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O Modelo de Cuidado de Carraro, com as devidas adequações, além de subsidiar teoricamente, pode ser considerado como o instrumento para o presente estudo, pois foi utilizado para a coleta, para o registro e também para a análise dos dados. As adequações do MCC para uso da fisioterapeuta foram necessárias tendo em vista que sua versão original destinou-se ao uso na enfermagem. Tais adequações não alteraram de forma significativa o modelo preservando todas as suas etapas.

Definiu-se portanto, a sequência abaixo:

Primeiramente as pacientes foram selecionadas partindo de um contato com a enfermeira do alojamento conjunto, respeitando os critérios de inclusão. Na seqüência fiz o primeiro contato com a paciente apresentando-me, explicando a intenção do estudo e convidando-a a participar, caracterizando a etapa “Conhecendo-nos” do Modelo de Cuidado de Carraro. Àquelas que aceitassem foi solicitado a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A), informando-as sobre os cuidados éticos. Nesta etapa foi feita uma avaliação física utilizando um roteiro (Apêndice B), bem como a verificação da percepção da puérpera sobre o processo proposto - cuidado e conforto a partir da ação fisioterapêutica (Apêndice C).

O apêndice B auxiliou a consulta ao prontuário, bem como a anamnese e o exame físico que foram realizados com a puérpera em seu quarto hospitalar. O apêndice C auxiliou no que se refere ao poder vital e às percepções da puérpera. Estes instrumentos também deram subsídios para uma entrevista informal (semi-estruturada), que foi gravada em mp3 (a fim de manter maior fidedignidade dos dados) e que conforme Trentini e Paim (2004), é o tipo de entrevista mais apropriado para a pesquisa convergente-assistencial.

Além da utilização dos referidos instrumentos, utilizei a observação como técnica para a coleta de dados, pois gestos, feições ou outras manifestações corporais e atitudes da puérpera poderiam trazer dados referentes à sua satisfação ou aceitação das ações fisioterapêuticas propostas.

O registro dos dados provenientes das três técnicas utilizadas (aplicação do MCC, entrevista e observação) foi feito no diário de campo.

A exigência de rigores e a criação de estratégias para a obtenção de informações são fundamentais na PCA, pois assistir e pesquisar são duas atividades importantes e diferentes como esquema de

ação, mas presas ao interesse comum em potencializar a qualidade da unidade assistencial. (TRENTINI; PAIM, 2004).

Na pesquisa convergente-assistencial é humanamente impossível o pesquisador-assistencial registrar tudo o que ocorre, pois está prestando assistência, mas precisa fazer seus registros para a pesquisa. É recomendado, portanto, que lance mão de técnicas mistas de registros, para assegurar maior montante de informações. As entrevistas informais são registradas inicialmente de forma telegráfica, ou seja, com o uso de expressões-chave e assim que possível, de preferência no mesmo dia para evitar perdas, o pesquisador deve completar suas anotações com detalhes das observações e das falas dos participantes. (TRENTINI; PAIM, 2004). Além da gravação em mp3, utilizei o diário de campo para tais anotações, principalmente em relação à expressão corporal, interrupções, manifestação de familiares, entre outras.

Prossegui com a aplicação do Modelo, aplicando a etapa “Reconhecendo a situação” na qual fiz o reconhecimento das situações de cuidado e conforto, a identificação dos recursos disponíveis para a ação fisioterapêutica e a percepção de situações que pudessem influenciar o poder vital, subsidiada pelos dados coletados na etapa “Conhecendo-nos”.

Na etapa “Desenhando o trajeto e selecionando as estratégias”, juntamente com a puérpera e seu familiar, programamos as prioridades e as ações fisioterapêuticas, a fim de minimizar seus desconfortos e potencializar seu poder vital, configurando assim o cuidado como um todo. Nesta fase, foi importante o envolvimento da família no processo de cuidado e conforto, pois ao ser orientado e participar do processo o familiar assume o papel de colaborador para a recuperação da puérpera.

O cuidado pode envolver a aplicação de diversas ações fisioterapêuticas incluindo a drenagem linfática, alongamento e relaxamento muscular através da cinesioterapia, o treino de padrão muscular respiratório, a massoterapia e outras manobras da terapia manual (já citadas anteriormente). Esta etapa é caracterizada como “Seguindo e agindo”. A escolha do tipo de cuidado dependeu das queixas da puérpera e sua disponibilidade de receber tal cuidado e conforto. É importante registrar que esta pesquisa não interferiu nas ações dos demais componentes da equipe de saúde do hospital.

A seguinte etapa “Acompanhando, analisando e compreendendo a trajetória”, consistiu na reavaliação integral da puérpera, da retomada da sua percepção sobre o processo agora já efetuado (cuidado e conforto a partir da ação fisioterapêutica) e do registro das ações fisioterapêuticas (evolução) no prontuário da

puérpera, que fica no posto de atendimento do alojamento conjunto. Neste momento também foram realizadas as notas expandidas no diário de campo.

Este processo ocorreu de maneira dinâmica, indo e vindo de acordo com a proposta da PCA, ou seja, pesquisar e cuidar/cuidar e pesquisar. O processo proporcionou ainda analisar como o fisioterapeuta pode influenciar no poder vital da mulher puérpera aplicando o Modelo de Cuidado de Carraro e compreender as percepções da puérpera em relação ao cuidado e conforto à partir da ação fisioterapêutica em ambiente hospitalar.

A seguir, para melhor visualização, cada etapa do Modelo de Cuidado de Carraro será apresentada, conforme proposta para esta pesquisa.

1 - Conhecendo-nos:

- Conhecer a mulher, sua família e a situação de puerpério vivenciada; - Deixar-me conhecer;

- Conhecer como o poder vital se apresenta. 2 - Reconhecendo a situação:

- Reconhecer as situações de cuidado e conforto no puerpério; - Identificar os recursos disponíveis para a ação fisioterapêutica;

- Perceber situações de cuidado e conforto que influenciam no poder vital.

3 - Desenhando o trajeto e selecionando estratégias:

- Desenhar o trajeto a ser percorrido com base no que foi reconhecido junto à puérpera através da seleção das ações fisioterapêuticas para seu cuidado e conforto observando a reação do poder vital.

4 - Seguindo e agindo:

- Implementar as ações fisioterapêuticas selecionadas junto à puérpera e sua família, buscando a reação do poder vital.

5 – Acompanhando, analisando e compreendendo a trajetória: - Observar o decorrer da trajetória, comparando-o com as observações prévias;

- Estimar a implementação das ações fisioterapêuticas visando a reação do poder vital;

- Verificar as percepções da puérpera em relação às ações fisioterapêuticas;

- Analisar cada etapa da trajetória, proporcionando subsídios para a seqüência do caminho, buscando conhecer a reação do poder vital; - Retroalimentar a trajetória, introduzindo inovações para ampliar o cuidado e conforto oferecidos pelas ações fisioterapêuticas visando a reação do poder vital.

Cabe ressaltar que a qualquer o momento o Modelo de Cuidado de Carraro permite que a inter-relação entre as etapas, com o intuito de retroalimentação de toda a trajetória, conforme segue no diagrama proposto para esta pesquisa:

1- CONHECENDO-NOS

- Conhecer a mulher, sua família e a situação de puerpério vivenciada.

- Deixar-me conhecer.- Conhecer como o poder vital se apresenta. 2.RECONHECEN DO A SITUAÇÃO - Reconhecer as situações de cuidado e conforto no puerpério. - Identificar os recursos disponíveis para a ação fisioterapêutica. - Perceber situações de cuidado e conforto que influenciam no poder vital. 3. DESENHANDO O TRAJETO E SELECIONANDO AS ESTRATÉGIAS

- Desenhar o trajeto a ser percorrido com base no que foi reconhecido junto à puérpera através da seleção das ações fisioterapêuticas para seu cuidado e conforto observando a reação do poder vital. 4. SEGUINDO E AGINDO - Implementar as ações fisioterapêuticas selecionadas junto à puérpera e sua família, buscando a reação do poder vital. 5. ACOMPANHANDO, ANALISANDO E COMPREENDENDO A TRAJETÓRIA

- Observar o decorrer da trajetória, comparando-o com as observações prévias.

- Estimar a implementação das ações fisioterapêuticas visando a reação do poder vital. - Verificar as percepções da puérpera em relação às ações fisioterapêuticas.

- Analisar cada etapa da trajetória, proporcionando subsídios para a seqüência do caminho, buscando conhecer a reação do poder vital.

- Retroalimentar a trajetória, introduzindo inovações para ampliar o cuidado e conforto oferecidos pelas ações fisioterapêuticas visando a reação do poder vital.

Figura 2 – Representação gráfica do Modelo de Cuidado de Carraro (1994), proposto

Para a realização da análise dos dados Trentini e Paim (2004) propõem que os mesmos sejam organizados em um mapa estruturado com colunas, contendo as transcrições das falas e observações, notas teóricas, metodológicas e de cuidado. Esta organização ocorreu num segundo momento, fora do ambiente de coleta de dados.

Assim como qualquer outra pesquisa qualitativa, Trentini e Paim (2004) apontam que a análise de informações consta de quatro processos genéricos: Apreensão, Síntese, Teorização e Transferência, conforme a descrição a seguir.

A apreensão iniciou com a coleta de informações, cujos relatos foram organizados através de expressões-chave. Os dados recebiam um primeiro olhar durante esta organização, ainda que superficialmente, com indícios de interpretação, buscando-se respostas para as perguntas de pesquisa.

A síntese consistiu em analisar subjetivamente as associações e variação das informações.

A teorização envolveu o desenvolvimento de um esquema teórico a partir das relações reconhecidas durante o processo de síntese, descobrindo os valores contidos nas informações, originando pressupostos e novos conceitos.

A transferência de resultados pressupõe a possibilidade de dar significado a determinados achados e procurar contextualizá-los em situações similares, sem que haja generalização desse processo.

Todo o processo foi realizado pela própria pesquisadora e a análise desenvolvida a partir do Modelo de Cuidado de Carraro, elaborado à luz da teoria de Florence Nightingale.

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