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4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS LOCAIS DE ESTUDO

4.1.2. O H.CO

O H.CO, um hospital geral municipal que está em atividade há 27 anos, é conveniado ao SUS e tem administração por autarquia pública do município. Está localizado em região periférica da zona leste de São Paulo e presta assistência médico ambulatorial de baixa, média e alta complexidade (consultas, internações, emergências e serviço auxiliar de diagnóstico e terapia). O fluxo de clientes é estabelecido por demanda espontânea e por referência da Central de Regulação de Leitos.

Sendo um hospital geral, atende diversas especialidades, como cirurgia geral, ginecologia, obstetrícia, neonatologia, pediatria e psiquiatria. Possui UTI adulto, neonatal e pediátrica.

No que se refere à estrutura física para assistência obstétrica, o hospital dispõe de Pronto Socorro (PS), Centro Obstétrico (CO) e Alojamento Conjunto. Há, no PS, uma sala para exame e admissão das gestantes. O CO está no 1º andar e possui uma sala coletiva para pré parto, com 5 leitos sem divisórias/cortinas separando as camas que são do tipo hospitalar tradicional. Segundo a diretora, existe no pré parto uma única cama PPP (pré parto, parto e puerpério imediato) que não está em uso por orientação da ANVISA, uma vez que o local não possui divisórias entre os leitos. Um único banheiro com sanitário e chuveiro é compartilhado pelas parturientes no pré parto. Quanto aos partos, estes ocorrem em duas salas cirúrgicas, sendo um para parto normal e um para cesarianas (ambos com mesa cirúrgica tradicional).

No que concerne à assistência às gestantes e bebês, no ano de 2010, ocorreram 2.197 nascimentos, sendo 1.493 partos normais, 02 fórceps e 702 cesarianas.

O cuidado obstétrico é compartilhado entre auxiliares de enfermagem, enfermeiros obstétricos, médicos obstetras e neonatologistas. A admissão é feita exclusivamente pelo corpo médico. O trabalho de parto de baixo risco, segundo a gestora, é acompanhado pelas enfermeiras. Os casos de anormalidades ou partos distócicos são conduzidos por médicos. Por plantão, o H.CO conta com uma equipe de 02 enfermeiras obstétricas, 07 técnicos de enfermagem, 01 doula voluntária, 03 médicos obstetras, 01 médico neonatologista e 01 médico anestesiologista. Estes dois últimos são

profissionais de outros setores que ficam na retaguarda da Obstetrícia. Costuma se ter no hospital, ainda, estagiários das diversas áreas de saúde.

Sobre a avaliação da qualidade hospitalar, a entrevistada informou que existe um grupo de gestores que faz visitas, orientações, reuniões e avaliação de risco em todo o hospital. Especificamente em prontuários, duas profissionais de enfermagem avaliam os registros feitos pelos profissionais de classe, enquanto um médico auditor avalia a parte que cabe aos registros médicos. A gestora não soube informar o percentual de prontuários auditados mensalmente, mas acredita ser a maioria deles.

Com relação à capacitação e atualização profissional, foi informado que médicos e enfermeiros do CO fazem bianualmente o ! * 1 00

+ ! (ALSO) e, sempre que disponíveis, outros cursos menores, como o de cardiotocografia.

Conforme informado pela entrevistada, os critérios para admissão das gestantes de baixo risco em trabalho de parto são definidos por cada médico de plantão, mas acredita que “com menos de 3 cm de dilatação cervical a parturiente não seja internada” ( !). Apresentação pélvica, gemelares e duas ou mais cesarianas anteriores são indicações diretas de cesariana. Uma vez admitida, a parturiente de baixo risco é submetida a uma cardiotocografia de rotina e é direcionada ao seu leito, onde permanecerá a maior parte do tempo, em função da falta de espaço físico para deambular. Os únicos equipamentos não farmacológicos disponíveis para alívio das dores são: chuveiro e a cadeira cavalinho.

Cabe destacar que os acompanhantes ficam em sala de espera, dada a impossibilidade de permanecerem ao lado das parturientes durante o trabalho

de parto e parto. De acordo com a diretora, o hospital não tem estrutura para acomodar os acompanhantes no pré parto. A falta de biombos ou cortinas faz com que as parturientes fiquem expostas durante os exames e os procedimentos e, portanto, vulneráveis a constrangimentos diante dos acompanhantes de outras mulheres. É exceção, todavia, as gestantes menores de idade, que devem ter ao seu lado um responsável.

Com relação às prescrições médicas no ato da internação, a gestora explicou que podem ser alteradas pela enfermeira obstétrica no decorrer do trabalho de parto. A alimentação é uma delas, ou seja, se a parturiente foi internada com prescrição de jejum, a enfermeira tem liberdade para indicar e solicitar a dieta, conforme a necessidade.

Não está pré definido, em protocolo, o intervalo entre as avaliações da dilatação cervical das parturientes. Por outro lado, a ausculta dos batimentos cardíacos fetais e a dinâmica uterina ocorrem a cada hora ou a cada 30 minutos. Os registros são feitos em ficha de evolução e em partograma. Este possui as linhas de alerta e ação traçadas e deve ser aberto, segundo a diretora, quando a mulher está na fase ativa do trabalho de parto.

A amniotomia deve ser realizada com segurança (um bom plano de DeLee, de acordo com a gestora) ou para confirmar suspeitas de mecônio. O uso de ocitocina vem prescrito da internação, no entanto, caso a parturiente apresente boa dinâmica uterina e uma evolução normal da descida da apresentação e da dilatação cervical, cabe à enfermeira obstétrica ponderar por sua utilização ou não. No entanto, nos casos em que há a necessidade de uso deste hormônio sintético, a gestora informou que é indicado iniciá la com

baixas doses (4 a 6 gts/min) em bomba de infusão, aumentando a dosagem, conforme a necessidade e “bom senso do profissional” ( !).

Ao final da entrevista, a diretora afirmou que, infelizmente, a assistência às parturientes e puérperas está longe de alcançar os ideais da humanização, devido às limitações físicas e materiais do hospital. No entanto, em comparação ao que dispunham há 15 anos, muito foi melhorado na instituição e muito ainda será conquistado.

O ambiente em que ocorre o parto e o nascimento tem grande relevância sobre a experiência materna e familiar, bem como sobre os resultados da assistência. Por este motivo, há algumas décadas os Hospitais Gerais, compostos por centros obstétricos tradicionais, são desestimulados. NAGAHAMA e SANTIAGO (2005) citam, como dificuldades de implantação de um modelo de assistência humanizada, as más condições estruturais das instituições, o despreparo para acolher o acompanhante e a participação incipiente de uma equipe multiprofissional, conforme também observado na caracterização do H.CO.

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