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O Modelo de Ensino-Aprendizagem de Benjamim Bloom: Mastery Learning

No documento Relatório de estágio (páginas 75-80)

Parte II – Trabalho de Investigação

Capítulo 4 – Revisão de Literatura

4.3 O Modelo de Ensino-Aprendizagem Mastery Learning

4.3.2 O Modelo de Ensino-Aprendizagem de Benjamim Bloom: Mastery Learning

Learning

É com base na perspetiva otimista de Carroll, que Bloom desenvolve o seu modelo de ensino-aprendizagem. Bloom observou, que na maioria das aulas tradicionais, todos os alunos têm a mesma oportunidade de aprender assim como a mesma qualidade de instrução. Mas, enquanto esta metodologia é apropriada e eficaz para a aprendizagem de alguns alunos da turma, é muito provável que seja pouco eficiente para outros. Quando a instrução é apropriada para determinados alunos, estes conseguem aprender e atingir bons resultados, isto é, tornam-se “mestres” em determinado conteúdo. Contudo, para os alunos em que a instrução é menos apropriada, geralmente, a sua aprendizagem revela-se pouco consistente.

No entanto, se a situação de instrução na sala de aula for alterada de forma a oferecer a cada aluno uma oportunidade adequada de aprendizagem e também uma qualidade de instrução mais apropriada, consequentemente a maioria dos alunos conseguirá aprender melhor e também atingir a mestria em determinadas matérias:

Most students (perhaps over 90 percent) can master what we have to teach them, and it is the task of instruction to find the means which will enable our students to master the subject under consideration. Our basic task is to determinate what we mean by mastery of the subject and to search for the methods and material which will enable the largest proportion of our students to attain such mastery (Bloom, 1968).

Por isso, se as escolas pretendem oferecer aos seus alunos experiências de aprendizagem que enriqueçam o seu aproveitamento escolar, é imperativo tomar o “caminho” da mudança:

If the schools are to provide successful and satisfying learning experiences for at least 90 percent of the students, major changes must taken place in the attitudes of student, teachers, and

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administrators; changes must also take place in teaching strategies and in role of evaluation (Bloom, 1968).

Bloom (1968) refere que a disparidade entre os níveis de desempenho dos alunos (representada através da curva de distribuição normal) tem que ver com o “ensino tradicional”. Os professores ensinam os mesmos conteúdos da mesma forma a todos os alunos durante um mesmo período de tempo. Contudo, Bloom acredita que é possível contrariar esta perceção e procura conceber um modelo de ensino-aprendizagem que valoriza a qualidade da instrução: esta terá de ser adequada para responder às necessidades individuais do aluno e, por esta razão, torna-se necessário diferenciá-la e diversifica-la.

É com base nestas ideias, que Bloom desenvolve o modelo de ensino-aprendizagem Mastery Learning. A operacionalização deste modelo é resumida por Gaspar et al. (s.d., p.197) nos seguintes passos:

1. Definição dos objetivos gerais e específicos.

2. Aplicação do teste diagnóstico de modo a determinar os conhecimentos prévios dos alunos e a permitir a avaliação posterior dos progressos realizados.

3. Divisão dos temas/conteúdos em pequenas unidades de aprendizagem e definição dos objetivos específicos do grau de mestria a atingir.

4. Identificação dos materiais de ensino e seleção das estratégias de aprendizagem a adotar.

5. Avaliação formativa ao longo das sessões de aprendizagem de modo a produzir um feedback constante e continuado.

6. Atividades de remediação/enriquecimento baseadas nos resultados da avaliação realizada.

Na operacionalização deste modelo, o feedback assume um papel fundamental. Ajuda os alunos a melhorar a sua aprendizagem, o que torna o processo individualizado: são propostas atividades de remediação variadas, adequadas ao estilo de aprendizagem do aluno, ou atividades de enriquecimento, igualmente variadas, que permitem ao aluno aprofundar os seus conhecimentos.

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Para oferecer uma ajuda individualizada aos alunos, Bloom (1968) considera que os professores devem procurar diversificar a instrução para poderem corresponder às diferentes necessidades dos alunos. Bloom (1968) apresenta vários exemplos:

1. Trabalho de grupo

O trabalho em pequenos grupos resulta numa aprendizagem cooperativa sem a preocupação da competição. A aprendizagem é transformada num processo cooperativo, pelo que todos os elementos têm a ganhar com o mesmo. O funcionamento em pequeno grupo pode ser bastante efetivo.

2. Tutoria

Este tipo de ajuda deve estar disponível para os alunos que realmente precisam, especialmente para os que têm bastantes dificuldades.

3. Manuais

O facto de um manual ser adotado pela escola ou pelo professor, não significa que outros manuais não possam ser consultados. A consulta de diversos manuais constitui um reforço positivo na aprendizagem. O cruzamento de várias perspetivas pode ajudar o aluno a compreender melhor os conteúdos.

4. Fichas de trabalho e unidades de ensino programadas

São meios muito importantes para diversificar a instrução além de permitirem o reforço dos conhecimentos.

5. Métodos audiovisuais e jogos académicos

Alguns alunos podem aprender melhor uma ideia particular através de ilustrações concretas e de visualização de animações. Pequenos filmes e imagens dinâmicas podem ser bastante efetivas na aprendizagem do aluno.

Contudo, se o aluno não atingir um grau de mestria, o feedback, resultante da avaliação formativa permite ao professor adequar estratégias para corrigir os erros

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cometidos. Desta forma, é prevenida a acumulação de pequenas falhas que se podem transformar em obstáculos incontornáveis:

With the feedback and corrective information gained from formative assessment, each student has a detailed prescription of what additionally needs to be done to master the concepts or skills from the unit. This just-in-time correction prevents minor learning difficulties from accumulating and becoming major learning problems”(Guskey, 2007, p.13).

Além do mais, o professor fica com a perceção das dificuldades dos alunos e, por isso, poderá adequar estratégias mais apropriadas às suas necessidades.

Quando os alunos completam o trabalho de correção são sujeitos a uma segunda avaliação formativa. Esta cobre os mesmos conceitos que a avaliação diagnóstica mas, no entanto, inclui uma forma diferente na abordagem dos conteúdos.

Guskey (2007, p.14) ilustra a operacionalização do modelo em sala de aula da forma seguinte:

Figura 4.2: Processo de Aprendizagem Mestria

Dois elementos foram descritos como essenciais para a implementação deste modelo de ensino-aprendizagem (Guskey, 2007, p.15) :

1. O feedback, atividades de remediação e de enriquecimento. 2. Alinhamento das instruções.

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O feedback, isto é, a avaliação formativa assume um papel diagnóstico mas também prescritivo. Destaca o que se espera que os alunos tenham aprendido, identifica o que realmente aprenderam e descreve o que ainda é preciso aprender melhor.

É essencial que nas atividades de remediação a instrução seja diferente da inicial. O professor deve incorporar na sua prática letiva estratégias diversificadas. Por outro lado, as atividades de enriquecimento devem desafiar o aluno por forma a desenvolver as suas capacidades e a aumentar os seus conhecimentos.

O alinhamento das instruções terá de ser claro e coerente. Há que estabelecer os objetivos a alcançar. O professor terá que tomar decisões cruciais: primeiro, precisa de decidir quais são os conceitos ou as competências mais importantes para o alunos aprenderem. O professor tem de determinar, por exemplo, se pretende que os alunos aprendam apenas os conceitos mais básicos ou se pretende que os alunos desenvolvam capacidades cognitivas mais complexas (Guskey, 2007).

Sendo assim, o Mastery Learning estimula um maior envolvimento do aluno no seu processo de ensino-aprendizagem, pois o feedback constante permite-lhe compreender de que forma poderá ultrapassar as suas dificuldades ou enriquecer a sua aprendizagem:

Feedback, corrective, and enrichment procedures are crucial to mastery learning, for it is through these procedures that mastery learning differentiates and individualizes instruction. In every instructional unit, students who need extended time and opportunity to remedy learning problems receive these through the correctives. Students who learn quickly and find the initial instruction highly appropriate have opportunities to extend their learning through enrichment. As a result, all students experience more favorable learning conditions and more appropriate, higher quality instruction (Guskey, 2007, p.17).

Várias investigações mostram evidências que o efeito positivo do Mastery Learning não está somente interligado com a cognição ou com o alcance de resultados. O processo também produz melhorias significativas na confiança dos alunos em ambiente de aprendizagem, na presença assídua na escola, na coesão da turma e nas atitudes perante a aprendizagem (Guskey, 2007).

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No documento Relatório de estágio (páginas 75-80)

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