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O ESTUDO NA PRÁTICA SUPERVISORA

PARCEIROS DE TRABALHO

UNIDADE 9   O ESTUDO NA PRÁTICA SUPERVISORA

 A dinâmica do processo didático de ensino e de aprendizagem solicita do supervisor hábito de estudo constante e que o mesmo incentive os professores a também adquirirem este hábito.

Como princípios para estudo estão as legislações referentes a todo o andamento escolar e estes estudos podem acontecer em reuniões ou em grupos de estudo.

Também cabe ao supervisor propiciar oportunidades de estudo e interlocução dos professores, em atividades coletivas, que reúnam professores que desenvolvem um mesmo conteúdo nas diversas séries e níveis escolares; proporcionar oportunidades periódicas de reavaliação de currículo e programas; proporcionar oportunidades de estudo e decisões coletivas sobre material didático e também sobre os princípios, conceitos e ressignificações da avaliação escolar.

Cabe essencialmente ao supervisor educacional a condição de proporcionar momentos de estudo e discussão entre os professores sobre os fundamentos da aprendizagem e da dinâmica da sala de aula, como a diversificação metodológica, associada à implementação de atividades; a consideração dos alunos e de seus interesses, que emergem de sua vivência, quanto do movimento social e suas motivações; a consideração de processos e recursos de avaliação e recuperação da aprendizagem.

 Alguns documentos da escola devem ser consultados pelo supervisor constantemente, são eles:

1. Regimento Escolar: Documento legal, de caráter obrigatório, elaborado pela instituição escolar que fixa a organização administrativa, didática, pedagógica e disciplinar do estabelecimento que regula as suas relações com o público interno e externo. Com origem na Proposta Pedagógica, o regimento escolar a ela se volta para conferir-lhe embasamento legal, incorporando no processo de sua elaboração os aspectos legais pertinentes e as inovações propostas para o sistema de ensino,

assim como as decisões exclusivas da escola no que concerne a sua estrutura e funcionamento. Por tratar-se de um texto legal, para a elaboração do regimento escolar devem ser observadas as normas sobre elaboração e redação de atos normativos.

 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prevê que o regimento escolar deve disciplinar os seguintes assuntos: a quem cabe elaborar e executar a Proposta Pedagógica e quem tem autonomia para sua revisão; incumbência dos docentes; estudos de recuperação; reclassificação, considerando a normatização do sistema de ensino; dias letivos e carga horária anual equivalente; classificação; sistema de controle e de apuração de frequência; expedição de documentos escolares; e jornada de trabalho escolar.

2. Projeto Político Pedagógico: Instrumento técnico-político utilizado com base no princípio da escola autônoma, que pressupõe a descentralização administrativa e a autonomia financeira da escola. O projeto político pedagógico (PPP) contém a definição do conteúdo que deve ser ensinado e o que deve ser aprendido na escola. Ele caracteriza-se, principalmente, por expressar os interesses e necessidades da sociedade e por ser concebido e construído com base na realidade local e com a participação conjunta da comunidade. O projeto político pedagógico passou a ter importância a partir de meados da década de 90, quando o MEC passou a transferir recursos financeiros diretamente para as unidades escolares, de acordo com os princípios da descentralização e da escola autônoma, estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996.

3. Projeto Pedagógico: Também chamado de proposta pedagógica, é um instrumento de caráter geral, que apresenta as finalidades, concepções e diretrizes do funcionamento da escola, a partir das quais se originam todas as outras ações escolares. Não há um padrão de proposta pedagógica que atenda a todas as escolas, pois cada unidade escolar está inserida num contexto próprio, determinado por suas condições materiais e pelo conjunto das relações que se estabelecem em seu interior e entorno social. Assim, cada escola deve desenvolver o seu modelo,

aquele que melhor expressa sua identidade e seu compromisso com o aluno, com a comunidade, com a educação.

 A ideia de projeto pedagógico entende que ele deve ter uma construção coletiva, com a participação ativa de todos os envolvidos (alunos, pais, professores, funcionários, representantes da comunidade, etc). Alguns aspectos considerados relevantes na elaboração do documento final do projeto pedagógico são: Histórico e identificação da instituição de ensino e da entidade mantenedora; Fins e princípios norteadores; Diagnóstico e análise da situação da escola; Definição dos objetivos educacionais e metas a serem alcançadas; Seleção das ações; Organização curricular; Forma de gestão administrativa e pedagógica da escola; Avaliação; Organização da vida escolar e do regime escolar; Capacitação continuada de pessoal; Profissionais envolvidos na Proposta Pedagógica; e Anexos.

O projeto pedagógico de uma instituição não deve se caracterizar apenas como o cumprimento de um requisito legal. A compreensão deve estar no, envolvimento da comunidade escolar na sua construção e principalmente na sua função de guiar os trabalhos desenvolvidos na instituição. Assim, com relação ao Projeto pedagógico Institucional, é tarefa da equipe pedagógica: desenvolver processos de acompanhamento e avaliação através da análise de informações relativas as ações previstas.

Partindo da participação na elaboração da Proposta Pedagógica da escola e da constante leitura da mesma é que o supervisor e os professores terão subsídios para a elaboração de todos os planejamentos de seu trabalho.

Na concepção de um projeto de escola pública, gratuita e de qualidade o Projeto Pedagógico Institucional tem sido apontado como um instrumento pedagógico e político de mudança. O supervisor educacional ao ajudar na construção do PPI deve ter a intenção de definir a filosofia, as diretrizes, as metas e os fins da ação pedagógica para a formação de sujeitos capazes de intervirem e transformarem a realidade.

4. Currículo Escolar: Conjunto de dados relativos à aprendizagem escolar, organizados para orientar as atividades educativas, as formas de executá-las e suas

finalidades. Geralmente, exprime e busca concretizar as intenções dos sistemas educacionais e o plano cultural que eles personalizam como modelo ideal de escola defendido pela sociedade. A concepção de currículo inclui desde os aspectos básicos que envolvem os fundamentos filosóficos e sociopolíticos da educação até os marcos teóricos e referenciais técnicos e tecnológicos que a concretizam na sala de aula.

 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, orienta para um currículo de base nacional comum para o ensino fundamental e médio. As disposições sobre currículo estão em três artigos da LDB. Numa primeira referência, mais geral, quando trata da Organização da Educação Nacional, define-se a competência da União para "estabelecer em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum" .

Outras referências, mais específicas, estão no capítulo da Educação Básica, quando se define que "os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela" .

Finalmente, são estabelecidas as diretrizes que deverão orientar os "conteúdos curriculares da educação básica", que envolvem: valores, direitos e deveres e orientação para o trabalho.

 A LDB sugere uma flexibilização dos currículos, na medida em que se admite a incorporação de disciplinas que podem ser escolhidas levando em conta o contexto local. No ensino nas zonas rurais, por exemplo, é admitida a possibilidade de um currículo "apropriado às reais necessidades e interesses dos alunos".

 A coordenação da avaliação do cumprimento do currículo fica a cargo do supervisor que deverá proporcionar aos professores, pelo menos duas vezes ao ano, a oportunidade para analisarem o que conseguiram ou deixaram de conseguir ao longo do semestre, o que lhes dificultou ou facilitou a tarefa, como aconteceu a adequação dos programas, dos métodos, dos projetos, o valor dos objetivos que

impulsionaram todo o processo, como aconteceram os processos avaliativos e recuperativos.

Considerando que currículo é um processo de produção e/ou construção do conhecimento, a partir de experiências de vida dos professores e alunos, situados num contexto sócio-histórico mais amplo, a organização curricular deve levar em consideração as relações entre os agentes sociais que dela participam num espaço e num tempo determinado e a definição de um suporte teórico que a sustente.

Nos dias de hoje, o currículo, deve trabalhar em prol da formação das identidades abertas à pluralidade cultural, desafiadoras de preconceitos em uma perspectiva de educação para a cidadania, para a paz, para a ética nas relações interpessoais, para a crítica às desigualdades sociais e culturais. O currículo deve se voltar para a formação de cidadãos críticos, comprometidos com a valorização da diversidade cultural, da cidadania e aptos a se inserirem num mundo global e plural, e o supervisor deve estar atento a isto.

5. Calendário Escolar : é o Sistema de divisão do tempo que considera o ano letivo e estabelece os períodos de aula, de recesso e outras identificações julgadas convenientes, tendo em vista o interesse do processo educacional e o disposto no projeto pedagógico.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB), de 1996, na educação básica, que engloba a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, “o calendário escolar deverá adequar -se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei.”

 A LDB prevê, ainda, que a educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns para o calendário escolar: a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluindo o tempo a reservado aos exames finais, quando houver.

 A LDB, no entanto, prevê a possibilidade de ampliação dos dias e horas de aula de acordo com as possibilidades e necessidades das escolas e do sistema. Na oferta de educação básica para a população rural, por exemplo, os sistemas de ensino devem adequar o calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas.

Ferreira (1998, p.139) afirma:

“Um processo de gestão que constr ua coletivamente um projeto pedagógico

de trabalho tem já, na raiz, a potência da transformação. Por isso, é necessário atuar nas escolas com o máximo de competência, a fim de que o ensino realmente se faça, a aprendizagem se realize, as convicções se construam no diálogo e no respeito e as práticas se efetivem no

companheirismo e na solidariedade”

Como referencial aos estudos podemos ter os seguintes documentos, além de muitos outros:

- Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 5 de outubro de 1988 - Artigos: do 5º ao 16; 37 a 41; 59 a 69; 205 a 214; 226 a 230.

- Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998.

- Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.

- Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990 - Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.

- Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996 - Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

- Lei nº 9424, de 24 de dezembro de 1996 - Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério.

- Parecer CNE/CEB nº 04/98 e Resolução CNE/CEB nº 02/98 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental.

- Parecer CNE/CEB nº 15/98 Resolução CNE/CEB nº 03/98 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

- Parecer CNE/CEB nº 22/98 e Resolução CNE/CEB nº 01/99 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.

- Parecer CNE/CEB nº 17/01 e Resolução CNE/CEB nº 02/01 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial.

- Parecer CNE/CEB nº 14/99 e Resolução CNE/CEB nº 03/99 - Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Indígena.

- Parecer CNE/CEB nº 01/99 e Resolução CNE/CEB nº 02/99 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores na Modalidade Normal de Nível Médio.

- Parecer CNE/CEB nº 11/2000 e Resolução CNE/CEB nº 01/2000 -Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.

- Parecer CNE/CEB nº 16/99 e Resolução CNE/CEB nº 04/99 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico.

- Parecer CEE nº 67/98 - Normas Regimentais Básicas para as Escolas Estaduais.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental; introdução dos Parâmetros Curriculares. Brasília: MEC/SEF, 1997. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental; introdução dos Parâmetros curriculares. Brasília: MEC/SEF, 1998.

Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental; temas transversais. MEC/SEF, 1998 Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio; bases legais. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999.

UNIDADE 10 - MECANISMOS QUE AUXILIAM O TRABALHO

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