• Nenhum resultado encontrado

O Livro Verde sobre os Princípios Gerais da legislação Alimentar na

2. Os Grandes Pilares Legislativos

2.3. O Livro Verde sobre os Princípios Gerais da legislação Alimentar na

O designado “Livro Verde"10 foi intitulado como “Princípios Gerais da

Legislação Alimentar na União Europeia”, o qual surge na sequência das “Conclusões do Conselho Europeu de Edimburgo”11 e do “Discurso de Jacques

Santer perante o Parlamento Europeu” 12 no âmbito do debate relativo ao relatório da

comissão de inquérito sobre a BSE.

O Livro Verde sobre os Princípios Gerais da Legislação Alimentar da UE previa uma revisão profunda da legislação comunitária. Adoptado pela Comissão em 30 de Abril de 1977 este "Livro Verde" pretende dar seguimento às solicitações do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu no sentido de simplificar determinados aspectos da legislação europeia relativa aos produtos alimentares, cujas regras, numerosas e complexas, se encontram dispersas pelos diferentes instrumentos legislativos, bem como responder às interrogações suscitadas pela preocupante crise da encefalopatia espongiforme dos bovinos a qual veio questionar as capacidades da legislação, então em vigor, para atingir, verdadeira e seguramente, os seus objectivos, perante uma população comunitária reivindicativa da intervenção das Instituições Comunitárias para acautelarem os perigos decorrentes da insegurança dos géneros alimentícios.

Neste "Livro Verde", a Comissão vem lançar as bases para um debate profundo sobre três questões fundamentais, à data, para se saber:

10

(COM (97) 176 final. Publicado no Boletim das Comunidades Europeias UE 4-1997.

11 Publicado no Boletim das Comunidades Europeias nº. 12 de 1992, ponto 1.23.

12 Discurso do Presidente Jacques Santer, na Sessão Plenária do Parlamento Europeu em

Estrasburgo, de 17 a 21 de Fevereiro de 1997 - Publicado no Boletim das Comunidades Europeias nº. 1/2 de 1997, ponto 2.3.1 e no Jornal Oficial C nº 19, de 21 de Janeiro de 1998.

________________________________________________________________________

25

• até que ponto as disposições regulamentares existentes em matéria de produtos alimentares respondem aos requisitos e às expectativas dos consumidores, dos produtores, dos transformadores e dos comerciantes;

• em que medida as acções destinadas a garantir a independência, a objectividade, a eficácia dos sistemas de vigilância e de inspecção atingem os seus fins, ou seja, garantir o aprovisionamento em produtos alimentares sãos, e por último;

• como é que a legislação alimentar poderá/deverá ser desenvolvida de modo a que a abordagem regulamentar abranja toda a cadeia alimentar "do estábulo até à mesa".

E, consequentemente, tendo por referência as supra indicadas preocupações, a Comissão neste livro vem indicar os principais objectivos da legislação comum alimentar, propondo-se:

- assegurar a livre circulação de mercadorias no mercado interno;

- assegurar um elevado grau de protecção da saúde pública e de segurança do consumidor;

- garantir que a legislação assente, sobretudo, em dados científicos e em avaliações de risco;

- defender a competitividade da indústria europeia e melhorar as suas perspectivas de exportação;

- atribuir à indústria, aos produtores e aos fornecedores a principal responsabilidade pela segurança alimentar.

O Livro Verde tem como princípios a promoção da comunicação entre fornecedores e consumidores, a necessidade de melhorar a aplicação da lei e a comunicação que deve ser estabelecida entre os Estados-membros sobre práticas de concorrência desleal, eliminação das directivas e adopção de regulamentos sobre livre concorrência, com vista a eliminar as diversidades legais e culturais dos vários países e assim atingir uma total harmonização. Quando tal não for possível, poderá

________________________________________________________________________

26

recorrer-se ao princípio do reconhecimento mútuo, o qual permitirá uma flexibilização nas áreas mais sensíveis.

A legislação alimentar comunitária deve observar as obrigações internacionais da UE e as decorrentes dos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC). Por outro lado, a UE deve acompanhar a evolução das normas, directivas, recomendações e códigos de boas práticas adoptados pelo Codex Alimentarius13,

assegurando sempre a protecção do consumidor (Mariano e Cardo, 2007).

O Livro Verde estabeleceu seis grandes objectivos em matéria de legislação alimentar, adoptando uma abordagem regulamentar que abarca toda a cadeia alimentar:

1. Garantir um nível elevado de protecção da saúde pública, da segurança e dos consumidores;

2. Garantir a livre circulação das mercadorias no mercado interno;

3. Basear a legislação em provas científicas e numa avaliação dos riscos;

13 O Codex Alimentarius formula as normas de segurança alimentar, que servem como referência

para o comércio alimentar internacional. Foi desenvolvido nos anos sessenta como um instrumento comum da FAO e da Organização Mundial de Saúde. A sua missão principal é proteger a saúde dos consumidores e assegurar práticas leais no comércio alimentar internacional. Para este efeito, a

Comissão do Codex Alimentarius adopta regras relativas às mercadorias, à ética e aos limites

máximos de aditivos, contaminantes, resíduos de pesticidas e medicamentos veterinários, que são produzidas por comissões especializadas e grupos de trabalho.

Desde a conclusão do Uruguai Round, em 1994, foi reforçado o papel das normas do Codex

Alimentarius. O Acordo da Organização Mundial do Comércio sobre Medidas Sanitárias e

Fitossanitárias da OMC considera que os membros ao aplicarem as normas do Codex Alimentarius estão a cumprir os seus compromissos no âmbito do Acordo.

Todos os Estados-Membros da UE e a UE são membros do Codex Alimentarius, os quais podem apresentar observações conjuntas sobre questões debatidas no âmbito das Comissões do Codex que serão incluídas no âmbito da legislação. O procedimento está descrito na decisão do Conselho de 14 de Novembro de 2003, relativa à adesão da Comunidade Europeia à Comissão do Codex Alimentarius (Jornal Oficial da União Europeia nº L 309 de 26/11/2003). A Direcção Geral de Saúde e Defesa do Consumidor actua como um ponto de contacto e coordena esse trabalho.

________________________________________________________________________

27

4. Garantir a competitividade da indústria europeia e melhorar as perspectivas de exportação;

5. Fazer da indústria, dos produtores e dos fornecedores os principais responsáveis da segurança dos produtos alimentares;

6. Velar pela coerência, racionalidade e clareza da legislação.

Com este livro ficam, deste modo, lançadas as bases segundo as quais a UE fica responsabilizada em iniciar os primeiros passos para promover os mecanismos da segurança alimentar, no próprio espaço comum europeu e fora dele.

________________________________________________________________________

28

2.4. O LIVRO BRANCO SOBRE A SEGURANÇA DOS

Documentos relacionados