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3 AS ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO

3.3 O MODELO DE INOVAÇÃO

A relação existente entre a inovação e internacionalização de empresas comumente é estudada em diversos contextos, amplamente discutidos e talvez, até mesmo por isso é um consenso de que ambos os movimentos fortalecem as empresas no mercado nacional e no internacional, gerando aumento de competitividade dentro e fora do país. Também indica a possibilidade de um círculo virtuoso, pois se por um lado se identifica a existência prévia de vantagens competitivas, obtida via inovação, é um dos fatores que determinam e favorecem a internacionalização das empresas, por outro lado, ao se internacionalizarem, as empresas ficam expostas a uma pressão competitiva maior que no mercado local e são induzidas a inovar mais (RIBEIRO, 2016).

Pode-se afirmar que a sociedade, ao mesmo tempo em que demanda de políticas públicas, expressa descrença em relação à efetividade da ação do Estado e nesse sentido, seria muito difícil confiar na efetividade das políticas públicas das mais variadas espécies, estre elas, o próprio desenvolvimento da tecnologia e da inovação como um meio de promover o progresso técnico. Para o desenvolvimento de inovações, são ações necessárias ao movimento público e privado de ações para a sociedade (ZUIN; QUEIROZ, 2015).

Todavia, no agronegócio, essa realidade não é diferente, visto que muitas vezes se torna importante encontrar meios necessários de alavancar ferramentas e meios para que o agronegócio possa, à certa medida, prosperar, porém, ao mesmo tempo, desenvolver soluções diferenciadas para continuar enfrentando o mercado.

No tocante a este ponto, pode-se dizer que

A economia de mercado dá incentivos para as empresas procurarem diferenciar-se das demais, oferecendo ao consumidor produtos melhores e/ou mais baratos, ou, ainda, serviços de melhor qualidade. Sempre surgem produtos e serviços novos. Uns veem para ficar, outros desaparecem depois de um tempo; alguns são completamente novos, seja no modo de funcionar, seja no tipo de serviços que prestam; outros são modificações superficiais do que existia anteriormente; mas alguns produtos novos são revolucionários, no sentido de que transformam os padrões de produção e/ou de consumo, criam hábitos novos no consumidor e abrem novas possibilidades de aplicações. Precisamos, por- tanto, de conceitos para por alguma ordem no campo de estudos. (ZUIN; QUEIROZ (2015, p.145).

Por isso, esses indicadores, também são parte do contexto abarcado pelo cooperativismo que precisa, a cada momento, buscar meios inovadores para compor sua relação com o mercado. Mas de fato, o que é inovação?

Pode-se afirmar que

Inovação: é uma invenção (ou modelo de utilidade) que se torna disponível em bases regulares para a sociedade. Nas sociedades de mercado, trata-se da introdução no mercado de um produto ou de um processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. Nessas sociedades, a invenção é disponibilizada para a sociedade por meio da transação de produtos e/ou serviços oferecidos por empresas. (ZUIN; QUEIROZ, 2015, p.146).

Uma grande diferenciação está na comparação entre o termo invenção, que se trata de um processo de criação único, enquanto que a inovação é uma atividade social continuada, conduzida em geral por empresas ou por arranjos cooperativos envolvendo algumas empresas (ZUIN; QUEIROZ, 2015).

A Figura 9 a seguir, apresenta as diferentes dimensões do processo de inovação, ressaltando que, além dos aspectos tecnológicos, a inovação envolve a organização da produção na empresa; a articulação da cadeia de suprimentos, bem como as atividades variadas que se relacionam à distribuição dos produtos. Compreende-se que um processo de inovação, pode ser identificado de várias formas, dependendo, principalmente, do conceito adotado. Inicialmente, para a reflexão sobre o tema, pode-se dizer que a Dimensão Invenção e Criatividade, gera uma concepção do que é novo (seja produto, processo, ou organização da cadeia produtiva), e até mesmo, a solução de um problema identificado.

Já a Dimensão Realização, tem semelhança com o desenvolvimento de algo efetivo, como por exemplo, protótipos, ensaios ou simulações, ou seja, é a materialização da concepção de um objeto. A Dimensão Implementação aborda a organização e operação de processos produtivos e/ou negociais, em escala compatível com a demanda efetiva ou potencial, quando ao final, transforma-se a ideia em produto. Por fim, a Dimensão Difusão, aborda a replicação da inovação por empresas estabelecidas ou entrantes no mercado, podendo ter até mesmo o licenciamento ou inovação.

Figura 9 – As dimensões da inovação

Fonte: Zuin e Queiroz (2015, p. 147).

A identificação de uma inovação depende do conceito adotado, mais amplo ou mais estreito (como na perspectiva macroeconômica), bem como de uma avaliação da novidade do produto ou processo. A novidade de uma inovação é uma questão de grau, mais do que de “ser ou não ser”: toda invenção parte de um acervo de técnicas e artefatos preexistentes, de modo que não há o novo absoluto, um artefato composto somente de elementos absolutamente desconhecidos até então.

Mas de fato, o que é Inovação? Pode-se afirmar que, segundo Kotler e Keller (2018), que a estratégia empregada com sucesso por algumas empresas provenientes dos mercados emergentes é identificar nichos negligenciados em mercados maiores. Outra estratégia para se

tornar global é adquirir uma ou mais empresas nos mercados desenvolvidos, por isso a inovação de produtos tornou-se uma via de mão dupla entre mercados em desenvolvimento e desenvolvidos.

Nesse sentido, ao considerar que novas alternativas são necessárias, pode-se discorrer sobre o conceito abordado por Schumpeter (1982), quando observa que o desenvolvimento tem relação com o processo de inovação e como essa aproximação poderá, de algum modo, afetar o sistema produtivo. Afinal, a relação existente entre a inovação e internacionalização de empresas é perene, principalmente, ao abordar-se o mercado internacional, que gera automaticamente um aumento de competitividade dentro e fora do país e indica a possibilidade de um círculo virtuoso, pois se por um lado identifica-se a existência prévia de vantagens competitivas, obtidas vias inovação, é um dos fatores que determinam e favorecem a internacionalização das empresas, por outro lado, ao se internacionalizarem, as empresas ficam expostas a uma pressão competitiva maior que no mercado local e são induzidas a inovar mais (RIBEIRO, 2016).

Nesse sentido, ao abordar as forças que regem o patamar de competitividade na atualidade, em um editorial de 201826, a revista The Economist aborda as necessidades que as organizações têm de analisar, em relação às mudanças dos paradigmas capitalistas ditos como hegemônicos, uma relação que pode ser, a certa medida, uma releitura dos princípios do cooperativismo, relatados anteriormente no capítulo 2 desta tese.

Esta última publicação, afirma que o Capitalismo sofreu uma série de impactos na última década, principalmente, em relação às controvérsias de um sistema manipulado para beneficiar os donos do capital em detrimento dos trabalhadores. Por exemplo, em 2016, uma pesquisa descobriu que mais da metade dos jovens americanos não apoia mais o capitalismo, sobretudo, ao compará-los com as relações ditas como confortáveis das empresas consideradas da “velha economia”, já que as organizações da “nova economia” podem construir rapidamente poder de mercado.

Por isso, esses fatores, muitas vezes mediados pelo mercado, podem impelir o desencadeamento de uma maior e diferente forma de enfrentar a concorrência, forçando hoje a redução de lucros, que eram normalmente altos e assim, assegurar uma necessidade constante de inovação para manutenção das organizações (THE ECONOMIST, 2018).

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The next capitalist revolution: Market power lies behind many economic ills. Time to restore competition.

Disponível em: https://www.economist.com/leaders/2018/11/15/the-next-capitalist-revolution. Acesso em: 15 jan. 2019.