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Para analisar os dados que foram gerados, empreendeu-se a técnica de análise de conteúdo, que teve como fundamentos as compreensões de Bardin (2011); Franco (2005) e Silva e Fossá (2015) quando afirmam que, é uma técnica de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, com o intuito de analisar o que foi dito nas entrevistas ou observado pelo pesquisador. Complementando Chizzotti (2006, p. 98) acrescenta que, “o objetivo da análise de conteúdo é compreender criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações explícitas ou ocultas”. Dessa maneira, os dados puderam ser interpretados de forma minuciosa, auxiliando em uma compreensão mais profunda do que está por trás dos discursos dos entrevistados e dos documentos examinados, favorecendo o enriquecimento na leitura e interpretação dos dados coletados.

Tem-se ainda, de acordo com Flick (2009, p. 291), que a análise de conteúdo “é um dos procedimentos clássicos para analisar o material textual, não importando qual a origem desse material”, justificando mais uma vez a pertinência de seu uso diante dos métodos selecionados para esta pesquisa. Com efeito, Bardin (2011) adverte ainda acerca da seriedade do rigor na utilização da análise de conteúdo, cuja finalidade encontra-se na necessidade de ultrapassar as incertezas e descobrir o que se é questionado, o mesmo autor enfatiza que para realizar a análise de um determinado conteúdo é necessário compreender os significados atribuídos aos textos, pois necessitam de determinados procedimentos para realização desta interpretação textual.

Neste sentido, os dados coletados por si só representam apenas dados brutos, que só tomam sentido após serem trabalhados e refinados por meio de uma técnica de análise adequada. Em vista disto o que interessa aqui “não está na descrição dos conteúdos, mas sim

no que estes nos poderão ensinar após serem tratados” (BARDIN, 2011, p. 44). Para esta pesquisa o processo de categorização, definida por Franco (2005, p. 57) como uma “operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos”, será do tipo semântico. Pois, conforme é posto por Bardin (2011), os critérios de categorização podem ser de 4 (quatro) tipos principais: semântico, sintático, léxico e expressivo.

O semântico refere-se as categorias temáticas, que são agrupadas de acordo com a afinidade dos temas. O critério sintático pela listagem de verbos e adjetivos mencionados nos discursos. Já o critério léxico através da classificação das palavras segundo seu sentido, com o emparelhamento dos seus sinônimos e dos sentidos aproximados e por fim, o critério expressivo, por exemplo pode ser representado por categorias que podem ser classificadas como diversas perturbações da linguagem. (FRANCO, 2005).

Levando em conta que a criação de categorias é o ponto crucial da análise do conteúdo (FRANCO, 2005), foi preferível no primeiro momento, uma categorização a priori, ou também denominadas apriorística (FRANCO 2005; BARDIN 2011). Nesta, “as categorias e seus respectivos indicadores são predeterminados em função da busca a uma resposta específica do investigador” (FRANCO, 2005, p. 58). Em nosso caso, a resposta que procuramos está diretamente atrelada ao nosso questionamento central deste estudo, mencionado anteriormente. Assim sendo, buscaremos analisar os dados em virtude das seguintes categorias (Figura 6):

Figura 6 – Categoria de análise 1: síntese de elaboração.

Embora a opção de categorização tenha sido realizada aprioristicamente, a seleção das respectivas categorias buscou responder a lógica dos objetivos e problemática da pesquisa, e durante o tratamento dos dados elas se confirmaram pertinentes ao estudo.

Como técnica de análise de dados ainda, optou-se pela técnica de análise documental, caracterizada conforme Gil (2008, p. 45) pela análise de “materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa”. Com isto, visamos dar conta da necessária leitura analítica das leis e demais documentos relacionados à pesquisa. Portanto, segundo Martins e Theophilo (2009) entende- se que a etapa documental apresenta a capacidade de complementar a pesquisa, subsidiando dados encontrados por outras fontes, de forma a corroborar a confiabilidade dos dados.

Dado o exposto, a análise documental foi realizada em 4 (três) etapas: 1) Levantamento bibliográfico dos documentos relacionados ao estudo (Portaria dos 20%, LDB, PPC, planos de curso e de aula); 2) organização e sistematização do material e 3) fichamento do material, destacando partes relevantes à pesquisa e 4) tratamento dos dados. Com isso, buscou atrelado a análise de conteúdo, fazer uma análise hermenêutica, em uma interpretação holística dos dados coletados, atentando à novas compreensões heurísticas diante dos fatos que foram levantados.

Assim sendo, os benefícios esperados com o estudo encontraram-se na oportunidade de galgar caminhos para uma formação inicial, continuada e permanente em que sejam privilegiadas a ampliação do conhecimento de práticas educativas com as TDIC, bem como sua efetiva apropriação pelos docentes. Além de se conhecer e discutir o modus operandi dos processos de ensino aprendizagem em meios digitais que se dão na universidade atualmente, bem como o status quo dos efeitos da implementação da portaria Nº 1.428/2018, e como ela vem sendo interpretada e utilizada pelos docentes da instituição. Esperou-se ainda que com a participação na pesquisa, os docentes entrevistados sejam convidados a refletir sobre suas práticas docentes frente à cultura digital na universidade, como também compreender quais os reflexos da implementação da portaria Nº 1.428/2018 na instituição e em sua práxis.

5 ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo apresentamos de forma sistemática a análise crítico-reflexiva dos resultados coletados através dos instrumentos da pesquisa, em diálogo com os teóricos e as informações provenientes das pesquisas documental e bibliográficas realizadas.

A coleta se deu através da aplicação de entrevistas semiestruturadas (Apêndice B) e foi levado em consideração as categorias de análise apriorísticas (Quadro 5). Neste sentido buscou- se responder as interrogações propostas para esta pesquisa considerando-se as dimensões pedagógica, tecnológica e metodológicas do processo de ensino-aprendizagem, através da categoria abaixo:

Quadro 5 – Categoria de análise do estudo.

Categoria de análise 1. Saberes docentes na cultura digital

Fonte: à autora (2019).

Ademais, no primeiro momento buscaremos traçar objetivamente a repercussão da implementação da portaria na IES, na tentativa de compreender como vem se dando sua implementação, descrevendo como os professores direcionam suas disciplinas no contexto dos 20%. Para isso cruzamos os dados levantados através das respostas geradas nas entrevistas e os documentos oficiais: como os PPC e os planos de aula, sempre que disponíveis.

Mais adiante fizemos uma análise, buscando nas falas e depoimentos dos participantes, os saberes docentes mobilizados no desenvolvimento do contexto de ensino-aprendizagem frente a cultura digital. E por fim, tratamos dos textos e contextos que emergem a ação docente no planejamento e avaliação da aprendizagem dentro das disciplinas lecionadas. Com isso tentamos elucidar em parte como os saberes docentes são postos em prática, e por outro lado buscar ampliar a compreensão de como é conduzido o processo educativo dentro da proposta de implementação da portaria.

5.1 O CASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS: O STATUS QUO DA