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O GRANDE OBSTÁCULO À

No documento A Vida Crucificada a.W.tozer (páginas 193-200)

VIDA

CRUCIFICADA

Confie no SF N H O Rde todo o seu coração e não se

apoie em seu próprio entendimento; reconheça o

SF N H O Rem todos os seus caminhos, e ele endireit-

ará as suas veredas.

PROVÉRBIOS 3.5,6

Paulo era um homem que sabia em que cria e onde estava. Ele conhecia Deus e tinha uma con- fiança cósmica, mas esse mesmo homem não tinha nenhuma confiança em si. Paulo era grande, mas não confiava em si próprio.

Diante dos homens, Paulo era firme como leão; mas, diante de Deus, tudo o que podia dizer contra si mesmo não era bastante. Quando estava diante de Deus, Paulo realmente não tinha nen- huma confiança em si. Sua confiança em Deus era inversamente proporcional à confiança em si próprio. O nível de autoconfiança de Paulo era tão baixo quanto era alto o nível de confiança que ele tinha em Deus.

O que entendo por "autoconfiança"? Simples- mente a respeitabilidade e a convicção pessoal que vêm por meio da educação. É o que você aprende e o que seus amigos dizem sobre você e o melhor que você pode dar. A autoconfiança é o último grande obstáculo à vida crucificada, e é por isso que giramos em torno do profundo rio divino como animais cm volta de uma cisterna, com medo de entrar porque a água pode ser muito funda. Nunca compreendemos isso direito.

Quero citar um homem de nome fantástico: Lourenço Scupoli (1530-1610). Foi um daqueles católicos estranhos que, em vida, era considerado mais ou menos herético por causa de sua cultura evangélica.

Ele escreveu um livro intitulado O combate

espiritual, um manual prático para a vida. Scu-

poli começa ensinando que a essência da vida é a luta contínua contra os nossos desejos egoístas.

Scupoli diz que o meio para ganhar a luta é sub- stituir os nossos desejos de autossatisfação por atos de caridade e sacrifício. Quem não faz isso perde e sofre a eternidade no inferno. Quem o faz, sem confiar na própria força, mas no poder de Deus, triunfa e será feliz no céu.

Scupoli analisa algumas situações comuns da vida real e aconselha quanto à maneira de lidar- mos com elas para manter a nossa consciência limpa e aumentar a nossa virtude. Qualquer um que continue agindo contra Deus é a causa de tudo o que é ruim. Todo bem vem de Deus, cuja bondade é ilimitada. Scupoli escreveu:

Tão necessária é a autodesconfiança nesse con- flito que, sem ela, você será incapaz, não apenas para alcançar a vitória desejada, mas até para su- perar a menor de suas paixões. Que isso fique bem impresso em sua mente; pois nossa natureza corrupta nos inclina muito facilmente a uma falsa noção de nós mesmos; de modo que, nada sendo

na realidade, nos consideramos alguma coisa e presumimos, sem o menor fundamento, nossa própria força.

Essa é uma falta que não discernimos com muita facilidade, mas muito desagradável para Deus. Pois ele deseja e ama ver em nós um reconheci- mento franco e sincero dessa verdade mais que certa, de que toda virtude e graça que está em nós deriva somente dele, a fonte de todo bem, e que nada de bom pode proceder de nós, nem ao menos um pensamento pode encontrar aceitação aos seus olhos.[1]

Por que a autoconfiança e tão errada? A auto- confiança é errada porque usurpa Deus. Deus diz: "Pode um homem roubar de Deus? Contudo vo- cês estão me roubando. E ainda perguntam: 'Como é que te roubamos?' Nos dízimos e nas ofertas" (Malaquias 3.8). Temos roubado de Deus e tomado aquilo que a ele pertence. Paulo declara que Deus é a fonte de tudo, e nada, nem

mesmo os bons pensamentos, pode sair de nós, a menos que venha antes de Deus (v. Romanos 11.35,36). Se você ignora o fato de que Deus é a fonte de tudo e considera fonte o eu convertido e santificado, isso é péssimo, porque a confiança final em Deus é removida. O eu julga Deus e o homem, e considera Deus menor do que é, e o homem, maior do que é. Esse é o nosso problema.

Estude teologia e aprenda como Deus é a ori- gem e a fonte de todas as coisas. Aprenda sobre os atributos de Deus e veja se em seu coração vo- cê ainda acredita que Deus é menor do que é, e você, maior do que é. Pense na Lua. Se a Lua pudesse falar como os homens e ter uma person- alidade, diria: Brilho sobre a Terra e sempre que

estou por perto a Terra fica linda. Se alguém

pudesse responder à Lua, falaria: "Ouça, você não faz isso por si. Você não sabe que foi estudada e desvendada? Você não brilha de jeito

nenhum. Você só reflete a luz solar, então, na verdade é o Sol que brilha".

Então o eu vem socorrer a Lua. "Você está deixando sua luz brilhar e fazendo um bom tra- balho", diz. "Quando não está no alto, um lado inteiro da Terra fica no escuro. Mas, quando aparece, um lado brilha, e consigo ver filas de ca- sas. Você está fazendo um serviço excelente". A Lua não diria: "A glória é de Deus, porque é só pela graça de Deus que sou assim". O tempo todo a Lua está pensando que brilha.

Quando a Lua está brilhando, é apenas a luz solar refletida. E, se a Lua realmente com- preendesse, poderia brilhar com ousadia e falar disso, porque saberia que não está brilhando. Assim também, Paulo sabia que não tinha em si mesmo nada condizente com o céu. Ele só tinha a graça de Deus. Era Deus, não ele. Ele não con- fiava em si mesmo de modo completo e radical.

No documento A Vida Crucificada a.W.tozer (páginas 193-200)

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