Projecto de integração dos Princípios de Permacultura na reabilitação de um edifício urbano do C.H.G.
4.2 Descrição do imóvel e área adjacente a reabilitar
4.2.3. Estado de conservação do Imóvel – anomalias e causas
4.2.3.1. O exterior a) Fachadas
As paredes exteriores em cantaria, de construção tradicional, encontram-se revestidas com reboco, à base de “argamassas pobres”. A pintura é feita com uma mistura de cal viva e água, método ancestral que permite o edifício “respirar” de forma a eliminar os focos de humidades.
Quadro 4 - Anomalias da fachada exterior
Figura 99
Anomalias:
Envelhecimento do reboco, degradação da pintura, perda de tonalidade e presença de fungos.
Junto aos vãos é visível a presença de fissuras e destacamento do reboco.
Causas:
Empolamento dos caixilhos pela humidade, à retracção do reboco pelos efeitos de origem térmica e ao próprio apodrecimento das massas. Já a causas patológicas da pintura devem-se à falta de manutenção e à exposição constante aos agentes atmosféricos – sol, vento e chuva.
b) Janelas e peitoris
As janelas são de madeira, pintadas com tinta de óleo natural. Em guilhotina demarcam a sua verticalidade no piso superior e de duas folhas apresentam-se de forma geométrica no piso inferior. Em ambas, o peitoril é de madeira pintada à cor do aro.
Quadro 5 - Anomalias das janelas e peitoris
Figura 100
Anomalias:
Envelhecimento e apodrecimento do materiais, respectivos revestimentos e acabamentos, deterioração e oxidação dos fechos e dobradiças, deficiência de funcionamento, perda de aderência da tinta e falta de vidros.
Causas:
Falta de manutenção periódica, de estanquidade, exposição constante aos agentes atmosféricos adversos.
c) Portas
As portas são em ferro e com pintura a tinta de óleo natural.
Quadro 6 - Anomalias das portas exteriores
Figura 101
Anomalias:
Envelhecimento e oxidação dos elementos, deterioração de fechos e dobradiças, perda de cor e de aderência da tinta.
Causas:
Falta de manutenção periódica, a exposição aos agentes atmosféricos e principalmente, a ausência de uma borracha na base o que dá origem à retenção de água junto à parte inferior da porta.
d) Cobertura
A impermeabilização da cobertura é feita, no edifício original, por telha cerâmica de “Canudo” e na ampliação por telha “Marselha”.
Quadro 7 - Anomalias da cobertura
Figura 102
Anomalias:
Elementos descontínuos e soltos, desajuste no encaixe das telhas, deficiência na estanquidade originando infiltrações interiores, cerâmica fissurada e vegetação parasitária junto aos beirados.
Causas:
Idade do material, falta de manutenção e substituição dos elementos deteriorados, permanente exposição aos agentes atmosféricas, ciclos de gelo-degelo e falta de impermeabilização.
4.2.3.2. O interior
a) Estrutura interna do edifício
A estrutura de suporte da cobertura é composta pela parede resistente de cantaria, barrote central, vigas e ripado, ambos em madeira. A estrutura de suporte do piso e tecto é composta pela parede resistente de cantaria, barrotes e vigas em madeira.
Quadro 8 - Anomalias da estrutura
Figura 103
Anomalias:
Elementos estruturais apodrecidos e em mau estado de conservação, deformação e falta de resistência.
Causas:
Idade do material, falta de manutenção e substituição dos elementos deteriorados, falta de impermeabilização às humidades provenientes da cobertura, elementos estruturais sujeitos a esforços muito elevados e ataque de fungos, xilófagos e térmitas.
b) Pano interior das fachadas exteriores
O pano interior das fachadas é composto por reboco de argamassas pobres e pintadas com cal viva e pigmentos naturais.
Quadro 9 - Anomalias do pano interior das fachadas exteriores
Figura 104
Anomalias:
Envelhecimento e destacamento do reboco, apodrecimento das massas, degradação da pintura, perda de tonalidade e presença de fungos.
Causas:
Retracção do reboco pelos efeitos de origem térmica e ao próprio apodrecimento das massas, humidades por condensação e falta de manutenção.
c) Paredes divisórias
As paredes divisórias interiores, de espessura reduzida, encontram-se construídas em tabique fasquiado, reboco à base de cal apagada e pintadas com pigmento naturais.
Quadro 10 - Anomalias das paredes divisórias
Figura 105
Anomalias:
Deformação, desgaste, envelhecimento, deterioração da madeira, destacamento do reboco e degradação da pintura.
Causas:
Apodrecimento das massas, humidades e falta de manutenção.
d) Tectos
Tectos em forro de madeira, formados por tábuas lisas na face visível, pregadas às vigas e pintadas com tintas de óleo natural.
Quadro 11 - Anomalias dos tectos
Figura 106
Anomalias:
Envelhecimento dos materiais, apodrecimento da madeira e perda de aderência da tinta.
Causas:
Falta de manutenção, ataque de térmitas e focos de humidade.
e) Pavimentos
Soalhos de madeira, formado por um conjunto de tábuas justapostas, pregado sobre o vigamento.
Quadro 12 - Anomalias dos pavimentos
Figura 107
Anomalias:
Envelhecimento dos materiais, apodrecimento e perda de tonalidade, aparecimento de fendas e deformações.
Causas:
Idade do material, falta de manutenção e substituição dos elementos deteriorados, elementos sujeitos a esforços elevados, ataque de fungos, xilófagos e térmitas.
f) Portas e portadas
Executadas em madeira e posteriormente pintadas com tintas de óleo.
Quadro 13 - Anomalias de portas e portadas
Figura 108
Anomalias:
Envelhecimento dos materiais, apodrecimento da madeira, deterioração de fechos e dobradiças e perda de aderência da tinta.
Causas:
Falta de manutenção, ataque de térmitas e permanente exposição aos agentes atmosféricas.
g) Infra-estrutura eléctrica
A rede eléctrica, à vista, não apresenta elementos terra, disjuntores e tomadas com protecção.
Quadro 14 - Anomalias da infra-estrutura eléctrica
Figura 109
Anomalias:
Fios deteriorados, descarnados e dispositivos sem protecção.
Causas:
Falta de manutenção e actualização da infra- estrutura.
h) Rede de águas
A rede de águas, à vista, encontra-se executada em aço galvanizado e pintado a tinta de óleo.
Quadro 15 - Anomalias da rede de águas
Figura 110
Anomalias:
Deterioração, corrosão, pouca capacidade de utilização (entupida) e com fugas
Causas:
Falta de manutenção, conservação e utilização e escolha de material com pouca vida útil.
Da análise aprofundada das anomalias e face ao carácter detectado nas mesmas, estas são consideradas, segundo Pedro (2007), de gravidade média, pois apenas prejudicam o aspecto, o uso e conforto, requerendo trabalhos de limpeza, substituição ou reparação de fácil e média execução, é visível que o imóvel, actualmente desabitado, apresenta um estado médio de conservação.
De uma forma geral esse estado resulta da idade dos materiais, da falta de manutenção, conservação ao longo do tempo e dos agentes climáticos e biológicos, que à vista desarmada e em termos de conjunto edificado de frente de rua, lhe confere uma leitura visual de “degradante” e de “abandono”.
A maior parte dos elementos construtivos carecem de trabalhos correctivos, de obras de conservação, sendo que em situações pontuais, será necessária uma intervenção mais profunda. É importante salientar que segundo Mollison (1991) para um planeamento consciente, segundo os princípios da Permacultura, é necessário “pensar a longo
prazo…planear para a sustentabilidade…utilizar e reciclar tudo até ao máximo…” pelo que se
fará o reaproveitamento dos materiais existentes, excepto nos casos em que o seu estado de degradação é acentuado e não é possível a sua recuperação para o mesmo ou outro fim.