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O livro didático de Língua Portuguesa no Brasil

CAPÍTULO III – O DESCRITIVO E O LIVRO DIDÁTICO

3.1. O livro didático de Língua Portuguesa no Brasil

O livro didático teve sua origem na Grécia Antiga e vem até nossos dias, sendo um dos poucos materiais didáticos presentes no cotidiano das aulas. Ele constitui-se em um dos instrumentos que organiza o trabalho docente. No entanto, nem sempre foi assim no Brasil..

Segundo Rodrigues (2007), no Brasil, somente a partir de 1920 o livro didático apareceu nas escolas. Ele foi pouco usado em nossas escolas antes da década de 20, pois era importado da França e de Portugal. Isso demonstrava que nossos alunos pertenciam às classes privilegiadas.

Segundo o MEC4, com a criação de um órgão específico para legislar sobre políticas do livro didático, o Instituto Nacional do Livro (INL) legitimou o uso desse material e auxiliou em sua expansão.

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Adam (1992) chama de seqüência descritiva.

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O decreto-lei 1006, de 1938, instituiu a Comissão do Livro Didático (CNLD), que estabeleceu uma primeira política de legislação e controle de produção e circulação do livro didático no Brasil.

Nos anos 60, um acordo entre o Ministério da Educação (MEC) e a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional permitiu a criação da Comissão do Livro Técnico e Livro Didático (COLTED), que teve como objetivo a distribuição gratuita dos livros didáticos. Segundo Rodrigues (2007), esse convênio foi muito criticado na época, pois era uma forma de controlar o mercado do livro didático no Brasil.

Na década de 70, o INL desenvolveu o Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental (Plidef), que em 1985 foi substituído pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Esse programa a partir de 1996 teve como objetivo avaliar os livros didáticos, os quais são listados pelo MEC em aprovados ou não.

A partir de 2000, foi inserida a distribuição de dicionários de Língua Portuguesa para os alunos de 1ª a 4ª séries em 2001 e em 2007, o PNLD distribuiu livros didáticos de todos os componentes curriculares e dicionários de 5ª a 8ª séries, além de cartilhas em Libras aos alunos com deficiência auditiva na 1º e 2º séries..

3.1.1 O livro didático de Língua Portuguesa e o PNLD

O PNLD tem como objetivo, a cada ano, por meio do Guia Didático, não só a distribuição dos livros didáticos por todo o território brasileiro, mas também o estabelecimento de princípios e critérios de análise e avaliação dos livros didáticos de Língua Portuguesa.

Segundo o Guia de Livros Didáticos (2007), uma equipe montada e coordenada pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de MG, que está ligada à Secretaria de Educação Básica do MEC e

critérios para avaliar os livros didáticos que serão utilizados no ano de 2008 e foram escolhidos pelos professores da rede pública em 2007.

A partir de critérios e princípios estabelecidos, essa equipe analisa e avalia os livros didáticos, que são reprovados ou aprovados pelo PNLD.

Os critérios para a avaliação referentes aos conteúdos básicos da área são: leitura, produção de textos, linguagem oral e reflexão sobre a língua e a linguagem.

O Guia de Livros Didáticos (2007) apresenta dois critérios para avaliar os livros didáticos: o eliminatório e o classificatório. Os critérios eliminatórios referem-se à clareza do tratamento didático dado aos conteúdos.

O livro didático deve ter correção de conceitos e informações básicas, não podendo induzir, nem conter erros. Além disso, é preciso haver coerência e adequação metodológicas, bem como clareza quanto à concepção de língua e de ensino-aprendizagem que orientam as atividades.

Além da preocupação didática com os conteúdos, os livros didáticos precisam ter cuidado com os preceitos éticos.

Os livros didáticos devem contribuir para o desenvolvimento da ética necessária ao convívio social e à construção da cidadania (GUIA DE LIVROS DIDÁTICOS, 2007, p. 11). Para isso, não devem veicular preconceitos e nem ser um instrumento de propaganda e doutrina por meio dos textos apresentados neles.

Ainda em relação à ética, os livros didáticos devem estimular o convívio social e a diversidade, principalmente a lingüística, bem como contribuir para a formação de atitudes e valores por meio dos textos.

Os critérios classificatórios são relativos ao material textual, ao trabalho com o texto, à leitura, à produção textual, aos conhecimentos lingüísticos, ao

trabalho com a linguagem oral, ao manual do professor e aos aspectos gráfico- editoriais.

Ao trabalhar os textos, os livros didáticos precisam apresentar diversas estratégias, seja para a leitura, seja para a produção e seja para os conhecimentos lingüísticos.

As atividades de análise textual devem desenvolver a proficiência em leitura, que precisa ser entendida como uma situação efetiva de interlocução leitor/autor/texto. (GUIA DE LIVROS DIDÁTICOS, 2007, p. 12). Sendo a leitura entendida dessa forma nos livros didáticos, as atividades devem contribuir para: a reconstrução dos sentidos dos textos pelo leitor, por meio de diversas estratégias; a exploração de propriedades discursivas e textuais por meio de instrumentos apropriados a fim de formar um leitor crítico, no que diz respeito aos valores éticos, morais, estéticos e afetivos; a formação do leitor literário por meio de uma abordagem de valor artístico.

Em relação à produção do texto escrito, as propostas devem considerar o processo e as condições de produção, contextualizando a escrita; explorar os diversos tipos textuais e gêneros discursivos, estes últimos explorados em suas características discursivas e textuais, não somente a produção escrita enquanto tema.

A partir desses critérios, o PNLD avaliou 33 coleções de Língua Portuguesa, das quais 24 coleções foram aprovadas. O Guia de Livros Didáticos (2007) apresenta a análise feita dessas coleções aprovadas, para que os professores escolham o livro didático a ser utilizado em sala de aula.

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