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Para a coleta dos dados optou-se pelo método da Análise de Conteúdo, e permitir a caracterização dos trabalhos prático-experimentais presentes nos livros didáticos de Biologia.

Considera-se Análise de Conteúdo adequada aos propósitos da pesquisa, pois permite identificar as presenças ou ausências das categorias estabelecidas para o estudo dos livros didáticos.

A análise de conteúdo é compreendida como um conjunto de técnicas de pesquisa cujo objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um documento (CAMPOS, 2004). Para Bardin (2002) a análise de conteúdo, enquanto método se torna um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Este método se compõe de um conjunto de técnicas utilizadas para a realização da análise qualitativa de dados.

Bardin (2002 p. 38) acrescenta que a “intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (eventualmente de recepção) e recorre a indicadores (quantitativos ou não)”. A autora assegura que a análise de conteúdo consiste na manipulação de mensagens (do conteúdo e expressão desse conteúdo), visando demonstrar os indicadores que permitam inferir o que está implícito na mensagem ou no documento. Deste modo busca-se desvelar com esse método, os valores subjacentes aos livros didáticos.

A análise de conteúdo se estrutura nas seguintes fases: a) pré-análise; b) a categorização (unidades de análise); c) elaboração das tabelas; d) o tratamento dos dados, a inferência e a interpretação.

5.1.1 A pré-análise

É a fase de organização propriamente dita, um período de primeiros contatos com os materiais, das buscas iniciais, de intuições (FRANCO, 2003). Realiza-se a leitura flutuante na qual se toma contato com os documentos a serem analisados, se faz as primeiras leituras dos textos e deixa-se fluir impressões e orientações (CAMPOS, 2004).

5.1.2 Categorização

A análise de conteúdo categoriza e identifica núcleos comuns (unidades de análise). A classificação segundo Bardin (2002) consiste em dividir os elementos para conferir uma dada organização às mensagens, isto é, transformar dados brutos em dados organizados. Desta maneira se estabelece para a análise do material um sistema de categorias.

Com relação à categorização Franco (2003) esclarece que é a operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação, seguido de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos. Campos (2004)

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define as categorias como grandes enunciados que abarcam um número variável de temas, segundo seu grau de intimidade ou proximidade, e que possam através de sua análise, exprimir significados e elaborações importantes que atendam aos objetivos de estudo e criem novos conhecimentos, proporcionando uma visão diferenciada sobre os temas propostos. A categorização possibilita que a informação seja acessível e manipulável, como representações condensadas (BARDIN, 2002).

As categorias utilizadas podem ser definidas a priori ou a posteriori, quando as categorias surgem da “fala”, do discurso, do conteúdo da resposta e implicam idas e voltas do material de análise para a teoria (FRANCO, 2003).

Escolheu-se para esse estudo categorias a posteriori, pois se destaca como obstáculo para a escolha a priori é o fato deque muitas vezes, o uso de categorias pré- definidas promove um certo “engessamento” das categorias temáticas, podendo limitar a abrangência de novos conteúdos importantes, nas quais emergem e por algum motivo não se “adequam” nessas categorias prévias (FRANCO, 2003; CAMPOS, 2004).

Ao optar por um modelo aberto, foi possível não definir as categorias no início, estas tomam forma e são elaboradas no curso da própria análise, surgindo do contexto de análise, como consequência obriga o pesquisador a idas e vindas ao material analisado, como também, as teorias que embasam o estudo (CAMPOS, 2004).

O material empírico de análise (livros didáticos de Biologia) possibilitou elaborar e classificar os elementos nas seguintes categorias:

1 Base epistemológica – é o tratamento dado ao conteúdo de Biologia;

a) Teórico: no capítulo é utilizado apenas o conteúdo conceitual para assimilação do conhecimento, não apresentando trabalhos prático-experimentais (TP/E); b) Teórico – prático: no capítulo é utilizado tanto o conteúdo conceitual, quanto

trabalhos prático-experimentais para assimilação do conhecimento.

2 Concepção de ciência implícita no trabalho prático-experimental

Nessa categoria o trabalho prático-experimental se identifica a concepção em que ocorre a produção e a legitimação do corpus de conhecimento científico para compreender e explicar o mundo, revelando a maneira com que o autor de livro didático concebe a ciência. Após a leitura dos materiais optou-se pela seguinte tipologia:

a) Racionalista: a ciência é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como a matemática, assim, capaz de provar a verdade necessária e universal de seus enunciados e resultados, sem deixar qualquer dúvida possível. Uma ciência é a unidade sistemática de axiomas, postulados e definições, que determinam a natureza e as propriedades de seu objeto, e de demonstrações, que provam as relações de causalidade que regem o objeto investigado. Nesse tipo de trabalho o estudante se baseia na teoria para tentar corroborá-la ou refutá-la através do trabalho prático-experimental;

b) Empirista: a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem estabelecer induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento. A teoria científica resulta das observações e dos experimentos, de modo que a experiência não tem simplesmente o papel de verificar e confirmar conceitos, mas tem a função de produzi-los. Estabelece métodos experimentais rigorosos, pois deles depende a formulação da teoria e a definição da objetividade investigada. Assim o estudante observa o fenômeno mostrado no trabalho prático-experimental, para elaborar suas conclusões;

c) Construtivista: a ciência uma construção de modelos explicativos para a realidade e não uma representação da própria realidade. O cientista combina dois procedimentos – um do racionalismo, e outro, vindo do empirismo – e a eles acrescenta um terceiro, vindo da ideia de conhecimento aproximativo e corrigível. O estudante é estimulado a elaborar o conceito através do trabalho prático-experimental;

3 Tipo de trabalho prático-experimental;

Nessa categoria classificou-se o tipo de trabalho prático-experimental com base na classificação proposta por Caamaño (2008) fundamentada e modificada em propostas de outros autores como Woolnough e Allsop (1985), Gott; Welfordy e Foulds (1988): Experiências; Experimentos ilustrativos; Exercícios práticos; Investigações.

1- Experiências: são atividades realizadas para que o aluno entre em contato perceptivo (sensorial) com os fenômenos;

2- Experimentos Ilustrativos: são atividades em que se ilustra um princípio ou uma relação entre variáveis, normalmente assumindo uma abordagem qualitativa ou

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semiquantitativa para o fenômeno que tem característica demonstrativa, ou ilustrativa;

3- Exercícios Práticos: são atividades realizadas para corroborar uma teoria e aprender determinados procedimentos e habilidades.

4- Investigações: são atividades em que há uma discussão de idéias, a elaboração de hipóteses explicativas, elaboração de experimentos para testá-las. É uma oportunidade aos alunos de solucionar problemas teóricos (de interesse de uma teoria) com vistas ao conhecimento conceitual, ou solucionar problemas práticos com ênfase na compreensão procedimental (embora tenha conceitos presentes), relacionados normalmente com aspectos de CTSA.

4 Conteúdo conceitual de Biologia presentes nos trabalhos prático-experimentais

Agrupou-se de acordo com o “tipo de conteúdo conceitual” abordado nas seguintes subcategorias: Biologia Celular; Bioquímica; Botânica (incluso a Fisiologia Vegetal); Ecologia; Embriologia; Evolução; Fisiologia Humana; Genética; Histologia; Origem da Vida; Método Científico; Microbiologia (incluíram-se nessa subcategoria os Vírus, Procariontes, Protistas e Fungos); Zoologia.

5 Exigência da Medição no trabalho prático-experimental:

a) Nessa categoria observa-se a exigência ou não da medição para realização dos trabalhos prático-experimentais propostos pelo livro didático.

6 Apresentação do procedimento geral de medir nos trabalhos prático- experimentais:

Nessa categoria está o modelo invariante como procedimento geral para medição em trabalho prático-experimental desenvolvido por Núñez e Silva (2008), representados pelas seguintes operações:

a) Determinar o sistema para o qual se deseja medir a magnitude de interesse; b) Escolher a unidade de medida e o instrumento mais adequado à situação. O

instrumento deve estar associado à maior validez e a maior confiabilidade; c) Fazer previsões razoáveis (estimativas) sobre os resultados da medição;

d) Reconhecer o erro na medição e utilizar procedimentos adequados para minimizar o erro;

f) Determinar como se vai produzir os valores da variável dependente; g) Determinar a precisão com que deve ser realizada a medição;

h) Realizar a medição fazendo os registros necessários, que representam uma classe de resultados que correspondem aos possíveis sucessos da medição;

i) Discutir os resultados da medição; j) Comparar os resultados com as previsões. As subcategorias analisadas, quais sejam:

a) A dimensão integral explícita: assim o trabalho prático-experimental segue o modelo invariante do procedimento geral de medir, revelando-o aos alunos; b) A dimensão integral implícita: assim o trabalho prático-experimental segue o

modelo invariante do procedimento geral de medir sem revelá-lo ao aluno; c) A dimensão parcial explícita: assim o trabalho prático-experimental segue em

parte o modelo invariante do procedimento geral de medir e o revela aos alunos; d) A dimensão parcial implícita: assim o trabalho prático-experimental segue em

parte o modelo invariante do procedimento geral de medir, mas não o revela aos alunos.