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6.1 – Introdução

Como a intenção principal deste trabalho foi comparar, baseados na opinião dos licenciados em Física da UFSC, as exigências encontradas em suas práticas profissionais com o processo pelo qual passaram em sua formação inicial, buscou-se, de um lado, informações nos licenciados, para, de outro, contrapô- las com aquelas extraídas da primeira etapa, apresentadas no capítulo II, e da segunda etapa, apresentadas no capítulo anterior, referente à investigação com os professores formadores.

A investigação com os licenciados, como já descrito, aconteceu em dois momentos distintos, representando a terceira e a quarta etapa desta pesquisa. O primeiro momento estruturou-se em um questionário e o segundo, já balizado pelos resultados deste, sobre uma série de entrevistas.

6.2 – Apresentação e Análise dos dados

No quesito referente à prática profissional e a atual ocupação, verificou-se que 65,5% dos licenciados que responderam à pesquisa atuam como docentes, seja no Ensino Fundamental, Médio ou Superior, incluindo, nesse percentual, docentes que atuam em cursos pré-vestibulares, ensino profissionalizante e educação de jovens e

adultos (EJA). Uma visualização sintética desses dados é apresentada no gráfico67

seguinte, destacando, inclusive, a atuação de diversos licenciados em mais de um nível de ensino, em unidades da rede pública ou particular de ensino.

67 Todos os gráficos que envolvem opiniões dos Licenciados podem ser entendidos e lidos de duas formas: a primeira e mais importante, lida em linhas horizontais, revela a freqüência de cada opção; já a segunda, por linhas verticais, dará ao leitor a possibilidade de avaliar a opinião de cada licenciado sobre cada tópico abordado, já que cada linha vertical representa um único licenciado (L01, L02, L03, ..., L55).

000 010 020 030 040 050 060 Ens.Sup.Públ. Ens.Médio Públ. Ens.Fund.Públ. Ens.Sup.Priv. Ens.Médio Priv. Ens.Fund.Priv. Não professor Licenciados Gráfico XX - Atividade Profissional Gráfico I – Atividade profissional

As totalizações dos dados acima estão apresentadas na tabela seguinte:

Tabela VIII - Atividade profissional.

Ensino Fund. Ensino Médio Ensino Superior Total

Prof. Rede Púb. 02 27 01 30

Prof. Rede Priv. 04 20 01 25

Total de prof. 06 36 02 36

Considerando o fato de que 19 licenciados (34,5%) não estão exercendo a atividade docente, observou-se que aproximadamente um terço (06 licenciados) estão dando seqüência à sua formação em nível de pós- graduação e que 13 licenciados (23,6%) desenvolvem outra atividade profissional qualquer. Os motivos apontados por estes últimos para que não estivessem em sala de aula estão relacionados na tabela seguinte68.

68

O fato de a quantidade de licenciados mostrados na tabela, assim como o percentual, exceder o número de licenciados que não desenvolvem atividade profissional docente é explicado por alguns respondentes terem optado por mais de uma resposta.

Tabela IX - Motivos para o não exercício da docência.

Motivo Nº. de licenciados % de licenciados

Falta de oportunidade 02 15,4%

Optou por outra opção mais rentável 01 7,7%

Abandonou por desencanto profissional 01 7,7%

Usou o diploma para ascensão profissional 01 7,7%

Já tinha outra profissão e continuou nela 11 84,6%

Entre as causas destas opções, as respostas dos licenciados apontam para um único fator: a baixa remuneração dos professores no nível médio, já que os licenciados que afirmam terem outras profissões, deixam claro que estas são mais rentáveis. Entre

estes, mais da metade atuam na área de tecnologia e informática69, confirmando a

opinião geral que os licenciados em Ciências têm uma boa formação científica e que, por isso, são aproveitados em outras áreas. O licenciado L23, por exemplo, que já exercia a profissão de engenheiro, esclarece muito bem esta questão:

... pode parecer piégas e de fato acho que é um pouco, mas creio que, dentro da pequena contribuição que todos nós damos ao nosso país, eu seria muito mais útil hoje como professor de Física do ensino médio do que como engenheiro. Entretanto, a diferença de remuneração é MUITO [destaque feito pelo próprio licenciado] grande (ganho num mês como engenheiro o que eu levaria quase um ano para ganhar como professor; não dá!!!!).

De acordo com o INEP, em levantamento estatístico feito sobre os professores no Brasil, ...

... tão importante quanto possuir cursos destinados a formar professores, seja de nível médio, seja superior, é garantir que os profissionais formados nesses cursos dediquem-se efetivamente à atividade docente. Para tanto, contudo, é preciso que o magistério, entre outras coisas, seja uma profissão com remuneração atraente. Ora, os dados do IBGE mostram com crueza que, considerando profissões com nível de formação equivalente, o magistério é aquela que oferece os piores salários. Um professor que atua no nível médio ganha, em média, quase a metade da remuneração de um policial civil e um quarto do que ganha um delegado de polícia (INEP/MEC, 2003, p.47).

Esses dados estão detalhados no gráfico a seguir:

69

Dos 11 licenciados que declararam já possuir outra profissão e que permaneceram nela, 06 atuam na área de tecnologia e informática, representando mais de 50%, 03 são militares e 02 são comerciantes.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 Juiz Médico

Professor de Ed. Superior Advogado

Economista Policial civil

Professor de Ensino Médio Professor de 5ª a 8ª série Professor de 1ª a 4ª série Professor de Ed. Infantil

Gráfico II - Rendimento médio mensal em R$ por tipo de Profissão - Brasil – 2001

Fonte: IBGE - PNAD 2001

Estes dados computaram informações colhidas em todo o território nacional. Se, no entanto, a análise se limitar à Região Sul, os dados revelam um quadro ainda mais desanimador. Enquanto a maioria das profissões tem uma média maior no Sul, do que a média nacional (inclusive os professores do Ensino Infantil e do Ensino Fundamental), a média de rendimentos dos professores do Ensino Médio no Sul do Brasil é menor que a média nacional. Ou seja, enquanto a média nacional de rendimentos de um professor que atua no Ensino Médio é de R$ 866,23, a média no Sul do país é, segundo o PNAD/2001, de R$ 804,32.

De qualquer modo, considerando que 65,5% dos licenciados em Física formados pela UFSC nesse período estão, de fato, assumindo a profissão docente, e comparando-se esse índice com aqueles de outras regiões do país, percebe-se ainda um bom aproveitamento. De acordo, por exemplo, com Carlos Rinaldi (2005), coordenador da área de Física, do curso de Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática, da UFMT, no VII Fórum Estadual da União dos Dirigentes Municipais de Educação de Mato Grosso (Undime/MT), em Cuiabá, é preciso criar atrativos para que estes professores permaneçam na rede. Segundo ele, a valorização é fundamental, pois hoje, somente 10% dos graduados em Física do Mato Grosso estão em sala de aula. Os demais optam por atividades fora de sua formação.

No que diz respeito ao envolvimento do licenciado em projetos de formação continuada e sobre a sua participação em eventos e encontros, viu-se que, dos 55 respondentes do questionário, 03 licenciados (5,5%) não responderam a esta questão, 27

(49,1%) afirmaram que sim e 25 (45,4%) informaram que, após a formatura, não participaram de nenhum curso ou qualquer outro tipo de evento relacionado à formação continuada. Dos que responderam afirmativamente, nota-se a predominância de participação em cursos e oficinas, em detrimento de encontros, congressos e simpósios.

Gráfico III - Participação em cursos e eventos.

Se forem computadas apenas as respostas daqueles licenciados que estão exercendo a função docente, os índices apontam um pequeno avanço em relação ao envolvimento com a formação continuada. Dos 36 respondentes, 02 (5,5%) não responderam a esta questão, 21 (58,3%) informaram que sim, enquanto 13 (36,1%) afirmaram que, após a formatura, não participaram de qualquer atividade do gê nero.

Com o aprofundamento alcançado por meio da amostra selecionada para a entrevista, verificou-se que o excesso de carga horária profissional surge como um impedimento em potencial para projetos de formação continuada. O licenciado L06, por exemplo, revela, com pesar, a existência de dificuldades para manter-se atualizado e em formação, já que o seu tempo é totalmente tomado por suas atividades profissionais, para a manutenção de um padrão mínimo de subsistência: “eu compro livros, compro material, e não tenho tempo para ler” (L06). Mesmo assim, todos os licenciados entrevistados apontaram, como um objetivo a ser alcançado, a continuidade dos estudos em nível de pós-graduação.

O resultado referente à intimidade e à importância que o investigado revela em relação à legislação do Ensino Médio na preparação e na condução de suas aulas, está sintetizado nos gráficos a seguir, e permite perceber um alto grau de conhecimento dos licenciados, tanto da PC-SC quanto dos PCN-EM.

Com relação à Proposta Curricular de Santa Catarina, verifica-se que 35 licenciados (63,6%) já a leram, 11 (20,0%) já ouviram falar e 09 (16,4%) não a conhecem. Se, na análise, selecionam-se apenas aqueles licenciados que revelaram estar

000 010 020 030 040 050 060 Sim Não Não respondeu L01 L10 L20 L30 L40 L50 Licenciados

desenvolvendo atividade docente, estes índices passam para 73,5%, 17,6% e 17,6%, respectivamente. Já no que diz respeito à observação de seus encaminhamentos na preparação e na condução das aulas, os licenciados mostram certa resistência, visto que apenas 05 respondentes (14,7%) revelam aplicá- la freqüentemente. Outros 15 licenciados (44,1%) revelam que a aplicam algumas vezes, enquanto que 07 (20,6%) informam que raramente a aplicam na preparação e na condução de suas aulas.

Gráfico IV - Conhecimento e aplicação da PC-SC.

No que diz respeito aos PCN-EM, como pode ser visto no gráfico seguinte, os índices são significativamente melhores. Do total de 55 licenciados, 50 (90,9%) responderam que já os leram enquanto que os outros 05 (9,1%) informaram que já ouviram falar deles. Se, novamente aqui, forem computadas somente as respostas daqueles que estão ministrando aulas, os índices passam para 94,4% e 5,6%, respectivamente70.

Quanto à observação dos encaminhamentos destes Parâmetros na preparação e na condução das aulas, 05 licenciados (13,9%) afirmam fazê-la com freqüência, 17 (47,2%) algumas vezes, enquanto 08 (22,2%), raramente.

70

Alguns licenciados admitem que conhecem pouco destes Parâmetros. O licenciado L21, por exemplo, revelou: “não li 10% dos PCN-EM” (L21).

000 010 020 030 040 050 Licenciados060 Já leu Ouviu falar Não conhece Não dá aulas Aplic. Freq. Aplic. às vezes Aplic. raramente Difícil entendim. Não aplicável Não conhece L01 L10 L20 L30 L40 L50 Licenciados

000 010 020 030 040 050 060 Já leu Já ouviu falar Não conhece Aplic. Freqüent. Não dá aulas Aplic. às vezes Aplic. raramente Difícil entendim. Não aplicável Não conhece Licenciados 000 010 020 030 040 050 060 Já leu PCN Ouviu falar Não conhece Já leu PC-SC Ouviu falar Não conhece

Gráfico V - Conhecimento e aplicação dos PCN-EM.

Ou seja, apesar do grau de conhecimento sensivelmente superior quanto aos PCN-EM em relação à PC-SC, explicitado no gráfico abaixo, os índices de aplicabilidade dos dois documentos estão muito próximos, revelando as dificuldades naturalmente presentes quando se tenta efetivar a implementação destas propostas.

Gráfico VI - Comparação entre conhecimento do PC -SC e os PCN-EM.

Sabendo-se que os eixos balisares destes novos encaminhamentos foram alvo da investigação com as entrevistas, este assunto será retomado adiante para um maior aprofundamento.

Os resultados obtidos que permitem identificar a opinião dos licenciados sobre alguns pontos específicos que têm sido alvo de muitas pesquisas na área de Ensino de Física, e que, por sua vez, compõem a base sobre a qual foi construída, no que diz respeito à Física, a reforma do Ensino Médio iniciada com a publicação da LDB em 1996, estão sintetizados nos gráficos seguintes.

De forma geral, pode-se concluir que os principais pilares da nova proposta pedagógica apregoada pelos PCN-EM − a interdisciplinaridade e a contextualização −

000 010 020 030 040 050 060 Muito relevante Relevante Pouco relevante Nada relevante Não aplicável Não sabe Não respondeu Muito relevante Relevante Pouco relevante Nada relevante Não aplicável Não sabe Não respondeu Licenciados I n t e r d i s C o n t e x t

são muito conhecidos e muito bem vistos pelos licenciados investigados. Se forem tomadas as somas das respostas “muito relevante” e “relevante”, obtém-se, para a interdisciplinaridade, um índice de aprovação de 87,3% e para a contextualização, de aprovação de 89,1%.

Entretanto, apesar da aprovação inequivocamente próxima, estes princípios são avaliados de forma muito distinta pelos respondentes. Ou seja, uma análise mais criteriosa permite identificar que a contextualização é significativamente melhor vista pelos investigados que a interdisciplinaridade. O gráfico abaixo mostra que apenas 21 (38,2%) licenciados atribuíram status de “muito relevante” à interdisciplinaridade, ao passo que à contextualização, foram 33 (60,0%) licenciados. E que, por sua vez, 27 (49,1%) licenciados atribuíram status de “relevante” à interdisciplinaridade, contra 16 (29,1%) licenciados à contextualização.

Gráfico VII – Opinião sobre Interdisciplinaridade e Contextualização.

Essa diferenciação entre o grau de relevância destes dois conceitos fica bem mais clara se forem computadas apenas as respostas dos licenciados em função docente, conforme mostra o gráfico seguinte.

Gráfico VIII – Comparação entre os conceitos de Interdisciplinaridade e de Contextualização. Interdisc . Context. Muito Relevante Muito Relevante Relevante Relevante 30,6% 55,6% 55,6% 33,3%

O discurso dos licenciados permite entender que a contextualização deve ser um imperativo no ensino da Física, sem o qual nenhum saber faria sentido para o aluno, ao passo que a interdisciplinaridade surge como uma possibilidade. A contextualização é apontada como necessária, independentemente da opção metodológica do professor, enquanto que a interdisciplinaridade é apontada como uma opção didática, como um artifício a ser utilizado quando da adoção de práticas pedagógicas diferenciadas. Neste sentido, a facilidade de compreensão e de implementação de cada um destes princípios surge como uma aliada da contextualização em detrimento da interdisciplinaridade, que é bem menos entendida teoricamente e que reserva maiores dificuldades de efetivação prática.

Já no que diz respeito ao uso da história e da filosofia da ciência no ensino da Física, à necessidade de consideração do conhecimento prévio dos alunos (às suas concepções espontâneas) e à conveniência de uma problematização antes de dar início a um determinado conteúdo, nota-se uma sintonia bastante fina entre o que pensam os respondentes e o que é defendido atualmente pelas pesquisas da área.

000 010 020 030 040 050 060 Muito relevante Relevante Pouco relevante Nada relevante Não aplicável Não sabe Não respondeu Muito relevante Relevante Pouco relevante Nada relevante Não aplicável Não sabe Não respondeu Muito relevante Relevante Pouco relevante Nada relevante Não aplicável Não sabe Não respondeu Licenciados Conh. Prévio Problematização História

Gráfico IX – Opinião sobre uso da História, Conhecimento prévio e Problematização inicial.

Se, também aqui, somam-se as das respostas “muito relevante” e “relevante”, obtém-se, para a utilização da história e da filosofia da ciência, um índice de aprovação de 85,5%, para a consideração do conhecimento prévio do aluno, um índice de aprovação de 96,4% e para a necessidade de uma problematização inicial um índice de aprovação de 94,5%. A análise do gráfico anterior permite entender que, no geral, os dois últimos tópicos foram quase que igualmente avaliados (96,4% e 94,5%), mostrando a importância quase unânime que os licenciados atribuem a eles.

Já no que diz respeito ao primeiro, à utilização da história e da filosofia da ciência no ensino da Física, observa-se uma dispersão maior. Apesar de, se analisado isoladamente, o índice de aprovação de 85,5% ser inquestionavelmente representativo, se comparado aos anteriores, observa-se uma defasagem de, aproximadamente, 10,0 pontos percentuais.

Mesmo que esta questão não tenha sido alvo de aprofundamento, pode-se, baseado na literatura da área, sugerir alguns motivos para essa diferença de avaliação. A formação profissional, durante o Curso de Licenciatura, com pouca ênfase nesse aspecto; a falta de material de apoio didático específico para o Ensino Médio; a grande

000 010 020 030 040 050 Licenciados060 Gráfico XX - Avaliação Sintética do Curso. Excelente

Bom Regular Ruim Péssimo

quantidade de conteúdos curriculares e a insuficiente quantidade de aulas; entre outras, podem fazer com que essa questão seja sub-avaliada pelas dificuldades de implantação de um modelo que a priorize. De qualquer forma, não se pode omitir o fato de que essa questão recebeu uma avaliação inferior, inclusive, à interdisciplinaridade, que também apresenta inúmeros problemas de implementação.

Na análise desses tópicos, os índices gerais e aqueles obtidos com a computação exclusiva das respostas dos licenciados que estão em função docente, foram muito semelhantes e, por esse motivo, não foram repetidos.

Conhecidos esses aspectos generalizadores de todo universo, pesquisado por meio dos questionários e aprofundado por meio das entrevistas com os licenciados, parte-se, na seqüência, para a apresentação de pontos específicos investigados nesse processo.

6.2.1 – Opinião sobre o curso de Licenciatura em Física

Os resultados sobre esse assunto, sintetizados no gráfico a seguir, mostram que 04 respondentes (7,3%) consideram o Curso, de maneira geral “excelente”, 35 (63,6%) o consideram “bom”, 14 (25,5%) o avaliam como sendo “regular”, e apenas 02 (3,6%) o consideram “ruim”, sendo que nenhum licenciado atribuiu ao Curso, de forma geral, conceito “péssimo”. Ou seja, se tomada a soma entre os conceitos “excelente” e “bom” obtém-se um total de 39 licenciados, representando 70,9% dos respondentes. Isso indica que, de maneira geral, os egressos sentem-se satisfeitos em ter cursado a Licenciatura em Física da UFSC.

Alguns licenciados aprofundaram a sua opinião por meio de comentários adicionais nos próprios questionários, enquanto outros foram solicitados a fazê- lo no momento da entrevista. O licenciado L06, por exemplo, declarou:

... de forma geral, eu achei o Curso excelente. Eu achei excelente. Eu agradeço muito à formação que eu tive na universidade para desenvolver o trabalho que eu desenvolvo em sala de aula hoje (L06).

E acrescenta: “a minha formação não deixou a desejar em nada” (L06). A mesma opinião positiva é compartilhada pelo licenciado L21, que revelou:

... eu gostei de fazer o Curso. Gostei mesmo. Eu posso dizer que, quando eu entrei, foi uma escolha meio assim ... Pô, eu gosto de Física ... Eu acho que vou fazer Física ... E quando eu me formei, eu me senti realizado. Vou dizer: Eu estou satisfeito! Não estou super satisfeito, mas estou satisfeito (L21, ênfase do licenciado).

O licenciado L49, questionado sobre o mesmo tema, esclareceu:

... a minha impressão inicial do Curso, até a metade do Curso, é que a formação ficaria aquém daquela que eu estava esperando no primeiro momento. Mas, depois, especialmente depois das Instrumentações, o Curso tomou um outro rumo. Então, eu considero a formação de ‘muito boa’ a ‘excelente’ (L49).

O licenciado L17, entretanto, mesmo atribuindo conceito excelente ao Curso, revela: “mas você tem que, muitas vezes, correr com as próprias pernas, porque alguns professores deixam muito a desejar” (L17). Enquanto o licenciado L29, um pouco menos realizado, admite: “talvez não tenha me satisfeito completamente pelo fato de ter jornada dupla durante o Curso, ou seja, trabalhar durante o dia e estudar à noite. Isso dificultou em muito o estudo e a execução de atividades extra-classe” (L29).

Quando a pesquisa especificou alguns aspectos e selecionou alguns pontos para os quais os licenciados deveriam atribuir os conceitos “excelente”, “ótimo”, “bom”, “regular” e “péssimo”, verificou-se a existência de aspectos significativamente bem avaliados e apontados como positivos, bem como se constatou a existência de aspectos criticados como negativos na estrutura formativa desse Curso. Os resultados dessa avaliação estão sintetizados nas tabelas seguintes, em números absolutos e em números percentuais.

Tabela X - Avaliação do Curso - Quantidade.

Item / conceito Péssimo Regular Bom Ótimo Excelente

Didática - 013 030 009 001 Domínio do conteúdo 001 009 017 017 009 Profes - sor Dedicação - 004 036 011 002 Salas de aula 021 025 006 001 - Laboratórios 007 023 019 002 002 Estrutu ra física Bibliotecas 004 009 028 009 003 Conteúdo curricular 002 011 028 011 001 Estrutura curricular 002 011 030 010 - Currícu lo Metodologia 003 013 033 004 - Quantidade Total 040 118 227 074 018

Tabela XI - Avaliação do Curso - Percentual.

Item / conceito Péssimo Regular Bom Ótimo Excelente

Didática - 24,5 56,6 17,0 1,9 Domínio do conteúdo 1,9 17,0 32,1 32,1 17,0 Profes - sor Dedicação - 7,5 67,9 20,8 3,8 Salas de aula 39,6 47,2 11,3 1,9 - Laboratórios 13,2 43,4 35,8 3,8 3,8 Estrutu ra física Bibliotecas 7,5 17,0 52,8 17,0 5,7 Conteúdo curricular 3,8 20,8 52,8 20,8 1,9 Estrutura curricular 3,8 20,8 56,6 18,9 - Percentual Currícu lo Metodologia 5,7 24,5 62,3 7,5 -

Como é possível verificar-se, existe uma evidente discrepância entre os conceitos dados aos quesitos relacionados aos professores e ao currículo do Curso, que foram bem avaliados, e àqueles relacionados à estrutura física disponibilizada ao Curso pelo CFM, que revelam um elevado grau de descontentamento entre os respondentes.

Agrupando as respostas dos conceitos “Excelente”, “Ótimo” e “Bom” e contrapondo-as com as de conceitos “Regular” e Péssimo”, verifica-se que, no que diz respeito à didática dos professores formadores, 75,5% dos respondentes avaliam o Curso positivamente, no que diz respeito ao domínio que os professores formadores demonstram ter do conteúdo ministrado, 81,1% de respostas positivas, no que diz respeito à dedicação desses professores à disciplina ministrada e ao licenciando, 92,5% avaliam o Curso positivament e. Estes dados podem ser melhor visualizados por meio dos gráficos que seguem:

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% Péssimo Regular Bom Ótimo Excelente Didática do Professor 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% Péssimo Regular Bom Ótimo Excelente Domínio do Conteúdo 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% Péssimo Regular Bom Ótimo Excelente Dedicação do Professor 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% Péssimo Regular Bom Ótimo Excelente Conteúdo curricular 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% Péssimo Regular Bom Ótimo Excelente Estrutura curricular 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% Péssimo Regular Bom Ótimo Excelente Metodologia

Gráfico XI – Opinião sobre o professor formador.

Esta mesma satisfação é demonstrada em relação à estrutura curricular do Curso, já que o item “conteúdo” teve aprovação de 75,5% dos respondentes, o item “estrutura”, 75,5% e o item “metodologia”, 69,8%, conforme se verifica nos gráficos seguintes:

Gráfico XII – Opinião sobre a estrutura curricular e a metodologia.

Entretanto, quando a avaliação foi centrada na estrutura física, as respostas evidenciam um grande descontentamento. Do total de respondentes, 86,8% consideram

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