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Parte I Revisão Teórica

Capítulo 2. O Jogo

2.4 O Jogo a sua Pedagogia e Psicologia

2.4.1 A Pedagogia do Jogo Didático

Os jogos didáticos são verdadeiros instrumentos pedagógicos, elaborados para uma determinada finalidade e estratégia de ensino. Estes têm intenção de distrair e instruir ao mesmo tempo.

Na escola as responsabilidades escolares vão surgindo e a espontaneidade da criança começa, entretanto, a ser dirigida por ação educativa do jogo. Este tem sempre duas funções:

 função lúdica, nesta a criança encontra o prazer ao jogar;

 função educativa, através do jogo é ensinado algo, que deste modo ajuda a desenvolver o conhecimento da criança e a sua apreensão do mundo.

O jogo na criança é o trabalho, é o bem, o dever e o ideal de vida em que o seu ser psicológico pode respirar e consequentemente agir.

Estes possuem o poder de fascinar pessoas e podem ser praticados de uma maneira construtiva e não como uma série de preenchimento de tempo.

Até hoje tem havido pouca preocupação com uma verdadeira pedagogia de atividade lúdica, isto é, com uma investigação sistemática da sua utilidade educativa e das formas como os educadores a podem utilizar com eficácia. Assim, a escola torna-se um lugar de legitimação da brincadeira, o jogo é nesta, ou deveria ser um dos meios de pedagogia ativa.

Só quando se reconhece o valor da atividade lúdica como argumento educativo, e quando se utiliza uma metodologia de ensino dinâmica e ativa é que se consegue tirar proveito pedagógico dessa atividade. Dentro de uma metodologia de utilização pedagógica do jogo, convém respeitar o nível.

Para o educador, o jogo didático é um meio privilegiado de conhecer a criança, tanto no plano psicológico como nas componentes culturais e sociais; pode-se ver a manifestação de pobreza no desenvolvimento afetivo, psicomotor ou intelectual e inclusive identificar o estádio de desenvolvimento mental da criança.

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A criança através do jogo aprende a conhecer-se, a dominar as suas emoções, a conhecer o seu corpo, a fazer representações do mundo exterior e mais tarde sobre ele. Este é considerado como uma forma de representação e comunicação:

representação - do mundo exterior que a criança faz de si mesma e do mundo

interior que ela projeta nos temas dos seus jogos;

comunicação -há jogos que permitem um relacionamento com outras crianças,

isto caso ela não esteja gravemente doente ou isolada.

Este processo permite ao educando aperfeiçoar a sua destreza motora, bem como adquirir certos automatismos motores.

Em suma, os adultos deverão valorizar e encorajar o jogo, pois este motiva e cativa as crianças e também porque, todos sabemos que as crianças só aprendem quando são cativadas, facto que se revela primordial nas crianças hiperativas pois só realizam as tarefas quando se sentem motivadas. Os adultos devem encorajar a aprendizagem apoiando-se nos jogos e participando neles.

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2.4.2 A psicologia do jogo infantil

O jogo preenche as funções afetivas e intelectuais no devir infantil. Este também participa na educação e formação das crianças, construindo aquilo que são e em que se irão tornar. Desta forma, nenhum professor, nenhum encarregado de educação poderá negligenciar o significado de jogo infantil, os seus valores e as suas caraterísticas psicológicas principais.

Segundo Piaget (1998), a evolução do jogo tem várias etapas:

jogos de exercícios - é o momento em que a criança sente prazer, emoção ou

surpresa nos movimentos do corpo que ela descobre (ela repete então, sob forma de jogo, os gestos que realizou por acaso e que lhe deram satisfação). Estes jogos ocorrem nos primeiros dezoito meses de vida.

Para Gross (1986 cit. por Neto, 1997), o jogo está intimamente ligado à condição humana é e visto como o pré-exercício de variadas funções e instintos, este pré- exercício vai permitir chegar ao simbolismo.

jogos simbólicos - a criança esforça-se por se acomodar ao mundo e assimilá-lo.

Aqui desenvolve os jogos de mimo ou de ficção simbólica através dos quais a criança imita o mundo exterior. Estes jogos têm o seu culminar máximo entre o segundo e o quarto ano de vida.

Para Leitão (s/d cit. por Neto 1997: 67), “o jogo simbólico tem permitido uma melhor compreensão da génese da actividade simbólica, quer como expressão fundamental do sistema de comportamentos exploratórios, quer na relação que este sistema de comportamentos mantém com o desenvolvimento do sistema de vinculação”.

jogos de regra - nesta etapa entra-se na socialização infantil. Inicia- se o período

de relações estreitas entre o jogo e a instituição escolar. O jogo socializado marca o aparecimento do jogo pedagogicamente explorável. As relações entre o desenvolvimento intelectual e afetivo da criança e a função educativa da escola manifestam-se particularmente nos laços que se criam entre os jogos e as disciplinas maiores do ensino. Para o pedagogo a etapa mais importante é esta, onde a evolução pode-se seguir desde o jardim deinfância até ao ensino secundário, inclusive. Os jogos de regra adquirem a sua maior importância a partir do sétimo ano de vida e a partir deste momento é exigida a capacidade de adaptação e integração social.

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jogos como linguagem - exprime o encontro entre personagem singular e o

mundo no qual ela se encontra e se constrói dando significados.

Nota-se, então um aprofundamento das relações entre o jogo e a linguagem. São essenciais para a evolução psicológica da criança e para a sua construção intelectual. Assentam assim a sua saída progressiva do egocentrismo posto em evidência por Piaget, confusão do interior com o exterior, do eu com o mundo, do imaginário com o real, colaborando assim para que se opere a descentralização da criança, ou seja, o seu caminho para o controlo da objetividade, que constitui a chave do seu acesso a uma verdadeira formação intelectual.

Ao pedagogo não interessa apenas todas estas etapas do jogo, mas também as diretrizes que lhe vão permitir conduzir uma ação educativa adequada, coerente e positiva.

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