• Nenhum resultado encontrado

5. O FUNDO ZEFERINO VAZ

5.2 O Fundo Zeferino Vaz

Os arquivos de Zeferino Vaz foram negociados em 1981 e representou um desafio para a equipe do Arquivo Central para identificar e formar o fundo, pois estava acumulado em mais de uma fonte, ou seja, do mesmo titular, mas de proveniência diversa. (MARTINS, 2012).

Martins (2012) ainda diz que as questões mais inquietantes do acervo eram ligadas às suas características, na identificação dos documentos públicos ou privados. Para ilustrar essa questão ela faz uso de Pollak que diz:

[…] se fizermos entrevistas com personagens públicas, a vida familiar, a vida privada, vai quase que desaparecer do relato. Iremos nos deparar com a reconstrução política da biografia, e as datas públicas quase que se tornam datas privadas. É claro que não podemos interpretar isso exclusivamente como uma espécie de sobre-construção política da personagem. Pode ocorrer de fato que as coações da vida pública, como por exemplo o tempo disponível, levem uma pessoa, a partir de um certo momento de sua vida, a reduzir-se praticamente à personagem pública, à representação dessa personagem. Não se deve, portanto considerar esses aspectos como indicadores de dissimulação ou falsificação do relato. O que importa é saber qual é a ligação real disso com a construção da personagem (POLLAK, 1992, p. 203).

Logo depois a autora afirma que o acervo do Professor Zeferino Vaz era um desses casos. Seus documentos refletiam muito a transferência da vida pública para a privada (MARTINS, 2012).

Tratando-se do recebimento desses arquivos pelo Arquivo Central, Martins (2012) narra que em um primeiro momento os arquivos foram recolhidos por uma equipe no Gabinete do Reitor, na reitoria do campus. Logo depois foram recolhidos também documentos da Secretaria Geral correspondentes ao período da gestão de Vaz. As últimas fontes foram sua própria família e seu último escritório na Unicamp, quando exerceu o cargo de presidente da FUNCAMP.

Figura 5 – Reconstrução do Gabinete do Reitor (Arquivo Central)

Martins (2012) relata que as dificuldades de organização giravam em torno do respeito ao princípio de proveniência e na identificação entre público e privado. A organização final baseou-se no respeito ao contexto de produção dos documentos. Iniciou-se por aspectos da vida pessoal, seguido de seus escritos que não estão vinculados a nenhum órgão ou função determinada e o resto foi mantido de acordo com os conjuntos ligados à proveniência.

Atualmente os arquivos do Professor Zeferino Vaz compõe um fundo e se encontram no prédio do SIARQ, localizado dentro da Unicamp. A primeira visita realizada ao Arquivo Central foi em 26 de março de 2012, a fim de vermos pessoalmente o conteúdo do Arquivo do professor. Os arquivos estão organizados em um fundo próprio, dentro desse fundo existem várias subdivisões que são chamas de séries e dentro dessas séries há outras divisões chamadas subséries.

Foi permitido à pesquisa o acesso a todos os inventários do Fundo e, caso fosse necessário, os documentos. Os documentos estão tratados e classificados e foram separados de acordo com a temática documental. Dentro do Arquivo existe um projeto (em andamento) para que todos os inventários sejam reunidos e deem origem a um único, abrangendo toda a documentação do fundo.

O Fundo é de natureza privada, abrange as datas de 1925 a 1981 e é composto de vinte e sete caixas e três filmes. Seu escopo e conteúdo são compostos de, principalmente, documentos de cunho pessoal, produção científica e intelectual, documentos administrativos e especiais e uma coleção de aproximadamente sete mil imagens, a maioria da Unicamp. Essa documentação foi transferida ao Arquivo Central pelo Gabinete do Reitor, Secretaria Geral da Unicamp e pela família de Vaz, tudo em 1986. Alguns documentos que eram mantidos pelo Laboratório de Parasitologia da Faculdade de Medicina Veterinária da USP também foram doados ao Fundo Zeferino Vaz.

A organização do Fundo, como já foi dito, foi feita segundo o princípio de proveniência da documentação, que resultou dois grandes conjuntos documentais (inventários) e vários dossiês cuja organização é cronológica, alfabética ou mista. O uso e reprodução desses documentos são permitidos, desde que esteja de acordo com o regulamento do SIARQ. Parte dessa documentação contém anotações e

gravuras. Os instrumentos de pesquisa ao Fundo são um catálogo manuscrito e catálogos digitalizados.

O Fundo em si é composto por documentos de teor administrativo e pessoal. Começando a descrição pelo administrativo, pudemos encontrar uma documentação que foi organizada em 2008 e abrange papéis a partir de 1927. É composta por: documentos – ofícios; matérias de imprensa publicadas; dossiês; relatórios – notas de aquisições; notas e pontos de aula do professor; documentos de reuniões; separatas; participações em diversos eventos; estudos; entrevistas; homenagens; pareceres; documentação de organização; sessões da câmara.

Essa documentação abrange a vida profissional de Zeferino Vaz desde sua formação e os locais por onde passou em sua vida profissional. Vemos, portanto, documentações pertinentes à Escola Paulista de Medicina; Faculdade de Veterinária da USP; Conselho Universitário da USP; Fundo Universitário de Pesquisa da USP, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP; Comissão de Pesquisa Científica da USP; Reitoria da USP; Conselho Estadual de Ensino Superior de São Paulo; Secretaria de Saúde Pública do Estado de São Paulo; Universidade de Brasília; Conselho Estadual de Educação de São Paulo; Conselho Federal de Educação; Universidade Estadual de Campinas.

A documentação administrativa compõe um inventário pertinente a esse assunto apenas. As fotos, diplomas, certificados e realias compõe um catálogo separado, que é formado apenas de imagens e objetos. O outro inventário, composto de sua documentação de cunho de pessoal, foi organizado em 2008 e é composto de: documentos pessoais (RG, certidão de nascimento e título de eleitor); homenagens; medalhas e placas; ordens, títulos e jubileus; discursos; palestras, aulas, conferências, documentos oficiais e memoriais; documentos curriculares; produção científica e intelectual; produções de terceiros sobre Vaz; documentação sobre a criação e instalação das Universidades, Faculdades, cursos, cadeiras e laboratórios que participou; documentação dos cargos e funções exercidas; documentação de participações em sociedades científicas e culturais (tanto nacionais quanto internacionais); matérias impressas sobre sua vida e produção; dossiês de cientistas e professores elaborados por ele; dossiês administrativos elaborados por ele.

Essa documentação abrange parte da vida de Vaz e conta com uma grande diversidade de materiais, inclusive um currículo vitae oficial feito em 1978 e uma entrevista oficial que foi transcrita em 1996. Dentro dessa documentação constam também materiais que foram doados por seu filho, Fernando Vaz em 2006.

Tratando das documentações avulsas desses dois inventários, temos em primeiro lugar, as fotos, que foram organizadas em 2003 e que constituem passagens como: a formação acadêmica de Zeferino Vaz; fotos individuais; fotos de homenagens; fotos de eventos sociais e administrativos; do Instituto de Biologia de SP; da USP; da Faculdade de Medicina Veterinária; da FMRP; da Secretaria da Saúde; da UnB, da Unicamp durante toda sua instalação e depois; de Terceiros (amigos, principalmente). Há também um catálogo, elaborado em 2006, contendo diplomas e certificados e a coleção de realias, constituídas por homenagens e medalhas.

Por fim há o mobiliário, que está exposto em uma sala exclusiva para ele dentro do Arquivo, que fica próxima ao arquivo físico e com expositores de medalhas e realias do professor em sua entrada. É aberto para visitação e está organizado da maneira mais próxima a que se encontrava em seu gabinete oficial. As peças que o constituem são do gabinete oficial de Vaz, e é composto pela mesa do gabinete feita em madeira nobre; a poltrona oficial do professor, também feita em madeira nobre; duas cadeiras auxiliares, localizadas a frente da mesa de gabinete; duas poltronas; dez cadeiras estilo Luís XVI com estofados bordados; duas poltronas estilo Luís XVI com estofados bordados; mesa de centro e de telefone em madeira; dois tocheiros; cinco armários em madeira (quatro com portas de vidro e objetos da coleção expostos); dois oratórios em madeira; dois gaveteiros em madeira; candelabros; castiçais; esculturas; incendiário.

Vemos então que é um arquivo muito rico e abrangente, que realmente dá conta de documentar com detalhes a vida e a carreira de Zeferino Vaz. E, mais importante, que é um arquivo importante no SIARQ, pois contribui de maneira direta com a história de formação da Unicamp.

Documentos relacionados