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O IMPÉRIO FACE AO PROBLEMA INDUSTRIAL E TARIFÁRIO

Durante o Segundo Reinado as Associações e as Sociedades impetraram seu lugar na estrutura do Império, levando-se em conta a importância de suas atuações política e econômica. A Associação Comercial do Rio de Janeiro e a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, e mais tarde, a futura Associação Industrial do Rio de Janeiro na década de oitenta, puderam se organizar em grupo, fundando uma instituição com Estatuto e regras bem definidas para a organização e gerenciamento de sua atividade econômica. Entendiam que era necessário se unir para lutarem por seus objetivos, sem o qual nada alcançaria do Governo Imperial. O empenho na articulação política junto as Câmaras e ao Governo eram primordiais para a estruturação de qualquer Associação neste período.

No decorrer deste capítulo, será feita uma referência à Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e à Associação Comercial do Rio de Janeiro como exemplos de Associação, traçando seus objetivos. Para identificar seus princípios e valores a serem divulgados junto à opinião pública e ao Governo, utilizaram várias estratégias como: criação de escolas e museus, exposições e até edição de um periódico. Todas essas metodologias tinham como objetivo expor ao público o seu papel no Império do Brasil.

Cabe evidenciar que estas instituições tinham em seus quadros, grupos ou seções opostas em termos de princípios e objetivos a serem alcançados, portanto, em consequência a essa configuração, inevitáveis choques de ideias. Por longos anos essas questões problemáticas puderam ser contornadas, mas com a chegada da crise na Monarquia essa estabilidade é rompida. Além disso, a Associação Comercial do Rio de Janeiro também se dividia quanto ao apoio à indústria fabril: os comerciantes nacionais apoiavam a indústria e os comerciantes importadores se opunham à proposta protecionista do grupo de industriais. Além de discorrer sobre Tarifa e Alfândegas no Segundo Reinado.

Assim, pode-se verificar a relevância das Associações dentro do Império e seu papel. Conforme o Dicionário da Língua Portuguesa, elaborado por Silva: “Associar, com alguém, fazer sociedade, entrar em sociedade, companhia de comércio, ou mão comum para algum feito”.36

Assim, associar-se consistia, em qualquer ramo da atividade econômica, ganhar importância capital pelo fato de reunirem-se em um grupo com um pensamento coeso e com objetivos bem definidos para se alcançar seus ideários.

Com referência a associação, ao longo da história, seu conceito será tratado sob a ótica de associação de ofício, já que a Associação Industrial é composta por um grupo de industriais. Aplicando-se assim as considerações de Martins: “Esses dois elementos- ajuda mútua e solidariedade - são fundamentais para o entendimento do significado do associativismo através dos tempos.”37

Segundo autora, o marco do período de iniciação de associações de ajuda mútua na Europa ocorre nos séculos XI - XII, principalmente das corporações de ofícios. Durante os séculos XI – XIII, o comércio auferiu novamente sua expressão devido a transformações na Europa com o fim das invasões, a retomada do comércio e o crescimento econômico. O crescimento das cidades e o aumento do comércio entre a Europa e a Ásia incentivaram a diversificação das profissões e a reunião de trabalhadores em grupo de ofício. As transformações decorrentes das revoluções burguesas propiciaram o associativismo e sua estruturação junto aos trabalhadores.38

Acrescente-se a isso, o advento das revoluções burguesas que marcaram a Europa, em decorrência das ideias transformadoras que vieram a impactar as cidades e a relação entre o trabalhador e o seu universo de ofício. A tomada de consciência de direitos e deveres, além do grande choque da Revolução Industrial, no mundo do trabalho, trouxeram discussões quanto ao papel das Associações.39 Na Inglaterra as associações crescem em número a partir da Revolução Industrial por conta da necessidade da classe operária em solidariedade a seus iguais, com o objetivo de buscar respostas para suas necessidades. No século XIX, as associações vão aos poucos sendo regularizadas ao ponto de terem “ordens” e afiliação nacional. Promovem educação, fundam bibliotecas, e cursos noturnos para seus membros e editam jornais para a divulgação de seus ideários na esfera pública.40

De igual forma, no século XIX a França avançou na organização de entidades associativas com o Código Penal de 1810, que solicitava que as associações tivessem mais de vinte membros, seja com objetivos políticos, religiosos, ou literários, necessitando ainda ter aprovação do governo para o funcionamento. Com a Constituição de 1848 foi declarado o

37MARTINS, Mônica de Souza N. Entre a cruz e o capital: as corporações de ofícios no Rio

de Janeiro após a chegada da família real (1808- 1824). Rio de Janeiros: Garamond, 2008. p. 10.

38

Ibid., 2008.

39

HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções 1789-1848, São Paulo: Paz e Terra, 2012.

40FONSECA, Vitor Manoel Marques de. No gozo dos direitos civis: associativismo no rio de Janeiro, 1903-

direito de associar-se, mas somente em 1884, a legislação francesa permitiu a fundação e o funcionamento de associações profissionais e sindicatos.41

No Brasil, desde a Colônia tivemos associações de caráter religioso, como Santas Casas de Misericórdia ou ordens terceiras, inúmeras irmandades e academias literárias ou libero-cientificas. No século XVIII, a associação teve um incremento por conta da solidificação da elite mercantil no Rio de Janeiro.42

A primeira lei sobre associações no Império foi determinada com a lei de 20 de outubro de 1823 com a revogação do alvará de 30 de março de 1818 sobre as sociedades secretas. A legislação determinava que a criação da associação deveria ser comunicada as autoridades policiais e ter autorização por escrito por parte do governo para o seu funcionamento. O Ato Adicional de 1834 trazia uma novidade: as assembleias provinciais poderiam legislar sobre criação e funcionamento das mesmas em seu território. Esta propiciou uma diversificação nas atividades artesanais e manufatureiras, ampliando satisfatoriamente a economia da cidade. De acordo com Martins:“Na década de 1830 houve uma proliferação de associações de auxilio mútuo, que se assemelham às antigas corporações de ofícios em algumas formas de atuação e objetivos.”43

Com a lei nº 261, de 03 de dezembro de 1841, fica definido que a polícia exerceria sua função conforme a lei de 20 de outubro de 1823. Já o decreto nº 575, de 10 de janeiro de 1849, amplia sua determinação: necessitavam ter aprovação do governo, e dos ministérios; estabelecer o tempo de duração e de capital; ter contrato, além da autorização da polícia. Em plena crise de 1857 e 1864 há uma legislação com o foco nas entidades financeiras com o intento de ter controle sobre a criação e o funcionamento de sociedades civis. Com a lei nº 1.083, de 19 de dezembro de 1860, o decreto de nº 2.711 regularizava a criação de bancos. No período de 1840-1889, pode-se verificar no Almanak Laemmert que havia 640 sociedades como clubes, sociedade carnavalescas, beneficência, irmandades, agremiações culturais, entre outras.44 Deste modo, expõe-se os conceitos de Associação e de Sociedade para ficar definido o que está sendo tratado. É importante confirmar estas definições pelo fato de se estar estudando uma Associação no Império do Brasil, com uma ênfase especifica na luta pela

41FONSECA, Vitor Manoel Marques de. No gozo dos direitos civis: associativismo no rio de Janeiro, 1903-

1916. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional; Niterói: Muiraquita, 2008.

42

FRAGOSO, João Luís Ribeiro. Homens de grossa aventura: acumulação e hierarquia na Praça do Rio de Janeiro (1790-1830). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1992.

43MARTINS, Mônica de Souza N. Entre a cruz e o capital: as corporações de ofícios no Rio de Janeiro após

a chegada da família real (1808- 1824). Rio de Janeiros: Garamond, 2008. p. 16.

indústria fabril, nunca antes existente, sendo a primeira instituição a se organizar com este objetivo. A Associação Industrial do Rio de Janeiro se propõem a labutar pelo desenvolvimento da indústria fabril no Segundo Reinado.

Referindo-se à apreciação do Dicionário da Língua Portuguesa, elaborado por Silva, quanto a palavra Sociedade: “Sociedade, união de duas, ou mais pessoas para conseguirem algum fim; ou seja, a sociedade civil, ou mercantil, ou qualquer outra como para guerra, e outras tais empresas”.45 Algumas décadas depois o Dicionário da Língua Brasileira, elaborado por Pinto “Associar, fazer sócio de outro. Acompanhar uma coisa com outra; associar-se fazer sociedade”. E Sociedade: “União de duas partes ou pessoas”.46

A definição de Associação, “Ato ou efeito de associar-se; combinação, união. Sociedade.”47

Quanto ao termo Sociedade, “Agrupamento de seres que vivem em estado gregário”. “Grupo de indivíduos que vivem por vontade própria sob normas comuns; comunidade”. Portanto, associação é um grupo de pessoas submetidas a um regulamento, que exercem atividades comuns ou defendem interesses comuns.

Pode-se ver que o conceito de Associação e de Sociedade no século XIX enquadra-se bem nestas formas de organização: um grupo coeso e unido com fins específicos, que contribuíram para a reorganização de grupos, com sua inserção no meio político e social por conta de sua visibilidade na sociedade Imperial. Sua importância se alicerça também pelo fato de cooperarem para uma “normalidade” em meio a crises econômicas e sociais pelas quais o Império passava.

A Associação desenvolveu uma metodologia de apoio a grupos de pessoas que possuíam fins comuns, sejam de ordens religiosas, entidades científicas, clubes literários, sociedades abolicionistas, grêmios recreativos, associação industrial e muitas outras que perduraram durante o século XIX. Conforme o artigo de Jesus e Marotta: “A ajuda mútua exercia um papel especifico na segurança social, material e moral de artesãos, operários, ex- escravos, industriais, comerciantes, engenheiros, advogados e médicos.”48 A importância aqui fica caracterizada por meio da ênfase dada à função da Associação de acordo com a afirmação dos autores. Outra razão para o estabelecimento de uma Associação seria a de favorecerem o

45 SILVA, Antônio de Moraes. Dicionário de Língua Portuguesa. Lisboa: Lacérdina, 1813. p. 545. 46

PINTO, Luiz Maria da Silva. Dicionário da Língua Brasileira. Ouro Preto: Typografia da Silva, 1832. p. 116; 998.

47 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio dicionário da língua Portuguesa. Curitiba: Ed.

Positivo, 2010. p. 73.

48

JESUS, Ronaldo Pereira de e MAROTTA, Marconni Cordeiro. Cultura Associativa no século XIX: atualização do repertório crítico dos registros de sociedades na cidade do Rio de Janeiro (1841-1889). XXVII Simpósio Nacional de História Conhecimento Histórico e diálogo com Social. Natal, Rio Grande do Norte, 22 -26 de junho de 2013. p. 1.

escoamento do capital do Tráfico de Escravos que, a partir da Abolição, estariam sem muitos meios de gerar renda para os seus donos, assim, esta seria uma nova oportunidade para aquecer no mercado interno.

Com alusão à Associação, há dois tipos: a beneficente e as antigas corporações de ofícios. Porém pode-se ver que existia um elo em comum que seria segundo Batalha “defesa profissional através da qualificação para o exercício do oficio e também controle e proteção do mercado contra a concorrência”.49

No respectivo movimento associativo, havia uma relação com o governo tendo vista o aparato legal necessário para a sua organização, assim como, as regras para a sua fundação. Segundo Morel; Nicolau Vergueiro: “O espírito de associação há poucos anos começou entre nós, e a sua direção mais se encaminhou para objetos políticos como pediam os tempos, do que para interesses materiais; mas é de esperar que estes terão em breve sua época”50

De acordo com Manuel de Azevedo, na cidade do Rio de Janeiro de 1808-1840, foram fundadas cinquenta e cinco associações: 13 eram beneficentes; 11 eram maçônicas; oito industriais; sete políticas; sete cientificas; cinco instrutivas; três recreativas e uma literária.51 Apesar de cada uma das diversas associações ter um caráter específico, elas possuíam características semelhantes, como: ênfase ao desenvolvimento urbano e demográfico das cidades e, em muito estavam conectadas às mudanças econômicas relacionadas ao trabalho, à imigração e à modernização capitalista.52

Importante expor que no período de 1840 a 1889, havia interesse do Governo ao incremento de associações, visando a modernização da cidade, devido as transformações decorrentes dos conflitos existentes no seio da sociedade Imperial, em relação à libertação dos escravos e à mudança do tipo de mão de obra empregada na atividade econômica. De acordo com Marotta: “Todavia, a intenção governamental era clara: começavam a transbordar

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BATALHA, Claudia Henrique de Moraes. Sociedade de trabalhadores no Rio de janeiro do século XIX: algumas reflexões em torno de formação da classe operária. Caderno AEL: sociedades operárias e mutualismo. Campinas Unicamp/IFCH, v. 6, nº 10/11, 1999. p. 29.

50

MOREL, Marco. As transformações dos espaços públicos: imprensa, atores políticos e sociabilidades na cidade Imperial (1820-1840). São Paulo: Editora Hucitec, 2010. p. 279.

51AZEVEDO, Manuel Duarte Moreira de. Sociedades fundadas no Brasil desde os tempos coloniais até o

começo do atual reinado. Memória lida nas sessões do Instituto Histórico em 1884. Revista Trimestral do Instituto Histórica, geográfico e Enográfico do Brasil. Rio de Janeiro: Typografia Universal de Laemmert e Cia, 1884.

52MAROTTA, Marconni Cordeiro. As sociedades do Império: política, economia e associativismo

beneficente no Rio de Janeiro no Segundo Reinado. 2015. 282 f. Dissertação ( Mestrado em História) - Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, Universidade Federal Fluminense, 2015.

perspectivas de mudanças da sociedade, a fórmula proposta era a da promoção do ‘espírito de associação’ direcionado para os ‘interesses materiais”. 53

O motivo do crescimento das Associações no Império, de acordo com o enfoque dos pesquisadores desde assunto, seria para Batalha (1999) que as associações beneficentes possuíam uma ênfase no mercado de trabalho muito parecida com as antigas corporações de ofícios, que tinha em seu objetivo a defesa profissional. De acordo Viscardi: “a propagação de associações está francamente ligada à transição econômica capitalista, e com a realidade das transformações da forma empregada de mão de obra passando da escravista para a assalariada”.54

Afirma o pesquisador Hanner: “grupos de operários qualificados começaram organizar sociedades de auxilio mútuo nas cidades em crescimento, para proteger-se num ambiente muitas vezes hostil”.55

Pode-se apontar o caso da Associação Comercial do Rio de Janeiro que, ao verificar a invasão das mercadorias inglesas entrando no Brasil em grande quantidade, se organiza em uma Associação para conseguir o apoio do governo e assim preservar o espaço de seus associados no mercado interno.

Faz-se necessário explicitar os componentes de Associações durante o Segundo Reinado para se estabelecer o perfil, se assim for possível, a fim de configurar o tipo de agentes sociais que teriam encarado a difícil tarefa de enfrentar a economia agroexportadora e escravista do Império do Brasil. De modo geral, os componentes das associações eram de profissionais como advogados, jornalistas, professores, médicos, comerciantes, industriais, importadores, exportadores, negociantes, políticos, artesões, religiosos, entre outros.

A ampliação espacial das associações, que se estenderam para algumas freguesias no território da cidade, tais como Sacramento, a Santa Rita, a Santana, a Candelária e a São José, onde residiam a maior parte da população pobre, cerca de 76,96%, era movida devido à grande quantidade populacional e pelas favoráveis condições estruturais dessas áreas.

Na década de quarenta, o Rio de Janeiro passou por uma série de transformações econômicas e urbanas, originada pela grande safra de café na região do Vale do Paraíba. Tornara-se o centro comercial e distribuidor de mercadorias importadas para todo o Império,

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MAROTTA, Marconni Cordeiro. As sociedades do Império: política, economia e associativismo beneficente no Rio de Janeiro no Segundo Reinado. 2015. 282 f. Dissertação ( Mestrado em História) - Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, Universidade Federal Fluminense, 2015. p. 38.

54

VISCARDI, Cláudia Maria Ribeiro. Mutualismo e Filantropia. Locus - Revista de História, Juiz de Fora: Editora UFJF, volume 18, 2004. p. 99-113.

55HANNER, June. E. Pobreza e política: os pobres urbanos no Brasil-1870-1920. Brasília: Editora

inclusive para os locais em que o café era exportado, beneficiando a articulação política, econômica e social. O Rio de Janeiro era o local onde os políticos se relacionavam e se articulavam, tendo em vista que a Câmara e o Senado se encontravam sediados nessa cidade. Com todos esses predicados, a cidade seria o local ideal para a organização de Associações de todos os tipos, quer sejam beneficentes ou, antigas corporações de ofício.

A importância política e econômica da cidade do Rio de Janeiro impulsionou a implementação de condições estruturais que foram aprimoradas e/ ou estendidas por conta de sua relevância no cenário nacional. As melhorias seriam concernentes à rede de esgoto, ampliação das companhias de transportes urbanos, serviços de limpeza pública, iluminação a gás, água e cuidados com o espaço urbano.56

Neste período tem-se a Tarifa das Alfândegas de 1844, que protege a indústria fabril nacional da concorrência dos produtos importados e, com esta atuação, incrementa e gera condição para o florescimento da indústria. Mas, além da Tarifa tem-se a concessão de empréstimos, venda de bilhetes de loteria do Estado e isenção de impostos para algumas empresas. Todas essas ações beneficiaram as associações organizadas nesse período.

Há ainda a discussão sobre a Revisão da Tarifa das Alfândegas de 1844, quando se aventava a respeito da necessidade da proteção da indústria por conta da diversidade de produtos fabricados nas indústrias do Império. Conforme Marotta “Da década de 1840 e o final da década de 1850, as atividades mais importantes eram as de produção de chapéus, calçados, tecidos, fundições e serralherias, cervejas, selins, móveis, velas e produtos químicos”.57

Nos anos de 1850, com o Fim do Tráfico de escravos, o capital empregado nessa atividade foi redirecionado para instituições bancárias e manufatureiras das mais diversas. Os cafeicultores, comerciantes exportadores, mineradores e importadores passaram a investir na indústria como forma de diversificação de renda, já que a transformação na relação de mão de obra havia sido modificada. Além do Fim do Tráfico de Escravos houve a publicação do Código Comercial que organizou as sociedades anônimas que segundo Levy: “Ao dar uma legislação mercantil própria como a lhe conferir maioridade para a prática comercial - o novo

56LOBO, Eulália Maria Lahmeyer. História do Rio de Janeiro (capital comercial ao capital industrial e

financeiro). Rio de Janeiro: IBMEC, volume 2, 1979.

57

MAROTTA, Marconni Cordeiro. As sociedades do Império: política, economia e associativismo beneficente no Rio de Janeiro no Segundo Reinado. 2015. 282 f. Dissertação ( Mestrado em História) - Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, Universidade Federal Fluminense, 2015. p. 63.

corpo jurídico também aparelhava o Brasil para constituir sociedades anônimas.”58

Assim, o Código também propiciou e incentivou a abertura de associações e sociedades com os mais diversos fins.

Nos anos de 1860, a constituição das sociedades anônimas foi dificultada com a Lei de Entraves devido às exigências de autorização do governo e do Conselho de Estado. Passou a ser necessário submeter-se a exame no que se referia aos fins da sociedade, sua necessidade e, ainda, avaliação dos bens dos sócios que seriam responsáveis pela futura instituição. A Crise de 1864 levou boa parte dos comerciantes e banqueiros a bancarrota, sem contar com a Guerra do Paraguai. Isso ocasionou um grande transtorno que contribuiu para a crise na economia, reduzindo a quantidade de associações a serem organizadas, uma vez que as condições econômicas desfavoráveis não cooperavam para incentivar os grupos a se reunirem para este fim.

Nos anos 1870, pode-se verificar um novo tipo de associação, direcionada à questão social da libertação de escravos. Com a lei do Ventre Livre desencadeou-se uma nova visão de Associação, voltada também para a questão social e econômica. Com um perfil de variados membros, muitos advogados, jornalistas, médicos, professores entre outros, essa configuração de grupos abolicionistas se reuniam com o intento de arrecadar recursos financeiros para a compra de alforrias de escravos.

Já nos anos oitenta, se vê o crescimento da quantidade de associações com a finalidade de lutar pela libertação dos escravos. E tem-se também a atuação de um grupo de industriais que se organizam para fundar a primeira Associação Industrial do Império em 1880 cujo objetivo principal era a defesa da indústria fabril. O estudo desta Associação é o objetivo

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