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Dimensão 3 Instalações Físicas [ ]

2.3.2 O estudante virtual e suas necessidades de pesquisa

O estudante virtual pratica a educação superior a distância via a Internet. Ele é, via de regra, uma pessoa em idade adulta, entre 25 e 40 anos, que trabalha em turno integral e estuda em tempo parcial. Muitas vezes, está voltando a estudar para concluir o ensino superior que não teve oportunidade em outra época; em outro caso, está em busca de qualificação para melhor executar suas atividades no mercado de trabalho, agregando nova titulação em nível superior de ensino que irá habilitá-lo a concorrer em um mercado globalizado, cada vez mais competitivo.

Na prática acadêmica, o estudante virtual necessita pesquisar outras fontes de informação, na mesma intensidade do aluno presencial. Para complementar os estudos, redigir trabalhos acadêmicos e apresentar seu ponto de vista, baseado no conhecimento existente.

Demo (2005, p. 29), em sua obra “Educar pela pesquisa”, destaca que o professor deve estimular o aluno a aprender a aprender. Este último deverá “contraler, reelaborando a argumentação; refazer com linguagem própria, interpretando com autonomia; reescrever criticamente; elaborar texto próprio, experiência própria; formular proposta e contraproposta.”

Com ênfase na questão da pesquisa e a necessidade de fazer dela a inspiração para a descoberta do conhecimento, o autor coloca com propriedade o sentido essencial da investigação: “educar pela pesquisa do conhecimento. Este é o meio, educação é o fim. [...] a pesquisa não se basta em ser o princípio educativo. Não se faz antes pesquisa, depois educação, ou vice-versa, mas, no mesmo processo, educação através da pesquisa.” (DEMO, 2005, p. 64).

Ao trazer esse conceito para a educação a distância e ao checá-lo com o comportamento de aprendizagem do aluno dessa modalidade de ensino, registra-se as impressões de Palloff e Pratt (2004, p. 26), que ao apresentar o perfil do aluno virtual acrescentam que o estudante a distância tem consciência da necessidade de dedicação diária ao estudo. Este percebe que sua atuação no curso on-line não pode ser levada de maneira displicente, pois tal fato acarretaria prejuízo para seu aprendizado e limitaria a aprendizagem do grupo de que faz parte. O estudante virtual sabe que precisa trabalhar em grupo para atingir seus objetivos de aprendizagem. “Da mesma forma, o aluno virtual tem automotivação e autodisciplina” que o faz atuar de forma autônoma. O professor tutor, facilitador do processo de aprendizagem, procura conscientizá-lo de que ele mesmo, o aluno, é o principal responsável pelo sucesso desse processo.

Quando o estudante virtual percebe que seu engajamento nesse processo propicia a criação colaborativa do conhecimento, e que essa prerrogativa desenvolve e aumenta sua capacidade crítica, os objetivos estabelecidos pelo curso on-line são atingidos. E o estudante virtual percebe que fazer parte do grupo de estudos on-line é uma experiência transformadora, em que os atos de leitura e reflexão possibilitam construir colaborativamente o conhecimento sobre os conteúdos de estudo apresentados e suscitam a investigação complementar ao material estudado. Nesse contexto, o compartilhamento das reflexões em grupo transforma não somente o estudante virtual, mas também o grupo e o professor tutor. Dessa forma, o estudante a distância percebe que no estudo virtual é possível “a aprendizagem de alta qualidade [e que essa] pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento – não apenas na sala de aula tradicional”, com debates e reflexões sobre conteúdos em estudo. (PALLOFF; PRATT, 2004, p. 28).

À medida que o estudante é conduzido pelas unidades da disciplina que focam determinados temas, links que dão acesso a artigos, dissertações, livros on-line e outros documentos digitais são disponibilizados para que a compreensão do conteúdo a ser estudado possa ser ampliada e conhecida mais a fundo, estimulando e motivando o aprender, que leva ao prazer de novas descobertas que virão a integrar o saber existente, ampliando-o.

Para Peters (2003, p. 258), “aprender, portanto, é concebido como construção e modificação de estruturas individuais de saber, de comportamento e experiência.” Nesse sentido, a realidade subjetiva do estudante autônomo é construída pelo trabalho individual entre as informações que coleta e a experiência que vivencia. Essa é a condição de ensino ideal, almejada também pela educação presencial, mas é na educação a distância, com a utilização do ambiente de ensino digital, que aparece a possibilidade do estudo autônomo, no qual o estudante constrói o conhecimento a partir de informações e experiências.

Nessa perspectiva, a aprendizagem autônoma, na qual a educação a distância ancora seus alicerces baseada nas características da sociedade contemporânea, massificada pelo excesso de informação e pelas exigências do mercado, imprimem ao trabalhador a necessidade de tornar-se multicompetente e multiqualificado com predisposição para aprender ao longo da vida, abre-lhe oportunidades como indivíduo atuante e participativo de um mercado de trabalho cada vez mais exigente.

Ljosä (1992 apud BELLONI, 2003a, p. 43), ao discorrer a respeito da crescente aceleração das mudanças no mercado de trabalho em virtude da sociedade globalizada, apresenta três itens importantes a serem considerados na perspectiva da educação ao longo da vida:

Nível geral e qualidade da educação, não apenas em termos quantitativos

de número de anos despendidos no sistema de educação inicial, ou número de graduados com relação à população, mas de melhoria da qualidade e extensão de atividades de aprendizagem contínua ao longo da vida.

Atualização e retreinamento para atender à necessidade de adaptabilidade

em muitas dimensões exigida pelas sociedades modernas, bem como à necessidade de dominar situações e tecnologias novas.

Competências e carreiras múltiplas que representam a tendência do

mercado de trabalho, decorrente do avanço acelerado da ciência e da tecnologia, que provoca a obsolescência do conhecimento e das técnicas, e das novas regras que flexibilizam e precarizam o fator trabalho.

Ao relacionar o acesso à informação e o ambiente de ensino digital, Peters (2003, p. 259, grifos do autor) cita doze exemplos para o estudo autônomo e autodirigido, dos quais destacam-se:

- em virtude de sua grande e ampliada capacidade de armazenagem de dados, o ambiente de estudo digital pode desonerar a memória dos estudantes e, desse modo, facilitar a aprendizagem e abrir novas dimensões para o estudo.

- pode possibilitar o acesso a um grande número de informações e colocar diante dos olhos, como o toque numa tecla, informações de bancos de dados. Em conseqüência disso, os estudantes autônomos encontram-se num paraíso de informação jamais conhecido anteriormente.

- Oferece condições favoráveis para comparações, testes e avaliações autônomas das informações à disposição, uma atividade didática negligenciada no ensino expositivo, mas que aqui tem que ser cuidadosamente desenvolvida e ampliada conscientemente. Um ponto de vista essencial é a importância que essas informações podem ter para o próprio processo de aprendizagem. Outro ponto de vista é o status teórico- científico e metodológico de uma informação.

- O rápido acesso às informações é, além disso, a premissa para a seleção e a estruturação das informações apropriadas, bem como para sua

transformação em saber. Nisso se revelará como necessário ter sempre em

mente a estrutura de saber elaborada e de adequá-la a novas informações e experiências. Como o decorrer do tempo, os estudantes acumulam, nesse contexto, experiências no criar, modificar e comunicar, bem como no armazenar e localizar do saber elaborado.

- Oferece aos estudantes a possibilidade de desenvolverem estratégias de

pesquisa individuais e de otimizá-las constantemente, com as quais

localizam respostas a perguntas que surgem durante o estudo.

Nessa perspectiva, o aluno a distância se vê cercado de ferramentas e instrumentos que favorecem sua aprendizagem. Palloff e Pratt (2004, p. 80), ao comentar a respeito dos serviços de qualidade que a instituição deve dispor como apoio aos alunos virtuais, assinalam “o acesso digital satisfatório a recursos da biblioteca”, destacando que “é essencial que as instituições ofereçam links para bases de dados e outros meios que permitam aos alunos acessar o material da biblioteca.”