na época no INAMPS e no INPS para começar a se colocar pessoas encostadas , aposentadas pelo INSS, para de uma forma indireta favorecer o sindicato dos digitadores. Só que com o tempo os computadores começaram a se modernizar tá? E na modernização começou a haver codificação de barra, leitura óptica, os programas já vinham pronto e então o digitador começou a não ter tanta função, aí entrou o problema social: para eles garantirem o emprego durante um ano, que a legislação do acidentado do trabalho obriga a isso, as empresas a isso; para eles ficarem encostados; ou até pegarem outro tipo de benefício começou a haver pressão junto ao INAMPS e INSS para

favorecer os digitadores. Mas, com o tempo os digitadores, teoricamente hoje, quase não existe mais, então este sindicato perdeu a força. Então no início a pressão foi política e tínhamos um grupo de trabalho em relação a isso, porque a gente sempre brigou, começou a ver que não existia a doença propriamente dita, que a doença era social e política e não doença adquirida como forma de trabalho. E começou a se brigar em relação a isso e foi feito, não existia norma técnica nenhuma na época, foi feito através do Rio de Janeiro, eu trabalhava em Caxias também, uma conscientização e uma normatização para se trabalhar em relação a isso. A gente era obrigado a fazer uma avaliação da pessoa e afastar todas as doenças para chegar a conclusão de que não existia uma doença por esforço repetitivo. E comecei a saber que não existia tanta doença por esforço repetitivo que sempre, bem ou mal, o segurado numa conversa ou num papo falava "não é que eu estou com medo de perder o emprego, estou com problema em casa, eu estou querendo me encostar por causa disso " tinha por trás a política e a situação financeira, não era só a doença propriamente dita". (INSS,RJ)

"Essa figura médica de esforço repetitivo eu acho que existe, mas não na proporção que ele está sendo usada por todos os funcionários de banco. Entende, ela está sendo usada por todo o mundo que está com medo de ir para a rua. É até lógico, se eu estivesse nas bocas de ser mandada embora eu ia tentar um recurso qualquer ". Agora se eles obedecessem as normas, que tem que digitar, tem que parar, tem que fazer exercícios de alongamento, depois volta, se obedecesse aqueles intervalos, ou ao menos fizessem um rodízio, para ele não ficar só ali, isso não aconteceria. Quer dizer não aconteceria com esta totalidade, tá. Um ou outro iria desenvolver. Eu acho que isso está sendo muito manipulado. Manipulado para botar rótulo no problema do desemprego". (INSS,RJ)

“O INSS dificulta o diagnóstico. Eu acho que essa dificuldade de diagnóstico está relacionada com o fato do INSS hoje está querendo privatizar essa parte do seguro acidente. Ai, quanto maior dificuldade você tiver em fazer o diagnóstico melhor, porque o seguro não quer pagar. O seguro tem que dar lucro e quanto mais você botar o

pessoal de fora, se você não faz o diagnóstico na época você não entra no INSS, então a estatística cai. Cai o número de beneficiados, parece até que isso é um grande benefício, esse nome é horroroso, isso não é benefício nenhum, então vai ser menor.” ( PST)

“Isso com um número...saiu no jornal do Brasil de Domingo (15/02/98), 15 trabalhadores morrem por dia no trabalho. Um absurdo, um assassinato em massa, uma desvalorização...Então, hoje, a doença ocupacional e a doença do trabalho é falta de cidadania. Então, esse amparo ao trabalhador está cada vez mais escasso. A segurança...você não tem segurança no trabalho, além disso, não tem responsabilidade enquanto empresário de preservar a saúde daquele trabalhador, então, é mão de obra rotativa barata”. (PST)

“Tem clientes que a empresa afastou que paga fisioterapia particular, mas não é o que a gente vê por ai, daí, a resposta dessa pessoa ao tratamento é muito melhor”. ( PST)

“A gente sente as dificuldades profissionais como toda a instituição de saúde tem um número insuficiente de profissionais (...) a gente já está requisitando mais profissionais para cá, infelizmente a gente só tem um médico e os agendamentos estão sendo mais longos, mas mesmo assim, a gente está tentando não deixar o trabalhador saí daqui sem nenhuma informação ou orientação. Por menos que a gente possa fazer, dá uma orientação para que ele fique mais calmo em relação ao que ele está passando.” (NUSAT)

“É bate de frente com a miséria, com a pobreza, com o problema social...o desemprego no país é muito grande, a

qualificação é baixíssima, o nível de alfabetização é muito baixo. Muitas vezes vem aqui com 4a / 5a série e quando

você vai avaliar a escolaridade ele não passa da 1a . Aprenderam na prática, é muito difícil. O desemprego estã

muito grande e a fixação da mão de obra está dificílima. Já para quem não tem limitação nenhuma, você imagina para uma pessoa assim...” (INSS, CRP) “Muita gente fica desempregada e recorre ao INSS”. (INSS, CRP)

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