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CAPITULO 2 ENQUADRAMENTO ESPECIFICO AO NIVEL AUTARQUICO

3. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

3.2 O ESTUDO DE CASO

O estudo de caso consubstancia-se num método da abordagem investigativa em ciências sociais, simples ou aplicadas.

Trata da utilização de um ou mais métodos qualitativos de recolha de informação e que se afasta da chamada linha rígida de investigação. Caracteriza-se por descrever um acontecimento ou caso de uma forma mais distanciada, ou seja mais longitudinal e mais flexível.

Na generalidade consiste no estudo mais aprofundado de uma dada unidade individual, que pode ser uma pessoa, um grupo, uma instituição, um evento, etc.

Segundo Yin (2001), estes tipos de casos de estudo, podem ser exploratórios, ou explanatórios e descritivos, cada um deles podendo ser estudos de casos simples ou múltiplos. Já para Ryan, et al. (2002) elas têm mais formatos e podem ser; descritivos, ilustrativos, experimentais, exploratório e explanatório ou explicativo.

Como indicado acima, os estudos de caso consubstanciam-se num método de pesquisa que pode ser usado numa variedade de maneiras por pesquisadores de contabilidade.

Passa-se a apresentar alguns dos diferentes tipos de estudos de caso da contabilidade:

Estudo de caso descritivo – De acordo com Ryan, et al. (2002) estes são estudos de caso que descrevem sistemas de contabilidade, técnicas e procedimentos utilizados na prática. Por exemplo, uma série de empresas podem ser selecionadas como casos para descrever as suas práticas contabilísticas diferentes ou semelhantes a práticas usadas em empresas diferentes. O objetivo da pesquisa desses estudos é fornecer uma descrição da prática. Tais estudos podem ser úteis para explorar o emprego de técnicas tradicionais de contabilidade na comparabilidade com práticas mais modernas. São muitas vezes apoiados por grupos profissionais de contabilidade, porque o seu resultado tende a oferecer a possibilidade de determinar a melhor prática, e por vezes dar o conhecimento necessário para a conceção da prática mais adequada, que pode não ser a mais comum, e também de avaliar a implementação de práticas utilizadas em empresas de sucesso. Resumindo, são estudos de caso úteis na prestação de informações relativas à natureza e forma de

práticas contabilísticas atuais; no entanto, são também de alguma forma superficiais, na medida em que não possibilitam a aplicação da envolvente ambiental em que a empresa de sucesso está inserida. Para Yin (2001), o estudo de caso descritivo inicia-se com a descrição de uma teoria que deve dar sustentação ao caso em estudo.

Estudo de caso ilustrativos – Para Ryan et al. (2002), basicamente são estudos de caso que tentam ilustrar também novas práticas e possivelmente inovadoras, desenvolvidos por empresas particulares. Kaplan e Duchon, (1994) argumentam que os investigadores na área da contabilidade têm muito a aprender com o estudo das práticas de empresas inovadoras. Tais estudos de caso fornecem uma ilustração do que foi alcançado na prática. No entanto, há uma suposição implícita de que as práticas dessas empresas inovadoras são, em certo sentido, superior às práticas de outras empresas. O estudo de caso em si não pode apresentar uma justificação para essa suposição.

Estudos de caso experimentais – Investigadores na área da contabilidade têm frequentemente desenvolvido, procedimentos baseados em novas práticas e técnicas que se destinam a ser úteis para os profissionais de contabilidade. Para Ryan et al. (2002) estes procedimentos e técnicas são desenvolvidos a partir de perspetivas teóricas existentes, usando o raciocínio normativo. Destinam-se a indicar o que deve ser feito na prática. No entanto, às vezes é muito difícil implementar as recomendações dos investigadores. Um estudo de caso experimental poderia ser usado para examinar as dificuldades envolvidas na implementação das novas propostas e avaliação dos benefícios que podem daí ser retirados.

Estudos de caso exploratórios - Estes estudos podem ser usados para explorar as razões para práticas contabilísticas específicas. Segundo Ryan et al. (2002), permitem que o investigador possa gerar hipóteses sobre razões práticas e específicas. Estas hipóteses podem ser testadas posteriormente em maiores escalas de estudos. Como tal, o estudo de caso representa uma investigação preliminar, que se destina a gerar ideias e hipóteses para testes empíricos rigorosos em fase

posterior. O objetivo da pesquisa subsequente é produzir generalizações sobre as práticas contabilísticas. O estudo de caso exploratório é um primeiro passo nessa investigação. Já para Yin (2001), o estudo de caso exploratório é realizado com base em pesquisa in loco e reflete-se na recolha de dados antes da formulação das questões de pesquisa e das hipóteses. Constitui, portanto, como que um prelúdio a alguma pesquisa social e é utilizado geralmente em projetos-piloto.

Estudo de caso explicativo ou explanatório - Segundo Yin (2001), o estudo de caso explanatório é realizado em busca do estabelecimento de relações causais. Já segundo Ryan et al. (2002), estes estudos tentam explicar as razões para as práticas contabilísticas observadas. O foco da pesquisa é o caso específico. A teoria é usada como forma de compreender e explicar o específico, em vez de para produzir generalizações. A teoria é útil se permitir que o pesquisador forneça explicações convincentes das práticas observadas. Se as teorias não fornecem tais explicações, será necessário modificar a teoria existente e desenvolver nova teoria, que possa ser utilizada em outros estudos de caso. O objetivo da pesquisa é gerar teorias que fornecem boas explicações do caso.

Uma distinção básica é entre estudo de caso único e múltiplo. Isso significa que existe a necessidade de decidir, antes de recolher os dados, se será utilizado um estudo de caso único ou de casos múltiplos, ao formular as questões da pesquisa. Para Yin (2001), o estudo de caso único é um projeto apropriado em várias circunstâncias e deve ser utilizado quando ele em si representa um caso decisivo, ao testar uma teoria bem formulada, e ocorre quando não há outros casos disponíveis para replicação.

O estudo de caso múltiplo tem como objetivo principal a replicação mais que a lógica da amostragem. Segundo Yin (2001), a generalização dos resultados, tanto para o caso simples quanto para os casos múltiplos, é feita a partir da teoria e não da população.

Resumindo, ambos autores defendem existir diferenças entre os modelos de estudo de caso, apenas diferenciam no grau de pormenor.

Yin (2001) engloba em dois modelos os cinco modelos apresentados por Ryan et al. (2002). Assim, o modelo exploratório de Yin engloba os modelos exploratório ou

explicativo e experimental de Ryan et al.. O modelo descritivo ou explanatório de Yin engloba os modelos explanatório, descritivo e ilustrativo de Ryan et al..

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