O ESTÁGIO DOCÊNCIA E SUAS REGULAMENTAÇÕES

O macrocontexto abordado nesta pesquisa apresenta como atores principais: O Estado, representado pela LDB, CAPES e CNPQ; a IES, representado pela UFPB e PPGA; os mestrandos e as instituições coletiva, na figura na ANPG. Estes são os atores envolvidas nesta pesquisa bem como na regulamentação da educação superior brasileira, mais especificamente na utilização do estágio docência como forma de desenvolver corpo docente com competências necessárias para o exercício da função. Vejamos como se configura esse processo.

O sistema educacional brasileiro é regido pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases, atualmente em sua 7ª edição, que versa sobre a educação em todos os níveis. No quadro 5, apresenta-se o conteúdo de alguns artigos da LDB relacionados à formação de corpo docente destacados nesta análise.

Quadro 5 – Artigos da LDB e a formação docente

Artigo Conteúdo

Art. 52

As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por:

II – um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado

ou doutorado;

Art. 53

No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições:

II – fixar os currículos dos seus cursos e Programas, observadas as diretrizes

gerais pertinentes;

Art. 61

Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos:

I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos

fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho;

II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e

capacitação em serviço;

III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.

Art. 66 A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de Pós-

Graduação, prioritariamente em Programas de mestrado e doutorado.

Art. 67

§ 1º A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de

quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de

ensino.

Art. 82 Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização de estágio em sua

jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria.

Fonte: LDB (2012).

O que pode-se inferir, que o ensino superior brasileiro, objeto de estudo nesta pesquisa, é tratado na LDB exclusivamente em seu Capítulo IV. Dentre os pontos abordados em nossa pesquisa destaca-se no Art. 52, inciso II menciona que – um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado. Remetendo à pesquisa, verificamos que, a formação de um corpo docente com mestrado e/ou doutorado é exigência da LDB, para que possa atuar na educação superior. É de se esperar, por conseguinte, que tais cursos de Pós-Graduação se preocupem com a formação para a sala de aula, em preparar o pós-graduando para a docência nesse nível de educação.

O Art. 53 apresenta que é assegurado às universidades o exercício da autonomia, podendo fixar os currículos dos seus cursos e Programas, desde que observada às diretrizes gerais (inciso II). Cabe, portanto, a cada IES fixar o seu currículo. Desta forma, percebe-se que a não existência de uma regulamentação geral atribuída a todas as IES, mais especificamente nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu, que obrigue o mestrando a desenvolver o estágio docência está respaldado no inciso II do art. 53.

No Art. 82 tem-se que os sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria. Percebe-se então que, a autonomia transmitida às IES faz com que não haja uma padronização ou metodologia única, aplicadas de forma a promover o desenvolvimento das competências docentes nos diversos Programas de Pós-Graduação. O que é institucionalizado em uma IES, como exemplo, o Estágio docência, não é aplicado da mesma forma em todos os Programas de Pós-Graduação do país.

Ainda na LDB, o art. 61 apresenta que a formação de profissionais da educação terá como fundamento, entre outros, a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço (Art 61, inciso II). O Art. 66 expõe que para o exercício da função docente em nível superior, faz-se necessário a Pós-Graduação, prioritariamente em mestrado e doutorado, e o artigo 67, § 1º afirma que para o exercício das funções de magistério um dos requisitos é a experiência docente.

Apesar da LDB não mencionar diretamente o estágio docente, na lei são apresentados os parâmetros para a formação docente, em nível superior e a importância de haver um ambiente prático para seu desenvolvimento. O estágio docência, neste sentido, pode ser considerado uma ótima oportunidade para o mestrando e/ou doutorando associar a teoria e a prática, desenvolver as competências necessárias ao exercício da função docente.

Corroborando com os artigos apresentados da LDB, temos o entrevistado CO02, que acredita que uma forma de desenvolver o mestrando para a atuação docente, com a experiência necessária e a relação entre teoria e prática exigidas para o exercício da função docente, conforme indicações da LDB possam ser alcançados através do estágio docência institucionalizado no PPGA:

Bem na verdade a nossa concepção de estágio docência tanto no mestrado quanto no doutorado [...] é que a gente trabalha com a proposta de formação e ai dentro da proposta de formação no projeto do Programa a gente tinha uma concepção de formação que era vinculada a alguma dimensão e em uma dessas dimensões era a questão da formação dos professores [...] então a gente passa a ter essa preocupação por que na nossa concepção principalmente no que diz respeito ao mestrado eu

preciso formar um professor, então além do estágio docência tenho que dar a ele condições pra que ele tenho isso (CO02).

O PPGA-UFPB utiliza o estágio docência em sua estrutura curricular como forma de desenvolver nos mestrandos a capacitação para o exercício da docência, na formação de professores aptos para a função. O processo de regulamentação do estágio no PPGA será abordado mais adiante. Vejamos, em primeiro lugar, a Resolução 26/1999 da UFPB, e a portaria CAPES nº 76, de 14 de abril de 2010 que servem como instrumento para regulamentar o estágio no Programa.