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A competência de uma escola não equivale à soma das competências dos seus membros, mas sim da qualidade da combinação ou da articulação entre esses elementos. “A competência colectiva é uma resultante que emerge a partir da cooperação e da

sinergia existente entre as competências individuais.” (Boterf, G., 2003, p. 229). A

sinergia é tida como um valor agregado e não uma soma.

A competência colectiva é estruturada a partir de uma linguagem e o sentido emerge por isso das articulações e trocas fundadas nas competências individuais.

A competência colectiva é composta por quatro componentes;

“Um saber elaborar representações compartilhadas” (Boterf, G., 2003, p. 234) – Implica uma equipa de colegas que actua ou coopera na gestão de um determinado processo ou problema operacional.

“Um saber comunicar-se” (Boterf, G., 2003, p. 235) – Está relacionado com a chamada linguagem operativa comum. A linguagem natural sofre alterações ou deformações para as práticas correntes, que passam assim a ter nomes, que fazem parte apenas do contexto dos indivíduos daquela equipe.

“Um saber cooperar” (Boterf, G., 2003, p. 237) – Não é possível haver competência colectiva sem haver um conhecimento compartilhado. Uma condição essencial para a polivalência é estarem à disposição das equipas as competências individuais. A cooperação ou por outra o agir comunicacional é distinguido por Habermas (1987) em quatro categorias: O agir tecnológico que é a acção orientada para a concretização de um objectivo; o agir orientado por normas em que os membros de um grupo agem a partir das regras dos eu grupo de pertença; o agir dramaturgico, que corresponde à acção do indivíduo perante o grupo e por último; a acção comunicacional que está relacionada com o entendimento dos indivíduos a fim de conseguirem coordenar um plano de acção em relação a uma esquematização.

85 O saber cooperar não exclui as tensões e os conflitos, mas inclui a capacidade de os considerar normais.

“Um saber aprender colectivamente da experiência” (Boterf, G., 2003, p. 240) – Uma equipa é competente quando consegue aprender com a experiência.

A introdução de novos sistemas de informação veio provocar alterações ao nível dos empregos, das técnicas, da gestão e das formas de organização. Estas tecnologias permitem que as organizações funcionem como uma empresa virtual, ou seja, as pessoas podem estar dispersas em termos geográficos, mas integradas e a trabalhar para um mesmo objectivo.

O grande desenvolvimento verificado desde os anos 90 foi de facto a capacidade de comunicação em rede tornada possível pela utilização da Internet. Para as novas tecnologias serem utilizadas nas escolas é fundamental que os professores tenham formação específica.

Outros temas para além das novas tecnologias merecem destaque quando se fala em formação. A multiculturalidade, as necessidades educativas especiais ou o fenómeno da migração são apenas alguns exemplos.

De forma a chegar à competência através da profissionalização, a formação assume um carácter insubstituível. Destacam-se algumas modalidades de formação por serem capazes de treinar os formandos a combinar recursos em torno de esquemas operatórios.

“A pedagogia da simulação “ (Boterf, G., 2003, p. 75) permite, preparar para gerir situações profissionais nos domínios técnicos, relacionais, comportamentais e económicos. A simulação permite preparar situações correntes ou situações pontuais / acidentais.

O confronto com actividades de “debriefing” que acompanham as situações de simulação levam à activação de recursos de forma a corrigir ou potenciar a construção de esquemas operacionais. Na simulação há um desvio em relação à realidade no entanto a sua importância reside na tomada de consciência do processo no que se refere aos seus pontos fortes e aos seus pontos fracos.

“A formação por alternância” (Boterf, G., 2003, p. 75). No exercício da profissão deverá adquirir-se a capacidade de esquematizar, combinar e transformar os

86 conhecimentos teórico/práticos. Na formação as práticas profissionais são consolidadas ou modificadas de acordo com as combinações desenvolvidas.

“As formações centradas na resolução de problemas, os estudos de caso e a

pedagogia de projecto” (Boterf, G., 2003, p. 75). Aprendem-se a combinar vários

recursos na análise de uma situação ou problema, no sentido de contribuírem para uma maior profissionalização. São formações com um sentido semelhante à formação por alternância.

No quadro seguinte, podem verificar-se quais as competências com base na personalidade e quais as competências com base no comportamento.

A iniciativa e os valores são características psicológicas que estão na base das competências. Na base do comportamento, a competência de motivação e integridade são na opinião de Green (1999), os eixos que melhor descrevem as competências comportamentais.

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Tabela 8: Competências

Competências com base na personalidade

Competências com base no comportamento Iniciativa: pessoa com iniciativa

própria e motivada para obter resultados excepcionais; gosta de desenvolver um esforço extra na realização do trabalho e pesa na melhor forma de aumentar os resultados

Motivação para o trabalho: é capaz de

começar e persistir com planos específicos de acção até o objectivo ser alcançado; passa muitas horas a trabalhar e faz sacrifícios pessoais para realizar objectivos

Valores: Capacidade para pensar

em formas que reflectem fortes valores; crenças em valores tradicionais tais como a família e trabalho duro; possui uma atitude do tipo “a honestidade é a melhor

política”.

Integridade: Segue o que está escrito

sobre a ética do negócio; explica os valores centrais do negócio aos colaboradores de forma completa; corrige os outros em conformidade com a declaração dos procedimentos.

Fonte: (Adaptado de Green, 1999, por Cascão, F., 2004, p. 26).

Entendam-se as competências com base na personalidade como inferências acerca de características internas; por outro lado, as competências com base no comportamento são caracterizadas por acções específicas.

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