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Apresentação dos Manuais a Analisar

2.1. O Manual Plural

Este manual apresenta uma organização coerente e funcional que se estrutura na perspectiva do aluno. O seu índice é organizado por sequências de aprendizagem e cada uma dessas sequências tem o título de vários textos, assim como o seu autor. Além da identificação dos textos, está presente a indicação do tipo de texto, os conteúdos (de leitura e funcionamento da língua) relacionados com cada texto e as actividades propostas para cada um dos textos e temas apresentados. Deste modo, como pudemos observar, a temática que nos interessa, ou seja, o estudo do Pretérito Perfeito Simples e Composto aparecerá relacionado com os textos. Esta metodologia apresenta-se facilitadora e enriquecedora da aprendizagem para o aluno do mesmo modo que estimula a autonomia e a criatividade através das actividades sugeridas e motiva para o saber e para o recurso a outras fontes de conhecimento. Este manual procura adequar-se ao desenvolvimento das competências definidas no currículo do respectivo ano e/ou nível de escolaridade, assim como procura responder aos objectivos curriculares de forma a promover uma educação para a cidadania. Da mesma forma, tem ainda a preocupação de explicitar as aprendizagens essenciais. Ao nível da comunicação entre o aluno e o manual, a sua concepção facilita a sua utilização e motivam o aluno para a aprendizagem. No entanto, parece-nos que a organização gráfica poderia estar ligeiramente melhor de forma a captar a atenção do aluno, embora os tipos de ilustrações estejam adequados aos temas a tratar.

Em relação à metodologia utilizada, estamos convictos que os métodos utilizados não dizem respeito a uma única metodologia. Em primeiro lugar, acreditamos que está presente a Metodologia Directa. Esta metodologia propõe actividades aos alunos que implicam a compreensão de textos e exercícios de gramática, a transformação de textos de base, efectuar substituições e reempregar as formas gramaticais. Estes exercícios devem ser de resposta fechada, sendo primeiramente feita a preparação oral dos exercícios e, muitas vezes, seguindo um modelo proposto. Em segundo lugar, a Metodologia Audiovisual também está presente neste manual. Tal afirmação confirma-se com o recurso ao CD e às transparências que acompanham este

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manual de forma a facilitar a aprendizagem do aluno. Por último, estamos crentes que também a Metodologia Comunicativa é evidente neste instrumento de trabalho. Esta convicção advém do facto de a gramática ser vista com um fim comunicativo, isto é, as actividades de gramáticas estão ao serviço da comunicação. Esta metodologia procura também que o aluno descubra as regras de funcionamento da língua através de exercícios práticos, da reflexão e da elaboração de hipóteses. Nesta medida, o empenho do aluno na abordagem comunicativa é fulcral, estando a aprendizagem centrada nele. Uma vez que o aluno possui um certo livre arbítrio nesta metodologia, são também bem vistos os trabalhos em grupo. Além disso, o erro é visto como um processo natural de aprendizagem e o professor passa a guiar o aluno no seu trabalho, facilitando-lho. Independentemente da metodologia usada, o mais importante será o estado de espírito do aluno, isto é, a sua predisposição para aprender.

Como já referimos, este manual é acompanhado pelo caderno do aluno. Este suplemento sistematiza os conteúdos gramaticais observados ao longo do manual e permite a prática de exercícios para sistematizar os conhecimentos. No anexo I temos uma sistematização dos conceitos essenciais relativos ao verbo. Neste ponto do caderno do aluno, o manual Plural distingue as três conjugações verbais, fala da flexão verbal e da subclasse dos verbos. No que diz respeito à subclasse dos verbos distingue-se o verbo principal do verbo copulativo e do verbo auxiliar. Dentro de cada uma destas divisões classificam-se os vários tipos de verbos, por exemplo, os verbos transitivos directos e indirectos e os verbos auxiliares dos tempos compostos. No que diz respeito a este último, aos auxiliares dos tempos compostos, é explicada a construção do Pretérito Perfeito Composto e é dado um exemplo. No que diz respeito à flexão verbal, em primeiro lugar, faz-se a divisão dos três tempos naturais, o passado (sendo identificado o Pretérito Imperfeito, Pretérito Perfeito e Pretérito Mais-que-perfeito), o presente e o futuro; são explicados os modos que existem na Língua Portuguesa; explicam-se as formas nominais (Infinitivo impessoal, Gerúndio e Particípio passado); elabora-se um quadro síntese dos tempos aprendidos; estudam-se os tempos compostos, onde está inserido o Pretérito Perfeito Composto; expõem-se as variações quanto à pessoa e ao número; e, por último, subdividem-se os verbos em regulares e irregulares, verbos com duas formas de Particípio passado, verbos defectivos e pronominais.

No anexo II podemos encontrar alguns exercícios de aplicação que estão disponibilizados aos alunos no caderno de exercícios. Todas as actividades apresentadas têm como objectivo a aprendizagem do aluno segundo uma Metodologia Comunicativa,

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isto é, o aluno deve chegar às suas próprias conclusões através da resolução dos exercícios. Além deste facto, há a ressaltar os exercícios com o Pretérito Perfeito Simples e Composto. O exercício número cinco apresenta um texto a partir do qual se devem desenvolver algumas actividades relacionadas com os verbos. Uma das actividades propostas é a selecção dos verbos no Pretérito Perfeito Simples no texto, por oposição ao Pretérito Imperfeito para que, deste modo, os alunos consigam distinguir a morfologia e usos das formas verbais. Este é um exercício de preenchimento de espaços, uma vez que exige a construção de duas colunas, uma para o Pretérito Perfeito e outra para o Pretérito Imperfeito. O exercício número sete é também direccionado para o Pretérito Perfeito Composto. Neste exercício os verbos estão num quadro e divididos por três tempos: o Presente, o Pretérito Imperfeito e o Pretérito Perfeito Composto. A cada um dos tempos estão associadas várias formas verbais e só uma delas está colocada no sítio correcto. Deste modo, os alunos devem identificar qual está certa e preencher o quadro correctamente. Este tipo de exercício, de associação, exige aos alunos que pensem antecipadamente na construção de cada tempo e elaborem mental ou oralmente uma comparação das formas verbais.

Os exercícios do caderno do aluno, em princípio, servirão para que este sistematize e consolide em casa a matéria estudada na aula, pois o manual tem também exercícios de prática sobre os conteúdos gramaticais, mas estando estes associados, como já referimos, a textos. O anexo III consiste num desses exercícios. Neste material encontramos um texto de Catarina Fonseca intitulado “O Fenómeno”. A partir deste exploram-se os conteúdos de funcionamento da língua e entre eles está o Pretérito Perfeito Simples. Este exercício é semelhante ao exercício sete do anexo II, é um exercício de associação no qual as formas verbais estão colocadas no lugar errado e devem pôr-se em associação com o tempo certo, o qual pode ser o Presente, o Pretérito Perfeito, o Pretérito Imperfeito e o Pretérito Mais-que-perfeito. Através do recuso ao texto, os alunos podem compreender o uso empregue a cada um dos tempos, uma vez que observam o contexto em que as formas verbais estão inseridas.

O anexo IV também faz parte do manual Plural e expõe o funcionamento da língua da mesma forma, assim como acontece ao longo de todo o manual, isto é, em primeiro lugar temos novamente um texto, neste caso um excerto da obra Aparição de Vergílio Ferreira, intitulado “O Ladrão” e, segundo esta narrativa, exploram-se os tempos verbais. O exercício número três expõe aos alunos um excerto do texto com os verbos admitindo um valor de passado e estes devem ser postos no presente. Este

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exercício, de remodelação/ reconstrução de frases, permite que o aluno reveja os vários tempos estudados e a sua construção, do mesmo modo, é útil para a compreensão das noções dos três tempos naturais: passado, presente e futuro. Além disso, este tipo de exercício confere linhas orientadoras ao aluno para que este o consiga resolver individualmente, isto é, apenas guia o seu trabalho de forma construtiva. Neste mesmo anexo, o exercício quatro remete para o primeiro parágrafo do texto e solicita aos alunos que estes construam um quadro verbal com todos os verbos que se encontrem nesta parte do texto, dividindo-os em conjugações e verbos regulares e irregulares. Este tipo de exercício permite ao aluno rever a divisão no que diz respeito às conjugações, à flexão verbal e às subclasses dos verbos.

O anexo número VI, uma vez mais partindo de um texto, neste caso, de Augustín Fernández Paz que se intitula “Viajante no Espaço”, explora dois exercícios relativos aos verbos no passado. No exercício número um é retirada do texto uma frase com verbos sublinhados no Pretérito Perfeito. Esta frase dá origem a três exercícios, sendo que o primeiro pede para partir da forma sublinhada e identificar o Infinitivo. Em segundo lugar, é necessário que o aluno indique a pessoa, tempo e modo em que está cada uma das formas verbais. E, por último, o aluno tem de escrever a frase com um valor de presente. Acreditamos que este tipo de exercícios solicita o trabalho independente e autónomo do aluno e, além disso, elabora uma correlação entre os tempos e modos verbais, podendo servir para que o professor faça, no final da resolução do exercício, uma revisão dos tempos e modos que o aluno já deve conhecer. No último exercício, ou seja, no exercício número quatro o aluno deve reescrever frases partindo de um núcleo que lhe é oferecido. Este exercício trabalha a competência comunicativa do aluno, isto é, fá-lo pensar quando e porquê usa determinado tempo verbal na linguagem escrita e oral.

Em suma, como pudemos comprovar com a análise dos exercícios existentes neste manual relativos ao Pretérito Perfeito Simples e Composto, o tipo de exercícios desenvolvido para inserir num manual deve estar enquadrado no contexto etário do aluno, no seu nível de competência e deve ser tida em conta a forma mais fácil de apreender os conhecimentos. O Método Tradicional exigia ao aluno o recurso à memorização de forma a dominar a morfologia e a sintaxe, assim como listas de vocabulário e propunha ditados para que os alunos, através da repetição memorizassem o seu erro. A rigidez neste método denotava-se não só no tipo de exercício e de ensino mas também na figura do professor. Como pudemos observar, nesta nova prática

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metodológica (comunicativa), o professor surge como um mediador, orientador e facilitador do trabalho do aluno. O aluno deve trabalhar para alcançar as suas próprias conclusões sem que as respostas lhe sejam dadas. No entanto, a esta metodologia faltar- lhe-ia um apoio teórico, o que não acontece neste manual uma vez que o tem à disposição do discente o caderno do aluno.

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