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Estado da Arte

2.3. FLORICULTURA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

2.3.1. O girassol – a “flor do Sol”

O girassol (Helianthus annuus L.), pertencente à família Asteraceae, tem origem na América do Norte; entretanto, é cultivada atualmente em todos os continentes, pois apresenta ampla adaptabilidade às diferentes condições edafoclimáticas e seu rendimento é pouco influenciado pela latitude, altitude e fotoperíodo (Gomes et al., 2008; Souza et al., 2010); seu uso é extremamente expressivo já que se trata de uma cultura da qual se aproveitam todas as partes com alto valor comercial (Nobre et al., 2008), em virtude das suas características peculiares de rusticidade, resistência à seca, beleza, teor e qualidade de óleo. Abrange áreas como floricultura (Vieira, 2005; Neves et al., 2008), alimentação humana, construção civil e bioenergia (Oliveira et al., 2003), sendo também utilizado como forrageira e na produção de silagem (Tomich et al., 2003; Silva et al., 2004) além de atuar na colonização micorrízica e na reciclagem de nutrientes favorecendo as culturas que a sucedem.

O seu uso específico para fins ornamentais possui elevada liquidez no mercado florístico, com preços médios do buquê variando na faixa de R$ 41,00 até R$ 120,00; como possui um elevado “tempo de prateleira” ou “duração pós-colheita” é comercializado tanto em casas de flores como é distribuído via internet sendo utilizado tanto em eventos sociais, congressos e conferências como também em cerimônias de casamento, além de ser comercializado na forma de buquê individual e flor individual. Outro fator que favorece a comercialização do produto é o tempo de prateleira que, no caso do girassol tem durabilidade pós-colheita entre 7 e 10 dias (Anefalos & Guilhoto, 2003).

Na medida em que o cultivo do girassol ganha importância no Brasil, sugere-se que tecnologias sejam desenvolvidas buscando compreender melhor suas exigências e assim adaptá-las através do melhoramento genético ou satisfazê-las de acordo com o que cada região do país pode oferecer.

Na região nordeste do Brasil, por exemplo, uma das principais limitações à expansão de áreas agrícolas é a escassez de recursos hídricos superficiais de qualidade e

58 disponíveis para a irrigação; no caso específico da cultura do girassol Silva et al. (2011) afirmam que o consumo de água pela cultura do girassol varia em função das condições climáticas porém ressaltam que uma reposição hídrica da ordem de 533,70 mm (150% da evapotranspiração da cultura) proporcionou os maiores potenciais de produção de aquênios.

Com relação às exigências nutricionais desta cultura o nitrogênio, após o boro, é o nutriente mais exigido pela cultura do girassol e é também que mais limita a produção da mesma, proporcionando redução de até 60% na produtividade em decorrência da sua deficiência. Pesquisas têm mostrado que tanto o crescimento da planta como o teor de óleo nos aquênios respondem positivamente aos fertilizantes nitrogenados (Biscaro et al., 2008).

Desempenhando importante função no metabolismo e na nutrição da cultura do girassol, o nitrogênio é transformado em composto orgânico acumulando-se nas folhas e caules para depois ser translocado para o grão e as sementes (aquênios). A deficiência deste elemento causa desordem nutricional (Dantas Júnior et al., 2010) limitando sua produção enquanto seu excesso ocasiona decréscimo na porcentagem de óleo (Biscaro et al., 2008).

Resposta do girassol a salinidade

De acordo com informações de Maciel et al., (2012), a cultura do girassol vem ganhando destaque nas pesquisas com águas salinas (Di Caterina et al., 2007; Oliveira et al., 2010; Nobre et al., 2010; Campos et al., 2010; Travassos et al., 2011; Santos Júnior et al., 2011), devido a sua relevância para produção de óleo comestível, biodiesel e material ornamental.

Ayers & Westcot (1999) classificam o girassol como planta moderadamente sensível à salinidade. Nobre et al., (2010) estudando o crescimento e a floração do girassol sob estresse salino utilizando água com CE variando entre 0,5 e 4,9 dS m-1, corroboram com a classificação de Ayers & Westcot (1999) acrescentando que a altura da planta, o diâmetro caulinar, a fitomassa seca da parte aérea, o início do florescimento e os diâmetros de capítulo externo e interno do girassol cv. EMBRAPA 122-V2000, são afetados linear e negativamente pela salinidade da água, a partir de 0,5 dS m-1.

59 Em relação à resposta de genótipos de interesse ornamental, Grieve & Poss (2010) avaliaram o aproveitamento de duas qualidades de água de drenagem, com níveis de salinidade 2,5; 5,0; 10,0; 15,0 e 20,0 dS m-1, sobre a produção de dois genótipos de girassol e observaram a presença de margens foliares necróticas, atribuídas ao cloreto mas apenas para poucas plantas produzidas com salinidade da água acima de 10 dS m-1. Entretanto, Maciel et al., (2012) verificaram, estudando a produção de flores de girassol em sistema hidropônico NFT sob estresse salino com CE da solução nutritiva variando entre 0,47 e 6,19 dS m-1, que a salinidade da água, mesmo proporcionando uma condutividade elétrica da solução nutritiva de até 16,36 dS m-1, não prejudicou o tamanho da inflorescência do girassol ornamental 'Sol Vermelho' nem a qualidade comercial da sua haste, quando cultivado em hidroponia NFT.

Resposta do girassol à aplicação de água residuária

De acordo com informações de Andrade et al., (2012) o uso agrícola de esgotos e biossólidos (lodo originado em estação de tratamento de esgoto sanitário que passou por tratamento biológico) cresceu de forma acentuada em todo o mundo, sobremaneira em regiões áridas e semiáridas de países em desenvolvimento como resposta à necessidade de aumentar a produção agrícola, sem aplicação de fertilizantes sintéticos. Em referência à cultura do girassol, especificamente Souza et al., (2010) estudando a utilização de água residuária e de adubação orgânica no cultivo do girassol para fins ornamentais, confirmam este incremento produtivo e acrescentam que flores de girassol irrigadas com água residuária apresentam maior número de pétalas e caráter precoce; Nobre et al., (2010) estudando a produção do girassol sob diferentes lâminas com efluentes domésticos e adubação orgânica, ressaltam que a reposição da necessidade hídrica com água residuária favoreceu as variáveis: altura de planta, fitomassa seca da parte aérea, diâmetro de capítulo externo e interno, fitomassa fresca de capítulo, número de aquênios por capítulo e fitomassa de aquênios por planta, cujos maiores incrementos foram observados com reposição de 120%.

A resposta do girassol à irrigação com água residuária têm sido tema de pesquisa de diversos profissionais (Freitas et al., 2012; Santos Júnior et al., 2011; Andrade et al., 2007) sinalizando seu aproveitamento exitoso nos índices produtivos do girassol.

60 2.4. HIDROPONIA

O termo hidroponia é de origem grega: Hydro = água e Ponos = trabalho, cuja junção significa trabalho em água. Trata-se de uma técnica alternativa de cultivo, na qual o solo é substituído pela solução nutritiva onde estão contidos todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento das plantas. Esta técnica é, também, conhecida como cultivo sem solo (Sediyama & Pedrosa, 1999).

Dentre as suas vantagens o cultivo hidropônico apresenta uma uniformidade maior na produção, maior produção por área, redução do ciclo de cultivo, menor gasto de mão de obra, maior eficiência do uso da água e fertilizantes e oferece produtos limpos e de qualidade. Como desvantagem apresenta maior investimento inicial, comparado ao cultivo convencional; necessidade de conhecimentos técnicos e dependência de energia elétrica. Esses fatores fazem do cultivo hidropônico uma alternativa à agricultura tradicional (Sediyama & Pedrosa, 1999).