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3.PRIMEIROS PASSOS

3.1 O LOCAL E AS PESSOAS

Como um dos fundamentos teóricos aqui levantados diz respeito à questão de tentar contrapor aparência e essência, optou-se pela escola privada como campo adequado à aplicação dos instrumentos, já que tal instituição de ensino goza de uma boa imagem na sociedade brasileira, além de propagar socialmente esta mesma imagem. Como um valor que se encontra estabelecido no senso comum, sua sustentação e propagação provêm da manipulação de informações que alimenta e ao mesmo tempo é alimentada pela “fabricação” de juízos que buscam justificar certas finalidades; é portanto difundida a idéia de que a escola privada, em relação à rede pública, é uma instituição que oferece serviço de melhor qualidade. Dessa forma, perpetua-se o abismo entre as opiniões que cercam a rede pública e a privada. É interessante que grande parte deste mito, que denomina a escola privada como a melhor, origina-se da constatação de que os alunos que chegam ao ensino superior e que vão cursar uma universidade pública e gratuita são alunos oriundos da escola privada - o mito de superioridade é baseado, precisamente, na imagem de “qualidade” do ensino fundamental e médio.

Outro ponto que foi fundamental para a escolha de uma instituição privada é a vulnerabilidade com que o espaço público vem sendo encarado por vários atores sociais e, ao mesmo tempo, a adoração com que o espaço privado é percebido, sendo o primeiro tratado como uma espécie de “terra de ninguém”. Se há possibilidade de ingressar na rede privada e escolher o que há de “melhor”, ao invés de optar pelo serviço público “defasado”, que acabaria diminuindo as chances de uma boa posição social, é provável que se aceite a sugestão veiculada pela mídia que denomina a escola privada como a possuidora do “melhor” ensino e dos “melhores” professores. Ademais, como há uma desvalorização do espaço público e ao mesmo tempo uma descrença na eficácia no trabalho coletivo, não há interesse em exigir uma escola pública de qualidade e aberta a todos, predominando assim um espírito conformista. O resultado é que, quem possui condições, ingressa na escola privada, e, quem não possui, disputa uma vaga na rede pública. Se há realmente fracasso ou não no ensino público, e não vem ao caso abrir essa discussão no presente momento, há sem dúvida uma conotação de superioridade que a escola privada possui em relação à pública.

A mídia, muitas vezes, reveste-se do papel de propagadora da verdade, mas acaba publicando matérias ou reportagens que escondem a realidade. Cada vez mais, é possível encontrar outros interesses além do compromisso de informar, buscando-se inculcar idéias e valores que refletem outros objetivos. Na área da educação, é bastante comum que revistas e jornais não especializados se ocupem em passar informações cujo propósito é direcionar opiniões, inclusive

no pensamento docente4, para que se alcancem outros fins. Com o falso intuito

de auxílio, muitas vezes, busca-se a manipulação das pessoas. Dessa forma, ciente da presunção de superioridade da escola privada – noção estabelecida pela sociedade e propagada pela mídia – pode-se supor, pelo menos temporariamente, que a função social, a política e a educativa da educação formal terão maiores chances de serem concretizadas na escola privada.

Solucionada essa primeira questão, logo outra surge: que escola privada escolher? É importante ressaltar que se pretendeu realizar a escolha com os pressupostos utilizados pela mídia, ou seja, buscou-se uma escola privada que já tenha sido consagrada pela mídia ou que, pelo menos, tenha dela alcançado respeito. Quanto a isso, eis que no mês de outubro do ano de 2002, foi publicada pela revista Veja (ALVARENGA, 10/2002) uma pesquisa que pretendeu identificar as vinte melhores escolas do ensino médio e as 20 melhores escolas do ensino fundamental da rede privada na cidade do Recife. Levantamento semelhante já tinha acontecido nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Os objetivos do referido levantamento são encontrados numa seção da revista impressa separadamente, como encarte especial, denominada “Carta ao leitor”. Ali são mencionadas as dificuldades em se escolher uma escola de boa qualidade, tratando-se de uma das “decisões mais importantes que os pais tomam na vida” (ALVARENGA, Revista Veja, 10/2002, p.04). Desse modo, buscando auxiliar e “aumentar a taxa de racionalidade dessa tarefa árdua, VEJA vem oferecendo aos leitores um trabalho que a imprensa brasileira jamais ousou realizar: um ranking com as melhores escolas

4 POLICARPO Júnior, José. A educação na imprensa e no pensamento docente – 1998-1999.

particulares dos ensinos fundamental e médio” (ALVARENGA, Revista Veja, 10/2002, p. 04). Outro cuidado que foi tomado pela revista Veja foram os critérios utilizados na pesquisa e que foram decorrentes “de uma centena de entrevistas com estudiosos do campo da educação, entre diretores de escolas, especialistas de universidade e do governo, psicólogos e psicopedagogos” (ALVARENGA, Revista Veja, 10/2002, p. 04). Tudo para tranqüilizar e auxiliar os pais, e dotar a pesquisa de um caráter mais “científico”.

Dessa forma, utilizou-se esse levantamento, que abrangeu 135 das 141 escolas particulares de Recife - para solucionar a questão número dois, que se refere ao critério de seleção da escola privada a servir como campo de investigação. O “ranking” estruturado pela pesquisa mencionada foi útil na escolha da escola que serviu de campo a este trabalho, pois ficou estabelecido que uma das primeiras colocadas na lista das vintes melhores escolas do ensino médio seria o alvo da pesquisa desta dissertação e que aqui irá ser chamada “Escola A”. É importante ressaltar que esta escola é tomada como campo investigativo, sendo o “ranking” da revista utilizado apenas para a escolha de uma escola privada consagrada pela mídia.

Diante da segunda limitação, resta estabelecer qual série serviria de público para a efetivação da pesquisa. Como um dos objetivos é perceber se há uma preocupação por parte da escola em concretizar a função educativa e de como os alunos a recebem e percebem, seria mais adequada a última série do ensino médio, pois haveria uma conclusão, mesmo que temporária, no processo educativo da escola. Todavia, como a última série se encontra bastante voltada para a realização do vestibular e pensando que isto poderia acarretar maiores dificuldades na realização da pesquisa, optou-se pela penúltima série do ensino

médio. Haveria da mesma forma uma atmosfera de conclusão das atividades da escola, na qual os principais valores já teriam sido passados ao longo de todo o processo de escolarização. Portanto, resolveu-se trabalhar com os alunos da segunda série do ensino médio.

3.2 O INSTRUMENTO

Ao se tentar perceber quais as representações que os alunos, ao fim do segundo ano do ensino médio, fazem de si mesmos e da sua escola, pode-se cair no erro de se traçar um ideal norteador quanto ao homem educado. O homem emancipado e autônomo seria retratado por um modelo e todo aquele que não se enquadrasse nesse modelo não seria considerado autônomo. Ao se adotar tal procedimento, não haveria sequer um sentido para a própria pesquisa, pois, elegendo-se um referencial, o estudo seria meramente quantitativo, observando quem se enquadraria ou não no referencial estipulado. Ademais, ser indivíduo é se perceber, reconhecendo sua existência como única. Como, então, traçar perfis de existências possíveis? Seria impossível e contraditório um estudo neste sentido.

Assim, diante da impossibilidade de se catalogar a singularidade de cada ser humano e a usar como padrão, percorre-se aqui o caminho inverso. Tenta-se traçar perfis sobre tendências individuais padronizadas e se visa a saber como os alunos reagirão diante dessas opiniões permeadas de valores embutidos e estabelecidos pela sociedade. O ponto é saber como os alunos se portam diante de padrões estipulados, e em quê são baseadas suas representações: em suas próprias opiniões ou nas já estabelecidas. Em situações que exigem um

posicionamento, como os alunos se comportaram e em que representações se baseam? Esse foi o princípio norteador do instrumento de investigação.

Os procedimentos e a estrutura metodológica deste trabalho foram inspirados na pesquisa realizada por Adorno, Frenkel-Brunswik, Levinson e Sanford (1950), em New York, na década de quarenta do século passado, cujo objetivo principal consistia em verificar e compreender a razão pela qual muitas pessoas se deixavam influenciar ou não por certas idéias e, em caso positivo, como e por que estariam disponíveis a abraçar valores e ideais antidemocráticos e autoritários.

Na pesquisa aludida, técnicas foram utilizadas para a análise das tendências ideológicas e métodos para expor traços da personalidade e a situação contemporânea social do indivíduo. O objetivo consistia em proporcionar situações capazes de atrair e revelar as reais manifestações valorativas sobre os mais variados assuntos, “desmascarando” assim os possíveis estereótipos do entrevistado. A observação do sujeito ocorria tanto no aspecto individual, quanto na condição de membro de um grupo. Esses dois aspectos eram relacionados pelos autores. Os estudos individuais foram realizados por meio de entrevistas e de técnicas de análise clínica, buscando revelar os desejos, os medos, as defesas, os principais fatos da vida social pregressa e atual que estariam possivelmente camuflados.

A análise dos sujeitos, na condição de membros de grupo, acontecia mediante questionários e escalas de opinião. O material advindo das entrevistas individuais, realizadas segundo o método clínico, com sujeitos que obtinham altos e baixos índices nas escalas de opinião e atitude, era conceituado de forma a permitir ser quantificado e transportado para as demais caracterizações

oriundas dos estudos dos grupos, o que também ajudava a confirmar as respostas obtidas tanto em um campo, quanto no outro.Todas as formas de análise estavam interligadas.

Quando o indivíduo se encontrava no centro da atenção, o objetivo era descrever em detalhe os seus modelos de opinião, atitude e valores, a fim de melhor compreender a dinâmica dos fatores internos, os quais eram concebidos como a base subjetiva a que o indivíduo recorria para atribuir significados às questões sociais indicadoras da média dos grupos. Muitas vezes, estes dados individuais serviam para retroalimentar os próprios parâmetros de análise das tendências grupais.

Quando o sujeito era analisado na condição de pertencente a um determinado grupo, o ponto consistia em descobrir como as opiniões, atitudes, modelos da história de vida, compreensões sobre o processo histórico e sobre os acontecimentos contemporâneos estavam relacionados com a ideologia adotada subjetivamente. O questionário (utilizado no mapeamento dos grupos) continha perguntas sobre fatos passados e presentes do sujeito e uma variedade de declarações sobre os quais o sujeito era convidado a expressar ou não sua concordância. As escalas eram construídas com diversas declarações, com detalhe e atenção, pois eram elas o primeiro passo para detectar possíveis tendências antidemocráticas dos sujeitos.

As declarações consistiam em afirmações valorativas sobre determinados assuntos. Sua construção era feita de maneira que não ficasse claramente expressa a valorização do autoritarismo com o assunto a que se quer chegar: tratava-se de uma espécie de “ponte”. Sua aceitação ou não corresponde à disposição do indivíduo em relação ao assunto “secreto”. Dessa forma,

subentende-se que o sujeito poderia ser mais ou menos condescendente a determinados valores. Na realidade, o bom funcionamento das declarações ocorre se houver uma “comunhão” entre o verdadeiro e o falso, uma mistura de racionalidade e irracionalidade. A parte racional seria a isca para a demonstração e a verificação do grau de irracionalidade que o sujeito possui.

O segundo passo da pesquisa realizada pelos autores mencionados eram as entrevistas. As pessoas que expressaram um alto grau de concordância, discordância ou se mantiveram neutras na maioria das declarações foram entrevistadas e submetidas às análises por meio de técnicas clínicas. As entrevistas eram realizadas com o intuito de verificar a validade dos questionários. Assim, haveria uma base para declarar se a pessoa obteve ou não um alto “score” nas tendências antidemocráticas. A importância das entrevistas – análise clínica – também obedece à “regra do segundo olhar”. A vantagem de sua realização consistia na grande possibilidade de novas descobertas, pois grande é a área de atuação. Assim, tentava-se perceber o que o sujeito pensava de si mesmo, suas esperanças, seus medos, suas expectativas e alguns fatos de sua vida.

Além desses aspectos, a pesquisa dirigida por Adorno e pelos demais pesquisadores mencionados realizava uma etapa de investigação temática que tinha como propósito estabelecer por meio de testes de apercepção temática as conjunções entre os dados expressos pelo sujeito na entrevista e nas escalas de opinião e atitude. Os assuntos tratados nesses testes versavam sobre “vocação profissional”, “rendimentos financeiros”, “religião”, “informações pessoais” (como relações familiares, infância, sexualidade, entre outros), “política”, “minorias e raças”. Esses testes buscavam mesclar as relações implícitas entre os temas

tratados e a estrutura de personalidade dos sujeitos entrevistados. Todavia, nenhum dado obtido remetia a conclusões isoladas. Todas as análises eram consideradas em conjunto. A pesquisa até aqui descrita se demonstrou eficiente porque observou e utilizou todas as afirmações, negações e comportamentos conjuntamente. Nenhuma conclusão foi tirada de uma resposta, aceitação ou rejeição de algumas declarações. A pesquisa realizada por Adorno, Frenkel- Brunswik, Levinson e Sanford teve o mérito de expressar uma cisão ampla dos sujeitos e das condições subjetivas e (até certo ponto) objetivas de estímulo e estruturação de personalidades autoritárias.

Tomando como referência a pesquisa descrita (Adorno et e al, 1950) e fazendo algumas alterações, também foram realizados dois momentos neste trabalho. Inicialmente, as declarações foram elaboradas com o intuito de levar os alunos a se posicionarem diante das situações expressas. Trata-se de declarações que, de modo sutil, expressam valores correspondentes a determinados padrões sociais.

Por ocasião da aplicação dos questionários, os alunos, individualmente, eram convidados a se posicionar, manifestando sua concordância ou discordância com cada uma das declarações, podendo expressar sua opinião quer no caso de concordância, quer no caso de discordância, por meio de um dos três níveis de intensidade: totalmente, parcialmente ou sutilmente.

Quanto ao conteúdo e natureza das sentenças, foram estabelecidas quatro categorias temáticas: imoralidade, utilitarismo educacional, identificação com ideais padronizados e intolerância com as diferenças. É importante ressaltar que todas as sentenças foram elaboradas de forma negativa, pois dificilmente seria possível estabelecer padrões que correspondessem aos aspectos de uma

situação autêntica. O que se tentou fazer foi apresentar situações que dizem respeito a valores padronizados nas categorias mencionadas anteriormente e que em nada confirmam ou exigem do aluno um posicionamento autêntico, caso ele se expresse sua concordância com elas.

A razão pela qual foram escolhidas as categorias mencionadas – imoralidade, utilitarismo educacional, identificação com ideais padronizados e intolerância com as diferenças – consiste em que elas, por si mesmas, expressam a negação de um indivíduo consciente e educado. Desse modo, é de se esperar que a expressão de discordância do indivíduo em relação às sentenças que afirmam aquelas categorias seja um indício de sua abertura para realizar-se como um indivíduo. Ao negar portanto os padrões referentes à imoralidade, ao utilitarismo educacional, à identificação com ideais padronizados e à intolerância com as diferenças, há a possibilidade de existir correspondência com posições individuais que sigam valores opostos, ou seja, de moralidade, da não vinculação utilitarista da educação, da não identificação com padrões sociais impostos e de tolerância. A escolha dessas categorias está relacionada com a questão da autonomia individual, autoconsciência e a relação de co-existência entre as pessoas; tais valores estão intimamente vinculados com a formação humana e seu desenvolvimento. Assim, assume-se como pressuposto que a oposição geral às declarações que compõem o questionário tende a revelar uma postura individual capaz de valorizar uma tomada de posição independente, o respeito à relação do homem consigo mesmo e com o outro.

O questionário possui dezesseis sentenças, dispostas proporcionalmente entre as quatro categorias, ou seja, a primeira categoria, que trata da questão de imoralidade, contou com a formulação de quatro questões, assim como todas as

outras. Todas as sentenças foram elaboradas de forma negativa à idéia de um indivíduo educado. No questionário apresentado aos entrevistados, as sentenças não se encontram agrupadas em categorias, mas dispersas entre si, a fim de não induzir um mesmo tipo de resposta do entrevistado, nem o fazer perceber as relações entre elas, a fim de o fazer concentrar-se em apenas uma de cada vez. Dessa forma, o questionário foi dividido de forma imaginária em quatro partes, que continha cada uma, sentenças referentes a todas as categorias conforme se verifica no instrumento em anexo.

A primeira categoria possui como tema a imoralidade e buscou expressar a questão da finalidade das ações individuais e o que se pretende com elas. Procurou-se verificar como os alunos se posicionam sobre a idéia de que tudo vale para se alcançar o que se deseja; ou seja, que a principal motivação para a ação seja o exclusivo benefício individual. Nas declarações dessa categoria, os prazeres, os desejos, as regras, enfim, todas as ações que são praticadas são expressas segundo a finalidade de atender as reivindicações do eu. Esta concepção muito se aproxima da idéia da sociedade intimista atual apresentada por Sennet (1998, p.272) e que caracteriza o homem atual como um narcisista, cuja maior preocupação se restringe à esfera de sua própria vida e de suas gratificações, de tal maneira que o imobiliza em relação à vida pública e contribui para o não-estabelecimento de relações de reciprocidade entre os homens. Aqui, inexiste qualquer sentimento de moralidade, pois as ações se vinculam à satisfação exacerbada e infindável do eu. Todavia, torna-se cada vez mais difícil a realização da satisfação individual, pois novos objetos de interesses são lançados constantemente pelo sistema social. Esse pensador americano continua a defender que há uma propensão natural para a realização das

satisfações humanas de cada um; todavia, o que irá auxilia a formação do narcisismo é o efeito catalisador que a sociedade pode estabelecer quando passa a incentivar e a valorizar cada vez mais esse comportamento. Portanto, moralidade, aqui, é a consciência que existem certos limites às ações individuais, por mais que estas sejam desejadas. As sentenças elaboradas tiveram este fundamento e foram assim formuladas:

- Não interessa se nossas ações são boas ou más, e sim o que iremos obter delas.

- A felicidade relaciona-se diretamente com a realização dos prazeres da vida. Por isso, não devemos deixar de aproveitar os momentos nem as oportunidades, mesmo que as conseqüências de nossos atos possam prejudicar a nós mesmos ou a outras pessoas.

- Se temos que cumprir regras é melhor priorizarmos aquelas que nos beneficiam diretamente do que nos importarmos com as que não nos trazem vantagens imediatas.

- Como não gosto de confusão, sempre espero que as situações difíceis ou constrangedoras sejam resolvidas por outras pessoas. A segunda categoria escolhida possui como tema o utilitarismo educacional. Trabalhou-se com a formulação de sentenças tentando contrastá- las com os objetivos da educação defendidos neste trabalho através das funções social, política e educativa, principalmente. Desse modo, as sentenças desta categoria expressaram a idéia de uma educação preocupada e voltada para uma realização apenas prática e útil, no sentido de enfatizar unicamente, ou de maneira mais intensa, a transmissão de conhecimentos relacionados à obtenção

de alguma vantagem pessoal. Pretendeu-se estabelecer uma relação de causa e conseqüência entre o nível de escolaridade e a posição social. Na segunda etapa da metodologia, isto é, durante as entrevistas, houve uma retomada desse tema, quando se buscou constatar as opiniões que os alunos formulavam a respeito da educação e da sua própria escola e como eles valorizavam a educação recebida pela escola que freqüentavam. Um outro aspecto que merece tratamento no âmbito desta categoria se referia ao estabelecimento das qualidades de um bom aluno, apresentando assim certas características. A forma como é encarado o bom aluno também se relaciona com os objetivos aos quais a escola se propõe; na maioria das vezes é considerado “bom” aquele aluno cumpridor de todos os deveres solicitados por seu professor. Não se trata de incentivo à irresponsabilidade, mas ao se reduzir o cumprimento desses

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