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O Grupo de Lorentz

No documento Corpos elásticos em relatividade geral (páginas 64-73)

1.3. A Relatividade Restrita: os axiomas de Einstein

1.3.5. Transformações de Lorentz

1.3.5.2. O Grupo de Lorentz

Seja M o espaço-tempo de Minkowski. Uma transformação de Lorentz é uma função linear L : M  M que, para quaisquer x, y  M, satisfaz a condição

Lx.Ly x . y ( 1.197 )

Se Ljiforem os coeficientes da matriz L (com i, j  0, 1, 2, 3), tem-se

Lx  Ljixj

xi . ( 1.198 )

As transformações de Lorentz são, então, definidas como um conjunto de transformações do tipo

xi xi  L j

ixj ( 1.199 )

das coordenadas de Minkowski que deixam a métrica de Minkowski invariante, i.e.,

LkiLrjij  kr ( 1.200 )

e

Lx.Ly  ijLkixkLrjyr  LTLkrxkyr ( 1.201 )

Lx.Ly x . y LTL

krxkyr  krxkyr ( 1.202 )

quaisquer que sejam x, y  M. Conclui-se que uma matriz de Lorentz, L satisfaz a condição

LTL  . ( 1.203 )

Será impostante referir que se L for uma matriz de Lorentz, então LT

também o será.

Por ( 1.203 ), tem-se que det L  1. Se x  y em ( 1.197 ), então x é um vector temporal se e só se Lx é um vector temporal; x é um vector espacial se e só se Lx é um vector espacial; e, pela propriedade da não-degenerescência do produto interno, x é um vector nulo se e só se Lx for um vector nulo.

O grupo das transformações de Lorentz em M formam um grupo a que se dá o nome grupo de Lorentz que se representa por L.O elemento identidade deste grupo éji e o elemento inverso é dado pela matriz inversa.

A matriz Ljié invertível, pois, de ( 1.200 ), vem

det L2  1  det L  1

pelo que a matriz é não singular, logo invertível.

1.3.5.3. Dilatação do tempo

Considere-se que um relógio fixo emxxA , no referencial

S, regista dois

Figura 1.9. : Acontecimentos sucessivos registados por um relógio fixo emS.

Os acontecimentos sucessivos em S sãoxa ,

t1 e  xa ,  t1  T0 .

Utilizando as transformações de Lorentz, em S, tem-se

t1  t1  xA c2 , t2  t1  T0  xA c2 . ( 1.204 )

pelo que o intervalo de tempo, em S, definido por T  t2 t1 é

T  T0 ( 1.205 )

o que demonstra que os relógios em movimento se atrasam através do factor

1  2/c212.

A este fenómeno chama-se dilatação do tempo. A taxa mais rápida de tempo corresponde ao relógio em repouso (relógio ideal) e chama-se taxa

própria.

O tempo medido por um relógio ideal, aquele que não é afectado pela sua aceleração e cuja taxa depende da sua velocidade instantânea, chama-se tempo próprio. Este tempo entre t1 e t2 é dado por

t 1 t2 1 2 c2 1 2dt. ( 1.206 )

1.3.5.4. Contracção do comprimento

Considere-se a barra fixa no referencial S de extremidadesxA e xB ,

descrita na figura seguinte

Figura 1.10. : Movimento de um corpo com velocidade em relação a S.

O referencialS move-se com velocidade em relação a S. No referencial S, o corpo tem coordenadas xAe xB obtidas pelas transformações de Lorentz

xA  xA tA e xB  xB tB. ( 1.207 )

O comprimento da barra em repouso, i.e., medido emS é dado porl0   xA   xB    x, ( 1.208 ) medido em S, no instante t  tA  tB é l  xA xB  x. ( 1.209 ) De ( 1.207 ), vem que l  1l 0 ( 1.210 )

verificando-se, assim, que o comprimento de um corpo na direcção do seu movimento, com velocidade uniforme , tem uma redução de 1  2/c2. A

este fenómeno dá-se o nome de contracção do comprimento.

O corpo tem maior comprimento no referencial onde se encontra em repouso, neste caso, emS. Este comprimento é o comprimento próprio.

1.3.6. 4-Vectores

1.3.6.1. 4-posição

A formulação tensorial da relatividade restrita assenta na invariância de

ds2  

dxdx

sendo as coordenadas no espaço-tempo M representadas por x, em que

  0, 1, 2, 3 e

x0  t x1  x x2  y x3  z

A x chama-se vector 4-posição.

1.3.6.2. 4-velocidade e 4-aceleração

Considere-se o movimento de uma partícula de acordo com a curva x

no referencial inercial S. O movimento é parametrizado pelo tempo próprio.

Para uma partícula, a sua 4-posição x é temporal, isto é, xx

 0, o que

que a sua velocidade não pode ser superior à da luz. No referencial S, a partícula move-se com a 3-velocidade

vdr

dt .

A 4-velocidade  será definida pela variação do vector posição da

partícula em relação ao tempo próprio:

 dx

d ,   0, 1, 2, 3. ( 1.211 )

Como dxé um 4-vector e d é um invariante,  é um 4-vector.

Pelo fenómeno da dilatação do tempo, tem-se que

d  dt. ( 1.212 )

Uma vez que

 dxd dxd  d2  dxdx dxdx  d2  0 ( 1.213 ) e ds2  dxdx  c2d2, ( 1.214 ) verifica-se que 

 c2  0, ou seja, a 4-velocidade é um vector temporal

e invariante.

Por analogia com a Mecânica Clássica, pode definir-se a 4-aceleração pela relação

a d

d . ( 1.215 )

1.3.6.3. 4-Força e 4- Momento

segunda lei de Newton, sabe-se que a força é dada por

Fdp

dt ( 1.216 )

em que p é a quantidade de movimento. Analogamente, é possível definir um 4-vector da forma

F dp

dt ,   0, 1, 2, 3 ( 1.217 )

em que F é a 4-força e p o 4-momento. A definição de 4-momento vem

da Mecânica Clássica e, assim, o 4-momento será

p  m0, ( 1.218 )

sendo m0 a massa inercial da partícula no seu referencial de repouso e  a

4-velocidade. A m0 dá-se o nome de massa de repouso ou massa própria

(a massa da partícula medida por um observador que se desloca com ela) e é um invariante. Assim, ( 1.217 ) pode escrever-se na forma

F dp

dt  m0 d

dt ( 1.219 )

onde se assume que a massa em repouso, m0, não varia durante o

movimento.

m  m0 é a massa inercial da partícula, i.e., mm0

12/c2  m0 ( 1.220 )

representa a massa em movimento da partícula que se move com uma velocidade. O 4-momento definir-se-á, então, por

p  m

0  m. ( 1.221 )

1.3.6.4. A 4-força de Minkowski

transformação de Galileu, não são invariantes na transformação de Lorentz. Têm que ser generalizadas de forma a obter-se uma lei para a força que satisfaça os requisitos covariantes da Relatividade Restrita.

Considere-se F a força de Minkowski e f a força de Newton. A 4-força é definida pela relação

F dp

d   0, 1, 2, 3

o que faz com que a generalização que se procura seja tal que, para velocidades muito pequenas quando comparadas com c, a equação se reduza à forma clássica

fi dpi

dt i  0, 1, 2, 3

sendo f a força de Newton.

Como d e dt estão relacionados através da expressão ( 1.212 ), a

equação para a força de Newton pode escrever-se na forma

fi dpi

d ( 1.222 )

ou seja

fi dpi

d . ( 1.223 )

Esta expressão mostra que as componentes espaciais do 4-vector da força de Minkowski estão relacionadas com a força de Newton através da relação

Fi  fi i  1, 2, 3 ( 1.224 )

Incluindo a parte temporal do 4-vector da força de Minkowski, chega-se à expressão para a 4-força de Minkowski:

F  1

1.4. A Relatividade Geral

Em 1915, Einstein desenvolveu a Teoria da Relatividade Geral na qual considerava todos os objectos acelerados em relação a outros. Esta teoria foi desenvolvida numa tentativa de explicar conflitos aparentes entre as leis da relatividade e as leis da gravidade, baseada num novo conceito de gravitação e atendendo a vários princípios.

1.4.1. Os princípios

Há cinco princípios que, explícita ou implicitamente, guiaram Einstein na sua busca da Teoria da Relatividade Geral: Princípio de Mach, Princípio de Equivalência, Princípio da Covariância, Princípio da Acoplamento Mínimo Gravitacional e Princípio da Correspondência.

1.4.1.1. Princípio de Mach

A essência dos dois primeiros princípios vem da compreensão da natureza das leis de Newton que se aplicam apenas a referencias inerciais e são os seguintes os postulados do princípio de Mach relevantes para a formulação da teoria da Relatividade Geral:

M1. A distribuição de matéria determina a geometria. (Este postulado

incorpora o essencial das ideias de Mach.)

M2. Se não há matéria, não há geometria. (Aqui é referida a

M3. Um corpo, no vácuo, não possui propriedades inerciais. (Uma

vez que, sendo o corpo único, nada há que interaja com ele.)

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